Sempre gostei de estudar o humor nas suas várias formas. Acredito que muito do humor é cultural, ainda que Freud haja estabelecido a localização do humor também na área psicológica. Mas descobrir que há aspectos que podem ser genéticos, como se debate hoje, é uma surpresa. Grande surpresa! Um estudo recente feito no Canadá liga o humor dos ingleses, seu gosto pelo sarcasmo e também para a auto-depreciação, a um fator genético: o DNA inglês.
Li o artigo no portal Terra/ Ciências e depois fui catar mais informações, por pura incredulidade. A pesquisa liderada pelo Dr. Rod Martin, ganhou bastante cobertura internacional principalmente porque compara o senso de humor inglês com o americano. Muitos dos diários ingleses cobriram o assunto, mas ainda há pouca seqüência dada à pesquisa. Por exemplo não consegui ler nenhuma entrevista com estudiosos cujo interesse seria provar o contrário. Nem sei se existem trabalhos a este respeito.
Ilustração Walt Disney.
É de longa data a noção de que os ingleses têm um senso de humor muito peculiar, e que uma vez você os entenda, descobre um tremendo charme nas situações penosas em que eles encontram humor. Dois exemplos mencionados na pesquisa para justificar a diferença de humor são familiares para nós brasileiros: duas comédias britânicas feitas para a televisão. Há a antiga série Fawlty Towers, onde reinou como autor e ator comediante John Cleese membro de um dos mais bem sucedidos grupos de comédia, Monty Python e o programa The Office, criado e estrelado pelo comediante Ricky Gervais, em companhia de Stephen Merchant, visto aqui no Brasil através da tv a cabo, originalmente produzido na Inglaterra. [Uma nota curiosa a respeito destes dois programas de tanto sucesso é que ambos só tiveram 12 programas lançados em duas séries de seis programas cada. The Office teve 2 outros especiais de Natal. Mas me parece incrível que tanto sucesso tenha vindo com tão pouca exposição na tela].
O estudo da University of Western Ontário liderado pelo Dr. Martin levou em consideração a comparação entre os programas The Office na Inglaterra e o mesmo programa feito pelos americanos para a televisão. O resultado mostra que o americano parece mais inclinado ao humor mais inocente, menos crítico, menos sarcástico, enquanto os ingleses conseguem achar graça em situações cruéis ou encontram humor à custa do sofrimento alheio.
Neste estudo, os pesquisadores usaram como referência 5.000 pessoas: 2.000 pares de gêmeos nas ilhas britânicas e 500 pares de gêmeos nos Estados Unidos. O humor positivo foi encontrado em ambos os lados do Atlântico. Enquanto que o humor auto-destrutivo inglês não foi considerado como humor entre os americanos. Este tipo de humor que cobre desde a picuinha aos rótulos sexistas, racistas, piadas sobre outras nacionalidades quando não chega a total humilhação, quando encontrada entre os gêmeos americanos foi considerada como comportamento aprendido ao invés de comportamento herdado geneticamente.
De qualquer maneira a tentativa de se classificar o senso de humor através de dados genéticos é uma proposta interessante que lembra alguns estudos feitos há algum tempo que comprovaram haver maior influência genética em comportamentos humanos do que até então pensávamos.
Estas descobertas são muito interessantes desde que não venham a justificar futuras discriminações culturais. Saber sobre a nossa herança genética sobre o nosso DNA é fascinante e essencial. Mas cabe a nós também a responsabilidade de mantermos padrões de ética depois que descobertas da responsabilidade do DNA forem feitas.
Para o estudo feito sobre o humor com o DNA, o link abaixo do portal Terra.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2667070-EI1827,00.html
Para os estudos feitos anteriormente sobre DNA, o link da Revista Veja, abaixo.
http://veja.abril.com.br/130906/p_070.html