Histórias do Saci — poema infantil de Marieta Leite

27 02 2009

saci

Ilustração de Maurício de Sousa

HISTÓRIAS  DO SACI

 

                                              Marieta Leite

 

 

A criançada foi dormir

pensando nas histórias

do saci-pererê.

 

 

Lá fora,

fria, farfalha a floresta densa

e o vento zune

nos túneis estreitos das montanhas

imensas

  paradas 

vestidas da luz assombrada

que esguicha a lua fantasma.

 

 

E o saci-pererê

  pererê …  pererê! …

balança o corpinho negro

enrodilhado no cipós.

E espia p’ra o alto

e manda p’ra lua

um assovio fino

que zune mais que o vento

e farfalha mais que o mato

  Pererê …  pererê! …

 

 

Mas quando a madrugada foi chegando,

empurrando

com seus dedos de luz

o capuz de cetim

da noite enluarada,

e a manhã,

trepada na montanha mais alta,

sorriu

seu sorriso de sol

a criançada foi espiar a janela

que tinha amanhecido toda aberta

 escancarada  

Sem que ninguém soubesse como nem por quê.

 

 

Mas …  ah!

O galho fresco de árvore,

lascado de novo,

que em cima dele se achava,

com certeza

tinha servido de chicote

ao saci-pererê.

 

 

Mas só a tia Josefa é que sabia,

que fora o vento,

que cobrira de pétalas o chão.

E que o galho fresco de árvore

lascado de novo,

tinha sido um pedaço de chicote

do filho de Siá Maria

que ela vira,

ao abrir a janela,

madrugadinha ainda,

fustigar, em demanda do pasto,

seu cavalo alazão.

 

 

Em:  Terra Bandeirante de Theobaldo Miranda Santos, para o 3° ano primário,  Rio de Janeiro, Agir: 1954.

 

——

VOCABULÁRIO

 

Farfalha – faz ruído sob a ação do vento

 

Densa  cerrada

 

Lua fantasma – lua que mete medo

 

Túneis – passagens ou caminhos debaixo da terra

 

Escancarada – aberta completamente

 

Fustigar – bater com vara ou com chicote

 

Em demanda – em busca, à procura

 

Alazão  cor de canela

 

———–

 

Questionário:

 

1 – Que foi fazer a criançada?

 

2 – Que fazem, lá fora, a floresta e o vento?

 

3 – E o saci-pererê?

 

4 – Que fez a criançada quando chegou a madrugada?

 

5 – Para que serviu o galho de árvore lascado?

 

6 – Que sabia a tia Josefa?





O engenho do ovo… poesia infantil de Wilson W Rodrigues

22 10 2008
Engenho de açúcar, MEC

Engenho de açúcar, MEC

 

O Engenho do Ovo…

 

                        Wilson W Rodrigues

 

A madrinha era pobre,

tão pobre, que no batizado,

um ovo bem pequenino

deu de presente ao afilhado.

 

Do ovo nasceu uma pintinha,

que de pinta se fez franga,

e de franga se fez galinha

com olhinhos de sapiranga.

 

A galinha deu ninhada,

que encheu o galinheiro,

e vendendo essa ninhada

o rapaz ganhou dinheiro.

 

Com o dinheiro comprou um porco,

que matou para vender;

então comprou uma bezerra

que como ele estava a crescer.

 

A bezerra se fez vaca

e no rapaz a barba cresceu.

A vaca deu tanto filho,

que o rapaz enriqueceu.

 

E agora já bem taludo

dono de grande criação,

o rapaz comprou Engenho

como era sua ambição.

 

De um ovo de batizado,

dado com todo empenho,

um felizardo afilhado

acabou senhor de engenho.

 

Wilson R. Rodrigues

 

Vocabulário:

 

Olhos de sapiranga – olhos sem pestanas

Nunhada – todos os pintos que nascem de uma vez

Taludo – crescido, forte

Ambição – desejo

Empenho – boa vontade

Senhor – dono

 

Em:

 

Leituras Infantis, 2° livro, Theobaldo Miranda Santos, Agir:1962, Rio de Janeiro

 

Wilson Woodrow Rodrigues, nasceu em 1916 em Salvador, BA.  Foi poeta, folclorista e jornalista.

 

 

Obras:

 

A caveirinha do preá,  Arca ed.: s/d, Rio de Janeiro

Desnovelando, Arca ed., s/d, Rio de Janeiro

O galo da campina, Arca ed,: s/d, Rio de Janeiro

O pintainho, Arca ed.: s/d, Rio de Janeiro

Por que a onça ficou pintada, Arca ed:s/d, Rio de Janeiro

A rãzinha, Arca ed:s/d, Rio de Janeiro

Três potes, Arca ed:s/d, Rio de Janeiro

O bicho-folha, Arca ed:s/d, Rio de Janeiro

A carapuça vermelha, Arca ed:s/d, Rio de Janeiro

Bahia flor, 1948 (poesias)

Folclore Coreográfico do Brasil, 1953

Contos, s/d

Contos do Rei-sol, s/d

Contos dos caminhos, s/d

Pai João, 1952

 





Céu fluminense, poema para a 3a série, Alberto de Oliveira

24 09 2008
Ilustração Mauricio de Sousa

Ilustração Maurício de Sousa

 

 

Céu fluminense

 

Alberto de Oliveira

 

Chamas-me a ver os céus de outros países,

Também claros, azuis ou de ígneas cores,

Mas não violentos, não abrasadores

Como este, bárbaro e implacável – dizes.

 

O céu que ofendes e de que maldizes,

Basta-me no entanto; amo-o com os seus fulgores,

Amam-no poetas, amam-no pintores,

Os que vivem do sonho, e os infelizes.

 

Desde a infância, as mãos postas, ajoelhado,

Rezando ao pé de minha mãe, que o vejo.

Segue-me sempre… E ora da vida ao fim,

 

Em vindo o último sono, é o meu desejo

Tê-lo sereno assim, todo estrelado,

Ou todo sol, aberto sobre mim.

 

 

 

VOCABULÁRIO para a terceira série primária:

 

Ígneas – cor de fogo

Bárbaro – primitivo, selvagem

Implacável – violento, rude

Fulgores – brilho, cintilações

 

Do livro:

 

Vamos Estudar? Theobaldo Miranda Santos, 3ª série primária, edição especial para o Estado do Rio de Janeiro, 9ª edição, Rio de Janeiro, Agir: 1957.

 

Alberto de Oliveira, pseudônimo de Antônio Mariano de Oliveira (RJ 1857 —  RJ 1937), poeta, professor, farmacêutico, Secretário Estadual de Educação, Membro Honorário da Academia de Ciências de Lisboa e Imortal Fundador da Academia Brasileira de Letras.  Em 1924 foi eleito, em pleno Modernismo, o “Príncipe dos Poetas Brasileiros” ocupando o lugar deixado por Olavo Bilac.

 

Obras:

 

Canções Românticas. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1878.

Meridionais. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1884.

Sonetos e Poemas. Rio de Janeiro: Moreira Maximino, 1885.

Relatório do Diretor da Instrução do Estado do Rio de Janeiro: Assembléia Legislativa, 1893.

Versos e Rimas. Rio de Janeiro: Etoile du Sud, 1895.

Relatório do Diretor Geral da Instrução Pública: Secretaria dos Negócios do Interior, 1895.

Poesias (edição definitiva). Rio de Janeiro: Garnier, 1900.

Poesias, 2ª série. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.

Páginas de Ouro da Poesia Brasileira. Rio de Janeiro: Garnier, 1911.

Poesias, 1ª série (edição melhorada). Rio de Janeiro: Garnier, 1912.

Poesias, 2ª série (segunda edição). Rio de Janeiro: Garnier, 1912.

Poesias, 3ª série Rio de Janeiro: F. Alves, 1913.

Céu, Terra e Mar. Rio de Janeiro: F. Alves, 1914.

O Culto da Forma na Poesia Brasileira. São Paulo: Levi, 1916.

Ramo de Árvore. Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, 1922.

Poesias, 4ª série. Rio de Janeiro: F. Alves, 1927.

Os Cem Melhores Sonetos Brasileiros. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1932.

Poesias Escolhidas. Rio de Janeiro: Civ. Bras. 1933.

Póstuma. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1944.





MINHA TERRA, poesia para 3a série, Semana da Pátria

5 09 2008

 

Índio brasileiro.

Índio brasileiro.

 

MINHA TERRA

 

 

D. Aquino Correia

 

 

Minha terra é Pindorama

de palmares sempre em flor:

quem os viu e não os ama,

não tem alma nem amor.

 

Santa Cruz é minha terra,

terra santa cá do sul:

seu pendão a cruz encerra,

tem a cruz no céu azul.

 

Deus num último batismo

meu país Brasil chamou;

se me abrasa o patriotismo,

brasileiro então eu sou.

 

Eis os nomes que assinalam

minha terra sempre em flor:

são três nomes que me falam

de beleza, fé e amor.

 

Pindorama!  és meu encanto!

Santa Cruz!  és minha fé!

O’ Brasil!  Eu te amo tanto,

que por ti morrera até.

 

 

VOCABULÁRIO:

 

Pindorama – terra das palmeiras, nome dado ao Brasil pelos índios.

 

♦♦♦♦♦♦

 

 

D. Francisco Aquino Correia ( Cuiabá, MT 1885 – São Paulo – 1956)  arcebispo de Cuiabá.

 

 

Do livro:

 

Vamos estudar?: 3a série primária, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro,  Agir: 1961. 12a edição. [Edição especial para os Estados de Goiás e Mato Grosso].

 

 





Terra Natal — poema para 3a série — D. Aquino Correia

18 08 2008

Menino Índio de Mato Grosso.  Foto de MARC FERREZ, 1896.

 

Menino Índio de Mato Grosso. Foto de MARC FERREZ, 1896.

Terra Natal

 

                                    D. Francisco Aquino Correia

 

 

Nasci à beira

Da água ligeira,

Sou paiaguá!

De Sul a Norte,

Tribo mais forte

Que nós não há.

 

Nas mansas águas,

Vive sem mágoas

O paiaguá;

O seu recreio,

O seu enleio

No rio está.

 

Nele me afundo,

Nado no fundo,

Surjo acolá;

E nem há peixe,

Que atrás me deixe,

Sou paiaguá!

 

Se faz soalheira,

Durmo-lhe à beira,

Ao pé do ingá;

Mas se refresca,

Lá vai à pesca

O paiaguá!

 

E quando guio,

À flor do rio,

A minha ubá,

Nem flecha voa,

Como  a canoa

Do paiaguá!

 

Um  dia os brancos,

Dentre os barrancos,

Surgem de lá;

Mas, em  momentos,

Viram quinhentos

Arcos de cá.

 

Na luta ingente,

Que eternamente

Retumbará,

Fez quatrocentas

Mortes cruentas

O paiaguá.

 

Não!  O emboaba,

Em nossa taba,

Não reinará!

Nós coalharemos

A água de remos,

Sou paiaguá!

 

Nas finas proas

Destas canoas,

Triunfará,

Por todo o rio,

O poderio

Do paiaguá!

 

Nasci à beira

Da água ligeira,

Sou paiaguá!

De Sul a Norte,

Tribo mais forte

Que nós não há!

 

 

D. Francisco Aquino Correia ( Cuiabá, MT 1885 – São Paulo – 1956)  arcebispo de Cuiabá.

 

 

Do livro:

 

Vamos estudar?: 3a série primária, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro,  Agir: 1961. 12a edição.





Os estados dos corpos — Poema infantil de Dulce Carneiro

10 08 2008

 

Os estados dos Corpos

 

Aprendi hoje na escola

(E confesso: achei custoso!)

Que os corpos têm três estados:

Sólido, líquido e gasoso.

 

Mas tanta atenção prestei,

Que compreendi num instante:

Sólido tem forma própria

E tem volume constante.

 

                   São sólidos o brilhante,

                   O ferro, o cobre, o carvão,

                   A madeira, o vidro, a argila,

                   O papel e o papelão…

 

                   Que o líquido toma a forma

Da vasilha que o contém

                   Compreendi, sem muito esforço,

                   E fiquei sabendo bem!

 

São líquidos, a cerveja,

O vinho, o vinagre, o azeite,

O licor, a limonada,

A tinta, a garapa, o leite…

 

Para aprender gasoso?

Franqueza: custei bastante!

Ele não tem forma própria

E nem volume constante.

 

                   São gasosos a fumaça,

                   O vento, as nuvens, o ar,

                   E o vapor d’água que faz

                   A locomotiva andar…

 

                   Quanto o saber nos eleva!

                   Quanto o saber nos dá gozo!

                   Os corpos têm três estados:

                   Sólido, líquido e gasoso.

 

Dulce Carneiro

 

 

 

Dulce Carneiro (SP 1870- SP 1942)  Poeta e professora.

 

Obras:

 

Folhas

Lições Rimadas

Revoada

 

Encontrado em:

 

Criança Brasileira: segundo livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1950.





Borba Gato e os diamantes, poema de Cassiano Ricardo

7 08 2008
Charles Landseer (Inglaterra 1799-1879) Tropeiro Paulista, 1827, ost,

Charles Landseer (Inglaterra 1799-1879) Tropeiro Paulista, 1827, ost

 

Borba gato e os Diamantes

 

“Eu vou buscar diamantes”.

Foi quanto disse e já montou no rio

pôs mantimentos na garupa

levou o bugre pela frente

atrás do bugre o mameluco.

 

Montou no rio, então o rio

Logo desceu da cabeceira…

foi resmungando mas desenrolando

o corpo azul numa porção de voltas

mato a dentro à semelhança de uma

cobra muito grande que roncasse

e que passasse sacudindo

o rabo da cachoeira.

 

E levou na cacunda

em redemoinhos de água barafunda

uma porção de gente

armada de trabuco.

Formaram-se de pronto

alas de jacarés abrindo

a todo instante

a bocarra vermelha

no escurão do tijuco.

“Eu vou buscar diamantes”.

E armou seu barracão de couro

a quatrocentas léguas da partida.

 

Tudo correu, tudo saiu gritando!

Só porque um homem

chamado Borba Gato

armado de trabuco

entrou no mato…

 

 

Cassiano Ricardo

 

 

Do livro:  Terra Bandeirante: a história, as lendas e as tradições do Estado de São Paulo, para a 3ª série do curso primário, de Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir:1954

 

 

Cassiano Ricardo Leite (SP 1895 – RJ 1974), jornalista, poeta e ensaísta;

 

Obras

 

 

Dentro da noite (1915)

A flauta de Pã (1917)

Jardim das Hespérides (1920)

A mentirosa de olhos verdes (1924)

Vamos caçar papagaios (1926)

Borrões de verde e amarelo (1927)

Martim Cererê (1928 )

Deixa estar, jacaré (1931)

Canções da minha ternura (1930)

Marcha para Oeste (1940)

O sangue das horas (1943)

Um dia depois do outro (1947)

Poemas murais (1950)

A face perdida (1950)

O arranha-céu de vidro (1956)

João Torto e a fábula (1956)

Poesias completas (1957)

Montanha russa (1960)

A difícil manhã (1960)

Jeremias sem-chorar (1964)

Os sobrebiventes (1971)





Paisagem do sertão, de Luis Delfino, poesia infantil

29 07 2008
Cena de interior, 1891; Armando Vianna (Brasil 1897-1992) aquarela

Cena de interior, 1981; Armando Vianna (Brasil 1897-1992) aquarela

 

 

PAISAGEM DO SERTÃO

 

Pelo sapê furado da palhoça

Milhões de astros agarram-se luzindo;

O pai há muito madrugou na roça.

A mãe prepara o almoço.  O dia é lindo.

 

Canta a cigarra; o porco cheira; engrossa

O fumo dos tições; anda zunindo

À porta um marimbondo e fazem troça

As crianças com um ramo o perseguindo.

 

Correm, chilram, vozeiam, tropeçando

Num velho pote; a mãe zangada ralha,

A avó lhes lança um olhar inquieta e brando.

 

No chão, um galo ajunta o milho e espalha,

Enquanto a um canto, as plumas arrufando,

Põe a galinha no jacá de palha.

 

Luís Delfino

 

 

Do livro: Vamos estudar, de Theobaldo Miranda Santos, 3ª série; Agir: 1952, Rio de Janeiro.

 

 

Luís Delfino dos Santos (SC 1834 – RJ 1910)—Formado em medicina, tornou-se político e poeta brasileiro, foi Senador por Santa Catarina.  Prolífico poeta, escreveu mais de 5000 poemas.  Publicou-os em jornais e revistas da época.  Sua obra, em livros, foi toda publicada postumamente.

 

 





Minha terra — poesia de Lobo da Costa — para crianças

24 07 2008

 

O Gaúcho, José Lutz Seraph Lutzemberger, (Brasileiro [nascido na Alemanha] 1882-1951, aquarela

O Gaúcho, s.d.

José Lutz Seraph Lutzemberger

(Brasileiro 1882 – 1951)

Aquarela

MINHA TERRA

 

Lá, na minha terra, quando

O luar banha o potreiro,

Passa cantando o tropeiro,

Cantando, sempre cantando;

Depois, avista-se o bando

Do gado que muge, adiante;

E um cão ladra bem distante,

Lá, bem distante, na serra;

Nunca foste à minha terra?!

 

Enfrena, pois, teu cavalo,

Ferra a espora, alça o chicote

E caminha a trote, a trote,

Se não quiseres cansá-lo.

Ainda não canta o galo,

É tempo de viajares.

Deixarás estes lugares,

Iras vendo novas cenas

Sempre amenas, muito amenas.

 

O laranjal reverdece,

E ao disco argênteo da lua,

Logo os olhos te aparece

A estrela deserta e nua.

………………………………………………

 

Lobo da Costa

 

 

Francisco Lobo da Costa (Pelotas, RS 1853 — RS 1888 ) Poeta, jornalista e teatrólogo brasileiro.

 

A obra poética:

 

Esparsa nos jornais:  Eco do Sul, Diário de Pelotas e Progresso Literário.

Espinhos d’alma em (1872)

 

Poesias em edições póstumas:

 

 Dispersas

Auras do Sul.

 

 

 

Do livro:

 

Criança brasileira: terceiro livro de leitura, edição especial para o Rio Grande do Sul, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro.  [livro didático para a 3ª série do curso básico].

 





BASTOS TIGRE, poema infantil: Os Dentes

17 07 2008

 

OS DENTES

 

Devemos os nossos dentes

Zelar com o maior rigor.

Ser, com eles, negligentes,

Causa sempre dissabor.

 

            Deles tudo se remova

            Que os possa prejudicar,

            Limpando-os com água e escova

            Pela manhã e ao deitar.

 

E toda atenção é pouca

No cuidá-los muito bem.

Se entra a vida pela boca,

Entra a moléstia também.

 

            A cárie apenas começa?

            Não se dê parte de fraco:

Vá-se ao dentista depressa

Que sempre a cárie é um “buraco”.

 

Dos dentes mantendo o asseio

Podemos ficar contentes,

Pois quase não há receio

De chorar com dor de dentes.

 

 

 

Bastos Tigre

 

 

Manuel Bastos Tigre (PE 1882 – RJ 1957) — foi um bibliotecário, jornalista, poeta, compositor, humorista e destacado publicitário brasileiro.

 

Obras publicadas:

 

Saguão da Posteridade, 1902.

Versos Perversos, 1905.

O Maxixe, 1906.

Moinhos de Vento, 1913.

O Rapadura, 1915.

Grão de Bico, 1915.

Bolhas de Sabão, 1919.

Arlequim, 1922.

Fonte da Carioca, 1922.

Ver e Amar, 1922.

Penso, logo… eis isto, 1923.

A Ceia dos Coronéis, 1924.

Meu bebê, 1924.

Poemas da Primeira Infância, 1925.

Brinquedos de Natal, 1925.

Chantez Clair, 1926.

Zig-Zag, 1926.

Carnaval: poemas em louvor ao Momo, 1932.

Poesias Humorísticas, 1933.

Entardecer, 1935.

As Parábolas de Cristo, 1937.

Getúlio Vargas, 1937.

Uma Coisa e Outra, 1937.

Li-Vi-Ouvi, 1938.

Senhorita Vitamina, 1942.

Recitália, 1943.

Martins Fontes, 1943.

Aconteceu ou Podia ter Acontecido, 1944.

Cancionário, 1946.

Conceitos e Preceitos, 1946.

Musa Gaiata, 1949.

Sol de Inverno, 1955.

 

 

Do livro:

 

Criança Brasileira: segundo livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro.