A volta do Chafariz da Praça Paris no Rio de Janeiro

10 10 2010
Praça Paris, Rio de Janeirro.  Foto:  Ladyce West

 

Ontem de manhã resolvemos fazer um passeio pela Praça Paris aqui no Rio de Janeiro para ver seu belíssimo chafariz que foi re-inaugurado pela prefeitura da cidade, depois de sete anos sem funcionar.   Chegamos à praça e em vinte minutos o tempo passou de parcialmente encoberto para chuva forte de primavera.  O céu azul por entre nuvens claras foi se encobrindo rapidamente.  Mas mesmo assim valeu a pena o passeio.

Praça Paris, RJ, ao fundo a estátua do Marechal Deodoro da Fonseca.  Foto: Ladyce West.

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Completamente reformado nas suas entranhas: o espelho d’água de 1600 metros quadrados foi totalmente esvaziado e o fundo limpo.  Antigas rachaduras e infiltrações no revestimento interno do lago foram consertadas, assim como um novo quadro de comando foi instalado, paralelamente às novas bombas submersas.   Outras quatro bombas submersas foram restauradas.  Além disso, uma nova tubulação de jorro, que havia sido furtada, foi instalada.  O jorro central voltou a atingir os 15 metros de altura como no passado.

Praça Paris, RJ, ao fundo à direita a igrejinha do Outeiro da Glória.  Foto: Ladyce West.

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O espelho d’água da Praça Paris,  que é uma das maiores praças públicas da cidade, é uma das atrações deste projeto da década de 20 do século passado, aqui no Rio de Janeiro.  Inaugurada em 1929, esta praça foi urbanizada sobre um aterro, com terra vinda do antigo Morro do Castelo no centro da cidade.   Terras do Morro do Castelo foram usadas desde 1921 para saneamento de diversos logradouros na cidade, pelo então prefeito Carlos Sampaio (1861-1930) — prefeito do Rio de Janeiro (Distrito Federal) de 1920  a 1922.  Com a remoção do Morro do Castelo abriu-se espaço para a Exposição Comemorativa do Centenário da Independência do Brasil.  E o aterro — uma nesga da Baía de Guanabara —  criou a área que mais tarde permitiu o projeto da Praça Paris.  Uma outra extensão ao longo das margens da Lagoa Rodrigo de Freitas levou à construção da atual avenida Epitácio Pessoa.  Suas terras também foram usadas para aterrar parte dos bairros da Urca e do Jardim Botânico.

Praça Paris, RJ, linhas clássicas do jardim francês.  Foto: Ladyce West.

A Praça Paris é considerada uma verdadeira jóia do urbanismo carioca.  Foi construída durante o governo do Presidente Washington Luís, quando era prefeito  do Rio de Janeiro (Distrito Federal) – 1926 a 1930 — o engenheiro Antônio Prado Júnior( 1880- 1955).  O plano seguiu as regras do urbanista francês  Donat-Alfred Agache (1875 – 1959),  diplomado pela École des Beaux-Arts de Paris em 1905.   Alfred Agache foi contratado em junho de 1927 mas só se estabeleceu na cidade no início de 1928, quando o aterro do Morro do Castelo na baía de Guanabara já estava praticamente completo.    

Praça Paris, RJ rodeada de amendoeiras.  Foto:  Ladyce West.

A praça tem muitos dos elementos do plano de Agache.  Os caminhos são de terra, areia e cascalho finíssimo à moda francesa; há um grande número de esculturas no jardim e arbustos são mantidos com cortes formais como nos melhores topiários dos clássicos jardins franceses.  O paisagismo também foi cuidadosamente elaborado, com uma carreira tripla ao redor de toda a praça de frondosas amendoeiras [Terminalia cattapa L.] que apesar de não serem originárias do Brasil – são originárias da Malásia– se adaptaram tão bem ao país nos últimos 400 a 500 anos que parecem nativas.  Essas árvores, cujas sementes devem ter aportado às nossas costas nos cascos de navios portugueses, têm a característica de perderem suas folhas no inverno, depois delas se tornarem vermelho-acobreadas no outono, como acontece com muitas árvores de florestas decíduas das regiões temperadas do planeta.  O resultado é uma forte associação ao outono francês, principalmente porque o mesmo ocorre com o Plátano Orientalis L. que é uma árvore comum no paisagismo europeu.  

Praça Paris, RJ, os golfinhos do lago.  Foto: Ladyce West.

 

Mantendo a afinidade com o urbanismo francês, quatro golfinhos fazem parte do complexo do chafariz central.  Eles são cópias de golfinhos de chafarizes em Versalhes, na França, construídos  sob a direção de André Le Nôtre ( França, 1613-1700).   O trabalho de revitalização da Praça Paris inclui também a manutenção da iluminação e a limpeza do terreno.  Vale a pena a visita.





Calatravas e seu relógio de sol

7 10 2010

 

Vista da Ponte Relógio de Sol, de Santiago Calatravas.

 

Este mês comecei a dar aulas no Clube dos Decoradores no Rio de Janeiro.  A matéria chamada  ADORNOS cobre um mundo de assuntos variados sobre objetos decorativos encontrados no interior de uma casa. : “aquilo que faz uma casa um lar“, ou seja o que dá personalidade ao seu canto.  Meu primeiro tópico foi: Relógios.  E apesar de não colocar aqui neste blog a aula dada — 4 horas por sinal — já vi que sempre terei um ou outro assunto de interesse geral,  pequenas digressões, passeios por aléias colaterais,  por assuntos mais ou menos relacionados, que acredito possam vir a ser de interesse para todos. 

Ontem acabamos mencionando Santiago Calatravas e sua Ponte Relógio de Sol,  na cidade de Redding, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.  É bom mesmo que nós aqui no Rio de Janeiro nos familiarizemos com o trabalho desse arquiteto espanhol cujo gênio criador é evidente em inúmeros locais no mundo.  Isso porque é seu o projeto do Museu do Amanhã, que será instalado no Píer Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Vista da ponte com uma das praças que a ancoram.

A Ponte Relógio de Sol é uma ponte para pedestres que atravessa o rio Sacramento.  É uma estrutura monumental inaugurada em 2004:  liga as áreas norte e sul do Parque de Exploração da Baía de Turtle, no coração de Redding.   A ponte, construída em aço, vidro e granito oferece uma vista espetacular — dizem os que a visitam — do parque à sua volta.  E a estrutura realmente funciona como um relógio de sol.

Arquitetura ou escultura? Não importa!

A ponte tem algumas características bastante interessantes: sua superfície é de vidro translúcido; sua altura foi planejada para não inteferir na desova do salmão cujo habitat está próximo a sua localização;  há duas praças localizadas em cada margem do rio onde a ponte está fixada.

Um dos marcos da passagem do solstício.




Casa de 8.000 anos em Israel

5 04 2010

Arqueólogos encontram casa de 8 mil anos em Israel.  FOTO: EFE

Com as construções retomadas na Faixa de Gaza, e a controvérsia atual das novas edificações em Jerusalem, veio-me a lembrança que em janeiro deste ano, arqueólogos haviam encontrado uma casa construída há cerca de 8 mil anos, em Tel-Aviv.  Será que daqui a 8.000 anos, as contruções de hoje poderão ser descobertas? 

Arqueólogos divulgaram imagens da casa mais antiga já encontrada na cidade de Tel Aviv, em Israel. A residência, que foi construída há oito mil anos, foi descoberta em recentes escavações em um sítio arqueológico na cidade.

A casa encontrava-se em uma região onde hoje fica um dos bairros mais sofisticados de Tel Aviv e onde, curiosamente, também foram encontrados restos de um hipopótamo que viveu na mesma época em que a construção foi realizada.

Fonte: TERRA





Descoberta de 125 sarcófagos merovíngios na França

23 12 2009

Foto: AFP, Associated French Press

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 Uma cripta merovíngia (séculos V a VIII)  e 125 sarcófagos foram descobertos em ótimo estado de conservação junto com vestígios de uma igreja funerária da abadia de Luxeuil-les-Bains.  Este é um dos lugares mais ricos da França no estudo arqueológico dos séculos VII ao X.

Essa descoberta mostra uma concentração de sarcófagos inigualável na parte leste do país.    Os sarcófagos de pedra, estão em condições excepcionais de conservação de acordo com o pesquisador Sébastien Bully.    A cripta externa, conhecida com Saint Valbert,   nome do terceiro abade de Luxeuil, foi trazida à tona em ótimo estado de conservação. “Poucas criptas  deste tipo foram encontradas na França”, diz Sébastien Bully, continuando “a partir desta abadia em Luxeuil, fundada no século VI pelo monge irlandês Colomban,  monges e abades viajaram por toda a Europa para fundar outros locais de culto.”

Mapa da França Merovíngia.

 

“Dos séculos VII ao X, Luxeuil era uma verdadeira capital monástica que se expandiu além dos limites regional e nacional, tornando-se uma verdadeira referência para os monastérios do Ocidente,” continuou ele.  A escavação, que compreende 650 m2, começada em 2008 está prevista para se desenvolver até janeiro de 2010 e  permitiu que se estabelecesse a sucessão dos diversos dos usos e prédios no mesmo lugar:  um centro urbano do século II, uma necrópole pagã do século IV, uma basílica paleo-cristã dos séculos V e VI preenchem uma parte dos sarcófagos e em seguida a cripta de Saint Valbert do ano 670.  Esta reconstruída RR modificada ao longo dos séculos seguintes.  A igreja foi finalmente destruída depois da Revolução Francesa em 1797. 

Em meados de dezembro, Michel Raison, prefeito de Luxeuil-les-Bains, pediu que as descobertas fossem protegidas como patrimônio  histórico.  Um museu no local está sendo projetado.   

Tradução e adaptação, Ladyce West

Fonte:  AFP através do Mondial.





Na Espanha, Festival de presépios de areia

10 12 2009

Foto: Luis Suarez

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Milhares de turistas visitam os presépios de areia, na praia de Las Canteras em Las Palmas na Espanha nesse mes de dezembro. A exposição que reúne trabalhos de sete artistas de cinco países: Karen Fralich (Canadá), Peter Busch (Dinamarca), Fergus Mulvany (Irlanda), Vladimir Kuraev e Alexey Dyakov (Rússia), e Andrei Vazhnyskyv e Iryna Kalyuzhna (Ucrânia).   As esculturas em areia incluem cenas do Antigo e  do Novo Testamento.  Cerca de 180.000 pessoas visitaram a área que ocupa uma área de 600 m². Os artistas responsáveis pelas obras são do Canadá, EUA, Holanda, Irlanda e Rússia.

Foto: Luis Suarez

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Este é o quarto ano seguido que o Comitê de Turismo da Prefeitura das Grandes Canárias reúne alguns dos mais conhecidos e laureados escultures em areia do mundo para representarem cenas religiosas de preferência relacionadas ao Natal.  Presépios, ou como os espanhóis chamam “belenes” têm uma grande tradição nesse país ibérico.





Cartas de viagens: Espanha I

30 08 2009

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Cartas de viagens

 

 

No final do século XX, meu marido e eu embarcamos dos Estados Unidos para Portugal onde ele ensinaria Literatura Americana, na universidade de Coimbra.  Por causa da diferença de períodos acadêmicos entre as instituições universitárias a que estávamos agregados, sobraram um pouco mais de dois meses – de agosto ao final de outubro – em que nenhum de nós precisava se encontrar num lugar específico.  Aproveitamos, então, para passar um pouco mais de um mês na França e o resto do tempo viajando pela Espanha.  Nós dois já estávamos bem familiarizados com ambos os países, principalmente com suas maiores cidades.  Estes dois meses serviram para que aprofundássemos o conhecimento que tínhamos de ambos.  E vimos o período de estadia em Portugal – 2 anos – como tempo suficiente para conhecermos o país do Algarve a Guimarães, como a palma das nossas mãos.  É claro que nem tudo saiu como esperávamos.  Mas muita coisa foi muito mais, muito melhor, do esperávamos.   Estes foram de longe, os mais felizes anos de minha vida adulta.  As cartas que estou selecionando para o blog, são cartas que mandei para membros da família, que muito gentilmente as guardaram.  Sempre me dando o incentivo de publicá-las.  Todas começam com: Meus queridos.  Eram para informação de todos.  Acredito que possam mostrar alguns aspectos interessantes dessa estadia européia.

 Cartas de Espanha

 

Barcelona, Outubro de 19…

 

Meus queridos:

É fato que ando de amores com a Espanha há três anos, quando estive aqui duas vezes no mesmo ano.  Pretendo encher as páginas do meu passaporte com carimbos de entrada na Espanha neste ano que entra.  Ao contrário do ditado português, “De Espanha nem bom vento, nem bom casamento”, eu me vejo achando tudo aqui sensacional.  A Espanha conquista e seduz.  É dramática, energética e vibrante!

Não há como escapar de sua característica principal: a Espanha é a INTENSIDADE em pessoa.  Não há por aqui meio termo, indecisão.  Tudo aqui ou vai ou racha.  É tudo ou nada.  Não sei bem como isso é transmitido aos turistas, mas é.  É uma atitude nacional que se encontra por toda parte.  Está permeada no ar que a gente respira (além de muita poluição!).  Está talvez no barulho das ruas, de noite, às 4 da manhã; ou talvez num bater ritmado e único de palmas que a gente ouve de vez em quando no meio das pessoas. Está certamente no andar das multidões, porque o espanhol anda, anda muito, todos os dias, anda se não mais, pelo menos no final do dia, todo arrumado, num requinte de invejar, pelas ruas, nas horas antes do jantar, talvez um resquício do antigo “trotting”!

Mas essa intensidade, esse drama, a ação e a paixão, não são manifestados pelo lado de fora como a gente poderia imaginar: gestos e cantorias.  A paixão dos espanhóis está sempre sob controle.  Porque os espanhóis são quietos, sérios e orgulhosos.  Eles têm uma maneira muito dignificada.  Projetam uma imagem segura, de quem tem um bom sentido de seu valor.  Têm muito amor próprio.  E cativam com sua bondade e respeito, mas sempre de maneira controlada. 

E é esta tensão entre as forças de dentro – que parecem tão próximas a escaparem — e a sobriedade exterior que os faz como um grupo, e individualmente também, tão atraentes para mim.

 

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Eu nunca tinha me interessado muito por dança flamenca até que vi essas danças em Córdoba 3 anos atrás.  Lá estava eu na minha segunda visita à Espanha, achando que já conhecia um pouco, que  tinha uma boa idéia do país.  Mas fiquei impressionadíssima com a dança flamenca e como disse,  daí por diante, achei a dança flamenca a verdadeira expressão da alma espanhola.  Um ícone, por assim dizer, do que deve ser, ser espanhol.  Pelo menos foi o que na época pensei.  A grande estilização da dança, cheia de cores, ou toda negra; e muito, muito sensual; bem ritmada e agressiva revelaram para mim, naquele espetáculo, a tensão de que falei antes, dessas forças polarizadas: o gesto delicado de uma mão elevada no ar, acompanhado pelo bater dos saltos dos sapatos no chão, um levantar de saias e anáguas com a outra mão e o empurrão para cima do queixo, elevando o nariz e encompridando o pescoço.

A dança é sensual, estonteante.  Tem drama, tem canto torturado, sofrido e muita influência árabe na música.  Ela me pareceu a verdadeira expressão da alma espanhola.  Precisa ser uma cultura milenar, cheia de tradições centenárias, para poder revelar os sentimentos e valores de um povo de maneira tão estilizada.  E, o que ainda é mais impressionante é poder comunicar a qualquer pessoa, inclusive uma estrangeira como eu, essas emoções. 

 

Mas eu achava tudo isso porque, até então, não conhecia Barcelona!

 

Beijos e saudades,  L.





As Américas depois da subida do nivel do mar

8 04 2009

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A Grande Onda de Kanagawa

Katsushika Hokusai ( Japão, 1760 – 1849)

Xilogravura policromada

 

 

 

 

 

 

A BBC num artigo de James Painter mostra, hoje, o que especialistas da América do Norte e da América do Sul estão cada vez mais preocupados com as conseqüências devastadoras da subida do nível do mar.

 

Até agora as áreas de maior preocupação com as conseqüências do aumento do nível do mar tinham sido as ilhas do Pacífico, o Vietnam e Bangladesh.   Mas, no encontro recente de cientistas debatendo o assunto em Copenhagen , ficou claro que regiões que incluem Nova York, sul da Flórida, Caribe, México e Equador estão sob maior perigo do que antecipado.

 

Em 2007 o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas sugeria que o nível do mar pudesse aumentar de 19 cm a 59 cm até o final d século XXI.  Mas este ano, em Copenhagen vários cientistas já falavam do aumento de um metro a um metro e meio, mesmo que se mantenham baixas as emissões mundiais de gases que provoca o efeito estufa.   É o derretimento das camadas de gelo em ambos os pólos o que tem preocupado os cientistas.  Com a aceleração do degelo que se testemunha, o mapa das Américas certamente mudará muito nas zonas costeiras.

 

Há perigos que ultrapassam a invasão do mar sobre áreas costeiras.  Algumas ilhas caribenhas correm o perigo de diminuírem sensivelmente suas áreas territoriais.   A pesca certamente seria afetada em todas as regiões.   E não se consegue ainda saber o que acontecerá com a circulação de água do mar de norte a sul e vice-versa, que mantêm os parâmetros do clima em ambos os hemisférios.

 

 

 

 

 

 

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A única nota positiva do encontro foi saber que ainda não está muito tarde para atenuar os efeitos do aumento do nível dos oceanos.  Se conseguirmos reduzir as emissões de gás e também reduzir o desenvolvimento costeiro haverá uma chance de podermos reduzir as conseqüências destes efeitos.  Mas é importante que os líderes da America Latina se aconselhem sobre estas novas projeções de degelo e conseqüente aumento do nível do mar, para que desenvolvam novas prioridades de desenvolvimento.   No momento, ninguém parece preocupado com o futuro das gerações vindouras.

 

 

Para o artigo inteiro:  BBC

 

 

 

 

 

 

Katsushika Hokusai ( Japão, 1760 – 1849)

 

Um dos gênios da arte japonesa, conhecido por suas xilogravuras, nasceu na cidade de Edo, atual Tóquio, no bairro de Katsushika, em 23 de setembro de 1760. Ainda pequeno, foi adotado por Nakajima Ise, polidor de espelhos do xogunato Tokugawa. Deixou o lar dos pais adotivos ainda jovem, trabalhou como aprendiz em uma livraria e, depois, como xilógrafo. Tornou-se discípulo do conhecido xilógrafo Katsukawa Shunshô (1726~1793), pesquisando os estilos dos grandes xilógrafos da escola Karino, dentre outros. Criou ainda um estilo próprio, graças aos estudos das técnicas de pintura ocidental através das obras de Shiba Kôkan (1738-1818), filósofo e pintor de quadros ocidentais.

 

Xilogravou muitos artistas famosos, as conhecidas beldades e os lutadores de sumô da época. Viajou por muitos lugares, xilogravou muitos retratos, paisagens, flores, plantas e animais, tornando-se o maior artista da época. É conhecido também por suas excentricidades, mudando de residência 93 vezes e trocando o seu nome artístico mais de 30 vezes. O pseudônimo “Katsushika Hokusai”, nome pelo qual é conhecido mundialmente, foi adotado por ele em 1805.

 

Deixou mais de 30 mil obras, entre xilogravuras, ilustrações de romances, quadros e outras. Uma das suas obras mais famosas é a xilogravura Fugaku Sanjurokkei, ou seja, As 36 vistas do Monte Fuji.

 

As suas obras tiveram muita influência sobre os pintores impressionistas que atuavam na França.  Até falecer, aos 90 anos, dedicou-se de corpo e alma à pintura, que foi seu meio de sustento, mas nunca lhe deu uma vida abastada. 

 





Colapso da ponte de gelo da plataforma Wilkins, na Antártica.

6 04 2009

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Plataforma Wilkins, Antártica.

Uma conhecida ponte de gelo – chamada plataforma Wilkins —  que ligava uma plataforma congelada—do tamanho da Jamaica —  a duas ilhas na Antártica partiu-se. O colapso desta estrutura nos dá uma idéia ainda mais precisa das mudanças regionais no continente. Situada no lado oeste da Península Antártica, a plataforma Wilkins vem diminuindo de tamanho desde a década de 1990.  Há anos, que esta ponte de gelo, era considerada um marco, uma barreira importante, pois ajudava a manter o resto da estrutura de gelo estável.

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O colapso e com ele a remoção desta ponte vai permitir que o gelo circule mais livremente – em mar aberto—entre as ilhas Charcot e Latady.  Esta ligação de gelo conhecida como “a ponte” quebrou-se no seu ponto mais fino e frágil.   Há uma semana já se acompanhava o progresso das rachaduras que Agência Espacial Européia havia indicado através de fotografias de satélite nesta grande “escultura” de gelo.  Alguns recém-formados Icebergs foram vistos no mar no lado ocidental da península, o ponto mais próximo do extremo sul da América do Sul.

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Sabe-se que a plataforma Wilkins estava estável desde 1930 – e provavelmente também estivera estável por muitas décadas antes disso, lembrou o Professor David Vaugham, especialista em geleiras com o Centro Britânico de Pesquisas na Antártica, e que havia colocado um aparelho de GPS na ponte em janeiro deste ano.   Ele também disse que já se previa o rompimento da ponte há algumas semanas e que é provável que a prateleira de gelo por trás seguirá o mesmo caminho.  

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A quebra da ponte e o fato da camada de gelo estar recuando, e ter perdido neste momento a  conexão com uma das ilhas é  uma forte indicação forte de que o aquecimento sobre a Antártida tem um efeito significativo sobre o gelo.   Embora esta fratura na ponte não traga impacto direto sobre o nível do mar, porque o gelo estará flutuando, ela reforça todas as preocupações relacionadas ao impacto das alterações climáticas sobre esta parte da Antártida.   Nos últimos 50 anos, a península tem sido um dos lugares de mais rápido aquecimento do planeta.

 

 

 

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Muitas das prateleiras gelo têm recuado com o tempo.  Seis delas já desapareceram completamente : Prince Gustav Channel, Larsen Inlet, Larsen A, Larsen B, Wordie, Muller e a Jones.  Estudos independentes mostram que quando o gelo destas prateleiras é removido, tanto os glaciers quanto a camada de gelo sobre a terra, avançam para o oceano  mais rapidamente.  É esse gelo que pode elevar o nível do mar.    Os efeitos deste tipo de aceleração não foram incluídos nos registros do Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas da ONU.  Em 2007, quando de sua publicação, esta dinâmica do gelo ainda era muito mal compreendida.





Geleira Fox e Lago Matheson na Nova Zelândia

23 03 2009

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Visitantes na geleira Fox

Conhecida por seus lagos exuberantes e por uma mistura de praias e montanhas a Nova Zelândia também possui outro pontos de interesse para quem ama a natureza.  Entre eles estão as geleiras de  Fox Glacier e a de Franz Josef.  A Fox Glacier (Te Moeka o Tuawe em Māori, língua local) — que leva este nome desde 1872 após uma visita do então Primeiro-Ministro da Nova Zelândia, Sir William Fox —  está situada no Westland National Park, na costa oeste da Nova Zelândia e tem 12 km de comprimento.

 

A fama da geleira de Fox Glacier se consolida por ter uma característica peculiar: termina apenas a 300m do nível do mar e é rodeada por uma exuberante floresta tropical temperada. Embora haja recuado bastante durante a maior parte dos últimos 100 anos, a Fox Glacier tem ganhado terreno desde 1985 —  em média um metro por semana.  Durante a última era glacial, o gelo chegou além do presente litoral.   São as  águas do degelo desta geleira que formam o rio  Fox assim como o Lago Matheson.

 

 

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Lago Matheson com reflexão dos Picos Tasman e Cook.

 

O Lago Matheson é famoso pelas águas que refletem, como um espelho, os picos Cook e Tasman.  Este lago é de excelente pesca, principalmente de uma enguia local.  Também serve como habitat para um número muito grande de aves aquáticas.  Pela abundância de caça e pesca ficou conhecido pelo povos locais como “o lugar do encontro dos alimentos”, mahinga kai.

 

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Florestas tropicais na saída da geleira Fox.

 

 

Todas essas belezas naturais tornam uma visita às geleiras da Nova Zelândia uma aventura bastante agradável.  A forma mais popular de conhecer a Fox Glacier  é por trilha – a mais longa dura em média uma hora (ida e volta).  Apesar de não ser de difícil acesso, a caminhada exige disposição. Em alguns trechos mais íngremes, o equilíbrio é facilitado por meio de cordas dispostas horizontalmente. O esforço, no entanto, compensa: ao chegar ao topo, é possível ver uma imensa massa de gelo, além de formações que se assemelham a cavernas.