O verde do meu bairro: Manacá-da-serra

26 05 2013

DSC00003Manacá-da-serra, nos jardins de um edifício.  Rio de Janeiro

Fico sempre muito alegre quando vejo jardins de edifícios no Rio de Janeiro ornamentados com plantas tropicais nativas.  Vejam só que bonito que ficou esse Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis Cogn) na frente de um edifício.  Essa é uma pequena árvore brasileira, semi-decídua, nativa da mata atlântica. Muito popular nos jardins das casas do início de século XX, caiu de moda por algumas décadas e parece agora estar sendo lembrada pelos paisagistas cariocas.

Ela é uma árvore de porte pequeno a médio, perfeita para um cantinho de jardim por causa de suas flores de duas cores.  Crescida, madura pode chegar até 12 metros de altura e não menos que 6.  Suas folhas são verde-escuro, mais compridas do que largas e as flores de seis pétalas são relativamente grandes, e se destacam de encontro ao fundo verde escuro da folhagem. Quando nascem são branquinhas mudando de cor com o amadurecimento até tornarem-se de cor violeta.  Têm seis pétalas.  Isso faz com que seja uma árvore florida com flores de duas cores, o que faz com que muitos, erroneamente acreditem que a árvore é fruto de enxerto. Os livros de jardinagem dizem que  as flores aparecem no verão.  Mas aqui no Rio de Janeiro elas aparecem agora, no meio do outono.

É uma árvore que poderia ser mais utilizada no Rio de Janeiro já que suas raízes não iriam suspender as pedrinhas portuguesas das nossas calçadas. O Manacá-da-serra gosta de sol, de bastante sol. E é claro de solo fértil.

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Pensando o espaço urbano verde: Hotel Kandalama

12 07 2012

Hotel Kandalama, em Sri Lanka (antigo Ceilão em português).

Projetado pelo mais famoso arquiteto do país, Geoffrey Bawa, o edifício representou na época em que foi  construído, 1991-1994, sua maneira de balancear o mundo natural com a interferência humana de maneira harmoniosa, com grande sensibilidade.   O hotel não se distingue da natureza que o cerca.  Com paisagismo de Aitken Spende, o hotel consegue dar a impressão ao visitante que o edifício simplesmente é coberto pela extensão da vegetação à sua volta, sem ser ofuscado pela pedra Sigiriya Rock.  Ao contrário, o prédio  foi construído um pouco mais longe, abraçando a parte mais baixa de um morro, aos pés do qual é construído, como se fosse sua própria continuação.

Vista do Hotel Kandalama, do térreo.

Vista dos caminhos e das trepadeiras.

A entrada do hotel fica num nível mais abaixo do que a construção propriamente dita.  E acesso ao edifício é feito através de um corredor que leva até o saguão principal.  A ideia por trás de toda a construção é oferecer uma varanda para a natureza que o cerca e não chamar atenção para a construção propriamente dita.

Vista do interior para fora.

O arquiteto convenceu seu cliente a escolher um local alternativo, cerca de 15 km ao sul do plano original sobre terreno rochoso. O que Geoffrey Bawa conseguiu prever: as características marcantes naturais, que eram um desafio do projeto acabaram por permitir que houvesse um menor impacto da construção no local.  Nenhuma máquina de terraplenagem foi utilizada, e as formações rochosas foram mantidas e utilizadas como  um elemento importante no projeto final.

Caminhos do Hotel Kandalama, com uso de pedra natural como elemento arquitetônico.

Outros elementos importantes do projeto incluem a sua localização, ao longo dos cumes existentes, de passarelas externas ao longo da face do penhasco e treliças de madeira com vegetação trepadeira. Esses elementos ajudam a emendar o edifício ao local, criando uma relação simbiótica de seu entorno com o prédio.  Desta maneira ele apaga a distinção entre o natural e o artificial. A localização, a ambiguidade espacial e articulação da fachada combinam para criar uma experiência única para quem ali se instala.

Os 28.110 m² de hotel foram construídos sobre palafitas para manter o fluxo de água da chuva natural.  O paisagismo foi restaurado até os alicerces da coluna, e 80 por cento dos telhados são plantados com horticultura indígena. O edifício foi planejado ao longo de um pano de fundo de uma formação de rocha para fornecer maior grau de resfriamento passivo, o que reduziu a carga de resfriamento global.

Toda a água é reciclada e reutilizada.  Ela vem de poços profundos do próprio local e é tratada, antes de circular no edifício. Depois passa por duas estações de tratamento e, em seguida, utilizada para o paisagismo. A água excedente é devolvida ao aquífero.  Todas as necessidades de água e esgoto do edifício são satisfeitas a partir de recursos locais, sem conexões com o serviço público.

Os telhados planos (inclinação de 1%) e as colunas verticais finas, combinadas com os telhados verdes e fachadas, dão sensação de autossuficiência e conforto para os visitantes.

A proximidade a um edifício que interfira pouco no meio ambiente em que está localizado ainda é mais acentuada pelo uso das árvore Gliricidia sepium nativas do local, de tamanho médio, chegam a  10 -12 metros de altura.  Elas produzem flores entre o rosa e o lilás dando cor a paisagem na época de inflorescência.





O verde do meu bairro — a alamanda

8 03 2012

Grade de proteção a um edifício com alamanda.

Cá pelas minhas bandas as trepadeiras ornamentais estão tomando conta dos jardins.  Muito popular vermos, por cima das grades que protegem os edifícios, a  Alamanda, ou como minha avó chamava, Dedal de dama.

Gosto bastante do movimento verde dos jardins aqui no Rio de Janeiro.  Muros e gradís estão cada vez mais bonitos, embelezados por uma grande variedade de trepadeiras,  que nessa época do ano – alto verão — derramam um colorido vibrante por sobre o que poderíamos considerar aspectos menos estéticos das cercas, muros e grades de proteção das casas e edifícios.

A Alamanda é uma ótima planta para esse fim.  Eu mesma, quando morei num outro apartamento, num outro edifício, em Copacabana, coloquei a Alamanda “chorando” da fachada dos meus janelões no 10º andar para o andar de baixo.  Planta de muito efeito ornamental, ela precisa, pelo menos por aqui, de pouca atenção, de muito sol, e não pode ser molhada demais.   No meu caso, num longo patamar de 4 metros de comprimento, ela precisava de um pouco mais de atenção, porque estávamos à beira mar e o ar salgado nem sempre incentiva as plantas a darem o melhor de si.

Suas flores, em formato conico  têm 5 pétalas.

Descobri que ela pode ser encontrada em quase todo o território nacional, menos naqueles lugares – e são poucos – cujas temperaturas podem chegar sistematicamente abaixo de 7º centígrados. Ela é uma trepadeira muito utilizada no paisagismo porque não só tem flores bonitas e abundantes, como porque sua folhagem brilhante e espessa, com folhas ovais, pode ser também bastante decorativa. Precisa ser cultivada em pleno sol, em solo fértil, rico em matéria orgânica e com regas regulares.

Agora, prestem atenção, não deve ser plantada onde criancinhas pequenas e filhotes de animais possam querer experimentar comer de suas belas flores e folhas, porque é uma planta tóxica.

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Características:

  • Nome Científico: Allamanda cathartica
  • Sinonímia: Allamanda herndersonii
  • Nome Popular: Alamanda, dedal-de-dama, carolina, alamanda-amarela
  • Família: Apocynaceae
  • Divisão: Angiospermae
  • Origem: Brasil
  • Ciclo de Vida: Perene

Para mais informações consulte aqui: O Jardineiro

 Então, que tal sugerir ao seu síndico o plantio dessa bela trepadeira e embelezar também a sua moradia, ou a sua rua?




O verde do meu bairro: Iuca elefante!

10 02 2012

Um dos prazeres de andar nas ruas do Rio de Janeiro é descobrir a estação para floração de diversas plantas que encontramos nos jardins das casas e edifícios que nos cercam.  Há duas semanas fiquei muito feliz de dobrar uma rua próxima à praia e me deparar com essa Iuca elefante, florida, completamente florida.  Plantada de frente para o mar ela parecia estar em seu elemento, feliz com o calor do verão carioca.

Cheguei em casa com sede de saber mais sobre essa beleza.  E descobri que seu nome científico é Yucca elephantipes, natural da Guatemala e do México, portanto da América Central.  É uma arbusto que pode chegar a 6 metros de altura  [o da foto deve ter uns 4 metros ou um pouquinho mais].  É uma planta bem resistente que gosta de sol pleno, chegando a meia sombra e consegue viver com pouca água, podendo ser regada só uma vez por semana.   Gosta de solos arenosos ricos em matéria orgânica com ótima drenagem e do clima quente e seco, por isso evidentemente está entre as plantas favoritas dos jardins à beira-mar no Rio de Janeiro.

Suas flores são assim como mostra a foto, em cachos, a maioria empinada.  Como se fossem um grupo grande de pequenas campânulas.  Cachos de vistosas “conchinhas” que contrastam bastante com as folhas alongadas, que têm uma aparência de espinhosa, mas não têm espinhos, nem na pontinha.  Dizem que as flores duram bastante tempo e por isso podem ser usadas em arranjos florais.  Floresce no final da primavera e no verão.

Este arbusto encontra-se no Rio de Janeiro, à beira da praia do Leblon.  Disse-me o porteiro/jardineiro que não é planta que se pode.  As informações que consegui na internet indicam que ele estava certo, que se deve simplesmente retirar as folhas secas.  Só quando adulta ela poderia ser podada.  Mas tem uma natureza agreste que não convida à poda.

Bela opção para um jardim costeiro.  Encanta.  Foi um prazer passar um quarto de hora à volta desse exemplar.

NOME CIENTÍFICO: Yucca elephantipes

NOME POPULAR: Iuca-elefante,vela-de-pureza

FAMÍLIA: Agaviaceae.

CICLO DE VIDA: Perene.

ORIGEM: Guatemala e México.

PORTE: DE 4 a 6 metros de altura.





O verde do meu bairro: pau-formiga

3 06 2011
Pau-formiga em flor.

O mês de maio aqui no Rio de Janeiro é agraciado com uma das florações mais espetaculares nas árvores tropicais usadas no paisagismo dos terrenos de casas e edifícios de apartamentos.  O responsável pela bela mudança da paisagem é o pau de formiga.  Esta árvore de folhas largas arredondadas como muitas das belas folhagens tropicais é uma das árvores favoritas dos jardins arborizados do Leblon.   Extremamente vistosas, as flores aparecem em maio em grupos saindo de um só ramo, como se fossem ramalhetes pré-arrumados,  prontos para um arranjo decorativo.

Chama-se Pau-formiga, por uma característica muito interessante: seu tronco é oco e sempre serve de moradia para um formigueiro, em geral de formigas tachi, que protegem essa árvore dos herbíforos.   É uma árvore perfeita também para a paisagem urbana se não estiver atrapalhada por fios elétricos, porque além de vistosa com bela floração ( tanto a planta macho quanto a fêmea), cresce até 20 metros de altura, fazendo um grande e majestoso contraponto a plantas e outras árvores de menor porte.  E como não têm raízes que danifiquem as calçadas são ideais para o uso nas cidades.

É natural do Brasil.  Como tal, é de grande valia nos processos de reflorestamento.   Só a planta fêmea tem floração colorida, que vai do vermelho alaranjado ao rosa pálido.    As plantas macho têm floração mais delicada, tímida e acinzentada, mas também são extremamente decorativas.  É bom lembrar que ambas as árvores são necessárias para a propagação.   O pau-formiga é uma árvore perfeita para plantio no sudeste brasileiro, já que fica feliz e satisfeita com o clima quente e úmido.  E gosta de sol e de solo fértil, enriquecido, úmido e bem irrigado.   São árvores que crescem muito empertigadas, certinhas, sem se esparramarem e têm a forma de um grande cilindro ou de uma grande pirâmide.  Assim sendo, não devem ser podadas para não perderem as características que as fazem tão especiais.   Multiplicam-se por sementes, e crescem ainda mais felizes se forem fertilizadas no verão e na primavera.   Floradas no final do outono e no inverno, dependendo da região.  No Rio de Janeiro pau-formiga é a árvore do Dia das Mães, floresce no mês de maio.

Nome Científico: Triplaris brasiliana

Sinonímia: Triplaris brasiliensis, Triplaris pyramidalis

Nome Popular: Pau-formiga, Pau-de-novato, Formigueiro, Novateiro, Pau-de-formiga, Paliteiro, Taquari, Pajeú, Tachi, Tangarana

Família: Polygonaceae

Divisão: Angiospermae

Origem: Brasil

Ciclo de Vida: Perene

Fonte:  Jardineiro