Homenagem à escola vencedora do Carnaval carioca de 2009.
SALGUEIRO
Leonor Posada
Olho-te, morro, apaixonadamente,
docemente,
como quem olha, em noite luminosa,
a cena de Belém.
Em tuas grimpas o sol crava seus raios,
e os desmaios
da tarde, no poente, arroxeada,
são a coros que te sangra a fronte.
Sobem teus flancos
mil caminhos tortuosos, e barrancos
debruçam-se a olhar para a cidade.
Teus casebres misérrimos parecem,
de longe, feios, entre os arvoredos,
um ponto de saudade.
Pela manhã, desce ligeiramente,
a tua gente
em busca do seu pão, do seu trabalho;
ao passo que o malandro, mal dormido,
no chão batido,
inda cheio de sono,
a fome engana batucando um samba…
Olho-te, morro, apaixonadamente,
docemente,
como quem olha, em noite luminosa,
a cena de Belém.
A cidade é berço do Messias,
e para tua gente tem um nome
sem significação:
— Civilização
Em: Poetas cariocas em quatrocentos anos, ed. Frederico Trotta, Rio de Janeiro, Editora Vecchi: 1965
Leonor Posada, (Cantagalo, RJ 1893 – Rio de Janeiro, 1960) Poeta, teatróloga, professora.
Obras:
Plumas e espinhos, poesia, 1926
Leituras cívicas, didático, 1943
Guia de redação, didático, 1953
Serenidade, poesia, 1954
Os primeiros passos na redação, 1956
Sou sobrinha-neta de Leonor Posada! Foi com agradavel surpresa que soube do premio que a poesia de minha tia ganhou,quarenta anos depois de sua morte! Qualquer um que tenha possibilidade ,e,goste de poesias ,procure le-la e tera uma grande alegria.
Presada peregrina cultural! Ja ha algum tempo quero lhe escrever.Acho a sua ideia de ter um blogue cultural uma excelente ideia. Por muito tempo ,procurei algo para mostrar para minhas filhas sobre minha familia e minhas reminicencias de infancia.Foi atraves do seu blogue ,que me emocionou muito,que encontrei uma parte do meu passado.Na lembranca de minha tia e das maravilhosas historias que ela contava para meus irmaos e eu quando ia passar as ferias na nossa casa,no interior de Sao Paulo aonde minha mae ,tambem professora dava aula.Mesmo sem me conhecer ,eu lhe agradeço esse presente.
Orminda, eu é que agradeço á sua leitura e ao cuidado de me escrever. Um grande abraço, Ladyce