Poetas no museu: Raquel Naveira

29 08 2009

venus_velazquez

Vênus do espelho, 1650  [Também conhecida como Vênus Rockeby]

Diego Velázquez  (Espanha 1599-1660)

Óleo sobre tela,  122,5 x 177 cm

National Gallery, Londres.

 

 

Vênus ao espelho

 

[inspirado num quadro de Velazquez]

                       

                                       Raquel Naveira

 

 

Nua,

Reclinada sobre musgo de veludo,

Vênus mira-se ao espelho,

Quadro de cristal polido,

Seguro por Cupido.

 

Adorna os cabelos com violetas singelas,

Morde maçã

E canela,

Acaricia os seios

Que brilham como luas.

 

Toda ela é úmida:

Anêmona de primavera,

Espuma marinha,

Rosa encharcada;

A umidade é o princípio que gera

E fecunda

Criaturas nacaradas.

 

Momento de banho,

De repouso,

De idéia clara;

Contemplar-se

É seu gozo.

Tão atraente,

Tão fora de qualquer limite,

Como vencer essa força dissolvente?

Quem não seria seduzido por ela?

Quem quebraria esse espelho ardente?

Que mortal,

Que divindade defenderia a honra

E a arte? 

 

 

 

 

Em: Stella Maia e outros poemas, Campo Grande, MS; Editora UCDB:2001

 

raquel naveira

 

Raquel Naveira (Campo Grande, MS 1957) Poetisa, ensaísta, graduada em Letras e Direito, professora no Curso de Letras da Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande (MS), mestranda em Comunicação e Letras, na Universidade Presbiteriana Mackienzie (SP), e empresária de turismo (Pousada Dom Aquino, em Campo Grande – MS), Raquel Naveira destaca-se por seu talento e engajamento nas atividades culturais do centro-oeste brasileiro.  A escritora tem recebido reconhecimento nacional através de inúmeras premiações e várias indicações para prêmios. Em sua obra, são constantes a religiosidade, o misticismo e os temas épicos.

 Obra:

Via Sacra, poesia, 1989

Fonte luminosa, poesia, 1990

Nunca Te-vi, poesia, 1991

Fiandeira, ensaios, 1992

Guerra entre irmãos, poesia, 1993

Canção dos mistérios, poesia, 1994

Sob os cedros do Senhor, poesia, 1994

Abadia, poesia, 1995

Mulher Samaritana, 1996

Maria Madalena, prosa poética, 1996

Caraguatá, poesia, 1996

Pele de jambo, infanto-juvenil, 1996

O arado e a estrela, poesia, 1997

Intimidades transvistas, 1997

Rute e a sogra Noemi, prosa poética, 1998

A casa da Tecla, poesia, 1998

Senhora, poesia, 1999

Stella Maia e outros poemas, 2001

Casa e castelo, poesia, 2002

Maria Egipcíaca, poesia, 2002

Tecelã de tramas: ensaios sobre interdisciplinaridade, ensaios, 2004

Portão de ferro, poesia, 2006

Literatura e Drogas e outros ensaios, crítica literária, 2007


Ações

Information

7 responses

29 08 2009
Lígia

Ai ai…

Beijos celestiais!

30 08 2009
Srta

ADOREI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

30 08 2009
peregrinacultural

Lígia, você conhece o meu interesse nesse casamento de poesia e arte há tempos… Agora vem a coleção em português, mas aos pouquinhos para não cansar os leitores… Obrigada!

30 08 2009
peregrinacultural

Srta,

Há mais, muito mais… Obrigada pela visita e pelo incentivo

11 10 2010
Ana Luisa Kaminski

Parabéns pela poética! Abraços alados azuis.

5 06 2015
FRANKLIN JORGE

Cara Raquel Naveira; parabéns pela página. Interessou-me a referencia sobre a arte da costura. Minha avó costumava dizer a mesma coisa, quer uma boa costureira se fazia reconhecer pelo avesso dos vestidos que produzia. Como estou escrevendo sobre minha avó e no texto há uma referencia a esse assunto, procurei ler o que escreveu a respeito, mas infelizmente não o aludido encontrei. Creio que me seria de grande utilidade. Em Natal, ao seu dispor.

5 06 2015
peregrinacultural

Franklin Jorge, obrigada pela visita. Sinto desapontá-lo: esta página não é de Raquel Naveira. Seu poema foi simplesmente escolhido por mim, do livro mencionado. Sugiro que faça uma busca mais aprofundada para poder se dirigir diretamente à poeta. Um grande abraço,

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