Outono, poesia para crianças de Olavo Bilac

21 03 2009

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Crepúsculo, s/d

Luiz Pinto  (MG, 1939)

óleo sobre madeira 20 x 25 cm

 

 

 

 

 

 

O Outono

 

 

                        IV

 

 

                                                        Olavo Bilac

 

     Coro das quatro estações:

 

Há tantos frutos nos ramos,

De tantas formas e cores!

Irmãs!  Enquanto dançamos,

Saíram frutos das flores!

 

 

 

     O outono:

 

Sou a sazão mais rica:

A árvore frutifica

Durante esta estação;

No tempo da colheita,

A gente satisfeita

Saúda a Criação.

 

Concede a Natureza

O premio da riqueza

Ao bom trabalhador,

E enche, contente e ufana,

De júbilo a choupana

De cada lavrador.

 

Vede como do galho,

Molhado inda de orvalho,

Maduro o fruto cai…

Interrompendo as danças,

Aproveitai, crianças!

Os frutos apanhai!

 

 

     Coro das quatro estações:

 

Há tantos frutos nos ramos,

De tantas formas e cores!

Irmãs! Enquanto dançamos,

Saíram frutos das flores!

 

 

 

Outono, da série das Quatro Estações,; Em: Poesias Infantis, Olavo Bilac, Livraria Francisco Alves: 1949, Rio de Janeiro

 

 

 

 

 

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos.  Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo.  Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome.  Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.  Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro. 

 

  

 

Obras:

 

 

Poesias (1888 )

Crônicas e novelas (1894)

Crítica e fantasia (1904)

Conferências literárias (1906)

Dicionário de rimas (1913)

Tratado de versificação (1910)

Ironia e piedade, crônicas (1916)

Tarde (1919); poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas

 

——————

 

Luiz Pinto (Sete Lagoas, MG, 1939), pintor, desenhista, ilustrador e professor brasileiro.

 

De 1957 até 1960, Luiz estudou com Edgar Walter, Guignard e Marzano.  Em 1980, passou a freqüentar com mais regularidade o atelier do artista plástico Edgar Walter, em Petrópolis, RJ, onde definiu sua temática com principal destaque para as paisagens.  Entre 1989 e 1990 pela Europa: Itália, Holanda, Portugal, Espanha e França, a fim de aprimorar sua técnica. De regresso ao Brasil começou a ensinar em escolas de arte em São Paulo.  Suas telas são normalmente paisagens, com uma visão tipicamente rural e bucólica, lírica.





Outono, uma chegada bem-vinda!

21 03 2009

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Foto: Sílvia Ribeira

 

Outono

 

Esta é a minha estação do ano preferida.  Apesar de carioca, o verão não me atrai tanto.  É muito letárgico.  O outono, com suas noites mais frias e tardes luminosas, para mim, é eletrizante.

 

O carioca, um pouco míope, quando perguntado sobre o outono, em geral diz aqui no Brasil, não temos as estações do ano definidas.  Arrogância. E erro.  As quaresmeiras em flor estão aqui e em todo canto anunciando, felizes, uma estação mais suave.  A estação da abundância de frutos, da colheita.  Das manhãs frias, do céu translúcido, como Vinicius de Moraes dizia: 

 

 

As cores de abril,

Os ares de anil

O mundo se abriu em flor

E pássaros mil

Nas flores de abril

Voando e fazendo amor

 

[As cores de abril, Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho]

 

 

 

 

 

 

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Outono, Espírito Santo do Pinhal, SP, foto: Ju Faria

 

 

 

 

 

Inicialmente são pequenos sinais da mudança na natureza.  Mas o ciclo continua, pontualmente a cada ano.  E os jardins e os morros se cobrem das cores roxas das quaresmeiras e mais tarde das folhas avermelhadas de muitas árvores brasileiras.  É uma explosão de cores, mesmo dentro do ambiente tropical do país.  Bem-vindo seja o outono!