Boas idéias, boas soluções — feiras de livros

26 10 2008
Liquidação de Livros, L C Neil, (Mooresville, North Carolina, EUA)

Liquidação de Livros, L C Neill, (Mooresville, North Carolina, EUA)

 

Desde o século XVI que feiras de livros são uma das melhores maneiras que editoras encontraram para promover e vender os textos que imprimiram.  Recentemente, lendo o livro: O  Mendigo e o Professor: a saga da família Platter no século XVI, volume I,  pelo historiador francês Emmanuel Le Roy Ladurie, (Rocco: 1999) encontrei a seguinte passagem baseada no diários de  Thomas Platter, referente aos anos de 1536-1539:

 

Uma inteira vocação de impressor, e de editor, nascerá em meio a suor e preocupação; afinal estamos na Basiléia, cidade angular da tipografia sul-alemã, papel que na França cabe a Lyon, considerável cidade centro-meridional, sede da tipografia do grande reino no século XVI.  Rapidamente Platter substitui o patrão Herwagen, quando este viaja para Frankfurt.  Quando o mestre se ausenta para freqüentar a feira do livro dessa cidade, encarrega Thomas de supervisionar os trabalhos.  (página 79)

 

 

Foi só aí que voltei a me lembrar que realmente as feiras de livros têm uma longa tradição na cultura ocidental praticamente tão antiga quanto a própria história da imprensa.  A feira do livro de Frankfurt na Alemanha tem uma tradição de mais de 500 anos.  Logo após Johannes Gutenberg inventar a imprensa com letras móveis, a cidade de Frankfurt, na região de Mainz, organizou a primeira feira do livro de que se tem notícia.    Às vezes perdemos a noção de quão antigos certos hábitos são.  Isto me levou a pensar nas feiras de livros brasileiras e numa notícia recente que li sobre uma solução maravilhosa para feira de livros menores.

 

Ao que tudo indica, as feiras de livros de Ouro Preto (MG), de Porto das Galinhas (PE) e de Porto Alegre (RS), conseguiram se unir este ano e planejar seus respectivos calendários de tal maneira que juntando forças serão capazes de trazer escritores de fama internacional para eventos que sozinhas teriam tido problemas de preencher.  Assim a feira de Ouro Preto que acontece entre 5 a 9 de novembro; a de Porto das Galinhas – de 6 a 9 de novembro e a Porto Alegre – de 31 de outubro a 16 de novembro, puderam trazer alguns nomes internacionais de maior porte, que farão a peregrinação entre as três feiras do livro.   Ente eles estão:

 

William Gordon (EUA)e Peter Robinson (RU) – representantes da literatura policial estarão presentes nas feiras de Ouro Preto e Porto Alegre.

 

Roger Chartier (França)  também estará em Ouro Preto e Porto Alegre.

 

Pepetela (Angola) estará em Porto Alegre e em Porto das Galinhas.

 

A idéia pela qual parabenizamos os organizadores é a otimização das visitas deste estrangeiros, que podem num pequeno número de dias, cobrir três importantes centros de cultura no Brasil.  Quem sabe se esta solução não permitirá que no futuro escritores ainda mais conhecidos venham a desfrutar da hospitalidade brasileira de diversas regiões distintas?  Parabéns aos organizadores.  Boas idéias também são para serem reconhecidas.  Boa sorte!

 

Fórum de Letras de Ouro Preto – 5-9 de novembro   FLOP

Festa Literária Internacional de Porto das Galinhas – 6 a 9 de novembro  FLIPORTO

 

Feira do Livro de Porto Alegre – 31 de outubro a 16 de novembro —   FLIPOA

Ilustração Mauricio de Sousa

Ilustração Mauricio de Sousa





Nova vida para a ficção científica de Monteiro Lobato

26 10 2008

 

Para uma grande parte dos brasileiros Monteiro Lobato (1882-1948), o escritor paulista da primeira metade do século XX,  existe no nosso imaginário só pelas criações das histórias infantis que se desenvolvem à volta do Sítio do Picapau Amarelo.  Mas a obra de Lobato é muito maior do que este grupo de livros.  Entre os muitos outros títulos do autor está O presidente negro, lançado em 1926. 

Agora, graças às eleições americanas deste ano, esta obra não muito conhecida nem do público brasileiro volta a ser editada, aqui no Brasil pela Editora Globo.  No entanto, ganha também um edição na Itália: Il presidente nero.  E negociações estão sendo feitas para seu lançamento nos Estados Unidos, desta maneira preenchendo uma grande aspiração, um sonho pessoal do autor.  A obra considerada no campo da ficção científica, se passa no ano de 2228, ou seja, 220 anos no nosso futuro, quando os Estados Unidos elegem um presidente negro para a Casa Branca.   A história contada nesta obra de ficção científica, é a de Ayrton, um homem comum que tem a felicidade de cruzar o caminho do professor Benson e sua filha Jane. Os dois passaram anos reclusos, desenvolvendo uma máquina capaz de observar o futuro – o porviroscópio.  A partir dessas visões do que está por vir, Jane relata a Ayrton o episódio das eleições de 2228 – uma história cheia de reviravoltas e tensão. E vale a pena ler. 

 

Capa da edição italiana





Ora (direis) ouvir estrêlas? — Astrônomos gravam sons das estrelas

26 10 2008
Lua Cheia, Arte digital de TENINI

Lua Cheia, Ilustração, arte digital de TENINI

 

Cientistas gravaram o som de três estrelas semelhantes ao Sol usando o telescópio francês Corot.  Segundo os pesquisadores, a gravação dos sons permitiu que se conseguisse captar pela primeira vez informações sobre processos que acontecem dentro das estrelas.

 

A missão do telescópio francês Corot começada em dezembro do ano passado tem como centro o primeiro telescópio capaz de encontrar planetas de pedras pequenos — só umas poucas vezes menores que a Terra — e que tenham órbita em torno de um sol semelhante ao nosso sol.  Este telescópio, que não mede mais do que 35cm, consegue registrar uma pequena diminuição de luz toda vez que uma estrela gira em volta de seu sol.

 

Os sons captados pelos cientistas através do Corot revelam que as estrelas têm uma “pulsação” regular. Também é possível perceber que o som de cada uma das estrelas é levemente diferente das demais. Isso acontece porque o som das estrelas depende da idade, tamanho e composição química de cada um dos astros. A técnica de sismologia estelar, usada pelos cientistas nesta pesquisa, está tornando-se mais comum entre astrônomos, porque o som permite que se tenha uma idéia das atividades dentro das estrelas.

 

De acordo com o professor Eric Michel, do Observatório de Paris, a técnica já permitiu que pesquisadores tenham mais conhecimento sobre as estrelas.  Os sons mais interessantes vieram das estrelas – HD 49933, HD 181420 e um grupo conhecido com Grupo Globular  que são aproximadamente 1, 2  a 1, 4 vezes  maiores que o nosso sol e estão de 100 a 200 anos luz da Terra.

 

“Esta é uma forma completamente nova de se olhar para as estrelas, quando comparamos com o que estava disponível nos últimos 50 anos.  É muito animador”, diz Michel.  O professor descobriu que a pulsação das estrelas é muito parecida com o que os cientistas imaginavam, mas há uma pequena variação. Essa variação pode indicar que os astrônomos ainda precisam refinar suas teorias sobre evolução estelar.

 

Agora o estudo dos cientistas se voltará para as gravações já feitas.  A intenção é verem se conseguem entender o que acontece dentro destas estrelas.  Este estudo faz parte de um campo de estudos chamado Sismologia Estelar.    As oscilações entre estrelas, que são causadas pela fusão nuclear de seus interiores, dão pistas sobre o processo de radiação solar. 

 

A radiação solar é um dos fatores que contribui para a mudanças de temperatura da Terra.  Os cientistas estão com a esperança de que, ao compararem estes sons registrados pelo Corot,  poderão descobrir mais sobre a mudanças naturais do clima na Terra.

 

Os pesquisadores publicaram os resultados da pesquisa na revista científica Science.

 

Para mais informações, clique nos portais abaixo:

TERRA  

BBC     — aqui você consegue ouvir duas estrelas separadamente, um grupo e o sol.

THE TELEGRAPH

 

Poema de Olavo Bilac:

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto

E abro as janelas, pálido de espanto…

 

E conversamos toda a noite, enquanto

A via-láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

 

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?”

 

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

 





Os 5 compositores clássicos de maior visão, BBC

25 10 2008
Os músicos de Bremen

Ilustração: Os músicos de Bremen

 

Uma das características mais interessantes dos ingleses é que eles mais do que qualquer outra cultura que eu conheça, adoram fazer listas.  Listas dos dez melhores livros policiais, dos 100 mais importantes pensadores do mundo e assim por diante.

 

É claro que estas listas refletem não só o viés cultural da Inglaterra, mas também o espírito de sua época.  Minha satisfação com estas listas é que elas me obrigam, e acredito que obriguem a outros que participam do processo, por mais que ele seja primário e elementar, a pensar no assunto, a decidir como comparar abóboras com bananas; ameixas com uvas.  E é justamente  durante a defesa das opiniões nestas comparações  que chegamos a uma conclusão mesmo que esta possa ser temporária.  Descobrimos  não só os porquês de uma preferência pessoal, mas devagar chegamos a um melhor conhecimento de  nós mesmos e da cultura ocidental, de qual fazemos parte.

 

Terminou hoje, na BBC internacional em associação com o banco Credit Suisse  – televisão a cabo – uma série de sete programas fascinantes sobre Músicos Visionários, comparando alguns dos compositores de maior talento que enriqueceram a musica clássica.   Esta série que começou no dia 30 de agosto de 2008 foi apresentada por Francine Stock.  Cada compositor representado tem seu advogado, em geral uma pessoa bem conhecida do mundo da música clássica e do público inglês.

 

Mas quem decide é o público, que vota através do portal na internet:

 

http://www.visionariesdebate.com

 

A votação, no entanto, já está concluída.

 

No programa final, que foi ao ar esta tarde no Brasil,  tivemos a resolução das seguintes competições e a lista final não só dos cinco compositores de maior visão assim como o vencedor deste cinco como o compositor de maior influencia até os dias de hoje.  

 

Primeiro resolvemos a competição entre:

 

1  —  JS Bach X GF Handel —  Juntos Handel e Bach formam dois lados das maiores preocupações humanas: enquanto Handel compôs para o povo, Bach compôs para Deus.

 

O vencedor desta pequena competição foi JS Bach.

 

2  —  Mozart X Beethoven – Para quem você daria o seu voto ?  

 

O vencedor desta competição foi Beethoven

 

3  —   Verdi X Chopin – entre estes dois compositores românticos você votaria para Chopin?  Parabéns!

 

O vencedor desta competição foi Chopin

 

4 —   Entre os compositores modernos, você acredita que o mais visionário seja Shostakovitch  ou Tekemitsu?

 

O vencedor desta competição foi Shostakovitch

 

5  — E entre os compositores contemporâneos?   Você votaria em:  Glass ou Boulez?

 

O vencedor desta competição foi Glass.  

 

 

Assim temos os cinco mais importantes, visionários compositores de todos os tempos:  Bach, Beethoven, Chopin, Shostakovitch e Glass.

 

Quem seria na sua opinião o compositor de maior visão de todos os tempos?

 

J S Bach

 

Você acertou? 

 

 

Johann Sebastian Bach, 1748

Elias Gottlob Haussmann

(Alemanha 1695-1774)

Óleo sobre canvas

William H. Scheide, Princeton, New Jersey

 

Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21 de Março de 1685 — Leipzig, 28 de Julho de 1750), organista e notável compositor alemão do período barroco. Descendente de uma família de músicos – havia pelo menos meia dúzia de Bachs cujas atividades eram ligadas à música – ao mesmo tempo que desenvolvia estudos elementares, Johann principiou seus estudos musicais com seu pai, Ambrosius. Mestre na arte da fuga, do contraponto e da coral, ele é um dos mais prolíficos compositores da história da música ocidental.
 
 

 

Outras ilustrações dos músicos de Bremen neste blog:

 

Christina Rossetti

 

 

 





Sirva algo quente para causar uma boa impressão!

24 10 2008

Ilustração: Maurício de Sousa

 

Hoje pela manhã o programa de rádio ALL THINGS CIONSIDERED, da National Public Radio em Washington DC teve um segmento muito interessante sobre a diferença na percepção que temos,  de pessoas que acabamos de encontrar, quando temos em nossa mão um copo de conteúdo quente ou de conteúdo frio.  Quero dizer, você está tomando uma xícara de chá quente.  Tem esta xícara na mão.  De repente você é apresentado a alguém.  A sua tendência será de achar que esta pessoa, que você acaba de encontrar é uma pessoa amável, simpática, generosa.  Enquanto que se você tivesse nas mãos um copo de açaí gelado, sua tendência seria de achar o novo conhecido frio, antipático.

Este estudo conduzido pela Universidade de Yale foi cuidadosamente controlado.  Voluntários – estudantes – não sabiam quando o estudo começaria.  A conclusão depois de muitos testes foi que depois de segurar alguma coisa quente, mesmo que por segundos, o nosso julgamento de uma pessoa até então desconhecida é muito mais positivo, do que se segurarmos alguma coisa gelada.  

Há indicadores de que algumas emoções começam primeiro no corpo humano e só mais tarde são registradas pelo cérebro.   O estudo, feito por Lawrence Williams, professor na Universidade de Colorado, foi estudado Poe ele durante sua monografia, quando doutorando da Universidade de Yale; e foi publicado nesta semana na revista SCIENCE.  Andreas Meyer-Lindberg, diretor do Instituto Central para Saúde Mental da Alemanha, corrobora com estas descobertas, lembrando que alguns cientistas acreditam que tanto o medo quanto a felicidade são emoções que começam primeiro como uma reação física, que manda uma mensagem para o cérebro  nos permitindo sentir a emoção.

Para o artigo inteiro e para o áudio do programa, clique AQUI.





Novo dinossauro descoberto na China!

23 10 2008

Arqueólogos na China descobriram fosseis de um dinossauro do tamanho de um pombo que acreditam ser um ancestral não-direto dos pássaros.  O fóssil preservado numa rocha na Mongólia, no condado de Ningcheng no Norte da China, tem 90% de seu corpo preservado.  Deve ter habitado a Terra aproximadamente há 176 – 146  milhões de anos passados, no Médio ao Jurássico Tardio.   

 

O novo dinossauro, recebeu o nome de Epidexipteryx  hui – que em grego quer dizer: o que tem penas de exibição.   Pela data ele se mostra antecessor, ou seja, mais antigo do que os dinossauros Archaeopteryx, que viviam por volta de 155 to 150 milhões de anos atrás, e que são as primeiras aves, com aspecto de dinossauro. 

 

A aparência do Epidexipteryx é interessante.  Tinha penas, mas não voava.  Tinha uma arcada dentária projetada para fora, como a maioria dos carnívoros, mas pesava só aproximadamente 164 gramas.  Os cientistas ainda não sabem de que se alimentava.  Suas refeições seriam de insetos?  De outros répteis ou anfíbios?  Ou seria ele vegetariano, alimentado-se de plantas?   Tinha quatro longas e finas penas saindo de seu curto rabo.  Era bípede (um terópode) pequeno.  O que o faz singular são as quatro longas penas, que saíam da cauda e neste caso específico, para nossa felicidade, ficaram bem preservadas.  Os investigadores julgam que estas penas, que se parecem com uma fita poderiam não só serem ornamentais mas talvez até ajudado no seu movimento por entre ramos de árvores.  Como ornamentação elas deveriam cumprir uma função importante para a reprodução. Há muitas espécies de aves com penas grandes e de cores exóticas, que são importantes para o ritual de acasalamento. O mesmo poderia acontecer com o Epidexipteryx.  Já suas penas curtas, que cobrem o corpo todo do dinossauro provavelmente funcionariam com protetores da temperatura, insulando o corpo do animal das mudanças em temperatura.   Na época em que este dinossauro vivia erupções vulcânicas eram muito comuns.  Ele era parte de um ambiente cheio de lagos e árvores.  Junto a este dinossauro diversos insetos, plantas, salamandras, lagartos, pterossauros cabeludos e mamíferos primitivos voadores e nadadores foram encontrados.

 

Cientistas estão certos de que este dinossauro não pertence ao grupo Microraptor , que são dinossauros apresentando penas e que os acredita-se que voava além de planar.  Mas como o Microraptor – um dinossauro que viveu mais tarde entre 130 a 125 milhões de anos – também tinha dois grupos de asas semelhantes aos primeiros bi planos. Esta nova descoberta ajuda na evidência, muito importante, da relação entre dinossauros e pássaros.  O esqueleto tinha várias características parecidas com os das aves e os paleontólogos colocaram a espécie ao lado das primeiras linhas evolutivas dos dinossauros voadores.   Apesar de este dinossauro não poder ser considerado na linha direta dos ancestrais dos pássaros, é um dinossauro que tem a mais próxima relação filogenética aos pássaros.  Conseqüentemente, pode fornecer informações sobre a transição dos dinossauros a pássaros, incluindo as mudanças ocorridas nas penas e nos rabos.  A sua descoberta nos leva mais próximo do pássaro ancestral – o grande pai dos pássaros que conhecemos hoje.  Descobre-se também com este novo achado que a complexidade da evolução dos dinossauros para pássaros é maior do que até aqui imaginávamos.  

 

Esta descoberta foi publicada na revista científica Nature, com edição desta semana,  por um grupo de investigadores da Academia de Ciências da China, encabeçada por Zhonghe Zhou do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e  Paleo-antropologia da Academia de Ciências da China em Pequim.  

Para saber mais clique:

Aqui

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Descobertos: peixes a 7.700 metros de profundidade!

18 10 2008

Cientistas japoneses e ingleses publicaram fotos e um vídeo de peixes descobertos a profundidades nunca antes exploradas.  Um grupo de peixes, conhecidos como LIPARÍDEOS foram registrados em imagens a aproximadamente 7.700 m abaixo do nível do mar, no oceano Pacífico, no Trench japonês [cânion submerso no mar do Japão].     

 

Comumente chamados de peixes-girinos, caramujos marinhos ou lesmas-marinhas, os liparídeos apresentam muitas adaptações para poderem viver com uma pressão aquática tão grande e a escuridão do meio ambiente.

 

Estes peixes não têm espaço para ar no corpo.  Resultado: a pressão aquática não os afeta.  No entanto sabemos que nesta profundidade impulsos elétricos não podem ser transmitidos para as células nervosas ou músculos.  Estes peixes então devem ter adaptações de nível molecular e de ultra-estrutura que não são perceptíveis para nós.  A esperança é um dia podermos pescar estes espécimes. 

 

Apesar de não haver luz nesta profundidade, estes peixes têm olhos, que são localizados na parte frontal da cabeça, disse Monty Priede, diretor do Oceanlab da universidade de Aberdeen na Escócia, que dirige a pesquisa.  Eles devem usar os olhos para captar bioluminescência – que são relâmpagos de luz produzidos por animais nesta profundidade.  As luzes das nossas câmeras são tão fortes que eles não conseguem detectar.  Então podemos dizer que a concepção de ver que nós temos, eles não têm.  Para nós é como se fossem cegos. Eles são capazes de caçar e comer, por exemplo, camarões, mas eles o fazem percebendo vibrações na água.

National Public Radio, Washington DC, 11/10/2008

Para o vídeo destes peixes, clique AQUI.

 

Para o artigo inteiro da NPR, clique AQUI.

 

 

 

 

 

             Japan Trench





Aravind Adiga ganha o Man Booker

15 10 2008

 

Vencedor do Man Booker, Aravind Adiga

Vencedor do Man Booker, Aravind Adiga

 

 

Com seu primeiro romance, o escritor indiano Aravind Adiga ganhou, ontem, o prêmio de ficção em língua inglesa Man Booker, o de maior prestígio no Reino Unido, com seu primeiro romance, The White Tiger.  Ele é o quarto vencedor deste prêmio, que o faz com um livro de estréia na carreira literária. Os outros três ganhadores com  o primeiro romance escrito foram: 1985 —  Keri Hulme, The Bone People ( ao que eu saiba sem tradução para o português);  1997 – Arundhati Roy, O Deus das Pequenas Coisas, Cia das Letras, 1998 ( na minha opinião um dos melhores livros já escritos, tão importante quanto, digamos, os Cem anos de Solidão de Garcia Marques) e em 2003  DBC Pierre, com Vernon God Little: uma comédia na presença da morte (Record: 2004).

Adiga, de 33 anos, ex-aluno das universidades de Columbia e Oxford, narra em seu livro a vida de um motorista de “rickshaw” na Índia, que se debate entre ser um filho leal e seu desejo de prosperar na vida. Com uma narrativa sedutora, revoltada e repleta de tiradas de humor negro, este romance mostra um retrato sem enfeites da Índia vista pelo homem de uma classe baixa, destinada a não ter um futuro próspero.

 

Ao anunciar o ganhador, em cerimônia em Londres, o presidente do júri, o ex-ministro conservador Michael Portillo, disse que o que destaca The White Tiger é sua originalidade, refletindo o lado obscuro da Índia e seu enorme mérito literário. Ele também disse que o júri achou a escolha muito dificil de ser feita porque havia muitos candidatos fortes.  No final, o premio foi decidido por The White Tiger, porque foi o romance que mais chocou e entreteve simultaneamente.   Este romance, disse Michael Portillo, leva a sério a tarefa de ganhar a simpatia do leitor com um personagem que no fundo é um vilão.  A narrative de um humor desconcertante também reflete como os assuntos de desenvolvimento global e pressões sociais são encaradas pela grande massa.    

 

O jovem escritor indiano venceu outros cinco finalistas, o australiano Steve Toltz, por “A Fraction of the Whole”; o irlandês Sebastian Barry, por “The Secret Scripture”; o indiano Amitav Ghosh, por “Sea of Poppies”; a inglesa Linda Grant, por “The Clothes on Their Backs”, e o inglês Philip Hensher, por “The Northern Clemency”.

 

Adiga, que sempre quis ser escritor, nasceu em Madras e hoje mora em Mumbai. É o quinto escritor da Índia a receber este prêmio.  Os outros foram VS Naipaul (1971), Salman Rushdie (1981) , Arundhati Roy (1997) e Kiran Desai (2006).   Mas, mais impressionante ainda é que The White Tiger é o nono romance vencedor deste prêmio cuja história é inspirada na Índia ou na identidade da Índia

 

Segundo Amazon.co.uk, os seis finalistas tiveram aumento de 700% nas vendas após o lançamento da lista final no último mês.

 

Para o original deste artigo clique AQUI.





Araraquara, a cidade das calçadas jurássicas *

14 10 2008
* Este post é uma compilação de 4 artigos sobre o assunto.  Seus links encontram-se no fim deste post.

 

 

Muitos não sabem, mas as calçadas da área central de Araraquara, no interior de São Paulo, escondem evidências da existência de mamíferos e de outros dinossauros maiores do período jurássico e cretáceo no Brasil, há cerca de 140 milhões de anos. As pegadas podem ser facilmente encontradas em placas de arenito usadas na cidade .  O Arenito Botucatu, extraído das pedreiras da região do Ouro, no Município de Araraquara, desde o século XIX, teve suas lajes utilizadas para a construção de calçadas e guias de sarjetas, em grande espaço do centro histórico da cidade, além de aproveitamento em revestimentos de paredes, quintais, jardins de residências, entradas, etc.  Foi também comercializado para muitas cidades da região. 

 

Rua Voluntários da Pátria em Araraquara

Rua Voluntários da Pátria em Araraquara

 

A história da paleontologia da região tem uma data marcante: 1976.  Mesmo sabendo-se desde 1911 que o engenheiro de minas Jovino Pacheco, encontrou nas calçadas em São Carlos 18 pegadas impressas na rocha arenito (extraída na região do Ouro, em Araraquara).  Mas foi só em 1976 que o paleontólogo Giuseppe Leonardi foi até Araraquara.

 

O padre Giuseppe Leonardi, um dos maiores paleontólogos do mundo, viajava pelo interior paulista em 1976 quando uma súbita dor de dente o obrigou a fazer uma parada em Araraquara- Ao pisar nas lajes cor-de-rosa usadas como calçamento na cidade, reparou em algo estranho. Ficou tão entusiasmado que até se esqueceu de ir ao dentista. A análise das marcas confirmou o seu palpite. Ali estavam impressas pegadas de répteis que habitaram a região de Araraquara 180 milhões de anos atrás. As lajes tinham sido arrancadas das rochas de uma pedreira, nos arredores da cidade. Lá ficaram gravados os únicos registros de dinossauros brasileiros do período jurássico. Leonardi explicou ao prefeito que precisava arrancar os trechos de calçadas com pegadas de dinos. 0 prefeito riu da cara dele e negou o pedido. Mas o padre-cientista não se abalou. Esperou o Carnaval, quando a cidade inteira estava muito ocupada em se divertir, para meter a picareta no calçamento e levar o tesouro para o Departamento Nacional da Produção Mineral, no Rio de Janeiro, que o guarda até hoje.

Padre paleontólogo Giuseppe Leonardi

Padre paleontólogo Giuseppe Leonardi

Fascinado, José Leonardi, acabou voltando para Araraquara dezenas de outras vezes, por um período de dez anos, sempre estudando esses vestígios.   Hoje, esta pesquisa já encerra três décadas de dedicação. 

 

Os  icnofósseis  (pegadas e vestígios de seres pré-históricos deixados em rochas fossilizadas)  são estudados por um setor ainda pouco conhecido da paleontologia e surpreendem os visitantes de Araraquara porque ainda são encontrados em vários pontos da cidade.  São vestígios e pistas de pegadas fósseis com uma idade média de 130 -140 milhões de anos: do final do período jurássico ao início do cretáceo.  A região de Araraquara fez parte do maior deserto de areia da história geológica do planeta e desfrutava deum clima muito quente e seco.  Dunas como as que encontramos, hoje, no deserto do Saara, abundavam cobrindo uma área de 1,5 milhão de quilômetros quadrados,  do Sul de Minas Gerais até o Uruguai.  Os rastros pesquisados  indicam povoamento local tanto de vertebrados quanto de invertebrados, como a equipe do paleontólogo Marcelo Fernandes demonstra.

 

Marcelo Adorna Fernandes, morador de Araraquara, professor e paleontólogo do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), já reconheceu em alguns pontos pegadas do ornitópodo, um dinossauro com até cinco metros de comprimento e cerca de três metros de altura.  Muitas vezes, diz Adorna Fernandes, é difícil de se reconhecer esses vestígios porque  como as placas foram utilizadas como calçamento  há um desgaste muito grande e chegam a sumir com o tempo. Uma pegada com marcas de unha ao lado de uma praça quase foi destruída para a instalação de um orelhão. Em outro ponto, vestígios de um mamífero quase foram cobertos pelo cimento por uma moradora desavisada. “As pessoas acham que esse buraco na pedra é um defeito”, comentou o pesquisador.  Mas. “há marcas até de escorpiões pré-históricos.”

 

Araraquara, Pedreira de São Bento

Araraquara, Pedreira de São Bento

As pedreiras da região do Ouro foram largamente exploradas para obtenção das lajes, sem que se soubesse da presença das pegadas e outros vestígios de formas de vida existentes naquele período da história.  Os estudos geológicos da região vêm ganhando importância pelo fato da rocha sedimentar ser a formadora do Aqüifero Guarani, fundamental como reserva de água doce subterrânea.

 

O estudo destes vestígios, levou o paleontólogo Marcelo Fernandes, que procurava em Araraquara rastros de animais pré-históricos na pedreira São Bento, de onde vem o calçamento das ruas da cidade à uma outra descoberta que respondeu a uma pergunta sobre a vida dos dinossauros que ainda não havia sido respondida: como os dinossauros eliminavam os resíduos líquidos de seu corpo?

 

Até bem pouco tempo atrás não havia evidências de que esses animais urinavam: pensava-se que eles excretavam apenas materiais sólidos, a exemplo da maioria das aves, consideradas seus parentes mais próximos.  Mas recentemente  Marcelo Fernandes, que desenvolveu esta pesquisa em sua tese de doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou, através de rastros fossilizados de líquidos, que pelo menos alguns dos gigantes pré-históricos acumulavam reservas de água no corpo.

 

Os dois urólitos ( urina de pedra) não apresentam componentes da urina. “Estimamos que eles tenham cerca de 145 milhões de anos, e a matéria orgânica depositada não sobrevive tanto tempo assim”, explica Marcelo Fernandes.  Estes urólitos foram encontrados na pedreira São Bento, de onde se extrai material para o calçamento das ruas de Araraquara, quando Fernandes procurava rastros de animais pré-históricos.

 

Paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes

Paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes

O pesquisador e sua equipe – formada pela bióloga Luciana Fernandes, da Universidade Federal de São Carlos, e pelo geólogo Paulo Souto, da UFRJ – se surpreenderam ao encontrar duas formas completamente diferentes de qualquer rastro descoberto anteriormente. “Eram rochas com sulcos em forma de elipse e um longo fluxo escorrido de areia, em um plano inclinado”, conta.  Já que a região formava o maior  deserto de areia do planeta, Marcelo Fernandes lembra que para se adaptar a um meio tão árido, os animais precisavam armazenar água no corpo. “Ocasionalmente, quando havia maior disponibilidade de água no ambiente, eles poderiam eliminar o excesso na forma de urina”, esclarece Fernandes.

 

Araraquara, rastro fossilizado

Araraquara, rastro fossilizado

O ambiente, chamado de paleodeserto, também ajudou a equipe do paleontólogo a imaginar que tipo de dinossauro eliminou os líquidos. Como as poucas aves que urinam (o avestruz, a ema e o casuar australiano) vivem em locais áridos ou semi-áridos, acredita-se que os resíduos sejam de um ornitópode (dinossauro herbívoro com pés semelhantes aos de pássaros), devido ao seu grau de parentesco com essas aves de grande porte. As pegadas desses animais são facilmente visualizadas em Araraquara, até mesmo nas calçadas das ruas.

 

Além de comparar os urólitos encontrados com os rastros deixados pela urina de um avestruz vivo, Fernandes realizou experimentos que simulavam a eliminação de líquidos em solo arenoso. “A semelhança entre as marcas (do fóssil, do avestruz e do experimento) não deixa dúvidas de que encontramos registros de urina”, diz. Assim, ele conseguiu provar que pelo menos os dinossauros que viviam em áreas desérticas eram capazes de urinar.  

Araraquara Iguanadonte

Araraquara Iguanadonte

 

 

 

A prova foi encontrada durante a retirada de placas de arenito da pedreira São Bento, em Araraquara. A descoberta ocorreu quando o pesquisador fazia um trabalho no local buscando icnofósseis – pegadas e vestígios de seres pré-históricos deixados em rochas fossilizadas. As camadas sobrepostas de arenito – que mantém os icnofósseis – eram retiradas na utilização de placas em calçadas em uma cidade vizinha.

 

A região de Araraquara era habitada por um dinossauro denominado Ornitópode, batizado de pés de aves. Acreditava-se que o animal medisse até 5 m de comprimento com cerca de 3 m de altura. “Achamos que esse Ornitópodo foi que deu origem ao urólito”, diz o paleontólogo.  

 

A prova da urina trata-se de duas estruturas, cada uma com 34 cm de comprimento – com pequenas crateras elípticas de escavação – provocadas pelo impacto de líquido em queda, com sedimentos depositados pela ação da gravidade em um plano inclinado. Para o pesquisador, não há como confundi-las com pegadas que têm como marca uma elevação semelhante a uma meia-lua nas bordas. Além disso, o material pode ter sido conservado porque os dinossauros Ornitópodes (herbívoros bípedes) e terópodes (carnívoros) caminhavam pelas dunas do paleodeserto compactando a areia.

 

O teste feito com a areia da própria pedreira mostra claramente que a marca encontrada é um líquido. Mas como provar que esse líquido era urina? Para Fernandes, é muito simples. A chuva não acumulava em um ponto único dessa maneira na areia e, naquela época, não existiam árvores com folhas capazes de reter a água da chuva possibilitando essa queda brusca ao chão. “Estudos referentes à ‘palcofauna’ da região atestam a presença de pequenos mamíferos e de dinossauros. Assim, o urólito só poderia ter sido provocado por animais de médio ou grande porte como os dinossauros”.

 

Pedra com imagem de urina de dinossauro

Pedra com imagem de urina de dinossauro

Antes, os paleontólogos acreditavam que os dinossauros excretassem em forma sólida. Agora, existe prova de que eles urinavam líquido. Segundo o paleontólogo, biologicamente também já fora comprovado que alguns dinossauros evoluíram para as aves. “Se os compararmos com um avestruz, que é uma ave e urina, o processo faz sentido. É que o avestruz tem uma espécie de bexiga que armazena uma estrutura para absorção de líquido. Quando tem abundância de água, ele elimina esse excesso em forma de urina. Pode ser que esses dinossauros, em um ambiente desértico, poderiam ter a mesma capacidade”.

 

 

 

Com a descoberta dos urólitos, Araraquara ganha mais um argumento a favor do reconhecimento da importância de seu acervo paleontológico. Conhecida pelos especialistas como ‘a cidade das calçadas jurássicas’, ela conta com o apoio da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e das universidades italianas de Gênova e Pisa para alavancar a construção de um museu paleontológico, que promete estimular o turismo na região.

 

“Esse é o único lugar do Brasil onde são encontrados vestígios da existência de dinossauros e de mamíferos do final do período Jurássico”, conta Fernandes. Por enquanto, o projeto, que faz parte do plano de metas da prefeitura, ainda não tem data certa para sair do papel.

 

Atualmente, o lar permanente dos dois urólitos é o Museu Histórico de Araraquara, mas uma das placas poderá ser vista até o dia 30 de abril na Oca do Parque Ibirapuera, na capital paulista, onde está em cartaz uma exposição sobre dinossauros e outros animais pré-históricos. Lá também estão expostos outros icnofósseis encontrados na formação Botucatu: uma coleção de 45 peças, com pegadas de dinossauros, de mamíferos e de animais invertebrados, como escorpiões e besouros.

 

 

 

 

 

 

http://www.visiteararaquara.com.br/index.php?id=117

 

http://cienciahoje.uol.com.br/45751

 

http://www.angelfire.com/ar/paccanaro/dinobrasil2.html

 

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1404590-EI319,00.html

 

 





O que muda no novo acordo ortográfico da língua portuguesa II

12 10 2008
Ilustração de Blanche Wright

Ilustração de Blanche Wright

 

DO  H   INICIAL E FINAL

 

1º) O h inicial emprega-se:

a) Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor.

b) Em virtude da adoção convencional: hã?, hem?, hum!.

 

2º) O h inicial suprime-se:

a) Quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita);

b) Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, reabilitar, reaver.

 

3º) O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiênico, contra-haste, pré-história, sobre-humano.

 

4º) O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!

 

Clique AQUI para outra mudança, explicada em postagem anterior.