–
–
Ilustração de Lisa Hutton, para a revista Better Homes & Gardens, de julho de 1929.
–
–
Primavera! Que beleza!
A campina toda em flor.
É como se a natureza
despertasse para o amor.
–
(Álvaro Teixiera Fº)
–
–
–
–
Primavera! Que beleza!
A campina toda em flor.
É como se a natureza
despertasse para o amor.
–
(Álvaro Teixiera Fº)
Amadeu usa o computador, ilustração de Walt Disney.—
—
Comecei este ano com uma surpresa gratificante, um email do portal WordPress mandando congratulações pelo desempenho deste blog no ano de 2010. Segue abaixo o primeiro parágrafo do email, em verde:
Feliz Ano Novo do WordPress.com! Para começar o ano em beleza, gostaríamos de partilhar alguns dados sobre o desempenho do seu blog. Aqui está um resumo de alto nível da saúde do seu blog:
![]() |
Uau |
Blog-Health-o-Meter™
Achamos que foi fantástico!
O Museu do Louvre é visitado por 8,5 milhões de pessoas todos os anos. Este blog foi visitado cerca de 1,100,000 vezes em 2010, o que quer dizer que se fosse uma exposição no Louvre, eram precisos 47 dias para que as mesmas pessoas a vissem.
Em 2010, escreveu 375 novos artigos, aumentando o arquivo total do seu blog para 1377 artigos. Fez upload de 795 imagens, ocupando um total de 201mb. Isso equivale a cerca de 2 imagens por dia.
O seu dia mais activo do ano foi 21 de setembro. O artigo mais popular desse dia foi Primavera, poema infantil de Olavo Bilac.
—
……………………………………………………………………….
E assim segue o email, com mais números e informações. Fica registrada aqui, então, a minha percepção sobre o que faço com este blog.
Foram 323.272 visitas à minha página principal. A postagem mais vista, por incrível que pareça, devo-a a Olavo Bilac, com seu poema A Primavera, que recebeu 8 comentários. A entrada com o maior número de comentários, não é a mais popular… é o poema de Cecília Meireles A Bailarina, onde, no momento, mostra ter 109 comentários. O dia mais visitado — 21 de setembro de 2010 — trouxe mais de 6.500 pessoas ao blog.
Além dos poemas para serem usados nas escolas, artigos sobre ciências e sobre o meio ambiente, com ilustrações e material sólido, que possam ser usados na sala de aula foram os itens de maior visibilidade.
—
—
—
—
Desde o início da Peregrina Cultural tenho notado a presença regular de professores de todos os níveis, principalmente aqueles que preparam seus alunos no nível médio. A maior parte deles visita este blog regularmente e vêm do interior de outros estados: Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo são os estados de onde recebo a maior parte das visitas.
O que estes números mostram junto ao restante das estatísticas é aquilo que comecei a perceber nos primeiros meses de postagens: há uma necessidade imensa nas escolas brasileiras de fontes de apoio ao ensino. Fontes de textos que possam ser usados paralelamente ao que é dado em classe, quer de literatura quer de ciências. As minhas postagens sobre os ornitorrincos e os équidnas estão entre os textos mais populares do blog, com pedidos de alunos e de professores, através do email da peregrina: peregrinacultural@hotmail.com quase todas as semanas para que outros textos semelhantes sejam postados.
A entrada sobre o jequitibá: Você conhece o jequitibá? — está há meses entre os mais visitados do blog, o que me surpreende muito. Uma revelação! Tenho que agradecer a meu pai, professor de física e químico industrial, pelo interesse que fomentou em nós, seus filhos, pela natureza e pelo meio ambiente, numa época em que não se falava nisso. As minhas postagens sobre história têm seus fãs. Em menor número do que aqueles que procuram poemas para serem usados nas escolas. E a razão é simples: quem as lê são principalmente os professores, que escolhem a seleção colocada aqui, uma seleção baseada nas descobertas feitas pelo mundo, como fonte de iniciar um assunto ou lembrar a seus alunos de alguma faceta interessante sobre o que está sendo ensinado na sala de aula.
—
—
Paisagem, sem data
Levino Fanzeres ( Brasil, 1884-1956)
Óleo sobre tela colado sobre madeira
8 x 11cm
—
—
Sempre escrevi. Tenho textos que só aos pouquinhos venho colocando no blog. Em sua grande maioria são meditações, reflexões, apreciações de viagem. Os meus textos não são assim tão populares, talvez porque a descrição, a reflexão, a meditação não sejam formas populares na nossa cultura. Dos meus textos há dois lidos e repassados para outros blogs que se mostram os mais populares: o poema favorito é O flamboyant da casa ao lado; e em prosa a popularidade está com o conto: Adaptações sem limites, que faz parte de uma série de contos, baseados em memórias dos meus anos de menina, a que dei o título provisório de “Nossa vida com papai”, textos não publicados, mas já lidos e relidos pelos familiares mais próximos. Mas a visita a estes textos pessoais é modesta o suficiente para adormecer qualquer ambição que eu pudesse vir a ter no âmbito da publicação.
O meu orgulho pessoal está nas minhas resenhas de livros: muitas delas foram colocadas nos sites dos autores dos livros sobre os quais fiz minha apreciação. Mesmo sendo autores estrangeiros, minhas resenhas foram escolhidas para postagens e duas delas foram selecionadas também pelos sites das editoras dos livros. É verdade que já fiz resenhas de livros para o jornal, antes de ter voltado ao Brasil. Essa experiência há de ter ajudado. Mas, por outro lado, cada livro é um livro, um novo mundo a ser descoberto.
—
—
—
—
As minhas Imagens de leitura continuam populares, assim como Filhotes Fofos. São divertidas maneiras de nos lembrarmos da natureza e da importância da leitura. E continuarei colocando o maior número possível de ilustrações. Sou uma pessoa que pensa com imagens. Talvez mesmo pela minha própria formação – historiadora da arte. E continuarei a dar ênfase à arte brasileira, que tão mal conhecemos.
As listas de sugestões de livros para adolescentes [ são quatro postagens através de dois anos] continuarão a aparecer no blog. Em julho e no mês de dezembro essas postagens tiveram um número enorme de visitantes.
Finalmente, aos meus leitores obrigada pelo apoio; espero poder fazer juz à confiança que me depositam, de novo neste ano que se inicia. Mais uma vez:
Ipês amarelos, s/d
Clodomiro Amazonas ( Brasil, 1883-1953)
óleo sobre madeira
Coleção Particular
Roquette Pinto
Se estão contentes, se o prazer estúa no coração e a alegria canta n’alma, vão os homens arrancar os ramos e as flores que são as mães delicadas da floresta, para aumentar o gozo; e se estão tristes, se a dor soluça em cada qual, vão igualmente buscar, entre as plantas, guirlandas que sublimem as mágoas irremediáveis.
Assim, continuamente parasitando as árvores, mal se recordam um belo dia , que não lhes dão o carinho de uma grata e filial assistência, a que todas as plantas têm direito.
Parecem-se os homens com as crianças irascíveis que destratam a ama de leite e nunca lhe fazem a esmola de um beijo de ternura e reconhecimento.
E elas, as árvores humildes ou majestosas, indiferentes à maldade humana, continuam a derramar, na sombra, o perdão dos seus algozes; continuam a condensar nos frutos o que dá vida e conforto aos seus tiranos; continuam a salpicar de matizes o céu que cobre o berço dos nossos filhos…
As árvores seguem o seu destino, fazendo viver, alegrando e perdoando!
Paisagem de Brodowski, s/d
Cândido Portinari ( Brasil, 1903-1962)
óleo sobre madeira
Coleçãos Particular
Que poema de amor jamais encontrou o homem primitivo ou o que se requintou na civilização, maior e mais desinteressado do que esse que as folhas entoam quando sopra a viração, como se fossem aqueles mesmos instrumentos de corda que os antigos entregavam aos caprichos do vento para que neles o hálito do Mundo compuzesse as infinitas canções?
Árvores que sois o alimento, a proteção, a riqueza, a alegria ou a tristeza e até mesmo o castigo!
Árvores que transformais o ar para que nós outros possamos respirar; que preparais para nós o azul dos céus, que agitais o meio em que nos encontramos desde o primeiro instante de nossa vida, justo é, abençoadas amigas e protetoras, que um dia vos cerquemos do nosso carinho sem interesse, da nossa festa de amor!
A vida de cada árvore é uma lição de sabedoria, de modéstia e de fé.
Na cova escura em que a escondemos , ou na encosta escalavrada do penhasco, estala uma semente. Brota então daquela humildade, daquela pequenez, toda a glória irrefreável do seu vigor magnífico. E cresce, honesta como nasceu, sem mentir à terra que a sustenta, porque não seria capaz de receber sem dar em troca muito mais do que lhe deram. Vive depois sem queixas e sem batalhas iníquas. As vitórias, nas lutas, são prêmios à paciência, são vitórias do tempo, da força e da persistência. As árvores não fogem à lei eterna do conflito universal. Sempre as ações traem no bojo as reações.
Paisagem do Espírito Santo, 1980
Inimá de Paula ( Brasil, 1918-1999)
óleo sobre tela, 40 x 50 cm
Coleção Particular
Mas se a luta animal é feroz e sangrenta, rápida e impiedosa, os combates das árvores são lutas da elegância e da tenacidade, lutas em que o vencedor é mais o tempo do que qualquer dos contendores. As pelejas das plantas são calmas e jeitosas; o senhor da vitória vai mostrando ao antagonista que sua guerra não é como a dos homens — uma explosão de maldades – e sim o cumprimento de uma fatalidade sem pressas que não deprime aos que dela são vítimas, morrendo ou vencendo.
No açodamento da conquista gloriosa foram os nossos avós e os nossos irmãos destruindo por toda parte as florestas, “fazendo ou alargando o deserto” – sem pensar um instante no futuro. Já quase ninguém consegue um pau-brasil, árvore que todos os lares, como símbolo gracioso, deviam ter ao lado. Sendo certo que as nossas grandes essências precisam de séculos para crescer, que pesada herança, nesse particular, nos chegou às mãos!
Serão mais felizes os vindouros, porque hoje a consciência do que às arvores devemos faz-nos cuidar da sua garantia.
Mas não é só a festa desse egoísmo, o que nos traz ao viveiro magnífico do Horto Florestal. É também o sentimento profundamente bom da simpatia pela nossa Natureza individualizada nas árvores.
Nelas contemplamos, não só as nossas doces amigas de bondade sem parelha; vemos também os suportes graciosos dos ninhos do Brasil.
Quando, nas horas da madrugada, começa a despertar a nossa terra, ou quando no crepúsculo da tarde ela se recolhe para adormecer, é dos ramos folhudos das árvores que rompe o hino abençoado das nossas pequeninas irmãs, as avezinhas que nasceram também neste berço de sonhos e amavios.
E quando os vendavais sacodem as frondes magníficas nós nos lembramos, vendo as árvores lutando, que elas agitam à face do infinito, uma porção do solo da nossa querida pátria que pela seiva ascendeu às folhas verdejantes.
Árvores piedosas, tendes o segredo de erguer às nuvens um pouco da terra natal, que lição profunda e delicada sabeis dar aos nossos filhos!
Em: Apologia da árvore, de Leonam de Azeredo Penna, Rio de Janeiro, IBDF: 1973.
—
Edgar Roquette Carneiro de Mendonça Pinto Vieira de Mello (Rio de Janeiro, 1884 — Rio de Janeiro, 1954) Pseudônimos: A. Costa, Carlos Sereno, Luís Ferreira, Roquette-Pinto, Terminal, entre outros. Diplomado em medicina, pesquisador, médico legista, poeta, contista, ensaísta, membro da Academia Brasileira de Letras.
Obras:
O exercício da medicina entre os indígenas da América (1906)
Excursão à região das Lagoas do Rio Grande do Sul (1912)
Guia de antropologia (1915)
Rondônia (1916)
Elementos de mineralogia (1918)
Conceito atual da vida (1920)
Seixos rolados Estudos brasileiros (1927)
Glória sem rumor (1928)
Ensaios de antropologia brasiliana (1933)
Samambaia, contos (1934)
Ensaios brasilianos (1941)
E um grande número de trabalhos científicos, artigos e conferências, publicados de 1908 a 1926, em diferentes revistas e jornais
Ilustração Paul Bransom (1885-1979), copyrighted 1940.
Coelho Neto
A árvore não é só o enfeite da terra; ora em flor, ora em fruto, ela é a purificadora do ar que respiramos, a garantidora do manancial que jorra para nossa sede e para rega das lavouras. Movendo docemente os seus ramos, trabalha como fiandeira do sol: recebendo na copa os raios ardentíssimos, desfia-os em brando calor, agasalhando assim os que se chegam à sua sombra.
Ela é medicina e é beleza frondejando à beira da nossa morada, e ainda é confidente dos nossos pezares e alegrias, quando, sob seus galhos, recordamos saudades ou edificamos no sonho.
Assim é a árvore viva.
Morta, ela é tudo — o princípio e o fim: berço e esquife, e, entre esses dois polos, tudo é árvore — a casa e o templo, o leito e o altar, o carro que roda nas terras lavradas, o navio que sulca os mares, o cabo da enxada, a haste da lança, e tantos outros utensílios da vida. Matar a árvore é estancar uma fonte. Onde se devastam as florestas estende-se o deserto estéril — resseca-se o terreno, os rios minguam, somem-se os animais. Assim, a árvore, sendo beleza, é ao mesmo tempo, a fiadora da vida.
*****
Em: Apologia da árvore, de Leonam de Azeredo Penna, Rio de Janeiro, IBDF: 1973.
Ilustração. Tony Brice, 1964
–
–
Manoel Pereira Reis Júnior
–
Chegou a primavera, a fiandeira,
vestindo policrômica roupagem;
olha como se veste, mãe, a terra inteira,
para a dança festiva da paisagem!
É a festa das cores nos caminhos,
nas alamedas, nos jardins, nos campos,
alma que tange a lírica dos ninhos,
e vive envolta em véus de pirilampos…
É um pássaro de luz que pousou nas ramadas
e parece chegou de paragens distantes,
e partiu como partem as valquírias aladas
em alígeros corcéis de crinas ondulantes!
E foi levar fulgor as campinas virentes,
às flores dos pauis, aos vales e às estradas,
e passou pela terra espalhando sementes,
anêmonas de luz ao leu, despetaladas. . .
Há cantigas no alto das ermidas,
nas mamoranas, no beiral das casas;
são gorjeios de aves, mas são vidas
na revoada rútila das asas…
E tudo transformou-se, mãe; a natureza
engalanou-se de belezas raras,
do ouro vivo do sol à singeleza
das penas coloridas das araras…
–
–
Manoel Pereira Reis Júnior ( Catu, BA, 1911 — RJ, RJ 1975) Poeta biógrafo, professor, jornalista, historiador, prêmi ABL (1944 e 1973).
Obras
As Últimas do outono, 1973
Canções do infinito, 1943
Cantigas da mata, 1936
Delírio de Pã, 1938
Epopéia heróica, 1941
Iocaloa, 1932
Maria da Graça, 1931
Ronda luminosa, 1934
Teia de aranha, 1930
A FLOR
Afonso Lopes de Almeida
Que linda flor! – dizeis – porém
reparai bem:
vede que a sábia Natureza
não lhe deu só beleza,
mas fê-la útil também.
Beleza que é só beleza
embora que nada se iguale,
é coisa fútil…
Pois, com franqueza,
ser belo de nada vale,
se não se é útil.
Leis da vida, leis do amor!
Tudo produz, e o produto
novos produtos adiante,
constante, continuamente!
A flor se transforma em fruto,
o fruto faz-se semente,
volta a semente a ser planta,
torna a planta a abrir-se em flor!
Se tudo é útil no mundo,
e produtivo, fecundo,
nós, por nosso próprio bem,
trabalhemos,
estudemos,
sejamos úteis também!
Em: O mundo da criança, vol. I, Poemas e Rimas, Rio de Janeiro, Editora Delta, s/d
——–
Afonso Lopes de Almeida (RJ, RJ, 1888 – RJ, RJ, 1953), poeta, prosador, bacharel em Direito, membro da Academia Carioca de Letras. Filho da escritora brasileira Julia Lopes de Almeida.
Obras:
A Árvore, 1916
A Neve ao Sol: viagem lírica pelos cinco continentes
Evangelho da Bondade e Outros Poemas, 1921
Mãe, 1945
Através da Europa, no Ano Primeiro da Era, 1923
O Gênio Rebelado,1923
Terra e Céu, 1914
Ilustração, Mary Jane Chase, 1956.
–
Arnaldo Barreto
–
Cavemos a terra, plantemos nossa árvore,
que amiga bondosa ela aqui nos será!
Um dia, ao voltarmos pedindo-lhe abrigo,
ou flores, ou frutos, ou sombras dará!
O céu generoso nos regue esta planta;
o sol de Dezembro lhe dê seu calor;
a terra que é boa, lhe firme as raízes
e tenham as folhas frescura e verdor!
Plantemos nossa árvore, que a árvore é amiga
seus ramos frondosos aqui abrirá.
Um dia, ao voltarmos em busca de flores,
com as flores, bons frutos e sombras dará!
—
———
Arnaldo de Oliveira Barreto (Campinas, SP 1869 — SP, SP 1925) Professor, educador, escritor, poeta, pedagogo.
Obras:
Cartilha das mães, 1895
Leituras Morais, 1896
Cartilha Analítica, 1909
Ensino simultâneo de leitura e escrita, 1918
Vários estilos, s/d
Contos infantis, diversas datas, entre eles:
A festa da lanterna
A pétala de rosa
A rosa mágica
Aladino e a lâmpada maravihosa
Ali-Baba e os quarenta ladrões
A anão amarelo
O califa cegonha
O filho do pescador
O gato de botas e Branca de Neve
O gigante do cabelo de ouro
O isqueiro encantado
O lago das pedras preciosas
O sargento verde
O velocino de ouro, 1915
Viagens maravilhosas de Simbad
Primavera, ilustração de Taro Semba, 1960.
A PRIMAVERA
Olavo Bilac
Coro das quatro estações:
Cantemos! Fora a tristeza !
Saudemos a luz do dia:
Saudemos a Natureza !
Já nos voltou a alegria !
A Primavera:
Eu sou a Primavera !
Está limpa a atmosfera,
E o sol brilha sem véu !
Todos os passarinhos
Já saem dos seus ninhos,
Voando pelo céu.
Há risos na cascata,
Nos lagos e na mata,
Na serra e no vergel:
Andam os beija-flores
Pousando sobre as flores,
Sugando-lhes o mel.
Dou vida aos verdes ramos,
Dou voz aos gaturamos
E paz aos corações;
Cubro as paredes de hera;
Eu sou a Primavera,
A flor das estações !
Coro das quatro estações:
Cantemos! Fora a tristeza !
Saudemos a luz do dia:
Saudemos a Natureza !
Já nos voltou a alegria !
Em: Poesias Infantis, Olavo Bilac, Livraria Francisco Alves: 1949, Rio de Janeiro, pp. 35-6
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos. Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo. Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro.
Obras:
Poesias (1888 )
Crônicas e novelas (1894)
Crítica e fantasia (1904)
Conferências literárias (1906)
Dicionário de rimas (1913)
Tratado de versificação (1910)
Ironia e piedade, crônicas (1916)
Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas
Senhora com parassol, 1875
[Retrato de Camille Doncieux Monet,
esposa do pintor]
Claude Monet (França 1840-1926)
Óleo sobre tela — 119 x 100 cm
National Gallery of Washington, EUA
Acaba de ser lançado nos EUA o livro de Ruth Butler, Hidden in the Shadow of the Master: the model wives of Cézanne, Monet and Rodin [Escondidas na sombra do mestre: a esposas-modelo de Cézanne, Monet e Rodin]. Yale Univ. Press:2008. Tudo indica ser um livro muito interessante porque se propões a detalhar a vida das companheiras deste famosos artistas plásticos; mulheres, cujos rostos, expressões faciais e corporais o mundo conhece tão bem, através dos trabalhos de seus respectivos maridos. O público freqüentador de museus fica freqüentemente intrigado, esperando que a representação destas senhoras possa revelar as personalidades, que nos são elusivas, quando apreciamos as obras de arte em que elas aparecerem.
Primavera: jovem com chapéu de palha, circa 1865
[retrato de Rose Beuret-Rodin, esposa do escultor]
Auguste Rodin (França 1840-1915)
Bronze
As heroínas são Hortense Fiquet esposa de Paul Cezanne, Camille Doncieux, primeira mulher de Claude Monet e Rose Beuret, com que Auguste Rodin se casa duas semanas antes da morte dela e 50 anos depois do primeiro encontro entre os dois. Essas três mulheres, vindas de famílias modestas, foram escolhidas por cada um desses artistas para modelos. Elas três passaram a viver com estes homens, que lhes deram filhos bastardos até que cada um por sua vez se casou com elas (Rodin é o único que não reconhece o filho Auguste Beuret, nascido dois anos depois do escultor estabelecer residência com Rose Beuret). Juntos cada casal passou pelos anos de dificuldades financeiras que precedem o sucesso e a fama. Todas estas mulheres têm suas imagens conhecidas do público e, no entanto, estão entre os personagens mais elusivos da história da arte.
Madame Cézanne com saia de listras, 1877
[retrato de Hortense Fiquet-Cézanne, esposa do pintor]
Paul Cézanne (França 1839-1906)
óleo sobre tela, 73 x 56 cm
Museu de Belas Artes de Boston, EUA
A autora defende que “estas mulheres não eram simplesmente modelos; elas trouxeram com elas um grande leque de emoções dando ao trabalho de seus companheiros substância emocional e textura que foram elementos que em muito contribuíram para o trabalho que os levou ao reconhecimento profissional.”
Um livro com uma tese interessante que há muito faltava na compreensão de uma época assim como na compreensão do papel da mulher no final do século XIX, para não dizer no entendimento de como estas personalidades artísticas conseguiram ter uma vida que se assemelhasse a uma vida dentro dos parâmetros considerados mais ou menos comuns da época.
———-
25/2/2009 – adiciono este quadro de Maurício de Sousa
—

Monica com sombrinha, 1991
Maurício de Sousa (Brasil)
Acrílica sobre tela, 127 cm x 107 cm
Instituto Ricardo Brennand, PE
PRIMAVERA
Francisca Júlia e Júlio César da Silva
Bem cedo, mal rompe o dia,
já estão gorjeando as aves
os seus pipilos suaves
em desusada alegria.
Vasto, o campo se descobre,
ondula, se estende e perde,
todo verde, todo verde
da nova relva que o cobre.
De toda banda invadidos
e cheios estão os ares
do perfume dos pomares
e dos jardins florescidos.
A ave eriça a pluma,
Varre os ares e os refresca
O sopro da brisa fresca
Que tudo beija e perfuma.
A natureza se esmera
Em galas e enfeites novos;
Ri o sol, brotam renovos…
É a risonha primavera
que bem cedo acorda os ninhos,
as flores perfuma, enfolha
as árvores, folha a folha,
onde cantam os passarinhos.
Vocabulário:
gorjeando = cantando
desusada = incomum
eriça = levanta
galas = belezas
renovos = ramos novos
Encontrado em:
Poemas para a infância: antologia escolar, Henriqueta Lisboa, Ediouro: s/d, Rio de Janeiro
Francisca Júlia da Silva Munster (SP 1871 – SP 1920) Poetisa brasileira.
Obras:
1895 – Mármores
1899 – Livro da Infância
1903 – Esfinges
1908 – A Feitiçaria Sob o Ponto de Vista Científico (discurso)
1912 – Alma Infantil (com Júlio César da Silva)
1921 – Esfinges – 2º ed. (ampliada)
——
—
A VOZ DOS ANIMAIS é uma outra poesia de Francisca Júlia publicada neste blog.