Cosendo a bandeira, 1939
Theodoro De Bona (Brasil, 1904-1990)
óleo sobre tela, 98 x 78 cm
Acervo do Clube Curitibano
Cosendo a bandeira, 1939
Theodoro De Bona (Brasil, 1904-1990)
óleo sobre tela, 98 x 78 cm
Acervo do Clube Curitibano
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Digerson Araújo (Brasil, 1952)
60 x 40 cm
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D. Pedro de Alcântara
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Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio.
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.
–
Perdida é para mim toda esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra, e nesta, creio,
Brando será meu sono e sem tardança.
–
Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da Memória,
Ó doce Pátria, sonharei contigo!
–
E entre visões de Paz, de Luz, de Glória,
Sereno aguardarei, no meu jazigo,
A Justiça de Deus na voz da História.
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Em: Poetas Cariocas em 400 anos, seleção de Frederico Trotta, Rio de Janeiro, Editora Vecchi:1965, pp.149-150
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Cartão postal, 1928
Tarsila do Amaral (Brasil, 1886-1973)
óleo sobre tela, 127 x 42 cm
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Roberto de Almeida Júnior
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Céu azul de minha terra,
de minha terra natal
que eu amo e estremeço tanto…
Com tua beleza e encanto,
que tanta grandeza encerra,
não há no mundo outro igual!
–
Céu azul de minha terra,
da terra de Santa Cruz
que a alma estrangeira encanta,
onde o Cruzeiro do Sul,
como um diadema de luz,
é uma bênção sacrossanta!
–
E ao ver este céu sem par
— azul da cor da pureza,
tão cehios de encantos mil
que nenhum outro suplanta,
— a gente fica a cismar:
–
Com certeza
o manto da Virgem Santa
foi talhado de um retalho
do lindo céu do Brasil!
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Em: Criança Brasileira: quarto livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1949
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Simplicidade, s/d
Reinaldo de Almeida Barros ( Brasil, contemporâneo)
acrílica sobre papel
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Olegário Mariano
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Amo-te, ó minha terra, por tudo o que me tens dado:
Pelo azul do teu céu, pelas tuas árvores, pelo teu mar;
Pelas estrelas do Cruzeiro que me deixam anestesiado,
Pelos crepúsculos profundos que põem lágrimas no meu olhar.
–
Pelo canto harmonioso dos teus pássaros, pelo cehiro
Das tuas matas virgens, pelo mugido dos teus bois;
Pelos raios do sol, do grande sol que eu vi primeiro…
Pelas sombras das tuas noites, noites ermas que eu vi depois.
–
Pela esmeralda líquida dos teus rios cristalinos,
Pela pureza das tuas fontes, pelo brilho dos teus arrebóis;
Pelas tuas igrejas que respiram pelos pulmões dos sinos,
Pelas tuas casa lendárias, onde amaram nossos avós;
–
Pelo ouro que o lavrador arranca de tuas entranhas,
Pela bênção que o poeta recebe do teu céu azul.
Pela tristeza infinita, infinita das tuas montanhas,
Pelas lendas que vêm do norte, pelas glórias que vêm do sul.
–
Pelo trapo da bandeira que flamula ao vento sereno,
Pelo teu seio maternal onde a cabeça adormeci,
Sinto a dor angustiada de ter o coração pequeno
Para conter a onda sonora que canta de mor por ti.
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Em: Criança brasileira: quarto livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1949
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Olegário Mariano Carneiro da Cunha (Brasil, 1889 — 1958) Usou também o pseudônimo João da Avenida, poeta, político e diplomata brasileiro. Em 1938, foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, substituindo Alberto de Oliveira que morrera e que, por sua vez, havia substituído Olavo Bilac. Membro da Academia Brasileira de Letras.
Obras:
Angelus , 1911
Sonetos, 1921
Evangelho da sombra e do silêncio, 1913
Água corrente, com uma carta prefácio de Olavo Bilac, 1917
Últimas Cigarras, 1920
Castelos na areia, 1922
Cidade maravilhosa, 1923
Bataclan, crônicas em verso, 1927
Canto da minha terra, 1931
Destino, 1931
Poemas de amor e de saudade, 1932
Teatro, 1932
Antologia de tradutores, 1932
Poesias escolhidas, 1932
O amor na poesia brasileira, 1933
Vida Caixa de brinquedos, crônicas em verso, 1933
O enamorado da vida, com prefácio de Júlio Dantas, 1937
Abolição da escravatura e os homens do norte, conferência, 1939
Em louvor da língua portuguesa, 1940
A vida que já vivi, memórias, 1945
Quando vem baixando o crepúsculo, 1945
Cantigas de encurtar caminho, 1949
Tangará conta histórias, poesia infantil, 1953
Toda uma vida de poesia, 2 vols., 1957
http://institutolafontaine.blogspot.com
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Humberto de Campos
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Verde pátria que, em sono profundo,
Escondias teu régio esplendor,
Vem mostrar, para espanto do mundo,
Teus tesouros de força e de amor.
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Salve, terra dos rios enormes,
— Virgem berço da raça tupi!
Anda, acorda, desperta, se dormes,
Que teus filhos já chamam por ti!
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Se teus rios que empolam as águas,
À distância as do Oceano comtêm,
Saberemos, poupando-te mágoas,
Repelir o estrangeiro, também.
–
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Se nas cores que tremem nos mastros
As estrelas enfeitam teu véu,
Hás de tê-las bem alto, entre os astros,
Entre as outras estrelas do Céu!
–
Salve, terra dos rios enormes,
— Virgem berço da raça tupi!
Anda, acorda, desperta, se dormes,
Que teus filhos já chamam por ti!
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Humberto de Campos Veras (Brasil, 1886 — 1934), também trabalhou com os psudônimos: Conselheiro XX, Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios. Foi jornalista, político, ensaísta, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
Obras:
Poeira – poesia- 1910
Da seara de Booz – crônicas – 1918
Vale de Josaphat – contos – 1918
Tonel de Diógenes – contos – 1920
A serpente de bronze – contos – 1921
Mealheiro de Agripa – 1921
Carvalhos e roseiras – crítica – 1923
A bacia de Pilatos – contos – 1924
Pombos de Maomé – contos – 1925
Antologia dos humoristas galantes – 1926
Grãos de mostarda – contos – 1926
Alcova e salão – contos – 1927
O Brasil anedótico – anedotas – 1927
Antologia da Academia Brasileira de Letras – participação – 1928
O monstro e outros contos – 1932
Memórias 1886-1900 – 1933
Crítica (4 séries) – 1933, 1935, 1936
Os países – 1933
Poesias completas – reedição poética – 1933
À sombra das tamareiras – contos -1934
Sombras que sofrem – crônicas – 1934
Um sonho de pobre – memórias – 1935
Destinos – 1935
Lagartas e libélulas – 1935
Memórias inacabadas – 1935
Notas de um diarista – séries 1935 e 1936
Reminiscências – memórias -1935
Sepultando os meus mortos – memórias – 1935
Últimas crônicas – 1936
Contrastes – 1936
O arco de Esopo – contos – 1943
A funda de Davi – contos – 1943
Gansos do capitólio – contos – 1943
Fatos e feitos – 1949
Diário secreto (2 vols.) – memórias – 1954
Paisagem com touro, 1925
Tarsila do Amaral ( Brasil, 1886 – 1973)
óleo sobre tela, 52 x 65 cm
Coleção Particular
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Casimiro de Abreu
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Todos cantam sua terra
Também vou cantar a minha
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha.
— Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-se em quanto tinha.
–
Correi pras bandas do sul:
Debaixo de um céu de anil
Encontrareis o gigante
Santa Cruz, hoje Brasil.
— É uma terra de amores,
Alcatifada de flores,
Onde a brisa fala amores
Nas belas tardes de abril.
–
Tem tantas belezas, tantas,
A minha terra natal,
Que nem as sonha o poeta
E nem as canta um mortal!
— É uma terra encantada
— Mimoso jardim de fada –
Do mundo todo invejada,
Que o mundo não tem igual.
–
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Em: Vamos Estudar? Theobaldo Miranda Santos, 3ª série primária, edição especial para o estado do Rio de Janeiro, RJ, Agyr:1957, 9ª edição.
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Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de 1839 — Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860) poeta brasileiro da segunda geração romântica. Foi a Portugal com seu pai em 1853, onde permaneceu até 1857. Morreu aos 21 anos de idade de tuberculose. Deixou um único livro de poesias publicado em 1859, Primaveras, mas foi o suficiente para se tornar um dos mais populares poetas brasileiros de todos os tempos.
Obras:
Teatro:
Camões e o Jaú , 1856
Poesia:
Primaveras, 1859
Romances:
Carolina, 1856
Camila, romance inacabado, 1856
A virgem loura,
Páginas do coração, prosa poética,1857
—
Bastos Tigre
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—-
Amo este céu constelado
Céu do Brasil — manto azul —
Sobre ele, em ouro bordado,
Vê-se o Cruzeiro do Sul.
—
Amo estas matas virentes
Verdes, de eterno verdor
Onde há frutos recendentes,
De delicioso sabor.
—
Amo esta água cristalina
Dos rios, viva, a correr,
Fazendo mato e campina
Serra e vale florescer.
—
As belas árvores amo,
Povoadas de passarinhos,
Onde a vida em cada ramo
Palpita em flores e ninhos.
—-
Água e mata, céu e terra
Flores do campo gentis,
Amo tudo quanto encerra
Meu grande e belo País.
—-
Amo as amáveis cantigas
Que ouvi, criancinha, a cantar,
Em doces vozes amigas,
No berço me acalentar.
—
Amo a nossa gente boa
Feita só de coração,
Que, por vingança, perdoa
E esquece por compaixão.
—-
Amo os nomes bem-fadados,
Dos que lutaram por nós;
Dos nossos antepassados,
Avós dos nossos avós.
—-
Poetas, sábios e guerreiros
Que a história em seus livros traz,
Nobres heróis brasilleiros
Grandes na guerra e na paz.
—-
Em tudo que amo e bendigo
A minha pátria se vê.
Amo, porque amo! Não digo
Nem que me perguntem por quê.
—-
Amo os meus pais. Necessito
Dizer por que amo os meus pais?
Assim proclamo, assim grito:
Amo o Brasil! Nada mais.
—–
Sinto-o em mim, no mais profundo
Da minh’alma juvenil.
Adoro a Deus; e no mundo
Amo, adoro o meu Brasil.
—-
—–
Em: Antologia Poética, Rio de Janeiro, Ed. Francisco Alves: 1982
—-
Morandini, designer ( de seu blog: http://blog.morandini.com.br/ )
Técnica mista com folhas de árvores
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Ronald de Carvalho
–
Tua Pátria não está somente no torrão em que nasceste!
tua Pátria não se levanta num simples relevo geográfico.
O solo em que pisas,
as águas em que te refletes,
o céu que te alumia,
as árvores que te dão vozes, fruto e sombras,
as fontes que te dessedentam,
o ar que respiras,
recebeste, em partilha, com todos os homens sobre a terra.
Tua pátria não é um acidente geográfico!
Brasileiro,
se te perguntarem: Onde está a tua Pátria?
responde:
— Minha Pátria está na geografia ideal que os meus
Grandes Mortos me gravaram no coração;
no sangue com que temperaram a minha energia;
na essência misteriosa que transfundiram no meu caráter;
na herança de sacrifícios que me transmitiram;
na herança cunhada a fogo;
no ferro, no bronze, no aço das Bandeiras, dos Guararapes, das Minas da Inconfidência, da Confederação do Equador, do Ipiranga e do Paraguai.
Minha Pátria está na consciência que tenho de sua grandeza moral e nessa lição de ternura humana que a sua imensidade me oferece, como um símbolo perene da tolerância desmedida e infinita generosidade.
Minha Pátria está em ti, Minha Mãe! No orgulho comovido com que arrancaste das entranhas do meu ser a mais bela das palavras, o nome supremo: — BRASIL!
Em: Criança Brasileira: quinto livro de leitura [admissão e quinta-série], Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1949
Ronald de Carvalho (RJ, 1893 — RJ, 1935), foi um poeta e político brasileiro. Nasceu a 16 de março de 1893, no Rio de Janeiro. Formou-se em Direito e ingressou no serviço diplomático. Participou ativamente do movimento modernista e da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922. Em concurso realizado pelo Diário de Notícias, em 1935, foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros, em substituição a Coelho Neto. Faleceu vítima de um acidente automobilístico em 1935.
Obras:
Luz Gloriosa, 1913
Pequena História da Literatura Brasileira, 1919
Poemas e Sonetos, 1919
Afirmações: um ágape de intelectuais, 1921
Epigramas Irônicos e Sentimentais, 1922
O espelho de Ariel, 1923
Estudos Brasileiros, 1924
Jogos pueris, 1926
Toda a América, 1926
Imagens do México, 1929
Caderno de Imagens da Europa, 1935
Itinerário: Antilhas, Estados Unidos, México, 1935
Batalha de Pirajá, desenho de projeto para mural.
Carybé (Brasil, 1911-1997)
por Viriato Correia
Quando se proclamou a independência foi a Bahia que mais custou a sair do jugo de Portugal.
O general Madeira de Melo não quis obedecer ao governo brasileiro. Para ele o Brasil era uma propriedade dos portugueses e, portanto, aos portugueses devia continuar sujeito, sem nenhum direito de libertar-se.
E comandando grandes forças armadas, compostas de gente portuguesa, tomou conta da província e não consentiu que os baianos gozassem, como os outros brasileiros, da independência proclamada.
Aquilo feriu a fundo o coração dos patriotas da Bahia. Era pela força que Madeira queria impor o jugo de Portugal, só pela força a província proclamaria a sua liberdade.
E a Bahia inteira, a Bahia brasileira, pegou em armas para bater-se contra os inimigos da independência.
Foram penosos os primeiros encontros. Madeira é que tinha armas, munições, navios e dinheiro que lhe vinham constantemente de Portugal.
O governo brasileiro estava no momento cheio de dificuldades e quase não podia ajudar os patriotas baianos.
Os patriotas baianos, porém, defendiam-se e resistiam como leões.
A melhor maneira de vencer as forças de Madeira era encurralá-las de modo que não pudessem receber auxílios. Para isso os baianos formaram postos de ataque aqui, ali, além, por toda a região que na Bahia se conhece pelo nome de Recôncavo.
Um desses postos, justamente o mais forte deles, o mais destemido, aquele em que se reuniam os mais valentes defensores da terra baiana, era o de Pirajá.
Um dia, quando o general Madeira abriu os olhos, Pirajá estava embaraçando os passos do seu exército. O general não podia receber víveres e reforços: tinham-lhe sido tomados os caminhos de terra e mar.
Era necessário, portanto, destruir Pirajá o mais depressa possível.
******
E as forças portuguesas atiram-se contra o posto brasileiro.
É a 8 de novembro de 1822, antes de raiar a manhã.
Deve ser segura, infalível a vitória. As tropas de Madeira, além de bem armadas e mais numerosas, vão fazer o ataque de surpresa.
Está ainda escuro quando os batalhões inimigos desembarcam cautelosamente nas praias de Itacaranhas e Plataforma, ao mesmo tempo que, pelos outros lados, o grosso do exército avança rapidamente.
Quando as sentinelas baianas, colocadas em Coqueiro e Bate-Folha, percebem o avanço, não é mais possível fazer nada.
É ao clarear do dia que pipocam os primeiros tiros.
Pirajá inteiro ergue-se para a peleja.
Começa o combate. Madeira, em pessoa, dirige os seus corpos. O que ele pretende é investir por Itacaranhas para cortar a retaguarda dos brasileiros. Mas os nossos vão resistindo e resistindo heroicamente.
Uma hora inteira de fogo.
O general português, surpreendido com aquela resistência, ordena que novas centenas de soldados avancem. Mas os baianos não se deixam vencer.
Mais uma hora de fogo.
Os portugueses vão pouco a pouco conquistando o terreno.
Barros Falcão, que comanda os nossos, percebe claramente a vitória inevitável do inimigo. Mas é preciso lutar. E luta-se mais uma hora.
Madeira está inquieto com a resistência. Agora ordena a novos corpos que avancem em grandes massas. Mas o fogo das linhas brasileiras não cessa um instante.
Novos corpos investem contra os nossos. Outra hora de peleja e de fogo.
******
Havia cinco horas que aquilo durava. Os portugueses tinham ganho tanto terreno que, em poucos momentos, os brasileiros estariam num círculo de balas.
Um minuto mais vai dar-se a ruína completa dos baianos. Não há mais resistência possível. Continuar a luta é sacrificar inutilmente centenas de vidas.
Barros Falcão, de um galope, percebe que chegou o momento de retirar-se. A dois passos está Luís Lopes, o cometa, que ele conservou sempre ao seu lado, esperando aquele instante desesperador.
— Toque retirada! ordena.
O cometa não se move.
— Toque retirada, já lhe disse! grita o comandante pela segunda vez.
O cometa vira-lhe as costas.
Barros Falcão avança de espada em punho para obrigar o insubordinado a cumprir as suas ordens, mas, nesse momento, Luís Lopes cola a cometa à boca e claros sons metálicos retinem nos ares.
O comandante agita-se, surpreendido. — Que é isso? que é isso?
Não é o sinal de retirada que está ouvindo. É que a corneta está soprando loucamente no espaço é o sinal de “avançar cavalaria e degolar”.
Pararam todos, alarmados: o comandante, os oficiais, os soldados. Que cavalaria é aquela que aquele doido está mandando avançar?
******
No exército português é brutal a surpresa. É a confusão. E o pavor.
É a debandada louca.
Fogem todos alucinadamente daquela cavalaria que não existe.
Fogem todos, todos feridos por aquele toque de corneta que vale mais do que cinco horas de tiroteio, mais do que a própria voz dos canhões.
Em: Meu Torrão : contos da história pátria, Viriato Correa, 1953, 4ª edição.
Manuel Viriato Correia Baima do Lago Filho (Pirapemas, MA 1884 — Rio de Janeiro, RJ 1967) – Pseudônimos: Viriato Correia, Pequeno Polegar, Tibúrcio da Anunciação. Diplomado em direito, jornalista, contista, romancista, teatrólogo, autor de literatura infantil e crônicas históricas, professor de teatro, membro da ABL e político brasileiro.
Obras:
Minaretes, contos, 1903
Era uma vez…, infanto-juvenil, 1908
Contos do sertão, contos, 1912
Sertaneja, teatro, 1915
Manjerona, teatro, 1916
Morena, teatro, 1917
Sol do sertão, teatro, 1918
Juriti, teatro, 1919
O Mistério, teatro, 1920
Sapequinha, teatro, 1920
Novelas doidas, contos, 1921
Contos da história do Brasil, infanto-juvenil, 1921
Terra de Santa Cruz, crônica histórica, 1921
Histórias da nossa história,crônica histórica, 1921
Nossa gente, teatro, 1924
Zuzú, teatro, 1924
Uma noite de baile, infanto-juvenil,1926
Balaiada, romance, 1927
Brasil dos meus avós, crônica histórica, 1927
Baú velho, crônica histórica, 1927
Pequetita, teatro, 1927
Histórias ásperas, contos, 1928
Varinha de condão, infanto-juvenil, 1928
A Arca de Noé, infanto-juvenil, 1930
A descoberta do Brasil, infanto-juvenil,1930
A macacada, infanto-juvenil, 1931
Bombonzinho, teatro, 1931
Os meus bichinhos, infanto-juvenil, 1931
No reino da bicharada, infanto-juvenil, 1931
Quando Jesus nasceu, infanto-juvenil, 1931
Gaveta de sapateiro, crônica histórica, 1932
Sansão, teatro, 1932
Maria, teatro, 1933
Alcovas da história, crônica histórica, 1934
História do Brasil para crianças, infanto-juvenil, 1934
Mata galego, crônica histórica, 1934
Meu torrão, infanto-juvenil,1935
Bicho papão, teatro, 1936
Casa de Belchior, crônica histórica, 1936
O homem da cabeça de ouro, teatro, 1936
Bichos e bichinhos, infanto-juvenil, 1938
Carneiro de batalhão, teatro, 1938
Cazuza, infanto-juvenil, 1938
A Marquesa de Santos, teatro, 1938
No país da bicharada, infanto-juvenil, 1938
História de Caramuru, infanto-juvenil, 1939
O país do pau de tinta, crônica histórica, 1939
O caçador de esmeraldas, teatro, 1940
Rei de papelão, teatro, 1941
Pobre diabo, teatro, 1942
O príncipe encantador, teatro, 1943
O gato comeu, teatro, 1943
À sombra dos laranjais, teatro, 1944
A bandeira das esmeraldas, infanto-juvenil, 1945
Estão cantando as cigarras, teatro, 1945
Venha a nós, teatro, 1946
As belas histórias da História do Brasil, infanto-juvenil, 1948
Dinheiro é dinheiro, teatro, 1949
Curiosidades da história do Brasil, crônica histórica, 1955
O grande amor de Gonçalves Dias, teatro, 1959.
História da liberdade do Brasil, crônica histórica, 1962