Crepúsculo, soneto de Agnelo de Souza

6 05 2015

 

 

Night-Taos-Pueblo-by-Pedro-Joseph-de-LemosNoite, Pueblo Taos, 1921

Pedro Joseph de Lemos (EUA, 1882-1954)

pastel e carvão sobre papel tecido cinza

 

 

Crespúsculo

 

 

Agnelo de Souza

 

 

Hora crepuscular! Tarde. Agonia.

Dobres de sinos, murmurar de prece!

Luz benfazeja que desaparece,

Deixando na alma funda nostalgia.

 

Serenamente vai morrendo o dia

E o véu da noite sobre a terra desce!

É o véu sombrio que ela mesma tece

Para o noivado da melancolia!

 

Hora de tédio e de recolhimento,

Hora criada para o meu tormento,

Hora feita de prantos e gemidos!…

 

Dentro de ti e pela noite densa,

Passam gemendo, nessa mágoa imensa,

Sonhos desfeitos, corações partidos.

 

 

Em: Panorama da poesia norte-rio-grandense, Rômulo C. Wanderley, Rio de Janeiro, Edições do Val: 1965, p. 155.





Imagem de leitura — Joseph Plaskett

27 02 2015

 

 

Joseph Plaskett 7Homem lendo

Joseph Plaskett (Canadá, 1918-2014)

pastel sobre papel, 5o x 65 cm





Trova do meu bem

16 12 2014

 

Mulher, 1905,Stanislaw Wyspianski, esposa do pintor,pastel, 36x36Mulher, 1905

[esposa do pintor]

Stanislaw Wyspianski (Polônia, 1869-1907)

pastel sobre papel, 36 x 36 cm

 

 

Eu não explico a ninguém,

pois ainda não compreendi

porque te chamo meu bem

se sofro tanto por ti.

 

(Gilka Machado)





Como o homem perdeu a juventude eterna, lenda Africana

4 09 2014

 

 

emery-franklin, positive thinking, ost,Pensamento Positivo, 2010

Emery Franklin (EUA, contemporâneo)

óleo sobre tela

 

 

Como o homem perdeu a juventude eterna

 

O deus Rwan* havia decretado que o homem deveria mudar de pele como a cobra e virar jovem quando chegasse a uma idade avançada. “Mas ninguém do seu povo pode vê-lo quando você deixar a pele para trás, você precisa estar sozinho neste momento. E se seu filho ou neto o vir, naquele mesmo instante você morrerá e não será salvo de novo.

Quando o homem mais velho se tornou um ancião, soube que a hora havia chegado para trocar de pele, e mandou que sua neta lhe trouxesse água em uma cabaça, no fundo da qual ele havia feito muitos pequenos furos, para que ela se visse forçada a ficar bastante tempo longe dali. Mas, ela tapou os buracos, e retornou logo depois, surpreendendo-o no meio da troca de pele. Nesse momento ele gritou: “Eu morri, vocês todos morrerão, eu morri, vocês todos irão morrer. Isso porque você, minha neta, entrou aqui quando eu jogava fora a minha pele. Serei castigado, você também!”

Depois disso o povo levou a jovem para a floresta. Mais tarde ela se casou e teve filhos. Estes são os babuínos e os macacos, gorilas e os macacos Colobus; e os babuínos e seus semelhantes são por isso chamados “Povo da Floresta” ou “Filhos da maldição“.

*****

[Djaga, Kilimanjaro]

Djaga.8

 

* Também conhecido como Ruwa.

 

 

 

Em: African Myths and Tales, Susan Feldmann,  Nova York, Dell: 1970, p.120.

[Tradução minha]





Imagem de leitura — József Rippl-Rónai

15 04 2014

József Rippl-Rónai  (1861- 1927) Hungria Woman Dresses in White 1896 Mus Janus Pannonius

Mulher vestida de branco, 1896

József Rippl-Rónai (Hungria, 1861- 1927)

Pastel sobre cartão

Museu Janus Pannonius





Imagem de leitura — Annette Kagy

27 01 2014

Annette Kagy, harlequin-divasDivas do Harlequim [série de livros de romance], 2009

Annette Kagy (EUA, contemporânea)

Pastel sobre papel lixa, 56 x 72 cm





Quem tem “Medo de voar” com Erica Jong no dias de hoje?

6 10 2013

CRI_151186Aniversário, 1915

Marc Chagall (Rússia, 1887– França1985)

óleo sobre papelão , 81 x 100 cm

MOMA, Nova York

Foi com assombro que me lembrei hoje do livro de Erica Jong Fear of Flying [Medo de Voar — nos dias de hoje publicado no Brasil em formato bolso]. NPR [National Public Radio] nos Estados Unidos comemorou os quarenta anos da publicação desse livro que se tornou, quase imediatamente após sua publicação, um marco no movimento pela igualdade de direitos das mulheres.  Minha leitura desse romance, onde a heroína se dá ao direito de querer e gostar de ter uma vida sexual ativa, foi um tempinho depois da publicação. Eu estava na faculdade, nos Estados Unidos, quando o li e mesmo assim foi um livro de grande impacto.  Não era, nem pretendia ser, uma obra  de grande valor literário.  Mas foi marcante. Na época, eu morava em Baltimore e viajava todos os dias, ida e volta, de trem para College Park,  mais ou menos uma hora de viagem entre as cidades, para estudar na Universidade de Maryland.  Lembro-me de ler este livro nessas longas viagens de trem; e de que, encabulada com o realismo das cenas retratadas, encapei o volume com papel de presente, para não alardear o que eu lia.  A mente era pudica, mesmo que eu já fosse casada.  Na época eu era membro da NOW (National Organization for Women], totalmente engajada,  defendendo, o que considerava ser uma das maiores injustiças no mundo, um dos direitos femininos mais básicos, ainda não completamente satisfeito: a igualdade de salários entre os que fazem o mesmo trabalho.  Nunca voltei a ler Medo de voar.  Já sugeri sua leitura a algumas amigas. Tenho certeza de que se o relesse hoje perderia sua mágica, porque para tudo há o momento certo e revisitar o passado em geral desaponta.  Mas não podia deixar de marcar essa passagem assim como a própria NPR não pode deixar de fazê-lo.  É o retrato de uma época, de uma preocupação.  Um momento da história cultural.





Rodrigo Gurgel libera o Prêmio Jabuti e nos dá esperanças!

6 12 2012

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Ghislaine Gagna dans un jardim florentin

Em um jardim florentino, 2008

Ghislaine Gagna (França)

óleo e pastel sobre tela

80 x 100 cm

Ghislaine Gagna

Confesso que andei muito curiosa a respeito do crítico literário Rodrigo Gurgel.  Não o conhecia.  Só ouvi falar nele depois da controvérsia sobre sua participação na seleção do Prêmio Jabuti.  Depois disso, procurei por ele, passei no blog Rodrigo Gurgel algumas vezes, simpatizei bastante com suas opiniões.  No início desta semana, li a entrevista que ele deu a Márcia Abos, do jornal O GLOBO [ 3/12/2012] e me enfureci.  Não com Rodrigo Gurgel – esse sobrenome anda muito famoso hoje em dia e sempre do lado certo — mas com a arrogância das questões colocadas pela jornalista, inconformada com a diferença de opinião do crítico literário em comparação com a dos demais membros do juri.

As perguntas começaram  pedindo que ele enunciasse os critérios que usou para dar notas na segunda etapa do prêmio.   [É importante notar, no entanto, que a pergunta não foi feita aos  outros integrantes do júri].  E continuou:  “Mas você avaliou o romance de Ana Maria Machado”?  e depois,  em ordem, a entrevistadora pergunta: Você ao dar nota zero, definiu sozinho a categoria. Esperava que isso acontecesse?Decepcionou-se com “Infâmia”, de Ana Maria Machado; Fez uma espécie de leitura às cegas? E finalmente, a joia de toda a entrevista: Depois da polêmica, arrepende-se de suas notas?

Mas o que quer a jornalista Márcia Abos? Pelas perguntas  fica a sensação de que Ana Maria Machado já era considerada a vencedora,com o livro Infâmia,  mesmo antes dos votos terem sido contados.  Rodrigo Gurgel  foi, então,  o estraga-prazeres, um lunático, um jurado que não sabia o que fazia?   Mas por que?  Por que ele não gostou do livro de Ana Maria Machado? Por que não se submeteu à corrente que precisava premiar a autora?

Escritores têm bons e maus momentos.  Têm livros bons e ruins.  Será que Ana Maria Machado está acima desse patamar?  Por que a opinião de um crítico, conceituado o suficiente para fazer parte do júri do Jabuti, tem que concordar com a opinião dos outros?  Neste prêmio ninguém é para ser premiado pela obra passada.  E tampouco pela obra ainda não produzida.  O que teoricamente está em julgamento é aquele livro, específico.  Este ano eram Infâmia de Ana Maria Machado, Ninhonjin  e outros.  Mas nessa entrevista não houve a pergunta mais important de todas, ao entrevistar Rodrigo Gurgel:  Quais as características do romance de Oscar Nakasato,  Ninhonjin, que agradaram ao critico Rodrigo Gurgel, que levaram este escritor a ganhar o prêmio?  Mas esta pergunta, a única realmente válida nesse caso, não foi feita.  E ainda, Ninhonjin, o vencedor do prêmio, não foi mencionado durante a entrevista publicada, exceto na introdução da seguinte maneira:  “O crítico literário Rodrigo Gurgel, o polêmico jurado C da categoria romance do mais antigo e tradicional prêmio de literatura no Brasil, explica em entrevista ao GLOBO por que [sic] distribuiu notas zero para romances de autores consagrados, como Ana Maria Machado, e notas dez para obras de estreantes, como Oskar Nakamoto”.  Como assim?  O premiado não mereceu uma única menção?  Afinal o que teria esse livro para receber nota 10? E Rodrigo Gurgel polêmico? Por que não gostou de certos livros? Aos olhos de quem?

A entrevista acabou aí.  Acusatória.  Não deveria haver uma opinião divergente; o resultado eram favas contadas. Foi uma cobrança pública de um voto. Como se para ser jurado no Prêmio Jabuti  o crítico tivesse a obrigação não de votar no que acreditasse ser o melhor, mas no que outros imaginavam ser o romance que deveria ganhar. “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”, no mundo literário, nos prêmios, quando se espera que só certos autores, abençoados pelas igrejinhas, pelas coronéis editoriais, pela moldes políticos ou críticos da moda sejam os premiados.

O Prêmio Jabuti anda por demais nas manchetes dos jornais.  Recentemente sofreu grande pressão quando premiou Chico Buarque de Holanda.  Talvez, se mais críticos como o independente Rodrigo Gurgel fizessem parte do júri, o prêmio deixasse as manchetes de escândalo nos jornais para realmente abrir caminhos para uma verdadeira literatura brasileira, tão estagnada hoje pelos espartilhos das versões críticas da moda.





Ficção científica para jovens leitores, escolhida por quem escreve

16 06 2012

Ian e Moki, ilustração em pastel de Jan McDonald.

As férias estão chegando e começamos a pensar no que nossas crianças irão ler.  Uma das boas coisas nas férias é expandir horizontes, ler livros diferentes do que lemos durante o ano.  Trago a lista de livros para crianças desde as mais novas — o livro em décima colocação pode ser lido para uma criança —  assim como aquelas que já se aventuram no mundo dos adolescentes.  Tratamos aqui de ficção científica, com sugestões de leitura de Steve Cole escritor de livros de ficção científica para o público jovem que publicou no final verão inglês no  jornal The Guardian uma lista do que considera os dez melhores livros de aventuras no espaço.

A ficção de Steve Cole parece estar sempre um passo além do que se faz naquele momento.  Ele, por exemplo, foi o autor que colocou dinossauros no espaço, na série Astrossauros.  E suas observações sobre os melhores livros de ficção científica para jovens e muito jovens leitores são um reflexo contra o que ele considera uma grande dose de realidade que adulterou grande parte dos mundos imaginários do espaço.

Steve Cole acredita que a popularidade de conhecimentos científicos sólidos, por exemplo  sabermos que não há florestas na lua, que não há pequenos homens verdes em Marte, parece ter colocado uma camisa de força na imaginação daqueles que escrevem ficção científica, fazendo com que nos esqueçamos de que o universo é imenso e que há lugar para que os mundos mais estranhos possam ser imaginados.

Tendo essa perspectiva em mente ele  nomeou os livros que considera serem os melhores no momento.  [Vou listar aqui todos, tanto os que encontramos no Brasil, traduzidos,  assim como os que só encontramos em inglês, porque há, hoje, muitos leitores em inglês no Brasil, principalmente entre o público mais jovem.

1 – George e a caça ao tesouro cósmico, de Lucy e Stephen Hawking, no Brasil publicado pela Ediouro: 2010, com tradução de Laura Alves – 318 páginas.

2 — Doctor Who and the Daleks  de David Whitaker, em inglês, originalmente publicado em 1964, série de livros em que o seriado televisivo, de grande sucesso foi baseado.   As obras de David Whitaker estão sem tradução no Brasil.

3 – Uma dobra no tempo, de Madeleine L’Engle, no Brasil publicado pela Rocco:2011, com tradução de Sônia Coutinho – 264 páginas.

4 –  The Comic Strip History of Space de Sally Kindberg e Tracey Turner, sem tradução no Brasil.

5 — Kings of Space de Capt WE Johns, apesar de ter sido autor de mais de 169 livros, dos quais 96 são das aventuras de Biggles, não há uma única tradução no Brasil.

6 — Space, Black Holes and Stuff de Glenn Murphy.

7 – Rumo aos anéis de Saturno: ou a vingança das aranhas brancas! de Philip Reeve, no Brasil publicado pela Cia das Letras: 2009, tradução de Ricardo Gouveia – 296 páginas.

8 – O guia do mochileiro das galáxias, de Douglas Adams, no Brasil publicado pela Arqueiro: 2009, com tradução de Paulo Fernando Henriques Britto e Carlos Irineu da Costa — 208 páginas

9 – Além do planeta silencioso: trilogia cósmica, de C. S. Lewis, publicado no Brasil pela Martins Fontes: 2010, com tradução de Waldea Barcellos – 220 páginas

10 – Marcianos adoram cuecas, de Claire Freedman e Bem Cort, no Brasil publicado pela Globo: 2009, com tradução de Rosemarie Ziegelmaierl – 24 páginas.





Imagem de leitura — Rhoda Yanow

26 03 2011

 

Hora do chá, s/d

Rhoda Yanow (EUA< contemporânea)

Pastel

www.painting-palace.com

 Rhoda Yanow nasceu em Newark, New Jersey.  Estudou na Parsons School of Design e na  National Academy of Design. Hoje ensina na DuCret School of Art;  no Newark Museum e na  The Pastel Society of America School.  Recebeu em 2002 um prêmio da Community Art Association Award por seus trabalhos em pastel.  A partir daí seus prêmios são muito numerosos para serem listados neste parágrafo.  Sua maior preocupação é retratar a luminosidade em pastels enquanto retrata a vibração dos movimentos.  www.painting-palace.com