O verde do meu bairro: Buganvílea

17 01 2019

 

 

 

 

bouganvillea em ipanema assinadaBuganvílea vermelha, rua Visconde de Pirajá, Rio de Janeiro.

 

Nos bairros em que as casas prevalecem, em geral as buganvíleas são vistas em abundância por sobre os muros, como grandes arbustos derramando benesses floríferas nas calçadas e ruas que habitam.  No entanto, uma boa parte da zona sul do Rio de Janeiro tem buganvíleas como árvore urbana trazendo beleza tropical para as calçadas cariocas.

Buganvílea, natural do Brasil, pode ter diversos nomes: Três-marias, Ceboleiro-da-mata, Riso-do-prado, Primavera.  Seu nome científico é Bougainvillea glabra Choisy e pertence à família das Nyctaginaceae.  Em geral floresce entre novembro e fevereiro, o que a torna perfeita para uma cidade turística à beira-mar, um balneário como o Rio de Janeiro.

Há outra postagem sobre buganvíleas neste blog, com maiores informações.

 





O verde do meu bairro: Palmeira Bismarck

14 05 2018

 

 

 

DSC03312assPalmeira Bismarck iluminada pelo sol, Praça Santos Dumont, na Gávea, no Rio de Janeiro.

 

 

Sempre gostei desta palmeira [Bismarckia nobilis] com seus grandes “abanos” prateados que contrastam tão bem com os verdes do jardim!  Esses leques naturais não passam de duas dezenas na planta madura, e sempre têm cor pálida, cinza, como prata à luz do sol.  Suas  folhas dão a impressão de estarem seguras pelas mãos de bailarinas invisíveis, amarradas em um único tronco, que abrem seus leques em dança delicada, sensual,  à moda oriental.

Esta palmeirinha pode chegar a altura de 25m, mas só a conheço pequena, talvez com no máximo 8-10 metros.  Ao lado das palmeiras reais, e de outras árvores de grande porte, parece pequena, quase uma joia, como a que vemos na foto.

Gosta de sol pleno ou pouca sombra. Precisa de muito espaço em uma área de paisagem, de boa drenagem e de boa irrigação.  Não é natural do Brasil.  Original de Madagascar, e introduzida aqui, no século passado, chama-se Palmeira Bismarck em homenagem ao primeiro chanceler do Império Alemão Otto von Bismarck.  No Brasil também é conhecida como palmeira azul.  Pode ser plantada em clima tropical e subtropical, em ambientes úmidos ou secos. Para reprodução precisa de palmeiras macho e fêmea plantadas próximas para polinização.  Ambas florescem e dão uma semente em cada fruto.

Por causa de sua aparência espetacular é favorita entre paisagistas de grandes jardins.





O verde do meu bairro: Lágrimas de Cristo

10 04 2018

 

 

 

DSC03688Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ.

 

 

Minha rua é de um único quarteirão.  Vai da esquina com edifícios a outra de casas à moda antiga.  Como todos os prédios da rua pagam uma companhia de segurança particular, as casas continuam a ter aquele ar de vivendas onde crianças podem e devem brincar no jardim, mesmo que muitas dessas casas hoje sirvam para pequenos escritórios onde trabalham não mais que cinco a oito pessoas.  Sim, ainda temos aquela impressão de rua puramente residencial.

Numa dessas casas/escritório há essa belíssima trepadeira chamada popularmente de Lágrimas de Cristo.  Floresce abundantemente na primavera e no verão.  Suas flores vão do rosa claro ao branco, mas a característica mais marcante é que há pétalas vermelhas bem no centro dessas flores, corolas vermelhas, que se projetam para fora e para o chão, como podemos ver na foto abaixo.

 

DSC03689Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, DETALHE.

 

Procurando mais informações sobre essa maravilhosa trepadeira que fornece uma verdadeira tela natural dando privacidade à casa, soube que ela também se adapta ao interior das casas, desde que o ambiente seja bastante iluminado e que sejam colocadas em vasos pendentes. A palavra chave aqui é local muito iluminado, porque precisa de muita luz.  O que ela não suporta é frio…  Precisa de suporte para crescer em jardins.

 

DSC03687Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, vista na grade.

 

É uma excelente opção para ser entrelaçada na grade de casa e ser apoiada em cercas.  Há muitos caramanchões que são guarnecidos por essas belas flores.  E com elas pode-se aproveitar mais a sombra no verão.

Não são originárias do Brasil.  Elas vêm da África Central. Para mais informações: Jardineiro.

 

DSC03690Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, vista na grade, pétalas rosas e brancas.




Portugueses, os jardineiros do mundo, texto de Afrânio Peixoto

3 10 2014

 

 

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Coleção cítrica dos Medici, 1715
Espécies de limões e laranjas,
Bartolomeu Bimbo (Itália, 1648-1723)
Óleo sobre tela
Hoje, Palácio Pitti, Florença

 

 

“Foram porem os portugueses que nas suas viagens, depois do Renascimento, vulgarizaram a laranja pelo Ocidente. A prova é que hindus maometanos e árabes modernos, no Oriente, chamam à laranja portughan, que lhes trouxeram, da China, os navegantes portugueses. A prova é que, no Mediterrâneo, em Itália, as laranjas são, ainda hoje, chamadas portogalli.

Os portugueses foram disseminadores das árvores prestadias, pelo mundo, universalizando a natureza, regional, pela ecologia ou afeiçoamento ao meio, e tornada mundial. Não será espirituosa senão etimológica esta frase: os portugueses tornaram católica (universal) a natureza. As autoridades francesas da Guiné confessam que todas as plantas do mundo aí cultivadas são da primitiva estação portuguesa, nessa África ocidental. Aliás, o mesmo aqui podemos ver: a fruta-pão é da Oceania; a lichia é da China; o dióspiro ou caqui é do Japão; o café é da Etiópia; a cana-de-açúcar peregrinou da Índia ao Egito, à Sicília, ao Algarve, à Madeira, ao Brasil; o cacau trouxeram-no do México. O  Brasil produziu cravo, canela, anil, noz moscada, pimenta, chá, gengibre… A vida de Portugal pelo mundo, “a vida em pedaços repartida”, do Poeta, terá um sentido universal, reunindo todo o mundo, em todas as partes a que chegaram. E comunicar é civilizar…

Depois das viagens de D. João de Castro, em 1520, foram eles, os portugueses, fazendo de seu portos de escala, culturas e depósitos e assim já não precisariam trazer consigo o mundo, achando o mundo em toda parte. As laranjas foram trazidas à Guiné, às Ilhas de Cabo Verde, onde as naus, em caminho da Índia, se proviam delas, “refrescando a nutrição dos marujos — de peixe seco e bolachas — o que produzia o escorbuto, ou peste náutica, o flagelo das navegações. Pode-se sem exagero dizer que os portugueses descobriram as vitaminas, de tanto prestígio hoje em dia, pelo menos os seus providenciais efeitos. Na própria metrópole tentaram e conseguiram. ”

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[Grafia atualizada]

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Em: Breviário da Bahia, Afrânio Peixoto, Rio de Janeiro, Editora do MEC: 1980, p.122

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Nesse texto acima, Afrânio Peixoto cita um verso do Poeta.  Este Poeta a que ele se refere com letra maiúscula é Luiz de Camões.  E a passagem em verso é a seguinte:

Canção VII

[Trecho] *

.  . . . . . . . . . . . . . . . .

Aqui, nesta remota, áspera e dura
parte do mundo, quis que a vida breve
também de si deixasse um breve espaço,
porque ficasse a vida
pelo mundo em pedaços repartida.
Aqui me achei gastando uns tristes dias,
tristes, forçados, maus e solitários,
trabalhosos, de dor e de ira cheios,
não tendo tão-somente por contrários
a vida, o sal ardente e águas frias,
os ares grossos, férvidos e feios;
mas os meus pensamentos, que são meios
para enganar a própria Natureza,
também vi contra mi,
trazendo-me à memória
algũa já passada e breve glória,
que eu já no mundo vi, quando vivi,
por me dobrar dos males a aspereza,
por me mostrar que havia
no mundo muitas horas de alegria.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

* Você pode encontrar as canções de Camões facilmente na internet.  Vale a pena.  Você vai se encantar…





O verde do meu bairro: as trepadeiras para muros

27 04 2014

 

 

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Muitas casas muradas no Rio de Janeiro optaram pela hera para cobrir seus muros e protegê-los dos grafiteiros.  Não há mais bela proteção do que a parede verde vertical.  Não só se incorpora bem ao meio ambiente, como serve de oásis para os olhos, para a mente, para todos nós cansados do estresse diário de uma grande metrópole. Os grafiteiros que me perdoem, mas muitos grafites produzem um embaralhamento visual, muita informação de uma vez, que tonteia e desagrada. Acabamos com uma super dose de informação visual que não deixa espaço para um respiro; informação que asfixia.  E os desenhos em painéis se perdem, porque são impossíveis de serem apreciados.  Muito grafite contribui para caos visual da cidade. Assim aplaudo as ilhas de verde trazidas pelos proprietários das residências muradas porque eles proporcionam a outros moradores da nossa cidade a tão desejada paz visual.

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Há diversas plantas que são usadas na cobertura de muros. Uma pequena busca na internet revela diversas espécies diferentes que podem ser usadas para esse fim. Aqui estão algumas: Tetrastigma ou trepadeira-castanha (Tetrastigma voinierianum)– esta fica mais feliz no sul do Brasil, onde o clima é mais ameno. Uma planta vistosa que dá muitas flores e precisa de sol é Amor-agarradinho ou mimo-do-céu (Antigonon leptopus). Unha-de-gato (Ficus pumila), Jibóia (Sindapsus aureus) são muito populares, esta última perfeita para o clima carioca.  Tumbérgia-azul (Tumbergia grandiflora) também floresce, fazendo o muro ficar lindo. A brasileiríssima Cipó-de-São-João ou Flor-de-São-João é uma ótima opção.

 

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Alamanda (Allamanda cathartica), Madressilva (Lonicera japonica), Lágrima-de-cristo ou Clerodendro-trepador (Clerodendrum thomsonae), Costela-de-adão ou banana-de-macaco (Monstera deliciosa), Congéia (Congea tomentosa), Sete-léguas (Pandorea ricasoliana), Tumbérgia-azul (Tumbergia grandiflora) e também a Tumbérgia-sapatinho ou Sapatinho-de-judia (Tumbergia mysorensis) são opções para cobertura de muros. Sugiro que você procure informações sobre a melhor planta para a sua casa e ponha mãos à obra para fazer de sua casa ou do seu edifício um lugar mais belo, mais ameno ao meio ambiente e que também traga prazer aos que passarem por sua propriedade.

 

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Todas as fotos tiradas em bairros da zona sul do Rio de Janeiro, em ruas abertas. Nenhuma em condomínio fechado.  Ruas comuns, algumas com mais trânsito do que outras.





Canção da árvore, poesia de Correa Júnior

18 06 2013

arvore, mary blairIlustração Mary Blair.

Canção da árvore

Correa Júnior

    A árvore é flor, sombra na estrada,

    fruto que a sede nos mitiga.

    A árvore é dádiva sagrada:

    — dá-nos ao lar, multiplicada,

    o leito… a mesa… a porta… a viga!

    A árvore é paz, graça e doçura:

    simplicidade, amor, perdão!

    Mostra a esperança, na verdura

    de cada galho, e a dor obscura

    deixa escondida sob o chão.

    O ar purifica, ampara os ninhos:

    e sem vaidade, silenciosa,

    rica de bênçãos e carinhos,

    é, para nós e os passarinhos,

    a criatura mais piedosa.

    A árvore é flor, sombra na estrada,

    fruto que a sede nos mitiga.

    A árvore é dádiva sagrada:

    — dá-nos ao lar, multiplicada,

    o leito… a mesa… a porta… a viga!





O verde do meu bairro: Bougainvillea

9 06 2013

???????????????????????????????Bouganvilleas vermelhas sobre muro.

Bougainvilleas são naturais do Brasil e são lindas.  Se eu tivesse uma casa com jardim certamente teria bougainvilleas [ também podemos dizer buganvíleas].  Elas tem um jeitinho de se fazerem presente no bairro em que moro.  Quer sejam parte de uma cerca viva, quer sejam um jato de cor num jardim de um condomínio, elas estão no seu elemento nos bairros cariocas, colorindo o nosso dia a dia, de branco, rosa, vermelho, lilás.  Pelo menos essas são as cores que vejo com mais freqüência.  Mas são as vermelhas as de que mais gosto.

Da família Nyctaginaceae, a bougainvillea é uma planta nativa da América do Sul e recebe vários nomes populares, como primavera, três-marias, sempre-lustrosa, santa-rita, ceboleiro, roseiro, roseta, riso, pataguinha, pau-de-roseira, flor-de-papel. O maior exemplar conhecido de Bougainvillea do mundo está localizado à beira do lago Guanabara no Município de Lambari no Sul de Minas Gerais ; de tão grande virou árvore frondosa de 18 metros de altura.

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A bougainvillea não tem um ar arrumadinho.  Muito pelo contrário.  Cresce de maneira que parece desordenada, cada galho para um lado atingindo em geral de 1 a 12 metros de altura.  Tem  espinhos e gosta de se debruçar sobre muros ou outras plantas.  Em lugares com meses de seca, ela pode perder todas as suas folhas, voltando a crescer folhas na época chuvosa, mas aqui no Rio de Janeiro ela não só mantem suas folhas como dá flores praticamente o ano inteiro.  São bastante resistentes.

Para mim bougainvilleas foram sempre um dos grandes símbolos de terra natal, de conforto emocional nos anos que passei fora do Brasil. Mas quase não as vi nos Estados Unidos. Lembro da felicidade de encontrá-la cobrindo um enorme paredão no Jardim da Sereia em Coimbra, nos anos que morei em Portugal.

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É natural que esta planta se associe ao Brasil. Afinal, foi descoberta em 1767, no Rio de Janeiro, pelo botânico francês Philibert Commerson [1727-1773] que fizera parte da expedição científica comandada pelo Almirante francês Louis-Antoine de Bougainville [1729-1811]. Encantado com esta colorida trepadeira cujas minúsculas flores eram rodeadas por coloridas folhas modificadas , Commerson deu à nova planta o nome de buganvília em homenagem ao Almirante da esquadra cujo objetivo era a exploração de terras no hemisfério sul.

Aqui no Rio de Janeiro é mais fácil vê-las assim, espreitando a rua, por sobre muros das casas, fazendo-nos invejar a morada que se esconde por trás das belas flores coloridas.  Prefiro-as aglomeradas de uma só cor como aparece na primeira foto.  Mas são de fato bonitas de todo jeito.





Que São Paulo você prefere?

31 05 2013

movimento90grausDo site do Movimento 90º

Que São Paulo você prefere? – é a pergunta instigante que abre o site do Movimento 90º. Esta semana fiquei muito feliz de me familiarizar com este grupo paulista de  arquitetos, paisagistas, engenheiros e voluntários que estão promovendo jardins verticais na cidade de São Paulo.

Como muitos que seguem o blog já sabem, há algum tempo tenho colocado nesse canto, projetos urbanísticos, brasileiros e estrangeiros que advogam cidades mais verdes.  Não é nem só uma questão de estética. É sobretudo uma questão para a nossa sobrevivência nesse planeta.

O Movimento 90º criou um sistema em que módulos leves são instalados em fachadas de edifícios, a 5 cm das empenas cegas,  para receber as plantas.  Estes módulos, que recobrem a parede sem janelas, forma o jardim vertical. [Recentemente essas paredes sem janelas, foram assunto de um excelente filme argentinosobre o amor virtual chamado Medianeras.]

A verticalização do verde nas grandes cidades ainda é mais popular na Europa do que no Brasil, mas precisamos de grupos como o Movimento 90º para difundirmos a idéia e também a estética.

Guil Blanche, diretor-executivo do movimento paulista, começou a desenvolver a técnica dos jardins verticais em 2009.  E perambulando pela cidade, observou que São Paulo poderia ser o lugar perfeito para a popularização desse tipo de intervenção ecológica.

A percepção de espaços vazios, que tecnicamente são chamados de empenas cegas, estas paredes nos prédios que não têm janelas, sempre que eu olhava para aquilo, eu pensava: ‘aí cabe um jardim vertical’“, lembra ele.  “E estas paredes catalizam os problemas da cidade, refletem o barulho, esquentam a cidade. O jardim vertical poderia habitar estes lugares“.

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A instalação é feita por especialistas em andaimes. As plantas são colocadas em módulos impermeáveis, feitos de materiais reciclados – como tubos de pasta de dente e embalagens de leite -, forrados com camadas de um tecido grosso parecido com feltro e presos à parede.

Se o jardim vertical é bem feito, se as plantas são escolhidas por um profissional capacitado, temos uma perda de plantas muito pequena“, afirma João Pedro Chilli David, membro do  conselho executivo do Movimento 90º. “A manutenção, no decorrer do tempo, é a irrigação – que é à pilha ou elétrica, depende da estrutura do prédio – e a fertilização, que pode ser manual. Mas preferimos que seja automatizado, embutido no sistema de irrigação e aí, de três em três meses ou de seis em seis, você abastece o sistema“, acrescentou.

É bom lembrar que os jardins verticais não são só bons para a cidade e para o meio ambiente.  Na verdade o primeiro a ganhar com esses jardins é o morador do próprio prédio, pois estas “paredes verdes”  diminuem o calor absorvido pelo prédio, abafam o barulho das ruas e melhoram a qualidade do ar.  Então gasta-se menos dinheiro com a conta de luz, porque ligamos o ar-condicionado com menor freqüência, dormimos melhor com os sons da rua abafados e ainda respiramos um ar mais puro!

E além dessas vantagens todas, há o valor estético.  Os jardins verticais melhoram a aparência dos prédios.

O Movimento 90º está bastante atarefado.  O grupo já instalou alguns destes jardins em fachadas de uma escola e de lojas adjacentes na rua Augusta, região central de São Paulo.Querem agora levar mais jardins verticais para as paredes de grandes prédios da região central da cidade.

O movimento tem a intenção de transformar a cidade ocupando estas empenas cegas, estas paredes de prédios sem janelas“, disse Guil Blanche.

A iniciativa de usar espaços desocupados de prédios da cidade para criar novas áreas verdes já vem sendo testada de outras maneiras em outros prédios em São Paulo.  Mas eles não estão sozinhos nessa campanha de esverdear a paisagem paulistana.  Há outros que tem se dedicado às plantações nos telhados de edifícios.  No telhado do Shopping Eldorado, por exemplo,  também na zona oeste da cidade, há um ano a administração criou uma horta usando o composto resultante da reciclagem dos restos da praça de alimentação.

Com o uso de um produto criado pelo laboratório mineiro BioIdeias, o processo de transformação dos restos de alimentos em adubo foi acelerado. Na horta já houve uma colheita de alfaces, berinjelas, pimentas e ervas. Atualmente, a plantação ocupa uma área de mil metros quadrados, mas o objetivo é expandir a horta para ocupar todos os 9,8 mil metros quadrados do telhado do shopping.

Você também pode apoiar o Movimento 90º.  Para informações e doações, clique aqui.

FONTE: BBC Brasil





O verde do meu bairro: Manacá-da-serra

26 05 2013

DSC00003Manacá-da-serra, nos jardins de um edifício.  Rio de Janeiro

Fico sempre muito alegre quando vejo jardins de edifícios no Rio de Janeiro ornamentados com plantas tropicais nativas.  Vejam só que bonito que ficou esse Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis Cogn) na frente de um edifício.  Essa é uma pequena árvore brasileira, semi-decídua, nativa da mata atlântica. Muito popular nos jardins das casas do início de século XX, caiu de moda por algumas décadas e parece agora estar sendo lembrada pelos paisagistas cariocas.

Ela é uma árvore de porte pequeno a médio, perfeita para um cantinho de jardim por causa de suas flores de duas cores.  Crescida, madura pode chegar até 12 metros de altura e não menos que 6.  Suas folhas são verde-escuro, mais compridas do que largas e as flores de seis pétalas são relativamente grandes, e se destacam de encontro ao fundo verde escuro da folhagem. Quando nascem são branquinhas mudando de cor com o amadurecimento até tornarem-se de cor violeta.  Têm seis pétalas.  Isso faz com que seja uma árvore florida com flores de duas cores, o que faz com que muitos, erroneamente acreditem que a árvore é fruto de enxerto. Os livros de jardinagem dizem que  as flores aparecem no verão.  Mas aqui no Rio de Janeiro elas aparecem agora, no meio do outono.

É uma árvore que poderia ser mais utilizada no Rio de Janeiro já que suas raízes não iriam suspender as pedrinhas portuguesas das nossas calçadas. O Manacá-da-serra gosta de sol, de bastante sol. E é claro de solo fértil.

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As Florestas texto de Afonso Celso

9 02 2013

ANDERSON CONDE - manhã com neblina,2008, ost, 60x80.andersoncondecombrManhã com neblina, 2008

Anderson Conde (Brasil, contemporâneo)

óleo sobre tela, 60 x 80 cm

www.andersonconde.com.br

As Florestas

Afonso Celso

Não é monótona a selva brasileira. Cada árvore exibe fisionomia própria, extrema-se da vizinha; circunspectas ou graciosas, leves ou maciças, frágeis ou atléticas. Conforme reflexão de ilustre viajante, as matas brasileiras, tão compactas que se lhes poderia caminhar por cima, representam a democracia livre das plantas, democracia cuja existência consiste na luta incessante pela liberdade, pelo ar, pela luz. Preside a essa democracia perfeita igualdade. Não há família que monopolize uma zona com exclusão de outras famílias ou grupos. Espécies as mais diversas medram conjuntamente, fraternizam, enleiam-se. Daí a variedade na unidade, múltiplas e diversas manifestações do belo.

Notabiliza-se ainda a floresta brasileira pela ausência relativa de animais ferozes. É muito menos perigosa do que as da Índia. Habitam-na incalculáveis populações de mamíferos, abelhas, vagalumes, miríades de borboletas com asas de inefável colorido. Em lindas aves é a mais opulenta terra.

Garridos regatos deslizam por ela, derramando frescor. Cortam-na caudalosos rios, tão coalhados de plantas aquáticas que, apesar de profundos, não são navegáveis. O sol doura simplesmente o cimo das árvores. Não penetra através das grossas cortinas verdes senão de modo crepuscular, produzindo a grave penumbra das catedrais, ou  o lusco-fusco das grutas marinhas. Só em espaçadas clareiras, avistam-se nesgas de azul. Em geral, a luz soturna e misteriosa empresta às coisas feições sobrenaturais. O conjunto é sublime.

Todos os sentidos aí ficam extasiados. Gozam todos os nossos sentidos artísticos. Com efeito, deparam-se-nos na floresta brasileira primores de arquitetura, de pintura e, sobretudo, de divina poesia.

Em: Criança brasileira: quinto livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir:1949.

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Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, titulado Conde de Afonso Celso pela Santa Sé, mais conhecido como Afonso Celso, (Brasil, MG, 1860 — RJ, 1938) professor, poeta, historiador e político brasileiro. É um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 36.

Obras (lista parcial)

Prelúdios –  poesias, publicado aos quinze anos de idade (1876)

Devaneios (1877)

Telas sonantes (1879)

Um ponto de interrogação (1879)

Poenatos (1880)

Rimas de outrora (1891)

Vultos e fatos (1892)

O imperador no exílio (1893)

Minha filha (1893)

Lupe (1894)

Giovanina (1896)

Guerrilhas (1896)

Contraditas monárquicas (1896)

Poesias escolhidas (1898)

Oito anos de parlamento (1898)

Trovas de Espanha (1899)

Aventuras de Manuel João (1899)

Por que me ufano de meu país (1900)

Um invejado (1900)

Da imitação de Cristo (1903)

Biografia do Visconde de Ouro Preto (1905)

Lampejos Sacros (1915)

O assassinato do coronel Gentil de Castro (1928)

Segredo conjugal (1932)