As línguas estão acabando!

20 11 2008

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Construção da Torre de Babel , 1424-25

Mestre do Duque de Bedford, (França, circa 1405-1435)

Iluminura.

 

 

Um artigo recente da revista O Economista, fala com pesar sobre os milhares de línguas humanas em processo de extinção.  Apesar de ser interessante sabermos a maneira como seres humanos pensam e de como desenvolveram maneiras de pensar, parece inevitável que num mundo de comunicações instantâneas algumas línguas deixem de existir.  

 

As projeções são de que a maioria das 7000 línguas do mundo não serão mais faladas até o final deste século; 200 línguas africanas morreram no último século e 300 mais correm sério risco de desaparecerem.  No Sudeste da Ásia 145 línguas estão prestes a desaparecer, entre elas a língua Manchu falada na China, a Hua falada em Botswana, e a Gwich’in falada no Alasca.

 

Parece-me inexorável o desaparecimento destas línguas.  Principalmente quando a comunicação entre povos tornou-se comum e diária.  Num mundo em que pelo simples ligar de um aparelho de televisão uma pessoa é exposta a uma dúzia de línguas, essas, que ouvimos, parecem ser de maior importância para a própria sobrevivência do ser humano; sem se falar nas linguas usadas nas comunicações virtuais.  Este é um desenvolvimento natural.  Se nos lembrarmos bem, outras tantas línguas  já desapareceram através dos milênios tais como a língua Acadiana, Etrusca, Tangut, Chibcha e muitas, muitas outras,  algumas até de que não se tem noção.   

 

Algumas línguas, hoje, mesmo usadas por um grupo significativo de pessoas, estão sendo aos poucos trocadas por línguas que possam trazer maior sucesso econômico e conseqüentemente  melhor nível de sobrevivência para aqueles que as falam.   Assim, aos poucos, a pluralidade lingüística da Rússia está desaparecendo à medida que a juventude descobre ser indispensável o uso do Russo no cotidiano.  O mesmo acontece com habitantes da China e do Tibete que sentem necessidade de trocar suas respectivas línguas natais pelo Mandarim, a língua de franco acesso no território chinês.

 

Assim como há aqueles que querem salvar as espécies de animais em perigo de extinção, há muita gente querendo salvar, preservar se possível, línguas que tem poucos habitantes usando-as como no exemplo citado pela revista O Economista de Peter Austin, um lingüista Australiano.  Ele menciona:  Njerep, uma das 31 línguas em extinção tem no momento só 4 pessoas que a falam e todas acima de 60 anos de idade.   

 

Mas línguas são difíceis de serem preservadas, pois uma língua só faz sentido quando é falada e entendida.  Se não tem mais essa função entre os seres humanos, deixou de ter razão para a sua sobrevivência, porque deixou de produzir  aquilo a que se propõe: comunicação.

 

Este é um aspecto muito diferente dos apresentados pelos animais em extinção, que muitas vezes se acham nestas condições,  porque há muito mais demanda para suas virtudes ou suas qualidades do que esses animais têm em capacidade de reprodução.  Assim me parece ser o caso do marfim dos elefantes, das peles de jacarés, da carne de baleia, da carne do urso polar.  Por outro lado, uma língua não desaparece porque muitos querem falá-la.  Ao contrário, ela desaparece porque já não comporta a realidade em que precisa ser acionada.  

 

Saber lidar com a mudança de uma realidade para outra foi o que fez com que os seres humanos sobrevivessem.  A perda voluntária de uma língua como está acontecendo nas culturas mencionadas faz parte deste processo de sobrevivência humana.  E da seleção natural entre os seres vivos. 

 

 

 

Para ler o artigo da revista O Economista.

 

Mestre do Duque de Bedford: Pintor de iluminuras.  Échamado de Mestre do Duke de Bedford por não se saber seu nome original.  Leva então o nome pela comissão que recebeu de John, Duque de Bedford, entre os anos de 1422 e 1435.  Quando a serviço do duque deve ter recebido o título de Assistente Mestre do Duque de Bedford, por causa da importância das obras a ele requisitadas.  Seu estilo em iluminuras é identificado pela maneira de modelar o corpo humano, pela restrição cromática de sua palheta e pelo pouquíssimo uso da folha de ouro como embelezamento.   





Brasil que lê: foto tirada em lugar público

18 11 2008

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Praça Serzedelo Correa, Copacabana





Um pequeno festival de filmes da Índia

8 11 2008

 

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Comecará na próxima semana, na terça-feira, dia 11, no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, uma pequena mostra de filmes da Índia, chamada:  Nouvelle Vague Indiana.  Serão 20 filmes selecionados especificamente para esta mostra que incluem grandes diretores como Mrinal Sen, Mani Kaul, Meghe Daka Tara e o clássico Satyajit Ray.

Vale a pena checar.





Propriedade de Ingmar Bergman na ilha de Faro à venda!

3 11 2008
Dean C. K. Cox, The New York Times

Ilha Faro, Suécia. Foto: Dean C. K. Cox, The New York Times

 

Um ano depois da morte do cineasta Ingmar Bergman seus herdeiros decidem vender sua famosa propriedade na Ilha de Faro, no Báltico na costa da Suécia, depois da aparente indiferença do governo sueco de manter viva a memória do cineasta.  

 

Quando o filho de Bergman, Daniel, anunciou em julho que até o final de 2009 os herdeiros já teriam vendido a propriedade em Faro, ninguém na Suécia acreditou que o governo não fosse se interessar por manter a propriedade.  Não é apenas uma pequena casa, mas uma propriedade magnífica bem construída à beira do Báltico.  É verdade que para se chegar lá não é uma coisa fácil.  Depois de chegar ao aeroporto de Gotland, importante centro histórico dos vikings, é necessário que se alugue um carro e rodar até o ponto mais ao norte da ilha, pegar uma barcaça e chegar então ao cais de Faro.    Daí por diante há a necessidade de se pegar uma pequena estrada, evitando por todo lado os carneiros cinzentos com patas negras que peregrinam pelos campos até se chegar a uma porteira que fecha a estrada.  Aí então começa a propriedade dos Bergman.

 

Faro serviu de cenário para filmes de Bergman, como A Paixão de Ana, Vergonha, Cenas de um Casamento e Através do Espelho, além de dois documentários sobre a própria ilha.  Frequentemente considerada uma ilha com uma ar de contos de fadas,  Faro tem muitas florestas de pinheiros e  « o chão é coberto por um musgo que lembra um carpete. E é fácil ver cogumelos do tamanho de pratos, formigueiros de 2 metros de altura e muitos morangos silvestres. »  

 

Bergman foi conhecido na Suécia, onde nasceu, por sua posição favorável à direita num país mantido por um sistema monárquico mas socialista: uma combinação um pouco difícil de entender para esta pobre brasileira — mas que parece ser o pivô central da falta de coordenação efetiva do governo para tomar decisões que mantenham a propriedade do cineasta em mãos suecas.  Pequenos ciúmes, pequenas revanches têm atrasado discussões.  Mentes pequenas de partidos pequenos já se desinteressaram do cineasta que colocou a Suécia no mundo do cinema e que a fez existir na imaginação de uma geração inteira – dos baby boomers —  num mundo que começava a se globalizar.  A visão curta de uns e a falta de coragem de outros está deixando a casa de Bergman sem cuidado e provavelmente virar tudo o que o cineasta não merecia nem quereria: uma atração turística de massa.  Há alguma coisa estranha entre esses que conseguem não se esquecer das tendências políticas de uma figura maior que eles mesmos e continuam a curtir dissabores do século XX, tentando mantê-los vivos através do século XXI.  

 

De vez em quando é bom lembrarmos que falta de visão não é só uma característica nossa.  Outros países, outros políticos de lugares considerados até mais civilizados que o nosso podem agir com tanta mesquinhez quanto vemos por aqui.   Não que o comportamento deles justifique o nosso. Este tipo de comparação na verdade só denigre a nossa imagem.  Que tenhamos o poder do bom senso quando uma decisão semelhante vier ao nosso encontro.  Por ora: que vergonha para a Suécia paralisada num conflito político mais mesquinho do que tenho certeza o povo daquele país merece.  

 

 

Este artigo foi em parte baseado no ensaio sobre o assunto publicado no jornal Le Figaro de 20/10/2008.





Roberto Saviano: Salman Rushdie do século XXI

1 11 2008
Irmãos Metralha lendo.  Ilustração Walt Disney.

Irmãos Metralha lendo. Ilustração Walt Disney.

 

Máfia amaldiçoa escritor:  Roberto Saviano

 

O escritor italiano Roberto Saviano nasceu no lugar onde há mais assassínatos em toda a Europa. O seu livro Gomorra  — ainda não lançado no Brasil —  descreve os negócios ilícitos do crime organizado. Por causa disso Roberto Saviano  vive como um prisioneiro e tem a cabeça a prêmio.    

 

O livro publicado em 2006 foi um sucesso de vendas atingindo mais de dois milhões de volumes vendidos na Itália e já foi traduzido para 42 línguas. O filme, do mesmo nome,  Gomorra, dirigido por Matteo Garrone — baseado neste livro — recebeu o Prêmio do Júri do Festival de Cannes e estará representando a Itália na concorrência ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

 

O problema é que Roberto Saviano descreve a máfia italiana com muita clareza na sua total brutalidade.  Descreve também seus negócios.   E isto o fez ameaçado por ela mesma, pelos chefes mafiosos.  Apesar deste livro tê-lo lançado internacionalmente e ter trazido para o autor um sucesso que poucos chegam a ter, este jovem de 29 anos, não pode desfrutar de seu sucesso vivendo numa verdadeira prisão, locomovendo-se em carros blindados com proteção policial.  

 

Num recente desabafo, Roberto Saviano, numa entrevista ao jornal La Repubblica disse:Quero uma vida, uma casa, apaixonar-me, rir, tomar uma cerveja em público. Poder ir ver a minha mãe sem a assustar.

 

Mas recentemente a polícia italiana descobriu um plano do clã dos Casalesi (máfia napolitana) de um atentado contra o escritor a ser executado no Natal que se aproxima.  Saviano agora quer sair da Itália.  Mas os italianos pedem que fique.  

 

Há no momento um abaixo-assinado pedindo ao governo italiano que proteja o autor e combata a máfia.  Este abaixo-assinado tem mais de 150.000 assinaturas de todos os lugares do mundo entre elas a de seis vencedores do Prêmio Nobel.

 

Este caso nos lembra das tentativas feitas no século passado contra o escritor Salman Rushdie, que também teve que viver com cuidado e segurança o tempo todo graças às persiguições do governo do Irã que não concordava com as opiniões sobre aspectos do extremismo muçulmano publicadas pelo autor em seus livros de ficção, lançados na Inglaterra.

Está cada vez mais perigoso ser escritor!





Dinossauros reconheciam companheiros pela voz

31 10 2008
Lambeossauro, foto The New York Times

Lambeossauro, foto The New York Times

 

Os lambeossauros – dinossauros com bicos semelhantes aos dos patos viveram entre 85 milhões e 65 milhões de anos atrás, no que chamamos de Período Cretáceo, tardio.  Conhecidos por terem uma crista, feita de ossos, e às vezes bastante complexas, bem em cima de suas cabeças como se fossem coroas, estes dinossauros sempre atraíram a curiosidade dos estudiosos, que já imaginaram todo tipo de função para tal apêndice.    A imaginação de paleontólogos parecia não ter limites quando ainda considerava que nestas cristas  haviam longas e tortuosas passagens nasais.  Inicialmente pensou-se que fizessem parte de um sistema de refrigeração do cérebro.  Ou talvez uma maneira dos dinossauros respirarem debaixo d’água.  Talvez eles tivessem a capacidade de melhorar o faro desses animais?  

 

Recentemente, no entanto, exames de tomografia computadorizada das passagens nasais desses dinossauros sugerem que os dinossauros tinham a capacidade de reconhecer indivíduos da espécie com base apenas em suas vozes.   Cientistas de três universidades canadenses e norte-americanas criaram reconstruções digitais dos fósseis de cérebros e das cavidades das cristas de quatro espécies diferentes de lamebossaurídeos.   Chegaram à conclusão de que estas cristas ósseas  faziam com que os dinossauros pudessem reconhecer outros dinossauros de sua espécie com base apenas em suas vozes.  As vozes desses animais provavelmente mudavam à medida que eles envelheciam, assim como mudavam os tamanhos de suas cristas.

 

O estudo revelou que uma porção, em forma de tubo, no ouvido interno dos dinossauros, a que se dá o nome de cóclea, era sensível o suficiente para detectar os sons em freqüências graves que as cristas produziam.  E como as cristas cresciam com a idade, as cócleas tomavam formas diferentes, mudando muito entre cada indivíduos. 

Isto indica que as cavidades nasais podem ter sido tão únicas quanto as impressões digitais humanas.

 

“Os jovens têm apenas o começo de uma crista e passagens de ar ligeiramente expandidas”, disse Lawrence Witner, paleontologista da Universidade do Ohio que participou do estudo. “À medida que envelhecem, começam a desenvolver passagens de ar muito mais tortuosas e cristas mais altas”.

 

Como resultado, os lambeossaurídeos podem ter tido maneiras únicas de se identificarem a ponto de permitir que seus chamados fossem distinguidos por outros animais.

 

Mais informações, aqui.





Algumas considerações no dia nacional do livro

29 10 2008
Ilustração Mauricio de Sousa

Ilustração Maurício de Sousa

 

Hoje, dia 29 de outubro, comemoramos no Brasil o Dia Nacional do Livro.  Para nós, pessoas cuja vida diária revolve em torno de livros, de publicações, de aprendizagem, de estudos, de divertimento, nada mais natural que se celebre, de fato, o livro.  Esta data foi escolhida por ser o aniversário da Biblioteca Nacional.

Há diversas comemorações no Brasil que nos levam à idéia da leitura e ao livro.  Há o Dia Internacional do Livro, O Dia Internacional do Livro Infantil, O Dia do Livro Infantil no Brasil, e assim por diante.  Talvez todas estas comemorações nos façam pensar mais em livros, na sua importância e no que eles podem nos dar.  E esta série de datas comemorativas reflete em parte a sensibilidade brasileira sempre pronta para uma boa comemoração, para uma festividade.

No entanto, quanto mais dias temos reservados para a lembrança dos livros, parece que menos atenção damos a eles durante o resto do ano.  Eu gostaria de não ter nenhum dia comemorativo, mas saber que todos os dias, são de FATO o dia do livro.  Que não estamos só fazendo um agrado aos nossos próprios egos, dizendo: Eu participei, eu comemorei o livro, a semana do livro, o dia do livro

Eu gostaria de ver uma mudança radical na maneira como nós nos relacionamos com os livros.  Eu gostaria de ver uma pequena revolução cultural no Brasil aonde a imagem de alguém lendo um livro não só fosse corriqueira como uma imagem de algo desejável.  Que o rapaz que lê, não seja aquele bobão, mas o que ganha a mocinha bonita.  Que a jovem que lê não se case com o primeiro que aparecer, mas com o homem que vá respeitar seus estudos e até mesmo gostar dela por isso.  Gostaria de ver:

1- novelas da televisão em que todos, separadamente, numa hora ou outra aparecessem lendo: um jornal, um livro, etc.  Que eu me lembre, o personagem de novela mais recente dedicado aos livros foi retratado por Tony Ramos, como Miguel, o livreiro romântico em Laços de família (2000). 

2 – personagens  cujas vidas são melhoradas pela leitura.  Pelo estudo.  Por exemplo, programas como Ó Pai Ó, que descrevem um cortiço na Bahia, exponham um personagem que conseguiu sair de onde estava pelo estudo, pelo valor que deu aos livros.

Esta mensagem de que ler um livro é uma coisa importante e corriqueira infelizmente não chega ao público brasileiro.

Eu consigo me lembrar de diversos filmes estrangeiros em que o drama, a comédia, a sensibilidade, a tragédia, se passa numa escola, com bons e maus professores, com bons e maus alunos. Cheios de clichês, mas que mal ou bem levam a mensagem ao público da importância de uma educação, da importância do livro e das escolas.   Não vou aqui mencionar nenhum dos filmes americanos que são produzidos todos os anos às centenas que retratam a vida nos últimos anos das escolas.   Nós, brasileiros, por bem ou por mal, não fazemos estes filmes.  Por que?  Porque são muito comerciais?  [esta é a grande disparidade do cinema brasileiro — certos filmes não são feitos porque são muito comerciais; outros filmes são feitos e não têm público.  O segundo tipo de filme só pode ter público depois que o primeiro for feito!]  Será que filmes sobre escolas  não refletem os valores da sociedade?  Não acredito.

Pode-se sim fazer obras primas do cinema com filmes passados em escolas.  E para que eu não fique só no exemplo americano, vou dar um exemplo americano, um inglês e um francês.  Mas há centenas de outros: Sociedade dos Poetas Mortos, EUA, 1989, Guerra dos Botões, França, 1962,  Se…, Inglaterra, 1968.  Isto para não se falar dos livros de sucesso como Harry Potter que fizeram carreira mostrando uma escola, seus alunos e professores.

Há também heróis sedutores dedicados à leitura e aos livros nos filmes estrangeiros:  Um lugar chamado Notting Hill, Eua/Grã-Bretanha, 1999; Ser e ter, França 2002; Somos todos diferentes, Índia, 2007.

Era este tipo de envolvimento eu esperava que nós já tivéssemos conseguido no Brasil.  Vamos deixar para lá as comemorações superficiais, as boas palavras sobre uma melhor educação, que esquecemos rapidamente em 24 horas.  Que tal reformarmos o nosso horizonte de desejos?  E se nas novelas, nos programas de televisão, no nosso dia a dia, víssemos exemplos de pessoas que saem da pobreza através da educação?  Elas existem.  Eu sei.  Eu conheço algumas.  Por que para sair da pobreza precisamos fazê-lo pelo: esporte?  pelo corpo de modelo? pelo gingado da cabrocha?

Nem todos nós nascemos para ser presidente do Brasil!  Mesmo assim conseguimos ter sucesso estudando e tendo prazer na leitura e ainda assim levar uma vida decente e que nos dá satisfação.





Unicamp interpreta as vozes dos animais!

29 10 2008

A Universidade Estadual de Campinas [Unicamp] apoiada pelo CNPq/MCT, acaba de desenvolver um software capaz de interpretar a vocalização dos animais suínos, bovinos e aves, identificando se estão com frio, fome ou sob algum tipo de estresse.

O software que está em fase de patente terá um custo barateado para ser usado como instrumento na busca do bem-estar animal.

Alguns dados interessantes foram mencionados no artigo em que este post de baseia, do Jornal do Comércio, de 29/10/2008, versão impressa, página B-11.  Por exemplo:  “pintinhos nas primeiras três semanas,  têm uma tendência para sonorizar menos quando estão expostos a um ambiente com conforto térmico.  Quando a temperatura diminui, a freqüência de vocalização vai aumentando, ” disse Irenilza de Alencar Naas, pesquisadora e coordenadora do projeto.

Também bezerras mais jovens apresentam  maior estresse com a separação da matriz.  E os pesquisadores registraram cinco tipos diferente de gritos no repertório dos leitões.

Ao que parece, a data de nos comunicarmos com os animais está próxima.





O que muda no novo acordo ortográfico da língua portuguesa III

29 10 2008

Ilustração:  Maurício de Sousa

DA HOMOFONIA DE CERTOS GRAFEMAS CONSONÂNTICOS

 

Há grafemas consonânticos que produzem o mesmo som (homófonos) mas que nem sempre são escritos da mesma maneira.  A regra aqui será ditada pela origem, pela história da palavra.  Nem sempre é fácil esta diferenciação entre o emprego de uma letra ou de outra, quando representam o mesmo som.  Na dúvida, recorra à origem da palavra. 

 

Abaixo, uma lista dos exemplos mais comuns.

 

1º)       Distinção gráfica entre ch e x:

 

CH

                                                                      

achar,  archote, bucha, capacho, capucho, chamar, chave, chiste, chorar,

colchão, colchete, endecha, estrebucha, facho, ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho

 

X

 

ameixa, anexim, baixei, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara.

 

2º) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j:

 

G

 

adágio, alfageme, Álgebra, algema, algeroz, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim, geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger, virgem;

 

J

 

adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeira, jeito, jenipapo, jequiri, jequitibá,  jerimum, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.

 

3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas:

 

ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso,farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa;

 

abadessa, acossar, amassar, arremessar, asseio, atravessar, benesse, codesso (identicamente Codessal ou Codassal, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar,

 

acém, acervo, alicerce, cebola, cereal, cetim, obcecar, percevejo;

 

açafate, açorda, açúcar, almaço, atenção, berço, caçanje, caçula, caraça, dançar, enguiço, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Monção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, terço;

 

auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.

 

4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fónico/fônico:

 

adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário, inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente.

 

De acordo com esta distinção convém notar dois casos:

 

a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre que está precedido de i ou u:

 

 justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.

 

b) Só nos advérbios em -mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em final de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.).

 

5º) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico/ fônico:

 

aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através,  s, íris, jus, lápis, país, português, quis, retrós, revés;

 

cálix, flux;

 

assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, giz, jaez, matiz, petiz.

 

6º) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, narciso, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa, sacerdotisa,  surpresa, tisana, transe, trânsito, vaso;

 

exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável;

 

abalizado, alfazema, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, fuzileiro, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, proeza, sazão, urze, vazar.

 





Novas vidas descobertas nos recifes australianos

26 10 2008
Great Barrier Reef -- Recife da Grande Barreira -- Austrália

Great Barrier Reef -- Recife da Grande Barreira -- Austrália

 

Pesquisadores descobriram centenas de novas espécies de animais marítimos inclusive mais de cem tipos de coral investigando as águas próximas a duas ilhas nos Recifes  Great Barrier e no Recifes ao noroeste da Austrália.  Este resultado é fruto de quatro anos de pesquisa sistemática investigando as águas que rodeiam estas duas ilhas. 

 

Alga verde Caleba supressoides, Ilha de Heron, Austrália.

Alga verde Caleba supressoides, Ilha de Heron, Austrália.

 

O Recife chamado Great Barrier  [Grande Barreira] – é o maior recife do planeta.  E já é conhecido como um local com uma enorme variedade de recifes de coral.   Em estudos anteriores, pesquisadores já haviam classificado próximo de 400 espécies de coral,  1.500 tipos de peixe e mais de 4.000 tipos de moluscos, neste recife. Mas como é extraordinariamente longo, tem 2.000 km de comprimento estudos continuam sendo feitos e novas descobertas certamente estarão a caminho.  Este recife também é a maior barreira terrestre formada por seres vivos.  É maior que a Grande Muralha da China e a única forma orgânica que pode ser vista da Lua.

 

Estrela do mar Nardoa Rosea, vista por baixo.

Estrela do mar Nardoa Rosea, vista por baixo.

 

A pesquisa continuará sendo feita e para isso os cientistas deixaram diversas estruturas, semelhantes a casas de bonecas, submersas.  A intenção dos pesquisadores é deixar que alguma vida marítima venha “colonizar” estas estruturas.  Nos próximos três anos estas “casas” serão retiradas trazendo junto com elas os animais que as habitaram.

 

Corais macios também chamados de Octocorals, pelos 8 tentáculos na beira de cada pólipo.

Corais macios também chamados de Octocorals, pelos 8 tentáculos na beira de cada pólipo.

 

Por três semanas 25 pesquisadores examinaram o solo oceânico próximo a Ilha Heron.  Fizeram muitas novas descobertas inclusive a estrela do mar  Nardoa rósea que é mostrada  na foto  acima vista pelo seu lado posterior.  Além de estudarem os corais novos, descobertos na área, a pesquisa incluiu também o estudo de algas, corais renda e ouriços do mar.   Estas foram as primeiras expedições feitas na área e em volta dos eco sistemas de coral.

 

Vista aérea da Ilha de Heron, no Recife Great Barrier, Austrália.

Vista aérea da Ilha de Heron, no Recife Great Barrier, Austrália.

 

A Ilha Heron nos Recifes Great Barrier está próxima do Trópico de Capricórnio e a 72 km da costa australiana.  Tem aproximadamente 800 metros de comprimento por 300 metros de largura. É nesta ilha que a Universidade de Queensland mantém um Centro de Pesquisa desde 1950.  

Fotos das descobertas oceânicas cortesia:  Census of Marine Life/Gary Cranitch/Queensland Museum

 

Para ver mais fotos, clique   AQUI.