Ilustração Ben Swift, in The Daily Mail, Inglaterra.
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Na capa de trás de Tchick de Wolfgang Herrndorf, [Tordesilhas:2011] está impresso o comentário de Ijoma Mangold do Süddeutsche Zeitung, “Então está provado: dá para escrever histórias inteligentes e, ao mesmo tempo, muito engraçadas em alemão”. Exatamente o que pensei ao terminar a leitura dessa deliciosa aventura de dois meninos de quatorze anos em férias, no verão de 2010.
Wolfgang Herrndorf consegue captar exatamente como adolescentes pensam e em que tipo de aventuras conseguem se meter, nessa idade em que não se acham mais crianças, mas ainda não conhecem bem o mundo. Dá para entender porque este romance se tornou um best-seller na Alemanha, onde vendeu mais de 120.000 exemplares: é uma aventura pra lá de gostosa, que sabemos que vai acabar mal – na verdade o livro começa pela fim — de modo que sabemos desde o início que as aventuras desses dois meninos vão acabar na polícia; é narrada com um humor delicioso, contagiante e é repleto de personagens com boas qualidades, com boas intenções. No final é uma história que nos dá grande fé nos seres humanos, na sociedade e no futuro.
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Acompanhamos dois meninos que, depois de não terem sido convidados para a festa da gatíssima Tatjana, se encontram sozinhos. Mike Klingenberg e Tchick, colegas de escola, embarcam, então, numa série de aventuras, num carro “emprestado”, um velho e quase indestrutível Lada. Partem à procura de Valáquia [região sul da România], onde Tchick diz ter familiares. Mas sem mapas e sem meios seguros de navegação, parece difícil chegarem lá. É justamente o trajeto, a viagem, que se torna a própria aventura, e abre algumas janelas do mundo para ambos os adolescentes. Uma amizade inesperada se desenvolve entre esses dois rapazes que até o início das férias de verão não conseguiam se ver como amigos. Uma deliciosa série de aventuras, contadas com muito humor, sem pieguismos.
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Recomendo sem hesitação Tchick para jovens e adultos. Qualquer leitor terá garantidas muitas horas de prazer e entretenimento. E para os adultos esse texto trará de volta a lembrança de como pensa um jovem adolescente. Dois detalhes enriquecem esse volume: a excelente tradução de Cláudia Abeling, e a dinâmica capa de Kiko Farkas e Adriano Guarnieri/ Máquina Estúdio. Uma publicação esmerada que vale ouro!