PRIMAVERA
Francisca Júlia e Júlio César da Silva
Bem cedo, mal rompe o dia,
já estão gorjeando as aves
os seus pipilos suaves
em desusada alegria.
Vasto, o campo se descobre,
ondula, se estende e perde,
todo verde, todo verde
da nova relva que o cobre.
De toda banda invadidos
e cheios estão os ares
do perfume dos pomares
e dos jardins florescidos.
A ave eriça a pluma,
Varre os ares e os refresca
O sopro da brisa fresca
Que tudo beija e perfuma.
A natureza se esmera
Em galas e enfeites novos;
Ri o sol, brotam renovos…
É a risonha primavera
que bem cedo acorda os ninhos,
as flores perfuma, enfolha
as árvores, folha a folha,
onde cantam os passarinhos.
Vocabulário:
gorjeando = cantando
desusada = incomum
eriça = levanta
galas = belezas
renovos = ramos novos
Encontrado em:
Poemas para a infância: antologia escolar, Henriqueta Lisboa, Ediouro: s/d, Rio de Janeiro
Francisca Júlia da Silva Munster (SP 1871 – SP 1920) Poetisa brasileira.
Obras:
1895 – Mármores
1899 – Livro da Infância
1903 – Esfinges
1908 – A Feitiçaria Sob o Ponto de Vista Científico (discurso)
1912 – Alma Infantil (com Júlio César da Silva)
1921 – Esfinges – 2º ed. (ampliada)
——
—
A VOZ DOS ANIMAIS é uma outra poesia de Francisca Júlia publicada neste blog.