Lendo e lembrando do que leu

8 08 2020

 

 

Convent Lily, Marie Spartali Stillman, 1891Lírio do convento, 1891

Marie Spartali Stillman (GB, 1844 – 1927)

aquarela

Ashmolean Museum, Oxford

 

 

Leio por volta de quarenta e cinco livros de ficção por ano.  E muitos livros de não ficção. Livros de ficção recentes têm tido muito pontos em comum, temas que estão em pauta, aparecem com maior frequência.  Assim aos poucos, se não tomo nota dos personagens, daquilo que achei interessante, acho difícil voltar e me lembrar exatamente do que li em que livro.  Faço parte de três grupos de leitura e nem sempre o que leio é algo que eu teria escolhido.  Portanto nem sempre os autores são conhecidos meus, ou nem sempre trata-se de temas e minha preferência.  Não me importo com isso, porque quero que a leitura abra meus horizontes.  No entanto, à medida que o tempo passa, acho que meu sistema de anotações sobre o que estou lendo está se tornando obsoleto.

Com isso me mente procuro um sistema um pouco mais fácil.  No kindle, onde leio provavelmente metade dos livros, é mais fácil marcar e fazer notas e depois resgatá-las, separá-las.  Selecionar por temas é importante.  Uma coisa que sempre me dá dor de cabeça é guardar o nome dos personagens.  Conheço leitores que fazem isso com cuidado.  Não consigo.  Então saí pela internet à procura de sistemas de anotações de livros.  Hoje mostro o sistema de Bobbie Powers, que li no Medium.  Vou tentar e digo depois se funcionou.

 

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Ele usa três passos:  asterisco, sublinhar, e notas nas páginas finais do livro.

Com o asterisco, esse sinal gráfico em forma de estrela, é usado para passagens que ele considera importantes.  Se for muito importante, ele coloca um círculo ao redor do asterisco.  Esses asteriscos com círculo em geral são o que irá para as páginas em branco no final do livro.

Sublinhar é para citações ou ideias importantes que deveriam ser lembradas palavra por palavra. Sublinhar é uma coisa muito pessoal.  Às vezes marca-se uma passagem porque ela lembra outro livro, ou uma situação pela qual já passamos.  É muito pessoal.

Notas no final do livro, marcando a página onde são encontradas, elas são, de fato, a sua experiência ao ler, aquilo que você acho importante anotar, porque está certo de que faz parte do que o livro quis trazer à tona.

Bobbie Powers ainda anota no rodapé, o significado de palavras que encontrou no texto cujo significado procurou no dicionário..

Lista de personagens – Vou tentar essa maneira na minha próxima leitura.  Com uma adição: no avesso da capa detrás vou escrever o nome dos personagens, para que na hora da conversa sobre o livro eu não fique procurando: “aquela menina loura que era aborrecia muito porque chorava a toa…” esperando que alguém me ajude com o nome… .Teresa!”  Pois é, vamos ver se funciona.

 

Para você ler o artigo de Bobbie Powers na íntegra, clique aqui:  Use this Simple   Technique to Get More Out of Every Book You Read

 





O que a leitura faz para você

20 06 2020

 

 

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Um artigo interessante no site francês Nos Pensées lembra o que acontece com o cérebro quando lemos.  Diante de uma cena bem descrita à medida que lemos, vamos construindo, com o vocabulário imagístico que já possuímos e auxiliado pela descrição no livro, um mundo nosso, paralelo.  O cérebro não distingue entre a experiência vivida e aquela que adquirimos através da leitura. Por isso nos enriquece. Adquirimos experiências além daquelas que vivemos. Ou seja, ler é viver.  Não é muito diferente de quando vemos um filme.  Mas é conhecimento mais profundo, íntimo, que afeta e modifica o cérebro.

O que acontece com um personagem é espelhado no nosso cérebro. Vivenciamos aquilo por que os personagens passam. A leitura ativa a imaginação, modificando o cérebro nos mesmos locais que seriam ativados caso fôssemos nós, na vida real, a passar pelo que os personagens passam. Com isso aumentamos também a nossa capacidade de entender as pessoas e a nossa empatia.

 





Para lembrar do que leu

25 01 2020

 

 

 

Chalme, Marc (França.1969-...) Le livre bleuO livro azul

Marc Chalmé (França, 1969)

óleo sobre tela

 

Um artigo interessante em Medium, de Emily Underwood, expõe o que ajuda a memória quando queremos nos lembrar do que lemos.

Não há novidades.  Mas fiquei surpresa de saber que ler na tela eletrônica não oferece vantagem na memorização do que lemos.  Ao contrário a tendência é passarmos os olhos sobre o texto.

O que nos faz memorizar é a leitura ativa:  tomar notas, fazer um desenho, uma linha do tempo, falar com um amigos sobre o que leu.  O que importa é fazer conexões mentais do lido com sua experiência de vida.   Conectar o que se lê com aquilo que já conhecemos.

O bom leitor vai além.  Vai além da emoções e da perspectiva sobre o que leu.  O objetivo  de ler não deve ser a memorização, mas a reflexão sobre o que se lê e a visão que se adquire com aquilo que foi lido.





Preste atenção!

19 07 2018

 

 

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Ler, ler, ler: texto de Peter Buwalda

5 04 2016

 

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Anthony Stewart (EUA, contemporâneo)

 

 

“Era como no tempo em que estudava holandês, com a diferença de que o maldito Kapellekensbaan lhe tomara três semanas para ler e Giant Steps apenas trinta e sete minutos e três segundos para ser escutado.  Os livros haviam dominado a primeira metade da década de 90 em sua vida, lia como um maníaco, até tarde da noite, em pontos de ônibus e salas de espera, nas noites de insônia: passando de um título ao seguinte, dissecando as obras, cinco anos para reparar o humilhante fiasco em Utrecht…”

 

Em: Bonita Avenue, Peter Buwalda, Rio de Janeiro, Objetiva [Alfaguara], 2016, tradução Cássio de Arantes Leite, p. 27

 

 

NOTAS:

Kapellekensbaan [A estrada da capela] é um livro de Louis Paul Boon, publicado em 1953, que foi um acontecimento literário de peso, por causa de suas diversas linhas narrativas.  Um clássico da literatura holandesa.

Giant Steps é um álbum de jazz de 1960, de John Coltrane e Kenny Barrel.





Ao pé da letra, um grupo irmão, uma consequência do Papalivros

28 03 2016

 

Trude Waehner (Áustria, 1900-1979), Margret Grump,ost,61 x 50 cmMargret Grump

Trude Waehner (Áustria, 1900-1979)

óleo sobre tela, 61 x 50 cm

 

 

Ontem foi o dia do primeiro encontro do novo grupo de leituras chamado Ao pé da letra.  Este grupo, que já começa lotado e com fila de espera, é resultado direto do Papalivros, que em abril deste ano completa 13 anos de atividade ininterrupta, ou seja 156 livros lidos.

Por causa da página do Papalivros neste blog sempre tivemos uma fila de espera.  Mas ultimamente a fila de espera estava muito longa com mais de 55 pessoas, só aqui no Rio de Janeiro.  Assim resolvi ver se consigo, e acho que conseguirei, orquestrar mais um grupo.

Como aconteceu no primeiro grupo, este começa com membros de ambos os sexos, com pessoas dos mais variados caminhos que têm o amor à leitura e que gostariam de discutir, conversar, expressar suas opiniões a respeito daquilo que leem, enquanto forjam novas amizades, novos conhecimentos.

Começamos com um número maior do que o previsto para um bom desenrolar das funções, porque a experiência diz que muitos imaginam ter mais tempo do que de fato dispõem. Manter a leitura de um livro por mês pode ser mais difícil do que se imagina.

Ao pé da letra, assim como Papalivros, terá uma página neste blog.  Mantivemos no grupo quase tudo que deu certo no outro grupo. A frequência dos encontros, a localização, o tipo de discussão, a maneira de avisar, o horário.  Mas sobretudo a vontade de conexão com o outro.

A seleção de livros é democrática, com sugestões vindas dos membros.  Assim como a definição dos estilos de leitura.  Enquanto o Papalivros se concentra exclusivamente em literatura contemporânea,  o Ao pé da letra abrirá os horizontes para incluir biografias, história e outros estilos.

A primeira leitura foi Um homem chamado Ove, de Fredrick Backman, estipulado pelo Papalivros.  A segunda, a de abril é Infiel, de Ayaan Hirsi Ali.

Você poderá acompanhar os títulos escolhidos pelo grupo através da página neste blog.

Parabéns a todos os participantes.  Foi um prazer — verdadeiro — conhecê-los ontem.  Boa sorte e boas leituras.  Que este grupo tenha tanto sucesso quanto seu irmão mais velho.





Qual é o valor da leitura literária?

6 02 2013

Christophe Vacher ( França) Estudo noturnoEstudo noturno, s/d

Christophe Vacher (França, 1966)

aquarela sobre papel, 23 x 34 cm

www.vacher.com

Uma questão antiga: qual é o valor da literatura para quem a lê?  O que ela faz?  Por que motivo devemos ler romances?  Essas perguntas voltam a ser debatidas no livro How Literature Saved My Life [Como a literatura salvou a minha vida] de David Shields, recentemente resenhado por André Alexis para o The Globe & Mail.  A pergunta central do livro de Davis Shields parece ser: o que acontece conosco quando lemos?  E a tentativa de responder a essa pergunta  uma, duas ou múltiplas vezes, produz a coletânea de pequenos ensaios esmiuçando o papel da literatura na vida do leitor.

André Alexis nota que o livro de Shields  começa com a frase: “Toda crítica é uma forma de autobiografia”, [“All criticism is a form of autobiography.”]. Concordo.  E isso me levou não só a ler o resto da resenha, como a colocar o livro de David Shields na minha lista de desejados.

Mas achei também interessante outras afirmações que aparecem no livro:

A literatura nos permite adquirir uma perspectiva sobre aspectos daquilo que é mais assustador no ser humano.

● A literatura mantem tudo — o que pensamos, queremos, sonhamos, tudo o que amedronta — no ar, em equilíbrio.

Essas questões me levaram a procurar entre minhas anotações, afirmações que ajudam a definir o papel que a literatura tem para o leitor.

Acho bastante pertinente e contemporânea a visão do professor de literatura Santi Tafarella, que no blog Prometheus Unbound, afirma que o que a literatura nos traz de importante:

● Des-familiarização e a linguagem carregada são duas das coisas que encontramos na literatura. [Defamiliarization and charged language: these are two of the things we go to literature for]. Desfamiliarização é a procura e o achado daquilo que não nos é conhecido.  Ou seja, travamos um diálogo com um mundo desconhecido. E linguagem carregada, é aquela em que cada palavra pode ter além dos valores tradicionais e convencionais, aqueles emotivos em que o contexto e as variações trazem nuances ao entendimento que nos enriquecem.

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Sem título

Marina V. Chulovich (Rússia, 1956)

óleo sobre tela

Por outro lado a crença de que a literatura preserva os ideais do ser humano tais como amor, fé, liberdade parece ser generalizado e um conceito que alguns imaginam voltar até o período grego.

O autor inglês C. S. Lewis, é citado como tendo dito que,

● A literatura soma à realidade, não a descreve simplesmente.  Ela enriquece a vida cotidiana e a alimenta; e sobre esse aspecto, ela irriga os desertos em que nossas vidas se transformaram.

E se não me engano Horácio na Arte Poética, diz que:

a literatura une o útil ao agradável: deleita e instrui ao mesmo tempo.

Há muitas maneiras de se ver como e porque devemos dedicar nosso tempo à literatura. Cada um tem uma opinião, cada época vê o papel da literatura na vida do homem de uma maneira diferente.

Você tem uma opinião?  Gostaria de dizer por que a literatura é importante para você?  Que papel ela tem na sua vida?  E que papel ela tem na vida de todos?





O que a leitura pode fazer por você

30 01 2012

Huguinho e Zezinho descobrem a solução de um problema por dedução, ilustração Walt Disney.

Bastam 15 minutos por dia mergulhado nos livros para você se dar melhor nos estudos e na vida.

O que a leitura pode fazer por você:


1 – Solta a imaginação.
2 – Estimula a criatividade.
3 – Aumenta o seu vocabulário.
4 – Facilita a escrita.
5 – Simplifica a compreensão das coisas.
6 – Ajuda na vida profissional.
7 – Melhora a comunicação com os outros.
8 – Amplia o seu conhecimento geral.
9 – Liga seu senso crítico na tomada.

Fonte: Educar para crescer





Imagem de leitura — Aldemir Martins

2 02 2011

 

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Menina lendo, 1978

Aldemir Martins ( Brasil, 1922-2006)

acrílica sobre tela, 90 x 116 cm

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Aldemir Martins (Ingazeiras CE 1922 – São Paulo SP 2006). Pintor, gravador, desenhista, ilustrador. Em 1941, participa da criação do Centro Cultural de Belas Artes, em Fortaleza, com Antonio Bandeira, Raimundo Cela, Inimá de Paula e Mário Baratta, um espaço para exposições permanentes e cursos de arte. Três anos depois, a instituição passa a chamar-se Sociedade Cearense de Artes Plásticas – SCAP. Aldemir Martins produz desenhos, xilogravuras, aquarelas e pinturas. Atua também como ilustrador na imprensa cearense. Em 1945, viaja para o Rio de Janeiro, e, menos de um ano depois, muda-se para São Paulo, onde realiza sua primeira individual e retoma a carreira de ilustrador. Entre 1949 e 1951, freqüenta os cursos do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp e torna-se monitor da instituição. Estuda história da arte com Pietro Maria Bardi e gravura com Poty Lazzarotto. Em 1959, recebe o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna e permanece por dois anos na Itália. Desde o início da carreira sua produção é figurativa, e o artista emprega um repertório formal constantemente retomado: aves, sobretudo os galos; cangaceiros, inspirados nas figuras de cerâmica popular; gatos, realizados com linhas sinuosas; e ainda flores e frutas. Nas pinturas emprega cores intensas e contrastantes.

Biografia: Escritório de Arte





Imagem de leitura — Alexander Oscar Levy

22 10 2010

Hora do jantar, s/d

Alexander Oscar Levy (EUA, 1881-1947)

óleo sobre tela 122 x 122 cm

Coleção Particular

Alexander Oscar Levy  (EUA, 1881-1947):   Pintor, Ilustrador, artista gráfico e designer de livros.  Nasceu na Alemanha e imigrou para os Estados Unidos em 1884.  Estudou no Academia de Arte de Cincinnati de 1894 a 1900 e  na Escola de Artes Aplicadas de Nova York de 1902 a 1903 sob a direção de  Ossip Linde, William Merritt Chase e Robert Henri.   Foi membro da Buffalo Society for Sanity in Art e expos nos Salões da América, Pennsylvania Academy of Fine Art, Albright Art Gallery.