Ilustração Henry Clive.
Há celulares à farta,
i-phone, computador…
Mas nada se iguala à carta
para os recados de amor!
(A. A. de Assis)
Há celulares à farta,
i-phone, computador…
Mas nada se iguala à carta
para os recados de amor!
(A. A. de Assis)
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Bem cedinho o galo canta,
molhado ainda de orvalho.
A roça, ouvindo-o, levanta
e entoa um hino ao trabalho.
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(A. A. de Assis)
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Mauro Mota
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É a noite negra e é o galo rubro,
da madrugada o industrial.
É a noite negra sobre o mundo
e o galo rubro no quintal.
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A noite desce, o galo sobre,
plumas de fogo e de metal,
desfecha golpe sobre golpe
na treva unidimensional.
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Afia os esporões e o bico,
canta o seu canto auroreal.
O galo inflama-se e fabrica
a madrugada no quintal.
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Em: Antologia Poética, Mauro Mota, Editora Leitura: 1968, Rio de Janeiro
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Mauro Ramos da Mota e Albuquerque (Nazaré da Mata, 16 de agosto de 1911 — Recife, 22 de novembro de 1984) foi um jornalista, professor, poeta, cronista, ensaísta e memorialista brasileiro.
Obras:
Elegias (1952)
A tecelã (1956)
Os epitáfios (1959)
Capitão de Fandango (1960, crônica)
O galo e o cata-vento, (1962)
Canto ao meio (1964)
O Pátio vermelho: crônica de uma pensão de estudantes (1968, crônica)
Poemas inéditos (1970)
Itinerário (1975)
Pernambucânia ou cantos da comarca e da memória (1979)
Pernambucânia dois (1980)
Mauro Mota, poesia (2001)
Antologia poética, 1968
Antologia em verso e prosa, 1982.
PAISAGEM DO SERTÃO
Pelo sapê furado da palhoça
Milhões de astros agarram-se luzindo;
O pai há muito madrugou na roça.
A mãe prepara o almoço. O dia é lindo.
Canta a cigarra; o porco cheira; engrossa
O fumo dos tições; anda zunindo
À porta um marimbondo e fazem troça
As crianças com um ramo o perseguindo.
Correm, chilram, vozeiam, tropeçando
Num velho pote; a mãe zangada ralha,
A avó lhes lança um olhar inquieta e brando.
No chão, um galo ajunta o milho e espalha,
Enquanto a um canto, as plumas arrufando,
Põe a galinha no jacá de palha.
Luís Delfino
Do livro: Vamos estudar, de Theobaldo Miranda Santos, 3ª série; Agir: 1952, Rio de Janeiro.
Luís Delfino dos Santos (SC 1834 – RJ 1910)—Formado em medicina, tornou-se político e poeta brasileiro, foi Senador por Santa Catarina. Prolífico poeta, escreveu mais de 5000 poemas. Publicou-os em jornais e revistas da época. Sua obra, em livros, foi toda publicada postumamente.
MANHÃ NA ROÇA
O sol clareia o horizonte,
Canta o galo no poleiro,
Bala a ovelhinha no monte,
Piam pintos no terreiro.
A fazenda despertou,
Num ruído alvissareiro.
Na roça o sol já encontrou
O matutino roceiro.
Tudo então vibra e se agita,
Nos trabalhos da lavoura,
Enquanto a ave saltita,
Na ramagem que o sol doura.
A vaca chama o terneiro,
Que ainda dorme no curral!
Mais longe grunhem cevados,
Grasnam patos no quintal.
Eis a vida que desperta,
Para o penoso labor,
Que dará colheita certa
De lucro compensador.
Alda Pereira da Fonseca
Do livro:
Terra Bandeirante: a vida na cidade e na roça no Estado de São Paulo, 2° ano do curso básico, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1954, RJ
Alda Pereira da Fonseca (RJ, 1882 – ?) — Cientista carioca, especializou-se na área da botânica e representou o Ministério de Agricultura em várias comissões nacionais e também em viagem de estudos ao exterior. Além da área científica, Alda foi romancista, cronista, contista, poeta, novelista, roteirista, escritora de Literatura Infantil.
Lúcia de Lima, (RJ) – professora, arquiteta, pintora, artista plástica, trabalhando no Rio de Janeiro.
VOZES DOS ANIMAIS
Muge a vaca; berra o touro;
Grasna a rã; ruge o leão;
O gato mia; uiva o lobo;
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo;
Os elefantes dão urros;
A tímida ovelha bala;
Zurrar é próprio dos burros.
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem às vezes gorjeios
Às vezes põem-se a chilrar.
Bramam os tigres, as onças;
Pia, pia o pintinho;
Cucurica e canta o galo;
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros;
O cordeirinho, balidos;
O macaquinho dá guinchos;
A criancinha vagidos.
Pedro Diniz
Criança brasileira, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro