Poesia: uma da melhores formas de terapia

17 02 2020

 

 

 

Jeannette PERREAULT (Canadá, 1958)- Première tempête, rue Mont-Royal, osplaca,30 x 23 cmPrimeira tempestade, rua Mont-Royal

Jeannette Perreault (Canadá, 1958)

óleo sobre placa, 30 x 23 cm

 

Um interessante artigo em Medium, por Bijal A Shah, mostra como tanto escrever poesia, como ler poesia é uma ótima forma de terapia. Ler poesia, se você se identifica com os sentimentos expressados nos versos, pode atingir mais profundamente o leitor do que textos literários.  Poesias tendem a ser sucintas e carregadas de emoção. Ler poesia para desestressar tem sido muito eficiente para seus pacientes.

Tanto a escrita quanto a leitura de poesias têm grande efeito terapêutico.

O uso da poesia em terapia continua a crescer.  Mais e mais psicólogos na Grã-Bretanha e  Europa usam terapia poética como parte de sua prática.





Imagem de leitura — Solange Legendre

7 04 2019

 

 

 

 

solange legendreRetrato de Helena lendo

Solange Legendre (Canadá, 1929 — 2004)

Óleo sobre tela





Imagem de leitura — Emmanuel Garant

11 12 2018

 

 

Emmanuel Garant (Canada 1953) Souvenirchampetre_huile24x36, 2004Lembranças de um dia no campo, 2004

Emmanuel Garant (Canadá, 1953)

óleo sobre madeira,  24 x 36 cm





Resenha:”A vida peculiar de um carteiro solitário” de Denis Thériault

22 01 2018

 

 

 

480px-Vincent_van_Gogh_-_Portret_van_de_postbode_Joseph_RoulinO carteiro Joseph Roulin, 1888

Vincent van Gogh  (Holanda, 1853–1890)

óleo sobre tela,  81x 65

Museu de Belas Artes de Boston

 

 

 

A vida peculiar de um carteiro solitário, de Denis Thériault, traduzido por Daniela P. B. Dias, é um livro difícil de definir. Prosa e verso se misturam e formam um todo potente.  O enredo trata de um homem solitário, carteiro, com personalidade limítrofe ao autismo  que, para seu próprio divertimento, abre sistematicamente cartas que leva para casa, cartas vindas ou endereçadas a pessoas na sua rota.  Sua curiosidade inicial é a fascinação pela caligrafia que vê nos envelopes,  arte a qual se dedica.  Durante a execução destes pequenos crimes, levando as cartas para casa, abrindo-as com vapor, lendo-as e colocando-as de volta na rota original, apaixona-se simultaneamente por uma mulher que não conhece e pela poesia japonesa.

Com encanto, este pequeno romance trouxe-me memórias vívidas de duas obras: uma do cinema e outra da literatura.  Lembrei-me da comédia australiana Malcolm (1986), dirigido por Nadia Tessa e estrelado por Colin Friels, que trata de um homem com características de autismo cuja paixão por carros de controle remoto o leva a cometer um crime: as habilidades de Malcolm são usadas por uma quadrilha para assaltar um banco. Aqui também a personalidade limítrofe de Bilodo, um homem tão solitário e recluso quanto Malcolm, o leva a se envolver em crime, ainda que de sua própria vontade. Outra lembrança foi da peça de teatro Cyrano de Bergerac,  de Edmond de Rostand, que será  muito provavelmente conhecida de  Denis Thériault, canadense da província de Quebec, cuja língua materna é francês.  Nesse clássico da literatura francesa,  obra trágica, um poeta declama os versos de outro que se esconde da amada, por não se achar à altura da bela moça.  O versos são de sua autoria, mas quem os declama, a voz e a aparência são de outro homem. Há uma quase simetria com o que acontece com carteiro Bilodo, que toma o lugar do poeta Gaston Grandpre e escreve haicais em seu  nome para conquistar Ségolène, na distante Guadalupe, no Caribe.

 

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Em um livro tão pequeno é de surpreender as reviravoltas caracterizando uma linha narrativa complexa, que além da história de amor, explana claramente sobre poesia japonesa, do haicai ao enso, forma circular da poesia nipônica.  Thériault passa alguns conhecimentos da filosofia zen,  explora o uso  do kimono mágico e ainda produz para deleite do leitor uma coletânea de belos haicais.  Para minha surpresa, que sempre considerei haicai poesia quase enigmática, evanescente,  um punhado dos haicais apresentados no texto vêm repletos de forte sensualidade, claras imagens eróticas, que fazem paralelo interessante às conhecidas xilogravuras policromadas, Ukiyo-e, retratando o  mundo flutuante pelos tradicionais mestres japoneses.

 

5778747Denis Thériault

 

Com o uso de imagens surpreendentes, poucos e inesquecíveis personagens, esta história está localizada entre o mundo do sonho e a realidade. Traz um pouco de assombro ao leitor, do início ao fim. A trama, muito bem desenvolvida, ressalta a solidão de Bilodo, cujo único amigo é Bill, o peixe de aquário, seu animal de estimação.  A solidão forma cada um de seus pensamentos e ações.  Este é um homem que vive através da vida dos outros, no canto seguro de seu pequeno, previsível e metódico mundo. Há uma tênue conexão que o segura, que o mantém no dia a dia, agindo no mundo que conhecemos.  Ela é ancorada nas suas obsessões, na tenacidade e precisão com que enfrenta o que há de novo no mundo.  Bilodo é um homem que aprecia detalhes e encontra beleza não só no gesto de uma caligrafia bem feita mas nas regras precisas da poesia japonesa.  É a rigidez desses conceitos que o seguram no cotidiano.  E ele se esforça para superar suas limitações, reconhece a dificuldade de trazer aos seus pequenos poemas a mágica da poesia, mas quando o consegue, encontra finalmente seu destino cármico. Este livro é quase um poema-prosa, que se desdobra em múltiplos significados e ângulos cada vez que o examinamos.  Um prazer de leitura.

 

 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem qualquer incentivo para a promoção de livros.





Imagem de leitura — Pierre Lefebvre

8 06 2017

 

 

Pierre Lefebvre (Canadá, 1954), Mulher de branco, ospl, 100 x 80cmMulher de branco

Pierre Lefebvre (Canadá, 1954)

óleo sobre placa, 100 x 80 cm





Imagem de leitura — George Agnew Reid

7 05 2017

 

 

George Agnew Reid - In the Cellar Window,ost,1914, 76 x 101cm

Na janela do celeiro, 1914

George Agnew Reid (Canadá, 1860-1947)

óleo sobre tela, 76 x 101 cm





Eu, pintora: Jeanette Perreault

13 04 2017

Jeanette Perreault (Canadá, 1958)

Autorretrato no trabalho, 1988

Jeanette Perreault (Canadá, 1958)

óleo sobre tela, 45 x 60 cm

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Imagem de leitura — George Agnew Reid

27 03 2017

 

 

george Agnew reid (canada,1860 -1947) Fruto proibido, 1889, ost,Fruto Proibido

George Agnew Reid (Canadá, 1860-1947)

óleo sobre tela

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Resenha: “A terra inteira e o céu infinito de Ruth Ozeki

16 01 2017

 

b9876b10d38dd5ed69d799c92718cd75Autoria desconhecida.

Os dois elementos mencionados no título brasileiro do livro de Ruth Ozeki A Terra Inteira e o Céu Infinito formam um todo, uma unidade, um ser-tempo, pleno, indivisível. E foi justamente com o sentido de plenitude, de preenchimento emocional que acabei de ler um dos mais ricos livros de ficção (o quanto é ficção é debatível) dos últimos anos.  Ao fechar a última página, ao ler os apêndices, me dei conta de querer reler o livro, assim que for possível, pela certeza de que mesmo na releitura ainda não terei digerido tudo o que foi abordado nessas quatrocentas e tantas páginas.

Esta é uma obra complexa demais para caber nos poucos parágrafos de uma resenha. Extremamente atual, de fácil leitura, o livro de Ruth Ozeki nos leva a considerar assuntos sérios que ponteiam o horizonte cotidiano de todos nós e que raramente paramos para considerar em maior detalhe. Temos através dessa história de duas mulheres: uma jovem adolescente e uma mulher madura, que se encontram através do tempo, noções de zen-budismo, física quântica, meio ambiente, tsunami, lixo oceânico, bullying, doença mental, suicídio, Segunda Guerra Mundial,  relativismo da história, escolhas éticas e morais e um tanto de fantasia.  Tudo isso numa obra que consegue manter unidade integral, única, aberta, consistente e estética.

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Com essa variedade temática espera-se uma espécie de colcha de retalhos.  Mas isso não acontece.  Ruth Ozeki controla muito bem o texto e seu ritmo.  Ainda que não produza uma obra de suspense, eu me vi virando página após página, magnetizada pelo desenrolar da quase não-trama. Que feito!

A história é contada por duas vozes distintas: Ruth, uma mulher madura que vive numa ilha no Canadá e encontra um diário de uma jovem japonesa jogado ao mar. Resolve lê-lo. E nós lemos junto. Assim conhecemos Naoko a jovem japonesa que viveu nos EUA e voltou com sua família para o Japão onde sofreu todo tipo de preconceito e bullying. Não era suficientemente japonesa. Aos poucos sabemos dos problemas familiares, de seu pai, de seu tio avô e conhecemos sua bisavó, um dos personagens mais interessantes do livro que nos dá lições e lições de vida.

Mesmo que repleto de situações difíceis descritas em detalhe, ou talvez justamente porque são descritas em detalhe, consegui seguir em frente testemunha dos sofrimentos dos personagens, seguir seus passos, entender suas maneiras de pensar, quer pessoais quer culturais, e sair ao final estimulada, esperançada.

ozeki_ruthRuth Ozeki

Esta obra de ficção é repleta de informações factuais que se transformam diante dos nossos olhos em verdadeiras meditações. Dentre elas, quase imperceptível, está aquela do leitor criando sua obra na leitura do livro, como Proust, que tem um papel importante e interessante no livro, já havia notado [“todo leitor é leitor de si mesmo”].  Como acontece com Ruth ao ler o diário de Naoko. Há, de fato, tantas camadas de leitura entremeadas e possíveis que ao final do livro o desejo de reler é quase obrigatório. Com fortes personagens o leitor é levado pela mão a considerar postulados filosóficos diversos inclusive aqueles sobre o conceito de tempo, assim como considerações éticas em horas difíceis. Tudo isso num contexto contemporâneo que a pessoa comum não só entende mas sobre a qual é frequentemente convidada a opinar.

Há tempos não me encanto com uma obra de tal maneira.  Foi a primeira leitura de 2017 do meu grupo de leitura e todos os leitores se encantaram.  Recomendo com entusiasmo.

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Imagem de leitura — Anne C. Abgott

29 11 2016

 

 

anne-c-abgott-canada-going-topless-aquarela-sobre-papelTopless

Anne C. Abgott (Canadá, contemporânea)

Aquarela sobre papel