Nossa Senhora da Palma
Veríssimo de Souza Freitas
Igreja de Nossa Sra da Palma
São Salvador, Bahia
Poema de Natal
Jorge de Lima
Ó Meu Jesus, quando você
ficar assim maiorzinho
venha para darmos um passeio
que eu também gosto de crianças.
Iremos ver as feras mansas
que há no jardim zoológico.
E em qualquer dia feriado
iremos, então, por exemplo,
ver Cristo Rei do Corcovado.
E quem passar
vendo o menino
há de dizer: ali vai o filho
de Nossa Senhora da Conceição!
— Aquele menino que vai ali
(diversos homens logo dirão)
sabe mais coisas que todos nós!
— Bom dia, Jesus! — dirá uma voz.
E outras vozes cochicharão:
— É o belo menino que está no livro
da minha primeira comunhão!
— Como está forte! — Nada mudou!
— Que boa saúde! Que boas cores!
(Dirão adiante outros senhores.)
Mas outra gente de aspecto vário
há de dizer ao ver você:
— É o menino do carpinteiro!
E vendo esses modos de operário
que sai aos domingos para passear,
nos convidarão para irmos juntos
os camaradas visitar.
E quando voltarmos
pra casa, à noite,
e forem para o vício os pecadores,
eles sem dúvida me convidarão.
Eu hei de inventar pretextos sutis
pra você me deixar sozinho ir.
Menino Jesus, miserere nobis,
segure com força a minha mão.
Em:
Poesias Completas, volume I, Jorge de Lima, José Aguilar: 1974, Rio de Janeiro.
Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, AL, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro.
Obras:
Poesia:
XIV Alexandrinos (1914)
O Mundo do Menino Impossível (1925)
Poemas (1927)
Novos Poemas (1929)
O acendedor de lampiões (1932)
Tempo e Eternidade (1935)
A Túnica Inconsútil (1938)
Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)
Poemas Negros (1947)
Livro de Sonetos (1949)
Obra Poética (1950)
Invenção de Orfeu (1952)
Romance:
O anjo (1934)
Calunga (1935)
A mulher obscura (1939)
Guerra dentro do beco (1950)
Igreja de Nossa Senhora da Palma — igreja e convento foram construídos sobre o “Monte das Palmas”, uma das primeiras áreas de expansão da cidade. Sua edificação, em 1630, deve-se a um ex-voto feito por Bernardino da Cruz Arraes, que estivera enfermo. O convento, desenvolvido em torno de um pátio retangular, ladeado pela igreja, é iniciado em 1670, posterior a igreja que, nesta época, é ampliada. Pertence à Ordem dos Agostinhos Descalços, é transferida à Irmandade do Senhor da Cruz, em 1822, com o retorno daqueles a Portugal. Acredita-se que a igreja atual, da 2ª metade do século XVIII, obedece basicamente o partido primitivo, com algumas alterações. Com planta em “T”, a igreja é formada por nave, sacristia subdividida e acrescidos corredores laterais e tribunas. A fachada tem elementos em estilo rococó, encimada por frontão com volutas e nicho, flanqueada por torre com terminação piramidal. Seu interior é uma transição do rococó e neoclássico, e o teto da nave possui pintura ilusionista barroca, atribuída a Veríssimo de Souza Freitas.
http://www.sumo.tv/watch.php?video=2774793
Veríssimo de Souza Freitas é mais um artista negro sem registro de nascimento e morte, mas deixou uma obra imortalizada ‘São João Nepomuceno’, óleo sobre tela do final do século 18. Muitas igrejas de Salvador –BA, são de sua autoria os afrescos.
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Você encontra um outro poema de Jorge de Lima em: Minha Sombra.