Chico Bento ouve o canto dos passarinhos © Maurício de Sousa
Trinam pássaros nos galhos,
a brisa é leve e sombria;
a aurora sobre os orvalhos,
abre as cortinas do dia.
(Manoel Cavalcante de Souza Castro)
Trinam pássaros nos galhos,
a brisa é leve e sombria;
a aurora sobre os orvalhos,
abre as cortinas do dia.
(Manoel Cavalcante de Souza Castro)
Salvar
Salvar
Da vida ao brando balanço
diz o malandro, folgado:
— Se a morte é mesmo descanso,
prefiro viver cansado.
(Maia D’Athayde)
Salvar
Pai querido, o imagino
com sua mão calejada,
lá no Infinito, um menino,
reflorindo a minha estrada! …
(Adelir Machado)
–
Em cada lição deixada
no saber que me forjou
meu pai, sem deixar-me nada
deixou-me tudo que sou.
–
(Valter Augusto Guimarães Rosa)
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PAISAGEM DO SERTÃO
Pelo sapê furado da palhoça
Milhões de astros agarram-se luzindo;
O pai há muito madrugou na roça.
A mãe prepara o almoço. O dia é lindo.
Canta a cigarra; o porco cheira; engrossa
O fumo dos tições; anda zunindo
À porta um marimbondo e fazem troça
As crianças com um ramo o perseguindo.
Correm, chilram, vozeiam, tropeçando
Num velho pote; a mãe zangada ralha,
A avó lhes lança um olhar inquieta e brando.
No chão, um galo ajunta o milho e espalha,
Enquanto a um canto, as plumas arrufando,
Põe a galinha no jacá de palha.
Luís Delfino
Do livro: Vamos estudar, de Theobaldo Miranda Santos, 3ª série; Agir: 1952, Rio de Janeiro.
Luís Delfino dos Santos (SC 1834 – RJ 1910)—Formado em medicina, tornou-se político e poeta brasileiro, foi Senador por Santa Catarina. Prolífico poeta, escreveu mais de 5000 poemas. Publicou-os em jornais e revistas da época. Sua obra, em livros, foi toda publicada postumamente.