Uma das características mais interessantes dos ingleses é que eles mais do que qualquer outra cultura que eu conheça, adoram fazer listas. Listas dos dez melhores livros policiais, dos 100 mais importantes pensadores do mundo e assim por diante.
É claro que estas listas refletem não só o viés cultural da Inglaterra, mas também o espírito de sua época. Minha satisfação com estas listas é que elas me obrigam, e acredito que obriguem a outros que participam do processo, por mais que ele seja primário e elementar, a pensar no assunto, a decidir como comparar abóboras com bananas; ameixas com uvas. E é justamente durante a defesa das opiniões nestas comparações que chegamos a uma conclusão mesmo que esta possa ser temporária. Descobrimos não só os porquês de uma preferência pessoal, mas devagar chegamos a um melhor conhecimento de nós mesmos e da cultura ocidental, de qual fazemos parte.
Terminou hoje, na BBC internacional em associação com o banco Credit Suisse – televisão a cabo – uma série de sete programas fascinantes sobre Músicos Visionários, comparando alguns dos compositores de maior talento que enriqueceram a musica clássica. Esta série que começou no dia 30 de agosto de 2008 foi apresentada por Francine Stock. Cada compositor representado tem seu advogado, em geral uma pessoa bem conhecida do mundo da música clássica e do público inglês.
Mas quem decide é o público, que vota através do portal na internet:
http://www.visionariesdebate.com
A votação, no entanto, já está concluída.
No programa final, que foi ao ar esta tarde no Brasil, tivemos a resolução das seguintes competições e a lista final não só dos cinco compositores de maior visão assim como o vencedor deste cinco como o compositor de maior influencia até os dias de hoje.
Primeiro resolvemos a competição entre:
1 — JS Bach X GF Handel — Juntos Handel e Bach formam dois lados das maiores preocupações humanas: enquanto Handel compôs para o povo, Bach compôs para Deus.
O vencedor desta pequena competição foi JS Bach.
2 — Mozart X Beethoven – Para quem você daria o seu voto ?
O vencedor desta competição foi Beethoven
3 — Verdi X Chopin – entre estes dois compositores românticos você votaria para Chopin? Parabéns!
O vencedor desta competição foi Chopin
4 — Entre os compositores modernos, você acredita que o mais visionário seja Shostakovitch ou Tekemitsu?
O vencedor desta competição foi Shostakovitch
5 — E entre os compositores contemporâneos? Você votaria em: Glass ou Boulez?
O vencedor desta competição foi Glass.
Assim temos os cinco mais importantes, visionários compositores de todos os tempos: Bach, Beethoven, Chopin, Shostakovitch e Glass.
Quem seria na sua opinião o compositor de maior visão de todos os tempos?
J S Bach
Você acertou?
Johann Sebastian Bach, 1748
Elias Gottlob Haussmann
(Alemanha 1695-1774)
Óleo sobre canvas
William H. Scheide, Princeton, New Jersey
—
Outras ilustrações dos músicos de Bremen neste blog:
[…] Anônimo, Flicker […]
Gastei 1 minuto da minha vida para ler algo tão sem valor….
Valor é uma coisa interessante não é mesmo? É estritamente pessoal. Parabéns por já ter esse conhecimento. Há muitos que não têm. Procure mais na rede, tenho certeza de que você encontrará algo que lhe dê mais prazer. De qualquer maneira, obrigada pela visita,
Será que ele é mozartiano?
Não conheço os mais modernos, mas entre os clássicos concordo que Bach seja o mais brilhante, importante e tudo o mais.
Gostei da sua responda sobre valor, haha.
Muito interessante é verdade, mas gostaria de ressaltar que, tirando Mozart e Beethoven, os outros compositores citados são eruditos e não clássicos. Bach e Vivaldi por exemplo, são do peridodo Barroco.
Julio, na verdade, na música atual, o termo mais correto prá se designar o gênero de música composto por Bach, Mozart, Beethoven e tantos outros, é ERUDITA, e não clássica. Toma-se, hoje, como CLÁSSICA à música feita no período imediatamente posterior ao Período Barroco. É por aí.
VIVALDI E BACH INSUPERÁVEIS, PELO MENOS MEUS PARA OUVIDOS LEIGOS. MÚSICA É EMOÇÃO E SENTIMENTO E NÃO PERFEIÇÃO, CERTO?
Certíssimo! Vivaldi então.
Fiquei decepcionado….. não com o resultado, mas com o método em si… achei-o ridículo e amador……. Colocar os mestres competindo entre si? Isto foi estúpido, pra não dizer, burro! Bach X Handel? e a pior de todas: Beethoven X Mozart? Quem fez isto não entende nada de música clássica……. Simplesmente, não se pode comparar os compositores…. Por isso, os críticos inteligentes até hoje, nunca propuzeram uma lista com os “maiores”…. é impossível criar tal lista, e no mínimo é uma idéia muito infeliz. Mozart, Beethoven, Vivaldi, Bach, etc – foram tão únicos e criativos, não há como compará-los, cada um tem um estilo tão próprio, uma visão artística, estética e harmônica tão pessoal, tão própria…. que é amador compará-los, e pior, submetê-los a uma competição………é a mesma coisa que tentar dizer quem foi o maior mestre – Jesus, Buda, Maomé, Zarathustra, Mahavira, Krishna? É impossível dizer!!! Cada um é tão especial e original, é impossível preferir um deles………… Mas há pessoas estúpidas e parcialistas, que dirão – Jesus é o maior…….. claro, que estas são pessoas que não compreenderam ainda, o que seja religião, e quem é realmente cada mestre……. Da mesma forma, é a música clássica, não há como preferir um compositor, se você realmente conhece música clássica.
É mesmo comparar uvas com batatas. Mas é um jogo, um brinquedo, uma coisa que nos leve a pensar nesses compositores. Pelo mesno é assim que vejo esses questionários, essas listas de 10 melhores livros, os 100 lugares para se visitar no mundo, etc. Eles são válidos por nos levarem a considerar algumas comparações que não entrariam na nossa cabeça de outra maneira. Obrigada pelo comentário.
não deveriam compará-los assim pois seus estilos são diferentes um do outro eles foram os maiores os mais importantes e ÚNICOS e INCOPARÁVEIS e não dá para saber qual o melhor. e não citaram não citaram compositores importantes como vivaldi,shubert,grieg,wagner,etc.por isso não estou de acordo com essa pesquisa.
Acho que não deveriamos criticar as pessoas de modo tão egoísta e mal educado como o Lucas fez, realmente é difícil escolher o melhor, cada pessoa escolhe o que acha melhor, pois cada um tem um gosto, mas devemos respeitar os que os outros colocam, se quer fazer uma crítica, faça uma construtiva que ajude os outros e não destrutiva, se for para destruir a moral dos outros nem comente, isso é muito constrangedor. Mas elogio o jogo!
Eu amo todos mesmo não entendendo quem é clássico ou barroco.
Os escuto não com meus ouvidos, mas com meu coração.
🙂 é assim que deve ser. Depois então procure saber porque são chamados de clássico ou barroco. O importante é primeiro ouvir com os sentimentos.
Rafaela, você foi curta e grossa, e arrebentou no seu comentário! É exatamente isso: a música tem que ser “ouvida” com o coração, mais que com o ouvido…. Escreveu bonito!
Como assim Shostakovitch melhor que Mozart,Mozart e Tchaikovsky foram os únicos músicos a serem especialistas em todos os tipos de música(para piano,violino,quarteto quinteto te cordas,operas,fugas)este dois fizeram tudo,mas Mozart levou a perfeição tudo que ele fez.
Para mim dos cinco melhores são:
Mozart
Beethoven
Bach
Tchaikovsky
Chopin (este só compôs sonatas para piano)
Errado, Chopin inventou as baladas, e inovou nas demais obras existentes, como prelúdios, sonatas, noturnos etc. A grande maioria das obras de Chopin é para piano, mas não apenas sonatas.
e enquanto a Heitor Villa Lobos?
Nesta enquete não foi mencionado…
Blog ótimo, entretanto, pesquisa inoportuna. Nao se compara gênios eruditos desta forma muito menos comparando barrocos com clássicos.
Marcos Antonio essas pesquisas são sempre assim… é o mesmo que se fazer uma lista dos 1000 lugares que precisamos ver antes de morrer ou dos livros mais importantes a serem lidos. Elas servem, no entanto, para a gente parar um minuto e pensar nos compositores, nos autores, nos lugares, etc. Elas servem para nos tirar da rotina e refletirmos, só isso mesmo. Mas, você tem razão, alhos como bugalhos. Obrigada pela visita,
Tudo bem, gosto por compositores eruditos (essa é a expressão correta, e não “clássicos”) é igual a, mal comparando, preferência por clube de futebol: cada um tem o seu. Eu, por exemplo, gosto muito de Beethoven, e o ouço bastante; gosto muito de inúmeras peças musicais de Mozart, de Vivaldi, de Brahms, de Haendel, de Chopin. Mas, nesse universo, quem mais me encanta, mais toca minha sensibilidade musical, meu coração, chama-se JOHANN SEBASTIAN BACH. Por que? Porque música, prá mim, por mais perfeita que ela seja, não significa “barulho”, “porrada instrumental”, misturas retumbantes entre vozes e instrumentos, como Beethoven, por exemplo, faz à perfeição – e de maneira harmoniosa – na Nona Sinfonia. Música, a meu sentir, é, sobretudo, harmonia musical, suavidade musical, sutileza musical, concatenação perfeita, uniforme, criativa, tecitural entre os instrumentos. E BACH, de fato, fez tudo isso com absoluta perfeição, extraordinária beleza melódica, sem ferir meus ouvidos, meus tímpanos. E o fez numa quantidade extraordinariamente grande: são conhecidas 1045 peças musicais de Bach, que corresponde a apenas 60% a 70% de tudo o que ele fez. O restante de sua obra se perdeu. “Ah, mas ele só fez música religiosa, prá igreja!” Errado. Ele compôs centenas de peças profanas, não religiosas, como, por exemplo, os 6 geniais Concertos de Brandenburgo, as suítes prá violino e violoncelo, os motetos, as cantatas profanas, as Variações Goldberg, as Fugas, etc, etc, etc. De fato, sua obra é cerca de 50% religiosa. Mas todas são admiravelmente lindas! Como não se embasbacar – apenas prá citar algumas – com uma Missa em Si Menor, com as duas Paixões, com o Oratório de Natal, com a Oferenda Musical. E não somos somente eu, os britânicos e alguns milhares de músicos profundamente especializados no assunto que escolhem BACH. A própria NASA, quando enviou ao espaço uma espaçonave, com o objetivo de contatar outros seres interplanetários e mostrar-lhes o que nós humanos tínhamos de melhor, aqui na terra, em cada área do conhecimento, escolheu a música de Bach, como amostra da máxima genialidade, na área musical. Por que prefiro BACH? Porque sua música é a que mais me toca, me emociona, acalenta meu sonhos, em uma quantidade e intensidade muito maior que os outros geniais compositores. Não é, portanto, nem questão de conhecer música ….; é questão de sentí-la com profundidade de alma. E a música suave, perfeita, refinada e profundamente harmônica de JOHANN SEBASTIAN BACH me faz sentir.
De fato Bach é o cara. Sua musica é atenporal. Ouço suas badineries e polonaises e sinto como se fossem feitas no ano passado por Hermeto Pascoal ou alguem de nosso tempo.
Eu também vou levantar a bola de Bach. Sabe porque eu acho que ele é o maior de todos os grandes mestres? Porque: 1) ele tem catalogadas 1045 peças musicais, a mais extensa obra musical já feita, no planeta terra), sendo que corresponde apenas a cerca de 70% do que ele fez; 2) toda essa extensa obra musical é de um altíssimo nível, quase todas atingindo a perfeição; 3) Bach cultivou a dificílima técnica do CONTRAPONTO, sempre com um inigualável nível de qualidade, fazendo uso dessa técnica com absoluta perfeição, harmonia, criatividade e beleza melódica; 4) sua música é a mais atemporal de todas peças eruditas, porque, através dos anos, os músicos, de todos os estilos musicais, que o sucederam, se inspiraram em sua técnica, em sua música; nenhum outro grande gênio foi tão imitado e usado como parâmetro como ele; 6) em nenhum outro grande mestre se observam as variações de ritmos, compassos, criatividade melódica como nele; em suas 1045 peças não se nota nenhuma que seja parecida uma com a outra, mesmo aí incluindo o conjunto de “A Arte da Fuga”, cujas peças parecem semelhantes, mas são absolutamente diferentes em suas pequenas tecituras melódicas; 7) suas peças musicais, hoje, são as mais tocadas e interpretadas por músicos dos mais diferentes estilos, indo desde o roqueiro progressista, passando pelo erudito, pelo funqueiro, pelo pianista e chegando até o instrumental pop; todos executam suas músicas, dando-lhes os tons e ritmos que mais lhe aprouverem, e isso mostra a genialidade de sua música. Preciso dizer mais? Nenhum outro gênio da música é revisitado dessa forma, nem Mozart (655 peças musicais), nem Beethoven (398 peças musicais). Preciso escrever mais?
“Os 5 compositores clássicos de maior visão”, esse é o título da matéria desse Blog. Nesse contexto, e sem querer desmerecer os outros Grandes Mestres, de fato, NA MINHA MODESTA OPINIÃO, BACH é, sem dúvida, o compositor de maior visão, pois fez música alguns séculos à frente de seu tempo. Tanto é assim que grande parte dos “apreciadores” de música da época em que ele compôs (Século XVIII, entre 1698 e 1750) praticamente ignoraram sua genial música, porque não a entendiam. Sua música que, de tão simples, parece complexa. Seus gostos musicais de então não conseguiam alcançar a profundidade e grandeza de sua música, muito à frente de seu tempo. Hoje, mais de 260 anos depois, é reverenciado por público, crítica e, principalmente, músicos de todas as tendências, que executam suas peças musicais como nenhum outro grande mestre o faz. A música de Bach é, sem dúvida, ATEMPORAL, e não pode ser classificada apenas como música erudita ou clássica. É, na verdade, MULTI-INSTRUMENTAL, que pode ser executada com qualquer instrumento musical, indo desde a guitarra, passando pelo piano e violão e chegando ao saxofone. Assim, é muito simplista classificar a arte de JOHANN SEBASTIAN BACH como música clássica ou erudita. Por isso, é, sem dúvida, o compositor de maior visão da música ocidental. Suas peças musicais são prá todas as épocas e instrumentos de execução.
Hoje, acordei ouvindo os MOTETOS, de Johann Sebastian Bach ( BWV 225 a BWV 230), pois aprecio muito música coral. E Bach foi um MESTRE na composição de canto coral, com uma perfeição difícil de ser igualada. Foi o maior de todos, na minha opinião, só podendo ser ombreado pelo italiano Giovanni Perluigi da Palestrina – que viveu bem antes do Pai da Harmonia e só compunha música coral, na fase remota da Era Barroca. O gênero Moteto foi iniciado na França, por volta do Século XI, criado pela Escola Notre Dame, fazendo sucesso, de fato, a partir do Século XII. Esse gênero musical basicamente composto, no início, de um Trio com 3 vozes distintas (soprano, contralto e tenor), ampliou-se prá 4 vozes, com o acréscimo do naipe Baixo. É caracterizado pelo CONTRAPONTO, ou seja, cada naipe de voz entoa uma melodia, em tempo e tom diferenciados, de maneira harmônica. Johann Sebastian Bach foi o Grande Mestre que melhor transmutou esse gênero musical para o Coral, incorporando mais vozes em cada naipe, geralmente composto de 5 sopranos, 5 contaltos, 4 tenores e 4 baixos. Como escrevera antes, acordei ouvindo, por cerca de 60 minutos, os 6 Motetos que Bach compôs, 4 deles cantados pelo afinadíssimo coral Vocalconsor Berlin, regido pelo excelente maestro holandês, especializado em Canto Coral, Daniel Reuss, no “Festival Bach Dag”, de anos atrás. Música de Deus. especialmente “Jesu, Meine Freud”(BWV 227! Se o amigo (a) que me lê tiver a curiosidade (e o interesse) de ouvir tais peças, perceberá o nível de perfeição dessas peças musicais, mostrando a grandiosidade do gênio de Joahnn Sebastian Bach, também no Canto Coral.
A Música de Bach é POLIFÔNICA, tendo quase sempre o CONTRAPONTO como base. Dificíl de ser executada. Os músicos virtuoses o adoram! Os músicos medíocres muitas vezes o detestam, por não conseguirem tocar sua música belíssima. Daí a resistência que alguns tem a suas geniais peças musicais. É a história da “raposa e as uvas”.