O verde do meu bairro: Palmeira Bismarck

14 05 2018

 

 

 

DSC03312assPalmeira Bismarck iluminada pelo sol, Praça Santos Dumont, na Gávea, no Rio de Janeiro.

 

 

Sempre gostei desta palmeira [Bismarckia nobilis] com seus grandes “abanos” prateados que contrastam tão bem com os verdes do jardim!  Esses leques naturais não passam de duas dezenas na planta madura, e sempre têm cor pálida, cinza, como prata à luz do sol.  Suas  folhas dão a impressão de estarem seguras pelas mãos de bailarinas invisíveis, amarradas em um único tronco, que abrem seus leques em dança delicada, sensual,  à moda oriental.

Esta palmeirinha pode chegar a altura de 25m, mas só a conheço pequena, talvez com no máximo 8-10 metros.  Ao lado das palmeiras reais, e de outras árvores de grande porte, parece pequena, quase uma joia, como a que vemos na foto.

Gosta de sol pleno ou pouca sombra. Precisa de muito espaço em uma área de paisagem, de boa drenagem e de boa irrigação.  Não é natural do Brasil.  Original de Madagascar, e introduzida aqui, no século passado, chama-se Palmeira Bismarck em homenagem ao primeiro chanceler do Império Alemão Otto von Bismarck.  No Brasil também é conhecida como palmeira azul.  Pode ser plantada em clima tropical e subtropical, em ambientes úmidos ou secos. Para reprodução precisa de palmeiras macho e fêmea plantadas próximas para polinização.  Ambas florescem e dão uma semente em cada fruto.

Por causa de sua aparência espetacular é favorita entre paisagistas de grandes jardins.





O verde do meu bairro: Lágrimas de Cristo

10 04 2018

 

 

 

DSC03688Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ.

 

 

Minha rua é de um único quarteirão.  Vai da esquina com edifícios a outra de casas à moda antiga.  Como todos os prédios da rua pagam uma companhia de segurança particular, as casas continuam a ter aquele ar de vivendas onde crianças podem e devem brincar no jardim, mesmo que muitas dessas casas hoje sirvam para pequenos escritórios onde trabalham não mais que cinco a oito pessoas.  Sim, ainda temos aquela impressão de rua puramente residencial.

Numa dessas casas/escritório há essa belíssima trepadeira chamada popularmente de Lágrimas de Cristo.  Floresce abundantemente na primavera e no verão.  Suas flores vão do rosa claro ao branco, mas a característica mais marcante é que há pétalas vermelhas bem no centro dessas flores, corolas vermelhas, que se projetam para fora e para o chão, como podemos ver na foto abaixo.

 

DSC03689Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, DETALHE.

 

Procurando mais informações sobre essa maravilhosa trepadeira que fornece uma verdadeira tela natural dando privacidade à casa, soube que ela também se adapta ao interior das casas, desde que o ambiente seja bastante iluminado e que sejam colocadas em vasos pendentes. A palavra chave aqui é local muito iluminado, porque precisa de muita luz.  O que ela não suporta é frio…  Precisa de suporte para crescer em jardins.

 

DSC03687Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, vista na grade.

 

É uma excelente opção para ser entrelaçada na grade de casa e ser apoiada em cercas.  Há muitos caramanchões que são guarnecidos por essas belas flores.  E com elas pode-se aproveitar mais a sombra no verão.

Não são originárias do Brasil.  Elas vêm da África Central. Para mais informações: Jardineiro.

 

DSC03690Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, vista na grade, pétalas rosas e brancas.




O verde do meu bairro: Bico de papagaio

2 08 2017

 

 

DSC03214Bico de Papagaio, jardim na Gávea, no Rio de Janeiro. ©Ladyce West

 

A pedidos volta, sem data certa para aparecer, a seção “o verde do meu bairro”.  Sempre foi uma das mais populares postagens no blog, mas circunstâncias fora do meu controle, acabaram por diminuir as horas de andanças pela cidade do Rio de Janeiro.

Comecei esta seção pela observação de que temos muito pouca variedade nos novos jardins cariocas.  Todos os jardins passam por moda.  Houve a moda dos jasmins, a moda dos manacás, etc.  No entanto, a manutenção de um jardim aumenta, às vezes, o trabalho dos zeladores, com isso os condomínios precisam aumentar os salários ou ter mais empregados e caímos na simplificação dos jardins, com plantas que precisam de pouco cuidado, para não  aumentar o gasto dos prédios. Além disso, cada vez menos pessoas sabem realmente cuidar de plantas e jardins.  Não sabem a hora da poda, como fertilizar e o que fazer para ter plantas saudáveis.  Uma pena.

Está na época dos Bicos de Papagaio enfeitarem os jardins cariocas.  Esses arbustos,  são de origem mexicana e levam dois outros nomes:  Estrela do Norte ou Ponsétia.  É por esse nome que é conhecida nos Estados Unidos e associada às ornamentações de Natal.  Porque mostram no meio do inverno esse colorido maravilhoso um vermelho incandescente rodeado de verde.

 

DSC01092Bico de Papagaio, jardim na Gávea, no Rio de Janeiro. ©Ladyce West

 

Não podemos nos enganar:  não são flores.  São folhas modificadas.  Não são pétalas.  São folhas que tomam a cor vermelha para atrair os insetos polinizadores às flores, que são muito pequeninas e quase sem graça.  O Bico de Papagaio destas fotos é do grupo Bico de papagaio dobrado, ou seja, mostram mais folhas modificadas por flor.

Estas são plantas que gostam de sol e precisam ser plantadas em lugar com sol.  Também precisam de solo rico,  levemente ácido.  Precisam de  umidade e material orgânico como fertilizante.  Não se dão bem em clima frio. A poda poderá manter diversas plantas de tamanho médio.  Pode crescer até o tamanho de uma pequena árvore.

A cor das folhas modificadas em geral é vermelha.  Mas há também abóbora e amarelo.  As folhas se modificam de acordo com o número de horas de exposição ao sol  Quando essas horas diminuem, então as folhas começam a se modificar e adquirir cor.

Vale a pena plantá-la no seu jardim ou uma pequena árvore ou uma fila de arbustos. São sensacionais.  Belíssimos.

Maiores informações:  Calendário do Jardim

Salvar





O verde do meu bairro: as trepadeiras para muros

27 04 2014

 

 

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Muitas casas muradas no Rio de Janeiro optaram pela hera para cobrir seus muros e protegê-los dos grafiteiros.  Não há mais bela proteção do que a parede verde vertical.  Não só se incorpora bem ao meio ambiente, como serve de oásis para os olhos, para a mente, para todos nós cansados do estresse diário de uma grande metrópole. Os grafiteiros que me perdoem, mas muitos grafites produzem um embaralhamento visual, muita informação de uma vez, que tonteia e desagrada. Acabamos com uma super dose de informação visual que não deixa espaço para um respiro; informação que asfixia.  E os desenhos em painéis se perdem, porque são impossíveis de serem apreciados.  Muito grafite contribui para caos visual da cidade. Assim aplaudo as ilhas de verde trazidas pelos proprietários das residências muradas porque eles proporcionam a outros moradores da nossa cidade a tão desejada paz visual.

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Há diversas plantas que são usadas na cobertura de muros. Uma pequena busca na internet revela diversas espécies diferentes que podem ser usadas para esse fim. Aqui estão algumas: Tetrastigma ou trepadeira-castanha (Tetrastigma voinierianum)– esta fica mais feliz no sul do Brasil, onde o clima é mais ameno. Uma planta vistosa que dá muitas flores e precisa de sol é Amor-agarradinho ou mimo-do-céu (Antigonon leptopus). Unha-de-gato (Ficus pumila), Jibóia (Sindapsus aureus) são muito populares, esta última perfeita para o clima carioca.  Tumbérgia-azul (Tumbergia grandiflora) também floresce, fazendo o muro ficar lindo. A brasileiríssima Cipó-de-São-João ou Flor-de-São-João é uma ótima opção.

 

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Alamanda (Allamanda cathartica), Madressilva (Lonicera japonica), Lágrima-de-cristo ou Clerodendro-trepador (Clerodendrum thomsonae), Costela-de-adão ou banana-de-macaco (Monstera deliciosa), Congéia (Congea tomentosa), Sete-léguas (Pandorea ricasoliana), Tumbérgia-azul (Tumbergia grandiflora) e também a Tumbérgia-sapatinho ou Sapatinho-de-judia (Tumbergia mysorensis) são opções para cobertura de muros. Sugiro que você procure informações sobre a melhor planta para a sua casa e ponha mãos à obra para fazer de sua casa ou do seu edifício um lugar mais belo, mais ameno ao meio ambiente e que também traga prazer aos que passarem por sua propriedade.

 

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Todas as fotos tiradas em bairros da zona sul do Rio de Janeiro, em ruas abertas. Nenhuma em condomínio fechado.  Ruas comuns, algumas com mais trânsito do que outras.





O verde do meu bairro — Mangueiras

7 10 2013

???????????????????????????????Mangueira em flor.

É com muito pesar que vejo uma a uma as grandes mangueiras do meu bairro irem desaparecendo…  Onde moro perdemos pelo menos 4 grandes mangueiras com mais de 50 anos cada à custa da valorização dos imóveis no Rio de Janeiro.  Por trás do edifício onde moro havia duas casas com duas grandes mangueiras,  Elas deveriam ter pelo menos uns 10m de altura.  Robustas e saudáveis.  Mas às cinco da manhã todos os dias, vinha uma pessoa, moradora da casa e “regava” as mangueiras.  Elas definharam e morreram e assim eles puderam receber a permissão de retirá-las do terreno.  As duas casas que eram de um único andar ganharam 2 andares cada e foram colocadas à venda pelo preço de um pequeno palácio na Europa.  Venderam.  Porque o bairro ficou na moda.  Perdemos muito sem ela.  E os morcegos que antigamente nos deixavam em paz, agora entram nos apartamentos como o meu à procura de comida.  Não podemos deixar nenhuma fruta fora da geladeira, que eles invadem, mesmo quando ainda estamos com as luzes de casa acesas.

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A minha rua residencial, de um único quarteirão, tinha, faz uns dez anos, sete grandes mangueiras.  Neste mês de agosto, para dar mais espaço à uma escola, foi-se a penúltima.  Agora resta uma única mangueira.  A que vemos na foto acima nasce ao longo de um pequeno riacho e é provavel que sobreviva, já que está nos fundos dos terrenos da minha rua e dos terrenos do quarteirão seguinte.

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Esta é a foto da mangueira que foi retirada este ano, pela escolinha para crianças de 2 a 6 anos.   Tirei esta foto, sem saber de seu destino, talvez umas duas semanas antes da matança.  Ela estava em flor, pois afinal as mangueiras aqui no Rio de Janeiro florescem no inverno.

Não sei se é porque sou completamente apaixonada por mangas, principalmente pelas Carlotinhas, que sinto tanta tristeza ao relatar essas perdas.  Mas precisamos acordar.  Não vai ser retirando nossas árvores que vamos ter qualidade de vida, que já anda tão escassa no Rio de Janeiro.





Que São Paulo você prefere?

31 05 2013

movimento90grausDo site do Movimento 90º

Que São Paulo você prefere? – é a pergunta instigante que abre o site do Movimento 90º. Esta semana fiquei muito feliz de me familiarizar com este grupo paulista de  arquitetos, paisagistas, engenheiros e voluntários que estão promovendo jardins verticais na cidade de São Paulo.

Como muitos que seguem o blog já sabem, há algum tempo tenho colocado nesse canto, projetos urbanísticos, brasileiros e estrangeiros que advogam cidades mais verdes.  Não é nem só uma questão de estética. É sobretudo uma questão para a nossa sobrevivência nesse planeta.

O Movimento 90º criou um sistema em que módulos leves são instalados em fachadas de edifícios, a 5 cm das empenas cegas,  para receber as plantas.  Estes módulos, que recobrem a parede sem janelas, forma o jardim vertical. [Recentemente essas paredes sem janelas, foram assunto de um excelente filme argentinosobre o amor virtual chamado Medianeras.]

A verticalização do verde nas grandes cidades ainda é mais popular na Europa do que no Brasil, mas precisamos de grupos como o Movimento 90º para difundirmos a idéia e também a estética.

Guil Blanche, diretor-executivo do movimento paulista, começou a desenvolver a técnica dos jardins verticais em 2009.  E perambulando pela cidade, observou que São Paulo poderia ser o lugar perfeito para a popularização desse tipo de intervenção ecológica.

A percepção de espaços vazios, que tecnicamente são chamados de empenas cegas, estas paredes nos prédios que não têm janelas, sempre que eu olhava para aquilo, eu pensava: ‘aí cabe um jardim vertical’“, lembra ele.  “E estas paredes catalizam os problemas da cidade, refletem o barulho, esquentam a cidade. O jardim vertical poderia habitar estes lugares“.

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A instalação é feita por especialistas em andaimes. As plantas são colocadas em módulos impermeáveis, feitos de materiais reciclados – como tubos de pasta de dente e embalagens de leite -, forrados com camadas de um tecido grosso parecido com feltro e presos à parede.

Se o jardim vertical é bem feito, se as plantas são escolhidas por um profissional capacitado, temos uma perda de plantas muito pequena“, afirma João Pedro Chilli David, membro do  conselho executivo do Movimento 90º. “A manutenção, no decorrer do tempo, é a irrigação – que é à pilha ou elétrica, depende da estrutura do prédio – e a fertilização, que pode ser manual. Mas preferimos que seja automatizado, embutido no sistema de irrigação e aí, de três em três meses ou de seis em seis, você abastece o sistema“, acrescentou.

É bom lembrar que os jardins verticais não são só bons para a cidade e para o meio ambiente.  Na verdade o primeiro a ganhar com esses jardins é o morador do próprio prédio, pois estas “paredes verdes”  diminuem o calor absorvido pelo prédio, abafam o barulho das ruas e melhoram a qualidade do ar.  Então gasta-se menos dinheiro com a conta de luz, porque ligamos o ar-condicionado com menor freqüência, dormimos melhor com os sons da rua abafados e ainda respiramos um ar mais puro!

E além dessas vantagens todas, há o valor estético.  Os jardins verticais melhoram a aparência dos prédios.

O Movimento 90º está bastante atarefado.  O grupo já instalou alguns destes jardins em fachadas de uma escola e de lojas adjacentes na rua Augusta, região central de São Paulo.Querem agora levar mais jardins verticais para as paredes de grandes prédios da região central da cidade.

O movimento tem a intenção de transformar a cidade ocupando estas empenas cegas, estas paredes de prédios sem janelas“, disse Guil Blanche.

A iniciativa de usar espaços desocupados de prédios da cidade para criar novas áreas verdes já vem sendo testada de outras maneiras em outros prédios em São Paulo.  Mas eles não estão sozinhos nessa campanha de esverdear a paisagem paulistana.  Há outros que tem se dedicado às plantações nos telhados de edifícios.  No telhado do Shopping Eldorado, por exemplo,  também na zona oeste da cidade, há um ano a administração criou uma horta usando o composto resultante da reciclagem dos restos da praça de alimentação.

Com o uso de um produto criado pelo laboratório mineiro BioIdeias, o processo de transformação dos restos de alimentos em adubo foi acelerado. Na horta já houve uma colheita de alfaces, berinjelas, pimentas e ervas. Atualmente, a plantação ocupa uma área de mil metros quadrados, mas o objetivo é expandir a horta para ocupar todos os 9,8 mil metros quadrados do telhado do shopping.

Você também pode apoiar o Movimento 90º.  Para informações e doações, clique aqui.

FONTE: BBC Brasil





O verde do meu bairro: Manacá-da-serra

26 05 2013

DSC00003Manacá-da-serra, nos jardins de um edifício.  Rio de Janeiro

Fico sempre muito alegre quando vejo jardins de edifícios no Rio de Janeiro ornamentados com plantas tropicais nativas.  Vejam só que bonito que ficou esse Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis Cogn) na frente de um edifício.  Essa é uma pequena árvore brasileira, semi-decídua, nativa da mata atlântica. Muito popular nos jardins das casas do início de século XX, caiu de moda por algumas décadas e parece agora estar sendo lembrada pelos paisagistas cariocas.

Ela é uma árvore de porte pequeno a médio, perfeita para um cantinho de jardim por causa de suas flores de duas cores.  Crescida, madura pode chegar até 12 metros de altura e não menos que 6.  Suas folhas são verde-escuro, mais compridas do que largas e as flores de seis pétalas são relativamente grandes, e se destacam de encontro ao fundo verde escuro da folhagem. Quando nascem são branquinhas mudando de cor com o amadurecimento até tornarem-se de cor violeta.  Têm seis pétalas.  Isso faz com que seja uma árvore florida com flores de duas cores, o que faz com que muitos, erroneamente acreditem que a árvore é fruto de enxerto. Os livros de jardinagem dizem que  as flores aparecem no verão.  Mas aqui no Rio de Janeiro elas aparecem agora, no meio do outono.

É uma árvore que poderia ser mais utilizada no Rio de Janeiro já que suas raízes não iriam suspender as pedrinhas portuguesas das nossas calçadas. O Manacá-da-serra gosta de sol, de bastante sol. E é claro de solo fértil.

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O verde do meu bairro: Extremosa, ou Resedá

11 11 2012

Há algumas extremosas no meu bairro.  Sei que elas são muitas vezes vistas com desagrado, quase como uma praga, porque foram usadas para a arborização em muitas cidades brasileiras, em ruas movimentadas, em detrimento de outras espécies.  Nessa escolha importaram as qualidades: beleza, baixa altura, raízes que não destroem as calçadas e resistência.  A extremosa ou resedá não é nativa do Brasil e  pode criar problemas para muitas das árvores nativas de maior porte.  Talvez seja por isso, que nos EUA, nos estados  onde morei – Maryland, Virginia, Washington DC e Carolina do Norte–  elas são usadas em grande escala só nos canteiros do meio das estradas,  embelezando, delimitando e, por causa de sua baixa estatura, ajudando a bloquear a luz de caminhões vindos no sentido contrário.  Também são usadas nas beira de estradas, com uma boa separação de grama entre elas e a vegetação nativa.  Podemos ver na foto abaixo, um exemplo de como são usadas. Claro que muitas pessoas plantam resedás em seu jardim, mas simplesmente como um foco de cor para o verão, uma única árvore, onde podem ser vigilantes quanto às pragas.

Por que elas são olhadas com desconfiança?  Sua praticidade – fácil reprodução, manutenção e raízes que não prejudicam calçadas – levou muitos municípios brasileiros a plantarem quase que exclusivamente as extremosas em suas vias públicas.  Isso não só leva à possibilidade de monocultura, como pode afetar as árvores nativas porque o resedá é suscetível ao abrigo de pragas, como erva de passarinho, que vivem da habilidade de extrair seus nutrientes das árvores em que se instalam.  Seu uso tem sido desencorajado.  Mas mesmo assim, é um belo respingo de cor na paisagem, que, aqui no Rio de Janeiro, atravessa duas estações: primavera, verão.

Natural da Índia e da China, os primeiros pés de extremosa foram trazidos para os EUA ainda no século XVIII, mais precisamente em 1790, pelo botânico francês André Michaux (1746-1802), autor entre outros das obras: Histoire des chênes de l’Amérique, 1801 [História dos carvalhos da América] e Flora Boreali-Americana, 1803 [Flora da América do Norte].

A extremosa (Lagerstroemia indica) recebe diversos nomes no Brasil: Resedá, Suspiros, Julieta, Árvore-de-júpiter, Flor-de-merenda, Mumiquilho.  Caiu no gosto popular por causa de sua função decorativa.  Tem flores  em forma de espigas.  Dependendo da região onde é plantada floresce no verão ou no verão e na primavera (como é o caso aqui no Rio de Janeiro, onde a primavera é quente).  Suas flores podem ser de três cores: branca, rosa ou vermelha.  Deve ser podada durante o inverno e as flores aparecerão na ponta dos ramos que foram podados.   Suas folhas são elípticas alongadas.  Nas regiões frias a árvore perde todas as folhas no inverno.  Chega aos 6 metros de altura.

Para maiores informações:

Meu cantinho





Pensando o espaço urbano verde: o ACROS em Fukuoka, no Japão

26 06 2012

O edifício Acros Fukuoka.

Um dos edifícios mais interessantes visualmente que integram o verde com arquitetura está no Japão na cidade de Fukuoka.  É o edifício ACROS, mais comumente chamado de Acros-Fukuoka, construído em 1994.  Ele é um oásis, de aproximadamente 5.400 m², construído pelo homem na forma de meio-zigurate.  Tem terraços enormes em que foram plantadas incialmente mais de 35.000 plantas de 76 espécies  — e que hoje incluem 50.000 plantas de 120 variedades — que parecem cascatear dos 60 m de altura do edifício até encontrar o parque ao nível térreo. Visualmente unidos pela vegetação, esses terraços  dão continuidade ao parque como se fossem uma elevação natural.  Isso porque no lugar de vegetação rasteira, comum no paisagismo combinado à arquitetura, os terraços têm árvores, arbustos, plantas de diversas alturas,  que acentuam a percepção de uma composição mais natural à medida que o jardim cresce morro acima.

Vista aérea do edifício ACROS-Fukuoka e seu parque.

O edifício tem duas fachadas diferentes.  Do lado norte,  ele é semelhante a outros edifícios comerciais para escritórios.  Tem uma longa e alta fachada de vidro e uma entrada elegante,  como caberia a uma construção desse porte, na rua de maior prestígio no setor financeiro da cidade.  Do outro  lado e escondido de quem vem pela rua, o edifício  se abre para um paraíso verde com jardins suspensos.  Cada andar pode desfrutar de vista com densos jardins, repletos árvores e plantas que dão flores em diferentes épocas do ano:  uma natureza em festa.   O edifício permite, dessa maneira, que se desfrute das quatro estações, em qualquer andar, mesmo que se trabalhe em um escritório.

Vista lateral do Acros-Fukuoka, com lateral do canal para o porto.

Projetado pela firma do arquiteto argentino Emilio Ambasz and Associates, Inc. o edifício incorporou, ao lado sul, sem que isso tivesse sido requisitado, o parque Tenjin [ Tenjin Central Park] no terreno ao lado, preservando o único espaço verde, público, remanescente na cidade de Fukuoka.  Com terraços que vão até o topo do edifício, culminando num belvedere de onde se pode observar o porto e a cidade, a construção leva em consideração além do bem-estar de quem ali trabalha, aspectos de conservação do meio ambiente, através de seus telhados verdes – em cada andar – que reduzem o consumo de energia porque mantêm a temperatura do interior do prédio mais constante e confortável.  Esses telhados também captam água da chuva e servem de habitação para centenas de espécies de insetos, pássaros e outros pequenos animais.  Os jardins também são utilizados para lazer, exercícios físicos, meditação, além de  descortinar uma bela vista do porto de Fukuola e terras adjacentes. O paisagismo dessa construção ficou a cargo do engenheiro Nihon Sekkei Takenaka Corporation.

Vista do alto de uma das plataformas do jardim do edifício Acros-Fukuoka.

O lado sul também é o que exibe uma curiosa fachada: um plano inclinado de jardins em terraços que é quebrado no meio por uma torre de vidro gigantesca.  Isso não só traz à fachada uma dimensão escultórica como serve plenamente para trazer interesse aos espaços exterior e interior do edifício. a coluna de vidro permite que a luz difusa do dia penetre nos quatorze andares do edifíco trazendo ainda maior bem-estar aqueles que trabalham lá.

Vista lateral dos andares superiores, lado sul.

São 97.252 m² de espaço funcional nesse edifício.  Neles estão incluídos uma sala de exposição, um museu, um teatro para 2.000 pessoas, instalações para conferências, escritórios do governo e particulares, e diversos níveis de estacionamento subterrâneo além de lojas.  A estrutura de aço e concreto armado é composta de 14 andares acima do nível térreo e 4 andares abaixo da terra.

Vista do espaço interior do Acros-Fukuoka.

O exterior do edifício é sem dúvida impressionante, mas o espaço interior também é muito bem desenvolvido: um grande átrio semicircular e um saguão com pórtico triangular criam uma espaçosa entrada que desliza para a vegetação no lado de fora.

Interior do Acros-Fukuoka.

O cuidado com o bem-estar de quem ali trabalha também pode ser observado na construção de espelhos d’água nos terraços.  Conectados por pulverização ascendente de jatos de água, eles criam uma falsa cachoeira, que disfarça o ruído da cidade. Estas piscinas ficam acima do átrio de vidro no interior do edifício central, trazendo luz difusa para o interior.

Vista dos caminhos no jardim do Acros-Fukuoka.

Vista do edifício Acros-Fukuoka do lado oposto ao jardim.

Entrada pelo jardim.

Vista para o teto do saguão no térreo.

Vista vol d’oiseau.





O verde do meu bairro — a alamanda

8 03 2012

Grade de proteção a um edifício com alamanda.

Cá pelas minhas bandas as trepadeiras ornamentais estão tomando conta dos jardins.  Muito popular vermos, por cima das grades que protegem os edifícios, a  Alamanda, ou como minha avó chamava, Dedal de dama.

Gosto bastante do movimento verde dos jardins aqui no Rio de Janeiro.  Muros e gradís estão cada vez mais bonitos, embelezados por uma grande variedade de trepadeiras,  que nessa época do ano – alto verão — derramam um colorido vibrante por sobre o que poderíamos considerar aspectos menos estéticos das cercas, muros e grades de proteção das casas e edifícios.

A Alamanda é uma ótima planta para esse fim.  Eu mesma, quando morei num outro apartamento, num outro edifício, em Copacabana, coloquei a Alamanda “chorando” da fachada dos meus janelões no 10º andar para o andar de baixo.  Planta de muito efeito ornamental, ela precisa, pelo menos por aqui, de pouca atenção, de muito sol, e não pode ser molhada demais.   No meu caso, num longo patamar de 4 metros de comprimento, ela precisava de um pouco mais de atenção, porque estávamos à beira mar e o ar salgado nem sempre incentiva as plantas a darem o melhor de si.

Suas flores, em formato conico  têm 5 pétalas.

Descobri que ela pode ser encontrada em quase todo o território nacional, menos naqueles lugares – e são poucos – cujas temperaturas podem chegar sistematicamente abaixo de 7º centígrados. Ela é uma trepadeira muito utilizada no paisagismo porque não só tem flores bonitas e abundantes, como porque sua folhagem brilhante e espessa, com folhas ovais, pode ser também bastante decorativa. Precisa ser cultivada em pleno sol, em solo fértil, rico em matéria orgânica e com regas regulares.

Agora, prestem atenção, não deve ser plantada onde criancinhas pequenas e filhotes de animais possam querer experimentar comer de suas belas flores e folhas, porque é uma planta tóxica.

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Características:

  • Nome Científico: Allamanda cathartica
  • Sinonímia: Allamanda herndersonii
  • Nome Popular: Alamanda, dedal-de-dama, carolina, alamanda-amarela
  • Família: Apocynaceae
  • Divisão: Angiospermae
  • Origem: Brasil
  • Ciclo de Vida: Perene

Para mais informações consulte aqui: O Jardineiro

 Então, que tal sugerir ao seu síndico o plantio dessa bela trepadeira e embelezar também a sua moradia, ou a sua rua?