Chorinho, 1942
Candido Portinari (Brasil 1903 – 1962)
têmpera sobre tela, 225 x 300 cm
Museu de Arte Moderna de Lisboa,
Portugal
Foi quando eu fazia parte do Coral do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, que comecei a apreciar, ainda que muito superficialmente, a obra de Villa-Lobos. Infelizmente devo confessar que sofri do mesmo mal de que muito brasileiros sofrem: passei a dar mais valor ao compositor brasileiro quando fui fazer a faculdade no exterior. Naquela época fiquei extremamente surpresa com o conhecimento que as pessoas versadas em música clássica já tinham sobre o compositor brasileiro. E a medida que os anos se passaram, quando eu ainda estava envolvida nos cursos de mestrado e doutoramento, percebi com prazer que rara era a semana em que não ouvia, na rádio National Public Radio dos EUA uma ou mais obras de Heitor Villa-Lobos, muitas vezes mais tocadas, do que obras de compositores americanos, seus contemporâneos, tais como Aaron Copeland ou John Cage.
O gosto pela música clássica no Brasil ainda está precário. Mas hoje, no Dia Nacional da Música Clássica, o dia escolhido por ser a data d nascimento do carioca Heitor Villa-Lobos, fui surpreendida pelas boas novas, numa pequena demonstração na televisão, sobre um grupo deCrianças pobres de Belo Horizonte que consquistou o direito de se apresentar num espaço profissional por causa da música. O repertório é de Heitor Villa Lobos, símbolo da cultura nacional. Um pouco antes, no Carnaval deste ano tivemos Heitor Villa-Lobos sendo homenageado pela escola de samba de Vila Isabel no Rio de Janeiro.
Este ano, 2009, também celebramos no dia 17 de novembro, o cinquentenário da morte do compositor. Para lembrar Heitor Villa-Lobos, coloco aqui as tres letras que pertencem a diversos movimentos de diferentes Bacchianas da série de 9, compostas por Villa-Lobos.
O Trenzinho do Caipira (bachianas Brasileiras Nº 2)
Composição: Heitor Villa-Lobos
Letra: Ferreira Gullar
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo mar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar …
Paisagem com bananeiras, 1927
Cândido Portinari ( Brasil 1903-1962)
óleo sobre madeira, 22 x 27 cm
Coleção Particular
Bachianas Brasileiras, No.5 : Cantilena
Composição: Heitor Villa Lobos
Letra: Ruth Valadares Corrêa
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda sonhadoramente,
Em anseios d’alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a sua riqueza…
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Menino com Pássaro, 1957
Cândido Portinari ( Brasil 1903-1962)
óleo sobre tela, 65 x 53 cm
Coleção Particular
Bachianas Brasileiras, No.5 : Dança do Martelo
Composição: Heitor Villa Lobos
Letra de Manuel Bandeira
Irerê meu passarinho do sertão do Cariri,
Irerê meu companheiro,
Cadê viola ? Cadê meu bem ? Cadê Maria ?
Ai triste sorte do violeiro cantadô !
Ah ! Sem a viola em que cantavo o seu amô,
Ah ! Seu assobio é tua flauta de Irerê:
Que tua flauta do sertão quando assobia,
Ah ! Agente sofre sem querê !
Ah ! Teu canto chega lá no fundo do sertão,
Ah ! Como uma brisa amolecendo o coração,
Ah ! Ah !
Irerê, solta o teu canto !
Canta mais ! Canta mais !
Prá alembrá o Cariri !
Canta cambaxirra ! Canta juriti !
Canta Irerê ! Canta, canta sofrê
Patativa ! Bem-te-vi !
Maria acorda que é dia
Cantem todos vocês
Passarinhos do sertão !
Bem-te-vi ! Eh ! Sabiá !
La ! liá ! liá ! liá ! liá ! liá !
Eh ! Sabiá da mata cantadô !
Liá ! liá ! liá ! liá !
Lá ! liá ! liá ! liá ! liá ! liá !
Eh ! Sabiá da mata sofredô !
O vosso canto vem do fundo do sertão
Como uma brisa amolecendo o coração
Irerê meu passarinho do sertão do Cariri …
Ai !
Heitor Villa-Lobos