Ilustração Maurício de Sousa
Céu fluminense
Alberto de Oliveira
Chamas-me a ver os céus de outros países,
Também claros, azuis ou de ígneas cores,
Mas não violentos, não abrasadores
Como este, bárbaro e implacável – dizes.
O céu que ofendes e de que maldizes,
Basta-me no entanto; amo-o com os seus fulgores,
Amam-no poetas, amam-no pintores,
Os que vivem do sonho, e os infelizes.
Desde a infância, as mãos postas, ajoelhado,
Rezando ao pé de minha mãe, que o vejo.
Segue-me sempre… E ora da vida ao fim,
Em vindo o último sono, é o meu desejo
Tê-lo sereno assim, todo estrelado,
Ou todo sol, aberto sobre mim.
VOCABULÁRIO para a terceira série primária:
Ígneas – cor de fogo
Bárbaro – primitivo, selvagem
Implacável – violento, rude
Fulgores – brilho, cintilações
Do livro:
Vamos Estudar? Theobaldo Miranda Santos, 3ª série primária, edição especial para o Estado do Rio de Janeiro, 9ª edição, Rio de Janeiro, Agir: 1957.
Alberto de Oliveira, pseudônimo de Antônio Mariano de Oliveira (RJ 1857 — RJ 1937), poeta, professor, farmacêutico, Secretário Estadual de Educação, Membro Honorário da Academia de Ciências de Lisboa e Imortal Fundador da Academia Brasileira de Letras. Em 1924 foi eleito, em pleno Modernismo, o “Príncipe dos Poetas Brasileiros” ocupando o lugar deixado por Olavo Bilac.
Obras:
Canções Românticas. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1878.
Meridionais. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1884.
Sonetos e Poemas. Rio de Janeiro: Moreira Maximino, 1885.
Relatório do Diretor da Instrução do Estado do Rio de Janeiro: Assembléia Legislativa, 1893.
Versos e Rimas. Rio de Janeiro: Etoile du Sud, 1895.
Relatório do Diretor Geral da Instrução Pública: Secretaria dos Negócios do Interior, 1895.
Poesias (edição definitiva). Rio de Janeiro: Garnier, 1900.
Poesias, 2ª série. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.
Páginas de Ouro da Poesia Brasileira. Rio de Janeiro: Garnier, 1911.
Poesias, 1ª série (edição melhorada). Rio de Janeiro: Garnier, 1912.
Poesias, 2ª série (segunda edição). Rio de Janeiro: Garnier, 1912.
Poesias, 3ª série Rio de Janeiro: F. Alves, 1913.
Céu, Terra e Mar. Rio de Janeiro: F. Alves, 1914.
O Culto da Forma na Poesia Brasileira. São Paulo: Levi, 1916.
Ramo de Árvore. Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, 1922.
Poesias, 4ª série. Rio de Janeiro: F. Alves, 1927.
Os Cem Melhores Sonetos Brasileiros. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1932.
Poesias Escolhidas. Rio de Janeiro: Civ. Bras. 1933.
Póstuma. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1944.