Passos
Henriqueta Lisboa
Passos de brinquedos, leves,
que não conhecem o chão.
É o bebê que faz a estréia
com sapatinhos de lã.
Passos que dizem bom-dia
de tão claros, tão alegres!
São as meninas crescidas
que voltaram do colégio.
Passos enérgicos, largos,
tremem as próprias paredes.
São os homens do trabalho,
que não têm tempo a perder.
Vagarosos passos últimos
arrastados em chinelos.
São as vovozinhas surdas
acalentando seus netos.
Em: O menino poeta, Henriqueta Lisboa, (Edição ampliada) Imprensa Oficial de Belo Horizonte, Governo do Estado de Minas Gerais: 1975, p. 141