Negra com paisagem ao fundo, 1935
Genesco Murta ( Brasil, MG 1885 — MG, 1967)
óleo sobre tela sobre eucatex, 58 x 48 cm
Coleção Particular
–
–
Lágrima de preta
–
Antônio Gedeão
–
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
–
Recolhi a lágrima
com todo cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
–
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
–
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
–
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
–
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
–
–
–
Rômulo Vasco da Gama de Carvalho , rambém conhecido pelos pseudônimos : Antônio Gedeão ou por Rômulo de Carvalho. (Portugal, 1906-1997) Poeta, professor e historiador da ciência portuguesa. Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e organizando obras no campo da história das ciências e das instituições. Revelou-se como poeta apenas em 1956, com a obra Movimento Perpétuo.
Obras poéticas:
Movimento perpétuo, 1956
Teatro do Mundo, 1958
Máquina de Fogo, 1961
Poema para Galileu 1964
Linhas de Força, 1967
Poemas Póstumos, 1983
Novos Poemas Póstumos, 1990