Antônio Bandeira ( Brasil, 1922-1967)
óleo sobre madeira
Ainda às voltas com a mudança, hoje me dediquei à organização de papelada. Re-encontrei a uma seleção – feita há algum tempo — de gemas dos versos-pensamento de Carlos Nejar, que selecionei como memoráveis. Acho que vale a pena lembrá-los.
Quero locar/ minha ambição/ aos loucos. [Aluguel]
Aventura humana: a esperança. / Não há outra couraça/ ou fortuna. [Aventura]
O medo rói. [Ruminação]
Amar é a mais alta constelação. [Aqui ficam as coisas – XII]
Todas as minhas raízes estão contigo. [Aqui ficam as coisas – X]
É preciso esperar contra a esperança. [Contra a esperança]
Bem-aventurados os pássaros,/ as nuvens, as madrugadas. [ Bem-aventuranças]
Abram alas,/ que a vida vem chegando. [Cortejo]
Pássaros somos/ sem o menor retorno. [ Alforria]
Só a loucura nos salva/ onde a razão lança as redes. [Derrubada]
Levo esta vida/ ou esta morte/ sem cobrar frete/ ou transporte. [Carregamento]
O homem se reconhece/ mesmo sem identidade. [Espelho]
Sobretudo nos tropeços, / o homem se reconhece. [ Espelho]
Entupimos/ o pensamento/ com a mania de pensar. [Rasante]
Os dias / são caminhos ou rodízios. [Freqüência]
Em: Três livros: árvore do mundo & o chapéu das estações & o poço do calabouço, Carlos Nejar, Círculo do Livro, São Paulo, s/d. Páginas: 38, 130, 216, 249, 260, 267, 270, 278, 284, 300, 306, 328, 335.
Luís Carlos Verzoni Nejar, também usou o pseudônimo: Verne de Luca ( RS, 1939) Poeta, tradutor, diplomado em direito (1962), procurador da justiça, membro da ABL (1989), prêmio Jorge de Lima – INL (1970), Fernando Chináglia – UBE (1974), Luísa Cláudio de Sousa – Pen Clube Brasil (1977).
Obras:
50 Poemas Escolhidos pelo Autor, 2004
A Chama é um Fogo Úmido: Reflexões sobre a Poesia Contemporânea, 1994
A Engenhosa Letícia do Pontal , 2003
A Espuma do Fogo, 2002
A Formiga Metafísica, 1987
A Genealogia da Palavra, 1989
A Idade da Aurora, 1990
A Idade da Noite 2002
Amar, a Mais Alta Constelação 1991
Aquém da Infância 1995
Arca da Aliança 1995
Árvore do Mundo 1977
As Águas que Conversavam 2003
As Uvas e o Vento 2004
Caderno de Fogo 2000
Canga 1971
Carta aos Loucos 1998
Casa dos Arreios 1973
Cem Sonetos de Amor 1999
Cinco Poemas Dramáticos 1983
Danações 1969
De “Sélesis” a “Danações” 1975
Eduardo Portella : Ação e Argumentação : Trinta Anos de Vida Intelectual 1985
Elza dos Pássaros ou A Ordem dos Planetas 1993
Era um Vento muito Branco 1987
Escritos com a Pedra e a Chuva: Entre a Poesia e a Ficção 2000
Ficções 1972
Jerico soletrava ao Sol 1986
Livro de Gazéis 1984
Livro de Silbion 1963
Livro do Tempo 1965
Memórias do Porão 1985
O Campeador e o Vento 1966
O Chapéu das Estações 1978
O Elogio da Sombra 1971
O Evangelho Segundo o Vento 2002
O grande vento 1998
O Livro do Peregrino 2002
O menino-rio 1984
O Pai das Coisas 1985
O Poço do Calabouço 1974
O Selo da Agonia : Livro dos Cavalos 2001
O Túnel Perfeito 1994
Ordenações 1969
Ordenações 1971
Os Dias Pelos Dias 1997
Os Sobreviventes 1979
Os Viventes 1979
Riopampa 2000
Sélesis 1960
Simón Vento Bolívar 1993
Somos Poucos 1976
Sonetos do Paiol: ao Sul da Aurora 1997
Todas as Fontes Estão em Ti 2000
Tratado de Bom Governo 2004
Ulalume 2001
Um Certo Jaques Netan 1991
Um País, o Coração 1980
Vozes do Brasil: Auto de Romaria 1984
Zão 1988
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Antônio Bandeira, ( Fortaleza 1922-Paris 1967) Desenhista, gravador e pintor.
Autodidata. Trabalhou com Clidenor Capibaribe, o Barrica e Mário Barata que o orientaram no inicio de sua carreira. Em 1944 fundou a «Sociedade Cearense de Belas Artes», com Inimá de Paula, Aldemir Martins, João Maria Siqueira e Francisco Barbosa Leite, entre outros. Ganhou bolsa de estudos na França (1946-1950) pela exposição no Instituto dos Arquitetos do Rio de Janeiro e freqüentou a Escola Superior de Belas Artes e a Académie de La Grande Chaumière. Passa então de pintor figurativo a pintor abstrato.