Domingo, um passeio no campo!

31 08 2014

 

 

 

Quaresma Florida,Clodomiro Amazonas - óleo sobre tela sem data, PESPQuaresma Florida

Clodomiro Amazonas ( Brasil, 1883-1953)

óleo sobre tela

PESP [Pinacoteca do Estado de São Paulo], SP





Quando éramos órfãos, de Kazuo Ishiguro

31 08 2014

 

Mortimer L. Menpes (Austtrália, 1855-1938)A Tea House, Shanghai, circa 1909,Gouache,oil on board,32 x 40 cmCasa de chá em Xangai, c. 1909

Mortimer L. Menpes (Austrália, 1855-1938)

Guache e óleo sobre placa, 32 x 40 cm

 

 

Já faz dias desde que terminei a leitura de Quando éramos órfãos e reluto em resenhá-lo: o livro é mais complexo do que a princípio lhe dei crédito. Quanto mais tento focar em alguma ideias, mais descubro sobre o que é importante; sinal de que é um livro rico em questionamentos. Voltei ao texto duas outras vezes e hoje sei que é um romance muito melhor do que minha primeira impressão.

A prosa aqui é deliberada. O texto é seco e sutil, qualidades que sempre me atraíram em seus romances. Ishiguro é preciso, escolhe a palavra exata e nenhuma outra. Por isso mesmo não se pode ignorar as pequenas deixas que semeia na narrativa. Toda atenção é pouca. Como João e Maria, vamos seguindo as migalhas deixadas na narrativa e se alguma é ignorada, perdida, comida com desatenção, podemos nos perder. Além disso, Ishiguro trabalha as elipses com mestria. E nesta obra chega a mesmerizar com sua habilidade de justificá-las. Para isso usa os desvios da memória de um narrador impreciso.

Memórias são pensamentos subjetivos e inexplicáveis, que se adaptam com frequência às necessidades de quem as recolhe. Não é incomum observarmos duas pessoas que tendo tido uma mesma experiência, lembrem-se de eventos de maneiras diferentes. É justamente por isso que o narrador dessa história, Christopher Banks, que se descreve como um grande detetive em Londres, tendo vivido na Inglaterra por mais de duas décadas retorna a Xangai, onde havia passado sua primeira infância, antes do desaparecimento de seus pais aos oito anos de idade, oferece um enorme leque de possibilidades para a difusão das dúvidas no leitor.

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A evolução do mistério que envolve o desaparecimento dos pais do menino surpreende o leitor e o próprio Christopher Banks. Mas as ruas de Xangai são tão labirínticas quanto as aléias e becos sem saída das memórias de infância. Caminhos escuros percorridos por riquixás improváveis, o bairro dos estrangeiros à beira do campo de batalha durante a guerra sino-japonesa, o tráfico do ópio, tudo leva a mais dúvidas do que a fatos e assim como Christopher saímos dessa Xangai sem a certeza das poucas memórias que nos pertencem.

PD*6200385Kazuo Ishiguro

 

Não tive, no entanto, grande empatia pelo personagem principal que se mantém distante. Suas emoções estão guardadas e ele nos surpreende até mesmo quando se envolve amorosamente. Talvez por sentir que não pertence a lugar algum Christopher Banks mantém um verdadeiro vácuo emocional à sua volta. E nós leitores estamos excluídos por essa mesma distância, apesar de conscientes de seus pensamentos. Há um desconforto emocional.

No final este é um livro que marca, apesar da falta de empatia com o personagem principal. Mas é estupendo pela fabulosa habilidade de Kazuo Ishiguro ao liderar a narrativa através dos descaminhos da memória.





Flores para um sábado perfeito!

30 08 2014

 

 

 

Marcelo Hubner - acrílica sobre tela - 100cm x 100cmFlores

Marcelo Hubner (Brasil, 1969)

acrílica sobre tela, 100 x 100 cm





Imagem de leitura — Paul Gustav Fischer

29 08 2014

 

 

Fischer, Paul Gustave (Dinamarca, 1860-1934) Afternoon readLeitura da tarde, 1905

Paul Gustav Fischer (Dinamarca, 1860-1934)

óleo sobre tela





Rio de Janeiro a caminho dos 450 anos!

29 08 2014

 

 

FELISBERTO RANZINI - Igreja da Flória do Outeiro - Óleo sobre madeira - 25 x 39Igreja da Glória do Outeiro, c. 1933

Felisberto Ranzini (Brasil, 1881-1976)

óleo sobre tela, 15 x 39 cm

 

 





Imagem de leitura — Diego Alfonso Más

28 08 2014

 

 

Diego Alfonso MasO ginete polonês, 2005

Diego Alfonso Más (Uruguai,1974)

óleo sobre tela,  130 x 73 cm

www.diegoalfonsomas.com





Patrimônio Cultural da Humanidade: Cidade Velha de Lijiang

28 08 2014

 

 

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China:

 

Cidade velha de Lijiang

 

A Cidade Velha de Lijiang data do século XIII e se mostra completamente adaptada à topografia irregular em que foi construída. Localizada estrategicamente em uma encosta de montanha, de frente para um rio profundo, Lijiang se tornou um grande centro comercial mantendo a paisagem urbana histórica de alta qualidade e autenticidade. Sua arquitetura é notável pela mistura de elementos de várias culturas que se uniram ao longo de muitos séculos. Lijiang também possui um antigo sistema de abastecimento de água, muito complexo e de grande engenhosidade, que ainda funciona de forma eficaz nos dias de hoje. Ele se utiliza os diferentes níveis de dois rios para lavar as ruas, uma forma única de saneamento municipal. Para o abastecimento de água corrente a cidade foi entrecortada por uma rede de canais e bueiros que abastecem todas as casas da cidade. Há um total de 354 diferentes pontes. É a partir dessas estruturas que Lijiang deriva seu nome, a “Cidade das Pontes”.





Trova do tempo passado

28 08 2014

 

 

cha das cincoChá das cinco, ilustração de autor desconhecido, provavelmente inglês seguidor de Walter Crane.

 

 

Esse tempo que passou

de trabalho e de fadiga,

também sorrisos deixou

em nossas vidas, amiga.

 

(Alice de Oliveira)





Hoje é dia de feira: frutas e legumes frescos

27 08 2014

 

 

SÉRGIO TELLES,Talhadas de Melancia – 46 x 55 cm OST,Ass. CID e Dat. 1995Talhadas de melancia, 1995

Sérgio Telles (Brasil, 1936)

óleo sobre tela, 46 x 55 cm





O Príncipe, conto de Wilson W. Rodrigues, uso escolar

27 08 2014

 

WTBendaIlustração de W.T. Benda para capa da revista LIFE de agosto de 1923.

 

 

O Príncipe

 

Wilson W. Rodrigues

 

 

As feições do príncipe eram desconhecidas.

Jamais alguém vira o seu rosto.

Em sua corte trabalhavam os artesãos mais hábeis, os melhores desenhistas, as costureiras mais famosas.

A observação era invariável:

— É preciso que essa máscara fique mais bela; do contrário, o Príncipe recusará.

As máscaras deviam ser sempre mais belas, pois, desde menino, o Príncipe usava todos os dias, uma nova máscara.

Dir-se-ia que elas o fascinavam, pois sempre parecia feliz.

Um dia, quando tomava parte numa caçada, o Príncipe afastou-se de sua gente e se perdeu.

Pela noite inteira, ninguém o encontrou.

De manhã, quando cruzava o vale, o Príncipe avistou uma donzela que voltava da fonte, bilha ao ombro.

Estava sedento, pediu:

— Posso beber da tua bilha?

A jovem reconheceu o Príncipe Mascarado, e com galanteria ofereceu:

Só se beberes na concha das minhas mãos.

O Príncipe desmontou. Em terra, curvou-se; nesse instante, ela, num gesto tão rápido quanto impensado, arrancou-lhe a máscara, e deu um grito de espanto.

— Sou tão feio assim?

— Não. Tu és mais belo que todas as tuas máscaras.

 *****

Em: Contos do Rei do Sol, Wilson W. Rodrigues, Rio de Janeiro [Estado da Guanabara], Editora Torre: s/d, pp: 21-26