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D’après Antônio Canova (Itália 1757-1822)
Mármore
40 cm de altura
Christie’s Auction House
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D’après Antônio Canova (Itália 1757-1822)
Mármore
40 cm de altura
Christie’s Auction House
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HINO NACIONAL |
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Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva
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Correa Júnior
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A árvore é flor, sombra na estrada,
fruto que a sede nos mitiga.
A árvore é dádiva sagrada:
— dá-nos ao lar, multiplicada,
o leito… a mesa… a porta… a viga!
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A árvore é paz, graça e doçura:
simplicidade, amor, perdão!
Mostra a esperança, na verdura
de cada galho, e a dor obscura
deixa escondida sob o chão.
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O ar purifica, ampara os ninhos:
e sem vaidade, silenciosa,
rica de bênçãos e carinhos,
é, para nós e os passarinhos,
a criatura mais piedosa.
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A árvore é flor, sombra na estrada,
fruto que a sede nos mitiga.
A árvore é dádiva sagrada:
— dá-nos ao lar, multiplicada,
o leito… a mesa… a porta… a viga!
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Uma aldeia no Afeganistão
Jawid Altaf (Afeganistão, contemporâneo)
Óleo sobre tela
www.talents-of-afghanistan.com
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Gostei mais de O silêncio das montanhas do que de O caçador de pipas. Além do autor em comum, esses dois romances têm o Afeganistão como ponto de partida e a cultura afegã norteia ambas histórias. As semelhanças acabam aí. Contrária à sinopse do livro, esta não é a história de dois irmãos. Esta é a história de um deles, de Pari, a menina que aos quatro anos de idade se vê separada do irmão Abdullah, a quem ama. Para acompanhá-la seguimos as vidas daqueles que serão importantes em sua vida. Nem sempre porque a conhecem ou porque interferem diretamente no curso de seu destino. Alguns, os conhecemos, porque apesar de parecerem distantes da trama principal, são responsáveis por ações ou decisões que indiretamente interferem na vida de Pari. Informações que inicialmente parecem extemporâneas, gratuitas mesmo, se mostram de grande valia com o passar das páginas e Khaled Hosseini nos orienta, por entre labirintos temáticos num estilo que lembra as narrativas longas e redundantes das culturas orais, a prestar atenção ao rumo daquela que ele elegeu para nos guiar nessa trama, a menina, a jovem e depois a senhora Pari. As histórias detalhadas, vívidas e pungentes desses personagens secundários, de suas conexões próximas ou não à nossa heroína, são fonte de um esplêndido trabalho de contextualização, que encanta, surpreende e nos leva a ponderar sobre a influência do acaso nos nossos destinos.
Com surpreendente destreza Khaled Hosseini nos revela a beleza crua, trágica, sem polimento, da luta pela sobrevivência, da batalha que engaja todos nós, diariamente, cada qual à sua maneira, mesmo quando não a percebemos. Seus personagens são ricos em detalhes e tridimensionais. Têm sonhos, aspirações e lutam para realizá-los na medida do possível, com as ferramentas a seu dispor, dentro das circunstâncias que lhes são impostas. Por quê? E por quem? Não importa. Como nós, eles estão ao sabor do acaso, folhas ao léu, abandonados em seus destinos, tomando as melhores decisões dentro de seus limites. Tudo nesse caso parece válido: traição, assassinato, guerra, crueldade. Como cada um sobrevive é ditado muitas vezes pela tradição e pela oportunidade. Como manter um resquício de dignidade e aceitar o seu quinhão é a alma da sobrevivência. É também o que os faz humanos.
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Para quem acredita que trabalho árduo e perseverança — acompanhados do bom caráter —abrem portas para o sucesso, O silêncio das montanhas será frustrante. Nele a fortuna tem papel importante: dá rasteiras, inebria, é cruel. A vida é injusta: “Adel não era ingênuo a ponto de não saber que o mundo era basicamente um lugar injusto; bastava olhar pela janela do quarto” (pág. 234). Não há personagens que não tenham que se submeter aos improváveis caprichos do destino: “A beleza é uma dádiva imensa e imerecida, distribuída aleatória e estupidamente” (pág. 284). Nem mesmo o amor escapa sua interferência. É a linda moça desfigurada por um cachorro; é o menino que descobre seu pai não ser o herói que imaginava; é a doença incurável que retira a vida prematuramente. São os amores impossíveis, as pequenas e grandes traições que trazem o inesperado a todas as vidas, a todos os seres. A sucessão de desencontros é permanente e avassaladora, e só é domada pela persistência da memória entre os que se amam. Uma memória com imperfeições, igualmente aleatória, mas que dá vida, profundidade e significado às existências. A memória aparece vital para a sobrevivência, mesmo que seus pesadelos escravizem e assombrem.
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Também surpreende nesse romance a habilidade demonstrada por Hosseini para a variedade narrativa. Ele consegue misturar diversos modos narrativos sem prejudicar a evolução da história. Vamos da epístola à entrevista, da fábula ao diálogo contemporâneo, do passado ao presente e de volta ao passado. Uma bela colcha de retalhos tecida pela narrativa e gerenciada com desembaraço e precisão. Especial menção também deve ser feita à tradução de Cláudio Carina, que passa suave, sem estranhamento, dando ao texto o movimento característico do bom português.
O silêncio das montanhas [And the Mountains Echoed] tem um título inspirado em um verso de William Blake, “And all the hills echoed,” [E todas as colinas fizeram eco] com a palavra ‘hill’ substituída por ‘mountain’ [montanha]. Na nossa versão, o título sugere que as montanhas testemunham o que se passa no primeiro capítulo do livro, impulsionando a ação. Impassíveis, indiferentes, elas compartilham silenciosas do passar das nossas vidas. De fato o título parece um sumário do espírito desse romance: a indiferença da natureza à nossa sina, aos nossos desejos.
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Agostinho Batista de Freitas (Brasil, 1927-1997)
óleo sobre tela
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Bia Betancourt (Brasil, 1963)
acrílica sobre tela, 60 x 80 cm
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Dhira K. (Brasil, contemporâneo)
Acrílica sobre tela, 60 x 40cm
http://dhirartes.blogspot.com.br
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José Roberto Aguiar (Brasil, 1941)
Spray sobre tela, 114 x 146 cm
Museu de Arte Contemporânea, USP
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Fernando Mendonça (Brasil, contemporâneo)
aquarela sobre papel, 21 x 30 cm
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Rubens Gerchman (Brasil, 1942-2008)
guache sobre papel
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Onça deitada, s/d
Joacilei Gomes Cardoso,(Brasil, 1960)
óleo sobre tela, 100 X 180cm
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A Onça pediu ao Gato que lhe ensinasse a saltar. O Gato saltou, então, de todas as maneiras. Quando terminou, a Onça disse que ia também saltar para ver se tinha aprendido. Começou então a repetir os saltos do Gato. Mas, de repente, deu um pulo sobre o mestre para devorá-lo. Este, porém, deu um salto para o lado, evitando o golpe da Onça. Queixou-se esta de que o Gato não lhe tinha ensinado esse salto. Ao que o Gato respondeu:
— “Não sou tão tolo que, ao menos, não reservasse este pulo para me livrar das suas garras”. E com outro salto de mestre, sumiu no mato.
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Em: Terra Bandeirante, 3º ano, a história, as lendas e as tradições do estado de São Paulo, Theobaldo Miranda Santos, São Paulo, Agir: 1954.
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Bougainvilleas são naturais do Brasil e são lindas. Se eu tivesse uma casa com jardim certamente teria bougainvilleas [ também podemos dizer buganvíleas]. Elas tem um jeitinho de se fazerem presente no bairro em que moro. Quer sejam parte de uma cerca viva, quer sejam um jato de cor num jardim de um condomínio, elas estão no seu elemento nos bairros cariocas, colorindo o nosso dia a dia, de branco, rosa, vermelho, lilás. Pelo menos essas são as cores que vejo com mais freqüência. Mas são as vermelhas as de que mais gosto.
Da família Nyctaginaceae, a bougainvillea é uma planta nativa da América do Sul e recebe vários nomes populares, como primavera, três-marias, sempre-lustrosa, santa-rita, ceboleiro, roseiro, roseta, riso, pataguinha, pau-de-roseira, flor-de-papel. O maior exemplar conhecido de Bougainvillea do mundo está localizado à beira do lago Guanabara no Município de Lambari no Sul de Minas Gerais ; de tão grande virou árvore frondosa de 18 metros de altura.
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A bougainvillea não tem um ar arrumadinho. Muito pelo contrário. Cresce de maneira que parece desordenada, cada galho para um lado atingindo em geral de 1 a 12 metros de altura. Tem espinhos e gosta de se debruçar sobre muros ou outras plantas. Em lugares com meses de seca, ela pode perder todas as suas folhas, voltando a crescer folhas na época chuvosa, mas aqui no Rio de Janeiro ela não só mantem suas folhas como dá flores praticamente o ano inteiro. São bastante resistentes.
Para mim bougainvilleas foram sempre um dos grandes símbolos de terra natal, de conforto emocional nos anos que passei fora do Brasil. Mas quase não as vi nos Estados Unidos. Lembro da felicidade de encontrá-la cobrindo um enorme paredão no Jardim da Sereia em Coimbra, nos anos que morei em Portugal.
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É natural que esta planta se associe ao Brasil. Afinal, foi descoberta em 1767, no Rio de Janeiro, pelo botânico francês Philibert Commerson [1727-1773] que fizera parte da expedição científica comandada pelo Almirante francês Louis-Antoine de Bougainville [1729-1811]. Encantado com esta colorida trepadeira cujas minúsculas flores eram rodeadas por coloridas folhas modificadas , Commerson deu à nova planta o nome de buganvília em homenagem ao Almirante da esquadra cujo objetivo era a exploração de terras no hemisfério sul.
Aqui no Rio de Janeiro é mais fácil vê-las assim, espreitando a rua, por sobre muros das casas, fazendo-nos invejar a morada que se esconde por trás das belas flores coloridas. Prefiro-as aglomeradas de uma só cor como aparece na primeira foto. Mas são de fato bonitas de todo jeito.
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Sonho, 2008
Anastasia Ivanova-Johns (Rússia, contemporânea)
Aquarela e nanquim sobre papel, 25 x 18 cm
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Provérbio hindu
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Praça Santos Dumont, Gávea
Rio de Janeiro
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Volto a postar fotos de pessoas lendo, essa popularíssima faceta do blog da Peregrina. Passei quase um ano sem fotografar pessoas lendo. Cansei. Mas sei também da fascinação que essas fotos, sob o nome de: Brasil que lê: fotografia tirada em lugar público, têm exercido sobre os nossos visitantes. Assim vou tentar manter as fotos para servir de inspiração a leitores e a fotógrafos.
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Por muito amar ninguém morre.
Ama, pois, com todo ardor!
Olha que a muitos ocorre
Morrer por falta de amor…
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(Aparício Fernandes)