Quadrinha infantil sobre guardar segredos, uso escolar

31 08 2009

passarinho 4

 

O teu segredo famoso

eu bem o sei, direitinho…

chegou depressa, ditoso,

nas asas de um passarinho.

 

(Luiz Pereira de Faro)





BLOGDAY 2009 — minhas recomendações

31 08 2009

badge_blue

 

O que é o BlogDay?

 

O BlogDay foi criado na convicção de que os bloggers deverão ter um dia dedicado ao conhecimento de novos blogs, de outros países ou áreas de interesse. Nesse dia os bloggers recomendarão novos blogs aos seus visitantes.

O que acontecerá no BlogDay?

 

Durante o dia 31 de Agosto, bloggers de todo o mundo farão um post a recomendar a visita a novos blogs, de preferência, blogs de cultura, pontos de vista ou atitude diferentes do seu próprio blog. Nesse dia, os leitores de blogs poderão navegar e descobrir blogs desconhecidos, celebrando a descoberta de novas pessoas e novos bloggers.

 BlogDay instruções:

 

  1. Liste cinco novos Blogs que você ache interessantes.
  2. Escreva uma breve descrição dos Blogs indicados e adicione o respectivo link.
  3. Notifique por email esses cinco bloggers de que serão recomendados por você no BlogDay 2009.
  4. Publique no BlogDay (no dia 31 de Agosto) esse post.
  5. Junte a tag do BlogDay usando este link:
  6. http://technorati.com/tag/blogday2009 um link para o site do BlogDay: http://www.blogday.org

 

———–

badge_yellow

 

Este é o primeiro BLOGDAY de que participo.  Vamos ver as minhas recomendações deste ano!

 

BATATA TRANSGÊNICA

Há muito tempo leio a Batata Transgênica com regularidade.  Gosto da grande variedade de suas postagens: Contos, crônicas, filmes, história, jogos, testes, tecno-ciência e por aí afora.  Já fiz uma de suas receitas com sucesso.  E adoro suas postagens chamadas Domingueiras, que nada mais são do que pensamentos esparsos, pequenas dicas.  Inteligente e crítico.  Vale a visita constante.

 

PAISAGENS DA CRÍTICA —

Boas discussões sobre livros e cultura geral, focada no Brasil e naquilo que interessa a muitos brasileiros.  Nem sempre concordo com o autor, mas estou sempre disposta a lê-lo.  Vale acompanhar.

 

AS ÁRVORES DE SÃO PAULO

Sempre aprendo muito sobre o Brasil e as nossas árvores, sobre paisagismo, natureza, plantio e sobrevivência da flora brasileira.  É um prazer, um verdadeiro passeio por jardim tropical.

 

BIBLIOTECÁRIO DE BABEL

Este é um blog sobre livros.  Tudo o que cabe entre duas capas.  Inteligente e abrangente.  Vale muitas e dedicadas visitas.

 

VICTORIAN PAINTINGS

Uma das melhores coleções de imagens de pintura do século XIX.  Com referências completas e corretas. 

 





Cartas de viagens: Espanha I

30 08 2009

espanha

 

 

Cartas de viagens

 

 

No final do século XX, meu marido e eu embarcamos dos Estados Unidos para Portugal onde ele ensinaria Literatura Americana, na universidade de Coimbra.  Por causa da diferença de períodos acadêmicos entre as instituições universitárias a que estávamos agregados, sobraram um pouco mais de dois meses – de agosto ao final de outubro – em que nenhum de nós precisava se encontrar num lugar específico.  Aproveitamos, então, para passar um pouco mais de um mês na França e o resto do tempo viajando pela Espanha.  Nós dois já estávamos bem familiarizados com ambos os países, principalmente com suas maiores cidades.  Estes dois meses serviram para que aprofundássemos o conhecimento que tínhamos de ambos.  E vimos o período de estadia em Portugal – 2 anos – como tempo suficiente para conhecermos o país do Algarve a Guimarães, como a palma das nossas mãos.  É claro que nem tudo saiu como esperávamos.  Mas muita coisa foi muito mais, muito melhor, do esperávamos.   Estes foram de longe, os mais felizes anos de minha vida adulta.  As cartas que estou selecionando para o blog, são cartas que mandei para membros da família, que muito gentilmente as guardaram.  Sempre me dando o incentivo de publicá-las.  Todas começam com: Meus queridos.  Eram para informação de todos.  Acredito que possam mostrar alguns aspectos interessantes dessa estadia européia.

 Cartas de Espanha

 

Barcelona, Outubro de 19…

 

Meus queridos:

É fato que ando de amores com a Espanha há três anos, quando estive aqui duas vezes no mesmo ano.  Pretendo encher as páginas do meu passaporte com carimbos de entrada na Espanha neste ano que entra.  Ao contrário do ditado português, “De Espanha nem bom vento, nem bom casamento”, eu me vejo achando tudo aqui sensacional.  A Espanha conquista e seduz.  É dramática, energética e vibrante!

Não há como escapar de sua característica principal: a Espanha é a INTENSIDADE em pessoa.  Não há por aqui meio termo, indecisão.  Tudo aqui ou vai ou racha.  É tudo ou nada.  Não sei bem como isso é transmitido aos turistas, mas é.  É uma atitude nacional que se encontra por toda parte.  Está permeada no ar que a gente respira (além de muita poluição!).  Está talvez no barulho das ruas, de noite, às 4 da manhã; ou talvez num bater ritmado e único de palmas que a gente ouve de vez em quando no meio das pessoas. Está certamente no andar das multidões, porque o espanhol anda, anda muito, todos os dias, anda se não mais, pelo menos no final do dia, todo arrumado, num requinte de invejar, pelas ruas, nas horas antes do jantar, talvez um resquício do antigo “trotting”!

Mas essa intensidade, esse drama, a ação e a paixão, não são manifestados pelo lado de fora como a gente poderia imaginar: gestos e cantorias.  A paixão dos espanhóis está sempre sob controle.  Porque os espanhóis são quietos, sérios e orgulhosos.  Eles têm uma maneira muito dignificada.  Projetam uma imagem segura, de quem tem um bom sentido de seu valor.  Têm muito amor próprio.  E cativam com sua bondade e respeito, mas sempre de maneira controlada. 

E é esta tensão entre as forças de dentro – que parecem tão próximas a escaparem — e a sobriedade exterior que os faz como um grupo, e individualmente também, tão atraentes para mim.

 

flamenco-pic

 

Eu nunca tinha me interessado muito por dança flamenca até que vi essas danças em Córdoba 3 anos atrás.  Lá estava eu na minha segunda visita à Espanha, achando que já conhecia um pouco, que  tinha uma boa idéia do país.  Mas fiquei impressionadíssima com a dança flamenca e como disse,  daí por diante, achei a dança flamenca a verdadeira expressão da alma espanhola.  Um ícone, por assim dizer, do que deve ser, ser espanhol.  Pelo menos foi o que na época pensei.  A grande estilização da dança, cheia de cores, ou toda negra; e muito, muito sensual; bem ritmada e agressiva revelaram para mim, naquele espetáculo, a tensão de que falei antes, dessas forças polarizadas: o gesto delicado de uma mão elevada no ar, acompanhado pelo bater dos saltos dos sapatos no chão, um levantar de saias e anáguas com a outra mão e o empurrão para cima do queixo, elevando o nariz e encompridando o pescoço.

A dança é sensual, estonteante.  Tem drama, tem canto torturado, sofrido e muita influência árabe na música.  Ela me pareceu a verdadeira expressão da alma espanhola.  Precisa ser uma cultura milenar, cheia de tradições centenárias, para poder revelar os sentimentos e valores de um povo de maneira tão estilizada.  E, o que ainda é mais impressionante é poder comunicar a qualquer pessoa, inclusive uma estrangeira como eu, essas emoções. 

 

Mas eu achava tudo isso porque, até então, não conhecia Barcelona!

 

Beijos e saudades,  L.





Poetas no museu: Raquel Naveira

29 08 2009

venus_velazquez

Vênus do espelho, 1650  [Também conhecida como Vênus Rockeby]

Diego Velázquez  (Espanha 1599-1660)

Óleo sobre tela,  122,5 x 177 cm

National Gallery, Londres.

 

 

Vênus ao espelho

 

[inspirado num quadro de Velazquez]

                       

                                       Raquel Naveira

 

 

Nua,

Reclinada sobre musgo de veludo,

Vênus mira-se ao espelho,

Quadro de cristal polido,

Seguro por Cupido.

 

Adorna os cabelos com violetas singelas,

Morde maçã

E canela,

Acaricia os seios

Que brilham como luas.

 

Toda ela é úmida:

Anêmona de primavera,

Espuma marinha,

Rosa encharcada;

A umidade é o princípio que gera

E fecunda

Criaturas nacaradas.

 

Momento de banho,

De repouso,

De idéia clara;

Contemplar-se

É seu gozo.

Tão atraente,

Tão fora de qualquer limite,

Como vencer essa força dissolvente?

Quem não seria seduzido por ela?

Quem quebraria esse espelho ardente?

Que mortal,

Que divindade defenderia a honra

E a arte? 

 

 

 

 

Em: Stella Maia e outros poemas, Campo Grande, MS; Editora UCDB:2001

 

raquel naveira

 

Raquel Naveira (Campo Grande, MS 1957) Poetisa, ensaísta, graduada em Letras e Direito, professora no Curso de Letras da Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande (MS), mestranda em Comunicação e Letras, na Universidade Presbiteriana Mackienzie (SP), e empresária de turismo (Pousada Dom Aquino, em Campo Grande – MS), Raquel Naveira destaca-se por seu talento e engajamento nas atividades culturais do centro-oeste brasileiro.  A escritora tem recebido reconhecimento nacional através de inúmeras premiações e várias indicações para prêmios. Em sua obra, são constantes a religiosidade, o misticismo e os temas épicos.

 Obra:

Via Sacra, poesia, 1989

Fonte luminosa, poesia, 1990

Nunca Te-vi, poesia, 1991

Fiandeira, ensaios, 1992

Guerra entre irmãos, poesia, 1993

Canção dos mistérios, poesia, 1994

Sob os cedros do Senhor, poesia, 1994

Abadia, poesia, 1995

Mulher Samaritana, 1996

Maria Madalena, prosa poética, 1996

Caraguatá, poesia, 1996

Pele de jambo, infanto-juvenil, 1996

O arado e a estrela, poesia, 1997

Intimidades transvistas, 1997

Rute e a sogra Noemi, prosa poética, 1998

A casa da Tecla, poesia, 1998

Senhora, poesia, 1999

Stella Maia e outros poemas, 2001

Casa e castelo, poesia, 2002

Maria Egipcíaca, poesia, 2002

Tecelã de tramas: ensaios sobre interdisciplinaridade, ensaios, 2004

Portão de ferro, poesia, 2006

Literatura e Drogas e outros ensaios, crítica literária, 2007





Encontrado novo tesouro Viking que muda perspectiva histórica

29 08 2009

vikings

 

O maior e mais importante tesouro viking encontrado na Grã-Bretanha desde 1840 será exibido em exposições em Londres e York após cuidadosos trabalhos de reparação.  O tesouro de mil anos, provavelmente enterrado às pressas por um nobre viking em Northumbria durante a invasão dos anglo-saxões, poderia indicar segredos históricos que estavam perdidos, afirmou um especialista do Museu Britânico.

Os especialistas acreditam que as peças poderiam redesenhar as linhas históricas da conquista anglo-saxônica sobre os vikings durante o século X. O achado inclui objetos do Afeganistão, Irlanda, Rússia e Escandinávia, sublinhando a disseminação global dos contatos culturais durante a época medieval.

O Museu Britânico e o Museu York Trust, em Yorkshire, adquiriram as peças raras em conjunto por um milhão de libras. O tesouro foi descoberto com detector de metais em um campo de Harrogate, no norte de Yorkshire.

O tesouro inclui uma taça de prata com valor estimado em mais de £ 200.000, e  617 moedas de prata e fragmentos diversos, lingotes e anéis.  

Especialistas esperam que o processo de limpeza das peças revele detalhes cruciais sobre a era viking.  Exames preliminares indicam que o tesouro data de 927 ou 928. Conservadores já forneceram explicações interessantíssimas: o copo, que foi dourado dentro e por fora, provavelmente pertenceu a uma igreja, pois sua decoração exterior é um símbolo viking usado para representar Jesus Cristo. Algumas das moedas, podem ainda dar novas informações: nesta época acreditava-se que  partes da Grã-Bretanha [Staffordshire e Yorkshire]  já tivessem escapado do domínio viking, mas, há moedas, dentre essas achadas, que mostram que os vikings ainda cunhando sua própria moeda nessas regiões dominadas.  Uma dessas moedas, com a inscrição “Rorivacastr”, deve ter originado em Roceter, no século X [Staffordshire], na fronteira viking  com os anglo-saxões.

Gareth Williams, curador de moedas medievais e especialista da cultura viking no Museu Britânico, disse que esta moeda, especificamente, mostra que a região ainda deveria estar sob controle viking, apesar de os anglo-saxões já a considerarem sob seu domínio, na época.  Acrescentou, que foi verdadeiramente excepcional encontrar,  um vasto leque de moedas a partir de lugares distantes como a Escandinávia, Europa continental, Tashkent e Afeganistão.

Nada parecido foi encontrado há mais de 150 anos. O tamanho e variedade de material nos dá uma visão da história política, da diversidade cultural do mundo viking e das influências cultural e econômica nesta área, no período“, disse ele.  “Novas informações históricas inigualáveis virão com o estudo cuidadoso desse material nos próximos anos.

 

viking

 

David Whelan, e seu filho, André, de Leeds, que descobriram o pacote enterrado, disseram que, inicialmente, parecia um dia azarado, quando foram para o campo, munidos de seus detectores de metal, numa manhã de sábado, em janeiro. Eles tinham sido proibidos de entrar em duas fazendas e haviam brigado entre si antes de visitarem a contragosto o campo, que já haviam explorado e só haviam descoberto botões na área.  

 Pai e filho descobriram, então, um tesouro tão raro que é apenas o segundo desse tipo encontrado na Grã-Bretanha.    É possível que o tesouro pertencesse a um rico Viking que o enterrou durante os tumultos, depois da conquista de Northumbria, em 927 pelo rei anglo-saxão Athelstane.   O tesouro ficará em exposição no Museu de Yorkshire, em York, de 17 de setembro até novembro, quando será transferido para o Museu Britânico.

 

Fontes:  The IndependentTerra





Nova imagem da nebulosa Trífida

29 08 2009

Trifida

Foto: ESO  — Observatório Europeu do Sul

 

Uma nova imagem da nebulosa Trífida, divulgada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), confirma porque este corpo cósmico é considerado o favorito para observações entre os astrônomos. Trífida é chamada pelos especialistas de “fábrica de estrelas massivas” devido à quantidade de estrelas densas que se formam em seu interior.

Além disso, ela é composta por uma rara combinação de três formas diferentes de nebulosas que intriga os cientistas: nebulosa de emissão, nebulosa de reflexão e nebulosa escura. O nome Trífida deriva do latim “trifidus”, que significa “dividido em três – uma referência aos três lóbulos que compõem a nuvem gigante.

Trífida possui um diâmetro de quase 25 anos-luz e está localizada a milhares de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Sagitário. A nebulosa apresenta de forma convincente as primeiras fases da vida de uma estrela, desde a gestação até o nascimento.

Trífida foi observada pela primeira vez pelo francês Charles Messier em junho de 1764. Porém, o nome atual foi dado pelo astrônomo inglês John Herschel 60 anos depois, quando ele observou que faixas de poeira cósmica parecem dividir a nebulosa em três lóbulos.

 

FONTE:  Portal Terra





Tudo Está ao Nosso Alcance, disse Ralph Waldo Emerson, e Flávia Medina da Cunha demonstra!

28 08 2009

Harvard_U_Shield

 

 

Não queria deixar de divulgar aqui a maravilhosa notícia da jovem brasileira, morando em São Gonçalo, RJ,  que vai estudar em Harvard com bolsa de estudos total.  Produto de escolas públicas, e filha de professores, ela com perseverança conseguiu atingir um objetivo desejado por  muitos.  Que sirva de exemplo para tantos outros alunos e professores de todo o território nacional.

——

 Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira aprovada para estudar na Universidade de Harvard, no EUA, este ano. E com bolsa integral. A façanha de Flávia Medina da Cunha é considerada tão especial que será tema de palestra de orientadores educacionais, nesta quarta-feira de manhã, no auditório do Colégio Militar do Rio de Janeiro, na Tijuca, onde ela cursou o Ensino Médio.

 Na mesma época dos exigentes exames para Harvard, ela passou nos vestibulares da UFRJ, UFF e Uerj e na prova de admissão da Academia da Força Aérea (AFA). “Estudei tantas horas que perdi a conta de quantas”, confessa Flávia, que vai cursar Engenharia Química. Ela já havia começado o curso na UFRJ.

 

Flávia Medina da Cunha

Flávia Medina da Cunha

Fã da obra de Machado de Assis, ela precisou se debruçadar sobre livros especializados na cultura norte-americana. Flávia obteve ainda 90% de bolsa na Universidade da Pensilvânia. “Fiquei na lista de espera da Yale University, Duke University, Rice University e Tufts”, enumerou Flávia, cujos dois irmãos estudam na Escola Naval. Os pais, que são professores, estão orgulhosos, mas não escondem a preocupação. “O coração está apertado, mas ela é perseverante e carismática”, conta a mãe, Gilza da Cunha, 57 anos.

 Em Harvard, a estudante terá alojamento, refeição e receberá US$ 3 mil (R$ 5,3 mil) por mês, além da oportunidade de emprego no campus. Flávia embarca hoje à noite no voo 860 da United Airlines. Na bagagem, a bandeira do Brasil e a medalha de Santo Antônio. No coração, a saudade de casa. “Não vou chorar”, avisa Flávia.

 

harvard

Campus universitário de Harvard.

“Muita gente sonha em ir à Disney e realiza o sonho. Por que não sonhar em aprimorar os conhecimentos no exterior?”, lança o desafio o gerente de pesquisas do escritório da Harvard no Brasil, Tomás Amorim. Interessados em vaga na universidade em que estudou o presidente dos EUA Barack Obama devem acessar o endereços http://www.admissions.college.harvard.edu/apply/international/faq.html. É necessário fluência em inglês. Cursos como de Flávia custam R$ 92,5 mil por ano.

 

FONTE;  JORNAL O DIA — dia 19 de agosto de 2009





A partida, um filme para não perder!

28 08 2009

a partida 1

 

Hoje dando uma vista d’olhos no jornal para programar o fim de semana vi que, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, ainda estão levando o filme A Partida.  Recomendo com todas as possíveis estrelas a quem queira ver um fime sério, belíssimo, e  que deixa espaço para o espectador refletir.  Está em cartaz há algum tempo e não é tão surpreendente assim que ainda esteja sendo projetado nas salas menores, que em geral se dedicam aos filmes menos comerciais, pois é fora de série.

Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2009, o filme conta a história de um violoncelista que volta à cidade natal com a esposa depois que a orquestra onde toca é dissolvida. Lá, começa a trabalhar como funcionário funerário e, para sua própria surpresa, torna-se orgulhoso de sua nova profissão, ignorando as críticas daqueles que o rodeiam.  Contado assim, o enredo parece sem interesse.  Mas a virtude dessa película está justamente no espaço que nos deixa, como observadores, de perceber as mudanças sutis no comportamento e na aceitação pelas quais o personagem principal passa.

 

a partida 3

 

As culturas orientais, digo do extremo oriente, desenvolveram através dos séculos muitos rituais que para nós ocidentais podem parecer exdrúxulos, mas que quando são apresentados com respeito, e explicados  na medida certa, nos parecem tão próprios que nos perguntamos:  por quê não fazemos assim também?  Este é o resultado dessa imersão nos rituais do luto e da morte no Japão, por onde navegamos sob a direção de Yojiro Takita.  As imagens escolhidas por ele nos deixam testemunhas da delicadeza nipônica, do respeito a seus antepassados,  com a beleza e a sucintês de um ideograma.

Poucas vezes um filme tem uma combinação tão perfeita de fundo musical e imagem.  Música que acentua quando deve emoções reinvindicadas pelas imagens e que as faz   tênues quando isso é pedido.  O casamento da trilha sonora do compositor  japonês Hisaishi – já famoso por outras trilhas sonoras — com as imagens do filme A Partida, tem essa riqueza. 

Não deixe de ver.  Vale a pena.  

 

FICHA TÉCNICA

Diretor:

Yojiro Takita

 Atores:

Kazuko Yoshiyuki

Ryoko Hirosue

Masahiro Motoki

Tsutomu Yamazaki

Kimiko Yo

Takashi Sasano

Local: Japão

Nome Original:  Departures / Okuribito

Ano de Lançamento: 2009

Disponível em DVD em:  8/14/2009

Duração: 130 min





Uma anedota da vida de D. Pedro I, pelas comemorações da Independência

27 08 2009

cavalos brincando

 

 

“D. Pedro, como príncipe, recebia muito pouco dinheiro.  A sua pensão era ridícula: um conto de réis! E não havia força de D. João sair daquilo.  O rei era um sovina tremendo.   D. Pedro, temperamento de irrefletido,  inteiramente oposto ao do pai, gastava às mãos cheias,  estouradamente, esbanjadamente.  Por isso mesmo, enquanto príncipe, D. Pedro viveu em aperturas desesperadas.  Mais duma vez, nos seus apuros, o herdeiro do trono recorreu a empréstimos envergonhantes.  O Pilotinho, bodegueiro da Rua dos Borbonos,  forneceu-lhe certa ocasição, doze contos de réis.   Manuel José Sarmento, pessoa pacata,  antigo oficial da secretaria, socorreu-o muitíssimas vezes com quantias fortes.  Ora, diante da usura do pai, para sair daquela situação humilhante de empréstimos e mais empréstimos, o príncipe tomou uma resolução heróica: resolveu ganhar dinheiro!  Resolveu ganhar dinheiro a todo o transe, de qualquer jeito, desse no que desse.   E que é que engendrou aquela cabeça de vento?  Apenas isto:  fazer uma sociedade mercantil com o Plácido.  [ Plácido Imaginar e executar foi um pronto.   Apalavraram logo o contrato.  E ambos, unindo os seus destinos, meteram-se a negociar.   Um príncipe, o herdeiro do trono,  a negociar de parceria com o seu barbeiro!  Imaginai um pouco…  E negociar em quê:  Na única coisa de que D. Pedro realmente entendia: compra e venda de animais.,,

A sociedade principiou a funcionar sem demora.  D. Pedro, em companhia do Plácido, ia quase toda manhã ver as tropas que chegavam.   Escolhia, num relance, os animais mais belos.  Um golpe de vista espantoso!  Apartava-os, pagava-os, mandava-os para as cavalariças do Paço.  Diziam os tropeiros que “o moço tinha faro: enxergava logo a flor da manada…”

Depois, na cidade, a engrenagem do negócio era das mais simples.  Uns dias de trato, os animais engordavam, o pelo reluzia.   O Plácido saía então em busca dos compradores.   Uma facilidade.  Bastava dizer a um daqueles fidalgotes endinheirados:

— O príncipe resolveu vender um belo animal.  Belíssimo animal!  É um dos mais soberbos das cavalariças do Paço.  Por que Vossa Mercê não aproveita a ocasião?

O homem não titubeava.  Corria ao Paço, via o cavalo, achava-o perfeito, comprava por qualquer preço.  E saía honradíssimo, cheio de orgulho, a esparramar pela corte que adquirira um “cavalo das cavalarias reais…”

A sociedade, evidentemente, começou a prosperar.  Os dois parceiros puseram-se a ganhar dinheiro à vontade.  Dinheiro a rodo.  D. Pedro andava contentíssimo!  O negócio era dos melhores, dos mais certos.

— Um negocião da China, como dizia alvoroçadamente o príncipe ao barbeiro; um negociação da China!  E dizer que até hoje ninguém ainda teve essa idéia!

Mas, um dia, por fatalidade, aquela história foi parar aos ouvidos do rei.  D. João VI branqueou.  Nunca, na sua vida, o pobre monarca enfureceu tanto!  Aquela leviandade do príncipe revirou-lhe os nervos.  Sacudiu-o.  Mandou chamar imediatamente o filho. 

D. Pedro, ao entrar, deparou com o pai de pé, revolucionado, o cenho torvamente cerrado.  O rei tinha na mão sua grossa bengala de castão de ouro.  E numa fúria, espumejando:

—  Então seu grandíssimo canalha, vosmecê a negociar em animais?  E a negociar em parceria com o Plácido, o barbeiro?  Pois, vosmecê, o herdeiro do trono, não tem vergonha nessa cara?  O que eu deveria fazer, seu cachorro, era quebrar-lhe a cara com essa bengala?  Quebrar-lhe a cara, ouviu? 

E erguia a bengala no ar, e bramia, e descompunha, e gaguejava de cólera.  D. Pedro não negou.  Confessou tudo com firmeza.  D. João mandou buscar o Plácido.  E ali mesmo:

— Você,  de hoje em diante, está proibido de se meter em qualquer negócio com o príncipe.  A sociedade está liquidada.  Lucro, se houve, que fique com você.  Não admito que meu filho toque num real dessa patifaria.

E desfez a sociedade.

Está claro que havia muitíssimo lucro no negócio.  E o Plácido, o felizardo, ficou-se com aquele dinheirão todo.  Principiou desde aí, com esse capital, a prosperar na vida.  Ficou riquíssimo.  Terminou numa das mais grandiosas fortunas do Primeiro Império.”

 

Em:  As maluquices do imperador, Paulo Setúbal, São Paulo, 1947: Clube do livro., páginas 64-66.

 

NOTA DA PEREGRINA:  O amigo de D. Pedro era  Plácido Pereira de Abreu, que mais tarde se casou com a filha do Marquês de Inhambupe. 

 —-

 

paulo_setubal

 

Paulo Setúbal de Oliveira, ( Tatuí, SP 1893 — SP, SP, 1937) advogado, jornalista, ensaísta, poeta e romancista. Formou-se em Direito em 1914.  Trabalhou como colaborador do jornal O Estado de São Paulo. Foi eleito deputado estadual (1928 / 1930), renunciou ao mandato por problemas de saúde. Em 06 de dezembro de 1934 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras

 

Obras:

 

Alma cabocla, poesia (1920);

A marquesa de Santos, romance-histórico 1925

O príncipe de Nassau, romance histórico, 1926

Um sarau no pátio de São Cristóvão, teatro,  1926

As maluquices do Imperador, contos-históricos, 1927

A bandeira de Fernão Dias, contos-históricos, 1928

Nos bastidores da história, contos, 1928

O ouro de Cuiabá, história, 1933

Os irmãos Leme, romance, 1933

El-dorado, história, 1934

O romance da prata, história, 1935

O sonho das esmeraldas, romance, 1935

A fé na formação da nacionalidade, ensaio, 1936

Confíteor, memórias, 1937

Ensaios históricos (obra póstuma)





Imagem de leitura — Jane Tanner

26 08 2009

Jane Tanner, (Melbourne, Australia, contemporânea) Amiguinhos lendo 1992,Amiguinhos lendo, 1992

Jane Tanner ( Austrália 1946)

Técnica mista

 

Barbara Jane Tanner ( Austrália, 1946) Assina Jane Tanner, é uma ilustradora de livros infantis.  Fez a faculdade  na National Gallery School de Melbourne, formando-se em pintura e gravura.  Por muitos anos trabalhou como pintota.  Quando surgiu a oportunidade de ilustrar livros para crianças descobriu uma área de interesse e em 1989 foi reconhecida com o Prêmio de Ilustração do Livro do Ano [Children’s Book of the Year Award], patrocinado pelo Conselho de Livros Infantis da Austrália.  O prêmio foi dado pelas ilustrações de Drac e o Gremlin, de autoria de Allan Baillie.   Daí por diante foram muitos os prêmios que recebeu por suas ilustrações.  Ainda trabalha até hoje com ilustrações para livros infantis na sua cidade natal de Melbourne.