Painel de Aluísio Carvão, no Rio de Janeiro, restaurado!

5 09 2011

Painel de azulejos,  1996 [ vista da Avenida Visconde de Albuquerque]

Aluísio Carvão (Brasil, 1920-2001)

100x 3 metros

Localização: Rua Mário Ribeiro, ( por extensão chamada popularmente de Estrada Lagoa-Barra), Leblon,  entre as ruas Bartolomeu Mitre e Visconde de Albuquerque.

Foi com muito prazer que acompanhei nas minhas caminhadas o processo de restauração do longo e colorido mosaico de Aluísio Carvão.    A restauração levou muito tempo para quem queria vê-lo intacto de novo, mas valeu a pena a espera.

Painel de azulejos, 1996  [ vista da esquina de Visconde de Albuquerque com rua Mário Ribeiro]

Aluísio Carvão (Brasil, 1920-2001)

100x 3 metros

Localização: Rua Mário Ribeiro, ( por extensão chamada popularmente de Estrada Lagoa-Barra), Leblon, entre as ruas Bartolomeu Mitre e Visconde de Albuquerque.

O painel foi instalado no muro do quartel 23º Batalhão da Polícia Militar.  Quando a prefeitura do Rio de Janeiro uniu a Rua Mário Ribeiro à Avenida Padre Leonel Franca, dando acesso ao tunel Lagoa-Barra, foi feito o projeto de embelezamento desse muro no bairro do Leblon.  Isso deu origem a este grande mosaico em azulejos coloridos.

Painel de azulejos, 1996 [ vista do sinal da esquina de Visconde de Albuquerque com o sinal fechado, domingo de manhã]

Aluísio Carvão (Brasil, 1920-2001)

100x 3 metros

Localização: Rua Mário Ribeiro, ( por extensão chamada popularmente de Estrada Lagoa-Barra), Leblon, entre as ruas Bartolomeu Mitre e Visconde de Albuquerque.

A melhor hora de se apreciar este painel por inteiro como nas fotos é de manhã, num domingo.  O trânsito nessa avenida é incessante.  Mesmo com carros parando no sinal para a travessia de pedestres, o painel fica encoberto. 

 

Painel de azulejos, 1996  [vista da calçada adjacente ao painel na rua Mário Ribeiro]

Aluísio Carvão (Brasil, 1920-2001)

100x 3 metros

Localização: Rua Mário Ribeiro, ( por extensão chamada popularmente de Estrada Lagoa-Barra), Leblon, entre as ruas Bartolomeu Mitre e Visconde de Albuquerque.

É  charmoso vermos que a árvore, mais antiga que os projetos urbanísticos,  foi mantida, apesar do muro e do painel.  A vista acima é próxima à avenida Bartolomeu Mitre  e Largo da Memória.  

Painel de azulejos, 1996 [ vista parcial]

Aluísio Carvão (Brasil, 1920-2001)

100x 3 metros

Localização: Rua Mário Ribeiro, ( por extensão chamada popularmente de Estrada Lagoa-Barra), Leblon, entre as ruas Bartolomeu Mitre e Visconde de Albuquerque.

Trecho final do painel que se destaca pelas cores vibrantes, próximo à Avenida Bartolomeu Mitre. 

Painel de azulejos, 1996 [ vista parcial]

Aluísio Carvão (Brasil, 1920-2001)

100x 3 metros

Localização: Rua Mário Ribeiro, ( por extensão chamada popularmente de Estrada Lagoa-Barra), Leblon, entre as ruas Bartolomeu Mitre e Visconde de Albuquerque.

Vista de um pedacinho — por trás das duas pistas da Rua Mário Ribeiro — do mosaico,  na ponta oposta à foto acima.  O painel começa [ ou termina] ao lado do edifício retratatado que está localizado na esquina da Avenida Visconde de Albuquerque com a rua Mário Ribeiro.

Saída do Túnel Zuzu Angel.

O painel acima, serve na verdade de boas vindas a quem vem da Barra da Tijuca para a Lagoa, ou a quem sai da Lagoa em direção à Pontifícia Universidade Católica.  O mosaico de Aluísio Carvão está à esquerda no quarteirão anterior ao fotografado.  Esse local no Rio de Janeiro pode ser chamado por dois nomes.  A parte elevada, que vai em direção ao Tunel Zuzu Angel, chama-se Estrada Lagoa-Barra.   À direita temos a Avenida Padre Leonel Franca, que leva à entrada da PUC-Rio.  O grande edifício arredondado, [na verdade ele tem uma forma sinuosa, da qual só vemos uma parte aqui] é um dos marcos da arquitetura moderna do século XX,  no Rio de Janeiro.  Leva a alcunha de “Minhocão”  e foi projetado Arquiteto Afonso Eduardo Reidy.





Detetive de arte se revela e publica livro

15 06 2010
Ilustração Maurício de Sousa.

—-

—-

Na semana passada o jornal The New York Times publicou um artigo interessante sobre  Robert K. Wittman, um agente do FBI especializado na investigação e recuperação de objetos de art e antiguidades roubados.   Tendo se aposentado, o antigo X-9, está no momento correndo livrarias em noites de autógrafo desde o lançamento de seu livro Priceless: How I Went Undercover to Rescue the World’s Stolen Treasures [Não tem preço: como me tornei um agente secreto para recuperar os tesouros roubados do mundo].   Vindo de uma família de classe média em Baltimore, no estado de Maryland, filho de  sargento da aeronáutica que se casou com uma jovem coreana durante a Guerra da Coréia, Robert Wittman não havia pensado em se tornar um detetive de arte, e ao que tudo indica ele conta em seu livro não só como isso aconteceu como diversas de suas maiores capturas e aventuras no mundo do crime da arte e da antiguidade.

 

Mas o que me leva a fazer esse registro no blog, além de estar interessada em ler o seu livro, foi a citação do New York Times, de uma observação do Sr. Wittman, que traduzo aqui livremente.

 

Ladrões de arte roubam mais do que belos objetos;  eles roubam memórias e identidade.  Eles roubam a história“.  [“Art thieves steal more than beautiful objects; they steal memories and identity. They steal history.”  ]

 

Concordo com essa afirmação e vou ampliá-la.  O descuido com o patrimônio cultural — como vemos nos nossos prédios desabando, mesmo que “protegidos”, a falta de cuidado e identificação do que temos — como mostrei nas observações que fiz sobre as esculturaas dos jardins do Palácio do Catete, aqui mesmo nesse blog, – tudo isso funciona da mesma forma, como um roubo das nossas memórias, da nossa identidade e da nossa história.

 





Natal, poema de Auta de Sousa

21 12 2009

 

NATAL

                                                                      Auta de Sousa

É meia noite … O sino alvissareiro,

Lá da igrejinha branca pendurado,

Como num sonho místico e fagueiro,

Vem relembrar o tempo do passado.

 —-

Ó velho sino, ó bronze abençoado,

Na alegria e na mágoa companheiro!

Tu me recordas o sorrir primeiro

De menino Jesus imaculado.

 —–

E enquanto escuto a tua voz dolente,

Meu ser que geme dolorosamente

Da desventura, aos gélidos açoites …

 —-

 

Bebe em teus sons tanta alegria, tanta!

Sino que lembras uma noite santa,

Noite bendita mais que as outras noites!

—-

 

 

Auta de Souza (Macaíba, 12 de setembro de 1876 — Natal, 7 de fevereiro de 1901) foi uma poetisa brasileira.  Considerada a a maior poetisa mística do Brasil.

Obras:

Horto, 1900





A Batalha de Anghiari de Leonardo da Vinci, pintura mural será descoberta!

7 10 2009

leonardo

Foto: The New York Times

A pintura, chamada “A Batalha de Anghiari”, estava oculta sob a parede no Palazzo Vecchi, a chamada Câmara dos 1500.

 

Se, como Maurizio Seracini, você acredita que a maior das pinturas de Leonardo da Vinci está escondida no interior de uma parede na sede da prefeitura de Florença, há duas técnicas essenciais para encontrá-la e, como de hábito, Leonardo mesmo antecipou as duas.

A primeira envolve o recurso a equipamento científico. Depois de encontrar o que parecia ser uma pista quanto ao trabalho de Da Vinci deixada por outro artista do século XVI, Seracini liderou uma equipe internacional de cientistas em um projeto que resultou no mapeamento de cada milímetro da parede e da sala que ela delimita com o uso de lasers, radar, luz ultravioleta e câmeras infravermelhas. Assim que conseguiram identificar o possível esconderijo, os pesquisadores desenvolveram aparelhos com os quais será possível detectar a pintura por meio do disparo de feixes de nêutrons contra a parede.

“Da Vinci adoraria ver o quanto a ciência está sendo utilizada, na procura por sua mais célebre obra-prima“, disse Seracini, enquanto contemplava a parede em cujo interior ele espera encontrar a pintura, e recuperá-la intacta. “Consigo perfeitamente imaginar o fascínio que ele sentiria por todos os aparelhos de alta tecnologia que viremos a utilizar para esse processo”.

Seracini estava no grande salão cerimonial do Palazzo Vecchi, a chamada Câmara dos 500, que na era do Renascimento ocupava posição política central na vida de Florença e por isso terminou sendo decorada com murais de vitórias militares florentinas, pintadas por Da Vinci e Michelangelo, sob encomenda dos líderes da cidade. Era julho de 2009 e a sala continua a ser um centro de poder político, como se podia perceber com a entrada repentina de Matteo Renzi, o novo prefeito de Florença, que percorria rapidamente o caminho entre sua sala e o carro que o esperava na saída do edifício.

leonardo_anghiari sketch

Um dos sketches para a Batalha de Anghiari, dos cadernos de Leonardo Da Vinci. 

A palestra científica foi interrompida enquanto Seracini se apressava para interceptar a comitiva do prefeito. Ele estava ansioso para empregar a segunda das estratégias essenciais, na busca por uma pintura de Da Vinci em Florença: encontrar o patrono certo.

Essa foi sempre uma tática inteligente na cidade natal dos Medicis e de burocratas como Maquiavel, o amigo de Da Vinci cuja assinatura consta do contrato no qual o mural sobre as vitórias da cidade foi encomendado ao pintor. Seracini, professor de engenharia na Universidade da Califórnia em San Diego, passou anos perdido em um labirinto burocrático, esperando aprovação para testar sua técnica de localização por feixes de nêutrons, mas diz que o novo prefeito da cidade representa a melhor esperança de localizar a pintura de Da Vinci.

A busca foi iniciada mais de três décadas atrás e com uma pista digna de figurar em um romance de suspense do escritor Dan Brown. Em 1975, quando estava estudando engenharia nos Estados Unidos, Seracini retornou à sua Florença natal para uma análise da Câmara dos 500, em companhia de Carlo Pedretti, um estudioso da vida e obra de Da Vinci.

Os dois estavam em busca de “A Batalha de Anghiari”, a maior pintura que Da Vinci realizou em sua vida (a largura do mural era três vezes maior que a de “A Última Ceia”). Ainda que o trabalho jamais tenha sido concluído – Da Vinci o abandonou em 1506-, uma das cenas centrais, que mostra soldados e cavalos em pleno combate, foi elogiada como um estudo sem precedentes dos princípios da anatomia e do movimento. Por décadas, artistas como Rafael visitaram a Câmara dos 500 a fim de contemplar o mural e copiá-lo para referência.

Leonardo, copia de Peter Paul Rubens, Arezzo_anghiari_Batalha

Peter Paul Rubens, cópia da Batalha de Anghiari, por Leonardo Da Vinci.  Até recentemente uma das únicas maneiras de se saber o conteúdo da pintura mural de Leonardo.

 

E um dia a pintura desapareceu. Quando o salão foi remodelado, em 1563, o arquiteto e pintor Giorgio Vasari recobriu as paredes com afrescos que mostravam vitórias militares da família Medici, retornada ao poder. O mural de Da Vinci terminou esquecido. Mas em 1975, quando Seracini estava estudando uma das cenas de batalha pintadas por Vasari, ele percebeu a imagem de uma pequena bandeira contendo as palavras “Cerca Trova“, ou seja, “procure e encontrará“. Será que elas serviam como sinal de Vasari para a presença de algo oculto por sob a sua pintura?

A tecnologia dos anos 70 não permitia obter resposta clara. Seracini levou sua carreira adiante e veio a conquistar a fama por conta de suas análises científicas de outras obras de arte e, posteriormente, fundou o Centro de Ciência Interdisciplinar para a Arte, Arquitetura e Arqueologia, integrado à Universidade da Califórnia em San Diego. Em 2000, ele voltou a Florença e à Câmara dos 500, equipado com novas tecnologias e com o apoio de um novo patrono, Loel Guinness, um filantropo britânico.

Ao registrar imagens em infravermelho e mapear a sala com o uso de laser, a equipe de Seracini descobriu onde ficavam as portas e janelas antes que Vasari conduzisse a sua reforma. A planta reconstituída, combinada a documentos do século XVI, bastou para localizar o ponto que teria sido pintado por Da Vinci. Também serviu para oferecer uma potencial explicação para o fato de que Michelangelo tenha realizado não mais que um esboço inicial do mural a ele encomendado: o pintor deve ter ficado enciumado ao descobrir que a seção da parede atribuída a Da Vinci oferecia iluminação natural muito melhor.

A sala é imensa, mas não grande o suficiente para que Michelangelo e Da Vinci pudessem dividi-la“, disse Seracini. A nova análise demonstrou que o local em que Da Vinci pintou sua cena ficava exatamente sob o ponto em que a bandeira com os dizeres “cerca trova” foi pintada. E uma notícia ainda melhor, obtida por meio da análise da parede com radar, foi o fato de que Vasari não revestiu o mural de Da Vinci e pintou o seu; ele fez construir novas paredes de tijolos para sua pintura e tomou o cuidado de deixar um pequeno espaço para respiração por trás de uma dessas seções de tijolos – exatamente aquela que fica por trás do “cerca trova”.

vasari

Auto-retrato,  c. 1567

Giorgio Vasari (Arezzo 1511- Florença 1574)

Mas como um pesquisador trabalhando hoje poderia descobrir o que existe atrás do afresco e dos tijolos? Como é que alguém poderia contemplar a parede original, a uma profundidade de 15 cm, sem prejudicar o afresco também histórico que existe em sua superfície?

Seracini não sabia como proceder, até 2005, quando pediu ajuda durante uma conferência científica e recebeu uma sugestão quanto ao uso de feixes de nêutrons que atravessariam o afresco sem prejudicá-lo. Com ajuda de físicos dos Estados Unidos, da autoridade italiana de energia nuclear e de universidades da Holanda e Rússia, Seracini desenvolveu aparelhos capazes de identificar os reveladores produtos químicos usados por Da Vinci.

Um desses aparelhos é capaz de detectar os nêutrons que retornam depois de colidir com átomos de hidrogênio, um componente abundante nos materiais orgânicos (como o óleo de linhaça e resina) empregados por Da Vinci. Em lugar de utilizar tinta à base de água, o método convencional para um afresco em gesso como o de Vasari, Da Vinci recobriu a parede com uma camada base impermeabilizada e utilizou tintas a óleo.

O segundo aparelho utilizado pelos pesquisadores permite distinguir os raios gama produzidos pelas colisões de neurônios com átomos de diferentes elementos químicos. O objetivo é localizar o enxofre na camada de impermeabilização de Da Vinci, o estanho na camada branca que servia como base à pintura e os produtos químicos nos pigmentos de cor, como o mercúrio usado para produzir pigmento vermelho e o cobre usado para o azul.

Desenvolver essa tecnologia foi difícil, mas mesmo assim representou desafio menor do que conquistar aprovação burocrática ao seu uso. Seracini encontrou uma série de obstáculos políticos e burocráticos. Assim, quando viu o novo prefeito atravessando o Salão dos 500 naquela tarde de julho, ele se apressou a fazer um apelo pessoal a Renzi, que era favorável ao projeto antes de sua eleição.

Com a polidez de um Medici, o prefeito parou para escutar o pedido, e depois prometeu que ajudaria a empreitada artística a avançar, assim que tivesse cumprido a sua primeira leva de promessas eleitorais. “Meu sonho é ver essa descoberta o mais rápido possível”, disse Renzi. “Rápido” pode ser um termo altamente relativo, na burocracia italiana, mas o prefeito de fato agiu para reiniciar o processo e conduziu uma reunião com um de seus atuais patronos, a National Geographic Society dos Estados Unidos. Na semana passada, Renzi declarou que esperava que o trabalho pudesse ser realizado em breve.

Estamos dispostos a conceder permissão ao professor Seracini“, disse Renzi na quinta-feira. “A única questão é a data, e saber quem fará o quê. Dentro de uma ou duas semanas, o projeto deve receber luz verde”. Assim que obtiver autorização, diz Seracini, ele espera concluir o trabalho de análise dentro de um ano.

Caso “A Batalha de Anghiari” esteja mesmo lá, diz, seria viável que as autoridades florentinas encarregassem especialistas de remover o afresco exterior de Vasari, extrair a pintura de Da Vinci e em seguida recolocar o afresco em sua posição. É claro que ninguém sabe em que estado o mural de Da Vinci estará. Mas Seracini, que conduziu extensas análises sobre os danos sofridos por quadros do Renascimento, diz que se sente otimista quanto ao mural.

A vantagem é que ele esteve coberto por cinco séculos“, disse. “Esteve protegido contra vandalismo, contra o ambiente e contra más restaurações. Não espero que tenha decaído demais“. Caso ele tenha razão, então talvez Vasari tenha feito um favor a Da Vinci ao cobrir sua pintura – mas tomando o cuidado de deixar aquela enigmática bandeira por sobre o local do tesouro.

Texto: John Tierney

Tradução: Paulo Migliacci ME

 

Fonte: TERRA





9 de julho!

9 07 2009
 Cartaz da Revolução Constitucionalista de 1932

Cartaz da Revolução Constitucionalista de 1932

 

1-cartaz-para-enlistamento-1932

 

Que os ventos democráticos continuem a soprar no Brasil de hoje!

 

rev-constitucio-1932_grande

São Paulo, Capital, 1932

 

Revolução de 1932 1

 

Foto da rev paulista 32 Rio Una navio a Vapor levou tropas de Juquiá a Cananéia

Navio a vapor, Rio Una, levou tropas de Juquiá a Cananéia, Revolução de 1932.

 

NOTA

Há mais informações neste blog sobre a Revoluçao Paulista de 1932.   Com mais fotos e descrição de eventos de acordo com o diário de meu avô, Gessner Pompílio Pompêo de Barros, transcrito para este blog!





Quadro confiscado por nazistas, devolvido

22 04 2009

gaiteiro

 

 

 

Quadro pintado no século XVII é exposto no Museu da Herança Judaica, em Nova York.  A pintura, o retrato de um gaiteiro pintado por um mestre flamengo, foi confiscada em 1937 pelos nazistas.  Em uma cerimônia por ocasião do Dia do Holocausto, a obra foi devolvida aos herdeiros do marchand judeu Max Stern. O quadro, o retrato de um gaiteiro pintado por um mestre flamengo, em 1632, foi devolvido aos herdeiros de Stern – três universidades em Montréal e Jerusalém – durante uma cerimônia em Nova York por ocasião do Dia do Holocausto.

 

A obra será levada para Montréal, onde ficará exposta no Museu de Belas Artes de Québec, disse Clarence Epstein, diretor do Projeto de Restituição de Arte Max Stern, que participou da cerimônia. Epstein destacou o apoio das autoridades americanas para se recuperar as obras que pertenciam a Stern, um marchand judeu alemão, que fugiu para o Canadá, onde morreu.

 

As universidades canadenses Concórdia e McGill e a Universidade de Jerusalém são os herdeiros de Stern. Há dois meses, o Bureau de Processos do Holocausto do departamento bancário do Estado de Nova York localizou o quadro em um inventário de um marchand americano que viajava para uma feira em Maastricht, Holanda, revelou a Universidade Concordia.

 

Ao regressar aos Estados Unidos, o marchand devolveu o quadro, após ser advertido pelas autoridades sobre sua origem.





Descoberta: estátuas do reinado Cushe no Sudão, 300 AC

17 12 2008

cartum4

REUTERS/René-Pierre Dissaux/Section Française de la Direction des Antiquités du Soudan/Handout

Três estátuas em pedra datadas do período Meroe (450 a.C. e 300 d.C.) foram descobertas nos sítios arqueológicos do Sudão, na África.  As esculturas, que contêm inscrições da antiga escrita meroítica, são as mais completas já encontradas.  Até hoje só se encontrara fragmentos de peças desta época.  Todas as esculturas encontradas são de um carneiro que sabemos representava o deus Amun, considerado rei dos deuses egípcios e força criadora da vida.  A curiosidade sobre as estátuas descobertas desta vez é que todas têm inscrições muito antigas e difíceis de interpretar.

 

Meroe (ou Meroé) é o nome de uma antiga cidade na margem leste do rio Nilo, na Núbia.  Ficava na região do vale do rio Nilo que hoje é é ocupada pelo Egipto e pelo Sudão, aproximadamnete a  300 km NE de Cartum.  No século VII antes de Cristo, Cartum fora a capital do reino de Cushe por mais de mil anos, ( entre o século VII a.C. e o século IV da nossa era) sabendo-se ser uma das primeiras civilizações do vale do rio Nilo. Neste período os núbios  desenvolveram uma escrita própria, chamada pelos estudiosos de “escrita meroítica”. É a mais antiga língua escrita do Saara meridional.

 

cartum2

A importância das estátuas que foram descobertas há três semanas em el-Hassa, próximo às pirâmides de Meroe, é que suas inscrições estão gravadas numa língua mais antiga do que todas as inscrições que se conhece do Meroe.  Isto as torna de  difícil interpretação.  Mas demonstra uma maior coplexidade e antiguidade da língua, da qual sabemos muito pouco.  “É uma importante descoberta”, afirmou o pesquisador Vincent Rondot à BBC.   

 

Estas estátuas  ainda mostram pela primeira vez uma dedicação real com escrita completa.  Meroe, lembrou o arqueólogo Rondot: é uma das últimas línguas da antiguidade que ainda não entendemos completamente.  Nós conseguimos ler.  Não temos problemas pronunciando as letras, mas não conseguimos ainda entendê-la por completo.  Entendemos algumas palavras longas e os nomes das pessoas mencionadas.  No momento os especialistas estão se valendo de fragmentos encontrados anteriormente para poderem decifrar as novas legendas encontradas.

cartum

REUTERS/René-Pierre Dissaux/Section Française de la Direction des Antiquités du Soudan/Handout

 

Estas escavações são financiadas pelo ministério de relações exteriores da França, e feitas pela seção Francesa do Departamento de Antiguidades do Sudão.   E estão também trazendo à tona informações sobre um rei muito mal conhecido — Amanakharequerem — e que é mencionado nas inscrições das estátuas dos cordeiros.

 

Antes destas descobertas, nós tínhamos só quatro documentos que mencionavam seu nome.  Não sabemos nem  onde ele foi enterrado.   Agora estamos começando a compreender sua importância no reino. – disse Rondot.

 

 

O Sudão tem mais pirâmides do que o Egito.  Mas pouca gente visita estas ruínas arqueológicas por causa dos conflitos internos no país que ocupam seus habitantes há quase 46 anos.   Esses conflitos armados internos fazem qualquer trabalho tanto arqueológico como de turismo, extremamente difícil.

 

 





O que há de errado com este artigo de O GLOBO?

8 12 2008
Primeira página do Caderno Prosa e Verso, O GLOBO, 6/12/2008

Primeira página do Caderno Prosa e Verso, O GLOBO, 6/12/2008

 

No sábado passado, dia 6 de dezembro, o jornal matutino carioca, O GLOBO, apresentou um artigo sobre os romances populares no século XIX no Brasil.  O artigo de Miguel Conde comenta sobre os livros que re-editam histórias populares da época; romances publicados aos capítulos nos jornais do reino, da mesma maneira em que muitas outras obras de peso no século XIX foram publicadas em outras partes do mundo.  Era comum.

O artigo revela ainda alguns hábitos interessantes da leitura no Brasil imperial e colonial e o jornal em espaços diferentes faz uma complementação com uma lista dos livros mais vendidos no Brasil Colônia e também com uma resenha do que havia nos catálogos de três livreiros no século XIX.

Páginas 1 e 2 tratam quase que exclusivamente de hábitos de leitura, assim como de títulos populares no Brasil imperial.  E no entanto, o jornal O GLOBO, preferiu ilustrar suas páginas não com artistas brasileiros mostrando pessoas lendo, mas ao invés, mostrou mais uma vez a mentalidade de colonia cultural ao escolher trabalhos do francês Jean-Auguste Renoir e da americana Mary Cassat, ambos com imagens de mulheres lendo livros.

Página 2 do Caderno Prosa e Verso do Jornal O GLOBO

Página 2 do Caderno Prosa e Verso do Jornal O GLOBO

A pergunta que não cala:  por quê?  Por que um artigo sobre hábitos de leitura no Brasil não é ilustrado com mulheres brasileiras lendo?  Isto leva o leitor ao total desconhecimento de sua própria cultura e ao reconhecimento exclusivamente de outras imagens, iconografias que não têm nada a ver com a realidade brasileira, com o talento dos artistas brasileiros. 

Este tipo de ignorância dos valores culturais brasileiros precisa acabar.  Com este fim, enviei ontem, o seguinte email que aqui transcrevo para Mànya Millen, que imagino ser uma senhora, que está encarregada da editoria do caderno Prosa e Verso. 

Aqui está a transcrição: 

Prezada Mànya Millen,
 
Muito obrigada pelo interessantíssimo artigo Best Sellers REAIS, no Caderno Prosa e Verso que a senhora editora.  O artigo de Miguel Conde foi muito ilustrativo e bem escrito.  Tenho no entanto um problema com as imagens escolhidas para ilustrar um artigo sobre a leitura no Brasil no século XIX.  É um reclamação pequena, mas acredito que importante.
 
Por que não ilustrar este artigo com arte brasileira, de uma mulher lendo?   Estes quadros existem.  E falam mais a nós brasileiros do que o Renoir ou a Mary Cassat que vocês acharam por bem usar.
 
Um dos quadros mais famosos no Brasil é o da Moça lendo de José Ferraz de Almeida Júnior, um pintor brasileiro, que nasceu e morreu no estado de São Paulo, (Brasil 1850-1899).  Este quadro, pintado em 1879, encontra-se no MASP (Museu de Arte de São Paulo) e tenho certeza de que o museu não colocaria obstáculos na sua reprodução pelo O GLOBO. 
 
Na verdade, o mesmo pintor tem alguns outros quadros de mulheres lendo que também poderiam ter sido aproveitados no lugar do ultra batido RENOIR, que não aumenta o conhecimento do brasileiro por sua própria cultura.
 
Bertha Worms, Tarsila do Amaral, Henrique Bernardelli, Aurélio d’Alincourt, Di Cavalcanti entre outros tem quadros bastante conhecidos que seriam uma melhor maneira de transmitir a cultura brasileira e acabar com esta sensação de ex-colônia, cujo único lugar no mundo que importa encontra-se fora do Brasil.
 
Morei muitos anos no estrangeiro.  E posso lhe dizer que nem nos EUA, nem na França, nem mesmo em Portugal, um jornal ao ilustrar um artigo sobre a leitura do país deles ilustraria o artigo com artistas estrangeiros.  Sinto ter que lhes chamar a atenção para este detalhe cultural.  Mas acredito fortemente que é assim que se constrói, que se educa, que se valoriza a cultura brasileira.
 
PS: Esta carta será publicada no meu blog, Peregrina Cultural. ( https://peregrinacultural.wordpress.com.br )
 
 
Atenciosamente,
 
 
Ladyce West
José Ferraz de Almeida Jr (Brasil,1850-1899) Moça com livro, 1879, MASP

José Ferraz de Almeida Jr (Brasil,1850-1899) Moça com livro, s/d, óleo sobre tela, 50 x 61 cm, MASP -- Museu de Arte de São Paulo

 

É este tipo de descuido com o que é nosso que precisa acabar.  E só vai acabar quando pessoas como nós, que conhecemos mais, que sabemos mais, batermos com o pé para dizer:  BASTA!  Não quero mais esta visão neo-colonial do Brasil, como se o centro do mundo estivesse fora daqui.  O meu centro cultural está aqui.  Principalmente quando o assunto é literatura no Brasil, no século XIX.  Então, por quê?  Qual é a razão deste despropósito?





TÊNIS, poema de Guilherme de Almeida, infantil

21 07 2008

 

TÊNIS

 

A titia

borda e espia

o gato branco, enroscado

no feltro verde da mesa

e acordado,

com certeza.

 

Um novelo

cai.  E, ao vê-lo,

o gato bate na bola

e a bola, branca de neve,

pula e rola,

fofa e leve…

 

Silenciosa,

vagarosa,

 uma duas angolinhas…  

a bola solta uma lenta,

longa linha

que se aumenta.

 

Pouco a pouco,

no mais louco

desnorteante corrupio,

a bola desaparece.

Mas o fio

Cresce… cresce…

 

 

Guilherme de Almeida

 

 

 

Guilherme de Andrade e Almeida – (SP 1890 — SP 1969) foi um advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro.

 

Principais Obras

Poesia

Nós (1917);

A dança das horas (1919);

Messidor (1919);

Livro de horas de Soror Dolorosa (1920);

Era uma vez… (1922);

A flauta que eu perdi (1924);

Meu (1925);

Raça (1925);

Encantamento (1925);

Simplicidade (1929);

Você (1931);

Poemas escolhidos (1931);

Acaso (1938);

Poesia vária (1947);

Toda a poesia (1953).

Ensaios:

Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, (1926);

Ritmo, elemento de expressão (1926)

 





Correspondência de Fernando Pessoa vai ser leiloada

17 07 2008

 

Num artigo publicado ontem, 15/7/2008, no New York Times, por Michael Kimmelman, soube da gritaria, da confusão lusitana ao redor da venda da correspondência de Fernando Pessoa ao escritor britânico Aleister Crowley.  Esta correspondência do poeta português com o místico escritor britânico foi iniciada em 1930.  Sua venda, negociada pelos herdeiros de Fernando Pessoa, está marcada para o período de alta visibilidade na Europa, o outono, que é a estação de abertura dos eventos culturais do ano e será feita em leilão público.  A confusão é gerada pela reclamação de alguns da saída do país de documentos de tal importância.

 

Mas, é justamente de vendas como esta, que a Biblioteca Nacional de Portugal pode se beneficiar, como já o fez no ano passado quando arrematou, para seu acervo, cadernos de notas de Fernando Pessoa.  Como Kimmelman em seu artigo lembra, a maior parte da obra de Pessoa está em manuscritos, nunca tendo sido publicada — diz-se que chegam aos 30.000, ainda guardados em baús na última moradia do escritor. 

 

A decisão dos herdeiros de venderem pelo maior e melhor preço estes documentos é volátil.  Recentemente o ministro da cultura de Portugal, José Antonio Pinto Ribeiro, lembrou, numa conferência aberta ao público na Casa Fernando Pessoa, que o estado português tem o poder de manter dentro de seu território qualquer objeto (e os manuscritos se enquadram aqui) que achar ser necessário para o patrimônio nacional.  A mensagem, bem entendida por Manuela Nogueira, a sobrinha de Fernando Pessoa, que se encontrava na audiência, era de que ela não se sentisse muito confiante, porque a qualquer momento o governo poderia decidir que tais documentos eram do interesse cultural do país e não só proibir sua venda, como também tombar tais documentos, e nada dar aos herdeiros em troca. 

 

Manuela Nogueira já estava preparada para a luta.  Já havia fotografado tudo que pretendia vender de modo que cópias estarão sempre abertas para estudiosos, não importando o destino final dos originais.  Além do que, um contrato já havia sido assinado por ela e pela casa de leilões.

 

O artigo de Michael Kimmelman continua então com considerações sobre Pessoa e sobre a alma portuguesa, inclusive opiniões sobre a última, com uma breve entrevista sublinhando as opiniões de Inês Pedrosa, a escritora que esteve recentemente aqui em Paraty, na FLIP [Feira Literária Internacional de Paraty] deste ano.  O artigo revela também algumas opiniões de Jerônimo Pizarro diretor da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.  Mas, o assunto pelo qual tenho interesse aqui é diferente daquele enfatizado pelo New York Times, que se mostrou mais interessado em mostrar a forma peculiar, culturalmente falando, de pensar dos portugueses – um artigo até bastante irônico. O que me interessa é ponderar sobre os diversos direitos envolvidos neste caso, para que possamos, no futuro, pensar em como resolver situações semelhantes que certamente ocorrerão na tentativa de preservação de uma cultura brasileira:

 

1° – Tanto no Brasil como em Portugal seria necessário tornar mais claras as regras estabelecidas para dar prioridade ao que deve ou não ser preservado dentro do país.

 

2° – Acredito que os herdeiros têm todo o direito de vender os documentos.  Muitos autores, com herdeiros, fazem projetos de vida contando com esta possibilidade de renda para as gerações futuras, assim como os grandes donos de terras o fazem.

 

3° – Também acredito que o governo tem todo o direito de comprar os documentos.  Se são de tamanha importância como se diz, tenho certeza que qualquer governo acharia os meios de comprá-los no leilão, ou seja ao valor estabelecido pelo mercado.

 

4° – Onde há vontade há um meio.  O governo pode se juntar a diversas ONGs culturais para comprar os documentos e mantê-los na Biblioteca Nacional ou em alguma outra instituição pública de acesso livre aos estudiosos.

 

5° – Nada impede que um grupo de intelectuais e outros interessados, que hoje choram e gritam lamentando a perda física dos documentos, não se cotizem para comprá-los e depois doá-los ao país.  Acho que as pessoas têm que aprender a colocar o dinheiro onde insistem ser um bom investimento, quer seja cultural ou econômico.

 

6° – Não há nada mais injusto do que o governo proibir alguém de vender algum objeto ou documento por o haver declarado Patrimônio Nacional, tombá-lo e não indenizar o atual dono do patrimônio ao preço de mercado.

 

7° – Se nenhuma destas possibilidades aparecerem, por que os documentos não podem sair do país e serem velados por uma outra instituição de responsabilidade social como seria o caso de uma biblioteca especializada em manuscritos de grandes autores?

 

8° – Último, estive vendo, no outro dia que a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro é a 7ª maior biblioteca do mundo.  ALÔ !!!!  Diretores da BN, está na hora de aumentarmos o nosso patrimônio!  Tenho certeza de que Portugal preferiria que nós  brasileiros – da mesma pátria, porque afinal nossa língua é nossa pátria – fossemos os guardiões destes documentos.  Melhor do que qualquer outro país que se interessar possa, não é mesmo?