Fábula: A rã e o boi, texto de Monteiro Lobato

2 06 2012

A rã e o boi, ilustração de Bernard Salomon, 1547

A rã e o boi

Monteiro Lobato

Tomavam sol à beira dum brejo uma rã e uma saracura.  Nisto chegou um boi, que vinha para o bebedouro.

— Quer ver — disse a rã — como fico do tamanho deste animal?

— Impossível, rãzinha. Cada qual como Deus o fez.

— Pois olha lá! — retorquiu a rã estufando-se toda. Não estou “quase” igual a ele?

— Capaz!  Falta muito amiga.

A rã estufou-se mais um bocado.

— E agora?

— Longe ainda!…

A rã faz novo esforço.

— E agora?

— Que esperança!…

A rã, concentrando todas as forças, engoliu mais ar e foi-se estufando, estufando, até que PLAF! Rebentou como um balãozinho de elástico.

O boi que tinha acabado de beber lançou um olhar de filósofo sobre a rã moribunda e disse:

Quem nasce para dez réis não chega a vintém.

Em: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Ed. Brasiliense:1966, 20ª edição.

José Bento Monteiro Lobato, (Taubaté, SP, 1882 – 1948).  Escritor, contista; dedicou-se à literatura infantil. Foi um dos fundadores da Companhia Editora Nacional. Chamava-se José Renato Monteiro Lobato e alterou o nome posteriormente para José Bento.

Obras:

A Barca de Gleyre, 1944

A Caçada da Onça, 1924

A ceia dos acusados, 1936

A Chave do Tamanho, 1942

A Correspondência entre Monteiro Lobato e Lima Barreto, 1955

A Epopéia Americana, 1940

A Menina do Narizinho Arrebitado, 1924

Alice no País do Espelho, 1933

América, 1932

Aritmética da Emília, 1935

As caçadas de Pedrinho, 1933

Aventuras de Hans Staden, 1927

Caçada da Onça, 1925

Cidades Mortas, 1919

Contos Leves, 1935

Contos Pesados, 1940

Conversa entre Amigos, 1986

D. Quixote das crianças, 1936

Emília no País da Gramática, 1934

Escândalo do Petróleo, 1936

Fábulas, 1922

Fábulas de Narizinho, 1923

Ferro, 1931

Filosofia da vida, 1937

Formação da mentalidade, 1940

Geografia de Dona Benta, 1935

História da civilização, 1946

História da filosofia, 1935

História da literatura mundial, 1941

História das Invenções, 1935

História do Mundo para crianças, 1933

Histórias de Tia Nastácia, 1937

How Henry Ford is Regarded in Brazil, 1926

Idéias de Jeca Tatu, 1919

Jeca-Tatuzinho, 1925

Lucia, ou a Menina de Narizinho Arrebitado, 1921

Memórias de Emília, 1936

Mister Slang e o Brasil, 1927

Mundo da Lua, 1923

Na Antevéspera, 1933

Narizinho Arrebitado, 1923

Negrinha, 1920

Novas Reinações de Narizinho, 1933

O Choque das Raças ou O Presidente Negro, 1926

O Garimpeiro do Rio das Garças, 1930

O livro da jangal, 1941

O Macaco que Se Fez Homem, 1923

O Marquês de Rabicó, 1922

O Minotauro, 1939

O pequeno César, 1935

O Picapau Amarelo, 1939

O pó de pirlimpimpim, 1931

O Poço do Visconde, 1937

O presidente negro, 1926

O Saci, 1918

Onda Verde, 1923

Os Doze Trabalhos de Hércules,  1944

Os grandes pensadores, 1939

Os Negros, 1924

Prefácios e Entrevistas, 1946

Problema Vital, 1918

Reforma da Natureza, 1941

Reinações de Narizinho, 1931

Serões de Dona Benta,  1937

Urupês, 1918

Viagem ao Céu, 1932

———————————-

Esta fábula de Monteiro Lobato é uma das centenas de variações feitas através dos séculos da fábulas de Esopo, escritor grego, que viveu no século VI AC.  Suas fábulas foram reunidas e atribuídas a ele, por Demétrius em 325 AC.  Desde então tornaram-se clássicos da cultura ocidental e muitos escritores como Monteiro Lobato, re-escreveram e ficaram famosos por recriarem estas histórias, o que mostra a universalidade dos textos, das emoções descritas e da moral neles exemplificada.  Entre os mais famosos escritores que recriaram as Fábulas de Esopo estão Fedro e La Fontaine.

——————————

Bernard Salomon — Foi um pintor, desenhista e gravador francês.  Nasceu  por volta de 1508 em Lyon e faleceu próximo a 1561. Foi um grande ilustrador, seus trabalho ulusttrando  Fábulas de Esopo, em 1551; Histórias ilustradas da Bíblia, em 1553, 1555;  Ilustrações do Novo Testamento, em 1556;  Metamorfose de Ovídio, em 1557, tornaram-se padrões para ilustrações posteriores não só na França mas em toda a Europa.





Uma professora diferente!

23 12 2011

Ilustração, T. J. Overnell.

Raramente leio livro de contos, mas fiquei muito feliz de ter tomado conhecimento dessa autora americana, Sarah Shun-lien Bynum, por indicação da livreira a quem recorro quando “não tenho nada para ler”, mesmo que as prateleiras de minhas estantes estejam repletas de volumes novos ainda por serem degustados.

Este é um conjunto de contos, eu hesito em dizer contos, pois que raramente têm um início, meio e fim, como imaginaríamos, mas um grupo de narrativas da vida de uma professora da 7ª série.  Juntos eles nos dão um breve retrato das interações e considerações da professora frente aos alunos, às suas escolhas e à sua vida amorosa.  São facetas de uma vida, em diferentes anos, diferentes ocasiões que nos permitem preencher o perfil de uma jovem professora de história.

O que surpreende, e precisa ser colocado em destaque, é o ponto de vista dessas histórias, as observações colocadas de maneira nova, refrescante sobre assuntos corriqueiros.  Isso adicionado a uma escrita límpida e precisa, a um tom quase britânico, dá um charme especial ao trabalho dessa autora que está naqueles nomes escolhidos pela revista The New Yorker, entre os 20 mais promissores escritores da atualidade, com menos de 40 anos de idade, nos Estados Unidos.

Vale a apresentação, e espero com ansiedade seu primeiro romance no Brasil.

Sarah Shun-lien Bynum




Firmo, o vaqueiro, conto de Natal de Coelho Neto, texto integral

21 12 2009

A vida no campo, vaquejada, 1960

Ernest Zeuner ( Alemanha, 1898 — Brasil, 1967)

Têmpera sobre papel,  25,5 cm  x 36,5 cm

Museu Ado Malagoli, Porto Alegre, RS

Firmo, o vaqueiro

—-

Coelho Neto

Sentados na soleira da palhoça, em face do verde campo, à hora vesperal em que os rebanhos recolhem, o velho Firmo e eu fumávamos, relembrando passagens alegres da vida de outrora.

Firmo era meu companheiro quando eu ia passar as férias na roça.  O que ele sabia de histórias, e como as contava fazendo a voz enternecida e meiga para imitar as princesas que imploravam ou arremetendo com vozeirão terrível para que eu tivesse a impressão exata do bradar horrível dos gigantes antropófagos.  E não só história dos livros, outras sabia que eu jamais em letras vira: a que descrevia a vara branca seduzindo o remador do Itapicuru e o conto do sucupira, com que no bom tempo faziam cessar a minha impertinência.  Algumas eram inventadas por ele, diziam;  outras o velho Firmo, vaqueano e andejo, aprendera por esses sertões de Deus por onde caminhara.

Andava pelos oitenta anos, mas quem o visse a cavalo, no campo, não lhe daria tanta idade.  O diabo era o reumatismo que não lhe deixava as pernas.  No seu tempo ninguém levava o melhor ao Firmo do Curral Novo.  Raparigas, que uma vez o viam montado no garboso fábrica, o laço em volta da cinta, a aguilhada firme sobre a coxa coberta de couro cru, perdiam-se de amor por ele.

Era um caboclo atirado, musculoso e rijo: grandes olhos negros brilhavam no seu rosto queimado pelos verões e os cachos do seu cabelo rolavam-lhe pelos ombros largos.

Velho, embora, “ninguém lhe chegava ao pé sem muito jeito”, como ele próprio dizia sorrindo som os seus dentes limados, agudos como pontas de frechas.  Apesar de alquebrado e enfermo andava com arrogância e notava-se-lhe na voz, áspera e forte, o hábito de comando.

Em tempos de festa, quando vinham para a mesma eira moças do lugar e moças de mais longe, Firmo saltava na roda, sapateando, rasgando na viola a tirana dos campeiros, e quem ousava pegar no verso do caboclo?!  As tabaroas morenas sorriam com os olhos fascinados e unidas desfaziam-se das flores para que o cantador as fosse pisando no sapateado… por isso o Firmo andava sempre de ponta com os companheiros e, mais uma vez, o descante acabou varrido à faca; mas quem ficasse do lado do caboclo podia estar descansado – nunca fugiu de arreliam fosse com um, fosse com dez ou mais.

Mãezinha, a velha mucama de casa, quando o via passar no caminho, curvado pitando o seu cachimbo de taquara, dizia maliciosa:

—  Isso, ahn!  isso, foi o diabo!

Firmo “vivia encostado no tempo de dantes”, a saudade era o seu conforto.  “Hoje em dia qu’é que a gente vê? má língua e moleza só”, dizia e citava os valentes de antanho e mostrava as velhas gabando-lhes a beleza que a idade fanara: “Serapião, homem que nem o diabo!… Ana Rosa, essa curumba… foi mulata de dengue, era um motim aqui em cima por causa dela.  Filomena, com essa cara de peixe moqueado, teve o seu luxo e foi gente…  Eu também pisei duro, ora!”

Firmo vivia das recordações.  Passava os dias caminhando de um para o outro lado, visitando as palhoças, ou à beira do rio para ver e ouvir as lavadeiras, quando não se metia a fazer bodoques para as crianças.

À tarde sentava-se em um pilão quebrado, à porta da casa, e deixava-se estar inerte, os olhos ao longe: “Estava vivendo…” dizia quando eu lhe perguntava que fazia ali sozinho.  Estávamos, às vezes, sentados juntos, ele a contar-me histórias, quando nos chegava, nítido e agudo, o grito do campeiro.  Firmo calava-se, um estremecimento agitava-o, os olhos dilatados recobravam o brilho antigo e punha-se de pé, devassando a paisagem triste, à luz crepuscular.

De repente aprecia a nuvem de poeira anunciando o gado que chegava…  uma mancha vermelha, uma mancha negra, outra e logo o magote, os bois juntos, emaranhando os chifres: um mugia, outros imitavam-no levantando os focinhos ou ferravam-se às marradas, sendo, às vezes, necessária a intervenção do vaqueiro que apartava os dois à ponta de vara.  E a marcha aproximava-se morosa.

Firmo ficava enlevado acompanhando os movimentos da manada, inclinando-se para um lado, para o outro, aspirando sôfrego.  De repente batia as palmas e juntava, logo em seguida, as mãos na boca à guisa de porta-voz, bradando:

—  Eh! eh! eh! cou!  ruma!  ruma!  Eh! cou…

E ficava longo tempo excitado, a olhar.  Não perdia uma só das peripécias e, se um touro espirrava, correndo aos galões pela campina, o velho entrava a bramar do outeiro, tão alto, tão alto, que as raparigas, que andavam na eira recolhendo a roupa ou socando o arroz, paravam assustadas erguendo os olhos para o lado da palhoça do vaqueiro velho.  Mas ninguém o acomodava antes de ser laçado o boi fujão e quando o vaqueiro aparecia, arrastando o animal laçado,  Firmo suspirava baixinho:

—  Ah!  Nossa Senhora!  meu tempo!

*  *  *

Camponês com cavalo, 1948

José Marques Campão (Brasil, 1892-1949)

óleo sobre tela, 54 x 65 cm

Coleção Particular

—–

———

—–

Foi pelo Natal que o vi pela última vez.  Começavam os preparativos da festa, quando cheguei ao sitio.  Nas casas dos escravos, às vezes, à noite, ensaiavam as crianças.  Na eira os rapazolas preparavam jiraus; colhia-se o arroz novo para os presepes e de todos  os lados, mal o sol fugia, começavam as toadas das cantigas ao Deus Menino e as falas dos infantes que figuravam no Mistério.

Firmo estava doente, mal podia mover-se: passava os dias na rede.  Subi a vê-lo, uma noite justamente na véspera do grande dia. Encontrei-o deitado, fumando, os olhos semi-cerrados.

—  Eh! vaqueiro velho…  Então que é isso?!

—  Estou derrubado, patrãozinho.

—  Mas que diabo tem você?

— Moléstia má, patrãozinho; parece que desta feita vou mesmo.

—  Ora qual…

—  Eu é que sei como me sinto, patrãozinho.  Se até o pito me faz nojo…

—  Pois eu preparei uma surpresa que te vai fazer mais bem do que todas as mezinhas de mãe Tude.   Quem está aí fora?  adivinha…

—  Ah! Patrãozinho, alguma alma boa…  Quem há-de ser?!

—  Raimundinho.

O velho sacudiu-se novamente na rede e, voltando-se para a porta com um sorriso, perguntou:

—  E onde está esse negro que não entra?

—   Boa noite à gente da casa!  Disse da porta o cafuzo.

— Entra, negro!

O cafuzo, um codoense da fama, atravessou o limiar da porta:

— Então, tio Firmo, a febre pode mais, hein?!

—  Sim porque eu não vi quando ela entrou… quando não!  Então, negro, que é que vamos fazendo?…

— Vim fazer minha festa.  Dizem que vão queimar fogaréus em Curral Novo

—  Como vai Noca?

—  Boa.

—  E Ana?  está na cidade, mais o pai?

—  Hen, hen, afirmou o cafuzo.

—  Negro, você não vai daqui hoje.  Ah!  Patrãozinho, vosmecê vai ver o que é um diabo.  Negro, ajunta a madeira ali atrás da arca…

—  Está encordoada?

—  O danado!  Onde você viu viola sem corda?   e afinada, ajunta.

—  O codoense agachou-se, apanhou a viola do vaqueiro e logo correu os dedos ágeis pelas cordas.

—  Passa p’ra luz, cafuzo.

—  Lá vou…

Sentou-se no centro da mesa, cruzou as pernas e, tombando a cabeça, gemeu a toada sertaneja.

—  Anda com Deus.

— Lá vai;  pigarreou e desferiu:

“ No coração de quem ama

Nasce uma flor que envenena”

— Eh!  gritou o Firmo entusiasmado, concluindo a quadra:

“Morena, essa flor que mata

Chama-se paixão, morena…”

— Pega, negro… não deixa o verso no chão!

De fora, contínuo e doce, vinha o coro longínquo das crianças em louvor de Jesus e, de vez em vez, reboava o mugido de um touro.

Quando o cafuzo descansou a viola, Firmo disse da rede com esforço, arrastando a voz fraca:

— Canta, canta mais, cafuzo…  Quem não tem Nosso Pai ouve a cantiga.  Canta.

Era tarde quando desci o outeiro.  Raimundinho lá ficou cantando.

No dia seguinte, à hora em que saía o gado, estava eu debruçado à varanda quando vi o cafuzo que preparava o animal viageiro:

—  Raimundinho, como vai ele?…

De longe apontou a palhoça:

—  Sim.

O braço caiu-lhe, olhou-me algum tempo comovido; depois saltando para o animal, levou o polegar à boca fazendo estalar a unha nos dentes:  “ Às quatro da manhã…  Atirei um verso e disse, para bulir com ele:  Pega, velho!  Não respondeu.  Tio Firmo, mesmo velho e doente, não era homem para deixar um verso no chão…  Fui ver, coitado!  Estava morto”.  E deu esporas para que não lhe visse as lágrimas.

Subi ao outeiro…  Pobre Firmo!  Lá estava no fundo da rede, cercado de gente.  Guardara o sorriso, morrera feliz, ouvindo os cantos do seu tempo e bem perto de casa o mugido dos rebanhos.  E bem que o choraram nessa noite os grandes bois, e diziam, entretanto, que eles estavam louvando o Senhor Menino; chorando o companheiro é que eles estavam, os grandes bois que pressentem todas as desgraças e que vêem a Morte passar, à noite, com a foice de rastro, através das campinas!  Bem que choraram nessa noite os bois: decerto viram a morte entrar na cabana de Firmo.

*  *  *  *  *

Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias, 21 de fevereiro de 1864 — Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1934) escritor, político, professor, romancista, contista, crítico, teatrólogo, memorialista e poeta.  Usou entre outros os  seguintes pseudônimos:  Anselmo Ribas, Caliban, Ariel, Amador Santelmo, Blanco Canabarro, Charles Rouget, Democ, N. Puck, Tartarin, Fur-Fur, Manés.  Foi provavelmente o prosador brasileiro mais lido nas primeiras décadas do século XX, tendo sofrido furiosos ataques do Modernismo posterior à Semana de Arte Moderna de 1922, o que provavelmente colaborou no injusto esquecimento que o mercado editorial e os leitores brasileiros tem-lhe reservado. Para o cinema, escreveu o que seria o primeiro filme brasileiro em série, Os mistérios do Rio de Janeiro, do qual só foi terminado e lançado o primeiro episódio.

Obras:

Romance Bárbaro (1914)

O Mistério (1920)

Fogo fátuo, romance, (1929)

Álbum de Caliban, contos, (1897)

Contos da vida e da morte, contos, (1927)

Mano, Livro da Saudade, romance, (1924)

A cidade maravilhosa, contos, (1928)

O polvo, romance (1924)

A descoberta da Índia, narrativa histórica, (1898)

O Fruto, contos, (1895)

O rei fantasma, romance, (1895)

O Rajá de Pendjab (1898)

Rapsódias, contos, (1891)

Sertão (1897)

A Bico de Penna

Água de Juventa, contos,

Romanceiro (1898)

Theatro, vol. I – Os Raios X (1897), O Relicário (1899), O Diabo no corpo(1899)

Theatro, vol. II – As Estações, Ao Luar, Ironia, A Mulher, Fim de Raça (1900)

Theatro, vol. IV – Quebranto (1908), comédia em 3 actos, e o sainete Nuvem

Theatro, vol. V – O dinheiro, Bonança (1909), e o Intruso

Fabulário

O Arara, (1905)

Jardim das Oliveiras, (1908)

Esfinge, romance, 1908

Inverno em Flor, romance, (1897)

Apólogos, contos para crianças

Miragem, romance, (1895)

Mysterios do Natal, contos para crianças

O Morto, Memórias de um Fuzilado, romance, (1898)

Rei Negro (1914)

Capital Federal, Impressões de um Sertanejo, romance, (1893)

A Conquista, romance, (1899)

Tormenta, romance, (1901)

Tréva

Banzo, contos, (1913)

Turbilhão (1904)

O meu dia

As Sete Dores de Nossa Senhora

Balladilhas, contos, (1894)

Pastoral

Vida Mundana, contos, (1919)

Patinho torto (1917)

Às quintas

Scenas e perfis

Feira livre

Immortalidade, lenda, romance, (1926)

O Paraíso (1898)

Bazar

Fogo Fátuo (1930)

fogo de vista (1923)

Theatro lyrico

os pombos

Teatrinho (1905), coletânea de textos dramáticos para crianças, parceria com Olavo Bilac

Teatro infantil, data ignorada, nova coletânea com o mesmo tema





Tesouros

23 07 2009

Tesouro, willy pogany, Tisza Tales

Tesouro encontrado, ilustração de Willy Pogány para os Contos Tisza, publicados em 1928.

 

A grande vantagem desta mudança ( e eu prometo parar de falar nela) foi a descoberta de pequenos tesouros que irei aos poucos colocando aqui no blog.  Quadrinhas esquecidas, observações guardadas em livros que estavam na estante mais alta e por isso mesmo quase nunca manuseados…  Enfim, um verdadeiro tesouro de imagens e textos com os quais nos deliciaremos assim como a lembrança que tive hoje desta imagem do grande ilustrador amricano Willy Pogány. 

 

Willy Pogány (1882-1955) grande  ilustrador americano, nascido na Hungria.  Ilustrou tanto livros infantis como de adultos.  Fez capas das mais famosas revistas e assim como a série de ilustrações para o sabonete Palmolive.  Mas ficou famoso precisamente pela ilustração de contos folclóricos, irlandeses, das mil e uma noites e muitos outros.





Para comemorar um ano no blog

26 06 2009

bolo

 

Neste mês de junho completamos um ano de postagens na Peregrina Cultural.    Eu não poderia ter advinhado que teria tanto material para postar e que houvesse tanta gente que se agradasse com isso, pessoas muito especiais que  me dão o maior incentivo…  Foi uma grande surpresa o carinho de todos e também conseguir fazer amigos virtuais.  Quem diria que as minhas preocupações culturais fossem populares?  Num dia normal, este blog recebe de 1700 a 2100 visitas.  Acho fenomenal! So posso agradecer:  Muito obrigada!

Junto a esta comemoração, chegou este mês para mim, uma outra publicação, não-virtual, também especial: o livro, Contos do Livro Errante, uma coletânea dos contos premiados no concurso de contos da Comunidade do Livro Errante no ORKUT em 2008.   Um de meus contos recebeu Menção Honrosa, e saiu publicado no livro ao lado dos contos vencedores. 

Como anteriormente tive um poema que também recebeu menção honrosa, no concurso de poesias sobre o meio ambiente, patrocinado pela revista cultural carioca: Bafafá,  em 2006, e considerando pedidos do meu cara-metade para que eu deixasse de ser tão tímida a respeito do que escrevo, hoje, faço a postagem do conto premiado.  Mais tarde farei a postagem do poema.   Nunca me considerei primeiramente uma escritora e muito menos uma poeta.  Mas, vez por outra, confesso, sentir urgência de colocar no papel uma ou outra idéia.   Agradeço desde já a todos que se dispuserem a “dar uma olhadinha”.





Uma história, uma menção honrosa, um livro! Muita honra!

26 06 2009

Capa, Contos do Livro Errante

 

Este livro reúne os contos premiados no concurso de contos da comunidade Livro Errante do Orkut.  A bela capa, a organização e a formatação são da carioca, arquiteta e professora de arquitetura da UFRJ Cristiane Rose Duarte, que além destas funções também tem um interessantíssimo conto nesta edição.   O livro tem a organização também da gaúcha Márcia Regina Schwertner que também é responsável pelas introdução e apresentação do livro.  Márcia foi também a ponte entre os concorrentes e a banca examinadora, garantindo anonimidade para os competidores.  O livro apresenta 22 textos.  Nem todos os contos premiados, no entanto, estão presentes nesta edição, porque há autores, com outros planos para a publicação de seus contos,  provavelmente em edições estritamente dedicadas a suas obras.    

Esta foi uma parte divertidíssima da minha participação na comunidade do Livro Errante, da qual ainda faço parte e um dos aspectos mais interessantes da troca de idéias e amizades que podem ser atingidos através da internet.  

 Aqui fica o meu agradecimento a Cristiane Rose, a Márcia Regina e a banca examinadora.  Mas, uma outra palavra ainda precisa ser dita:  um agradecimento especial a fundadora da comunidade do Livro Errante, a pernambucana  Regina Porto.  Como vocês podem ver, este grupo de leitores que se encontra no Orkut, cobre o imenso território nacional e fomenta as amizades mais diversas.





Viajando? Que livros levar?

11 04 2009

viajantes

 

Amigos me mandaram um link para um artigo do escritor Frank Bures, na Worldhum, onde ele fez uma provocadora lista para nos ajudar a selecionar os livros que devemos levar numa viagem, principalmente se esta é uma viagem longa e para terras estrangeiras.   Gente que lê mal pode imaginar não carregar um peso extra na mala para preencher com leitura não só as horas de espera nos aeroportos, como as horas passadas nos aviões, as horas em que se acorda no meio da noite por conta de diferentes fusos horários, assim como os minutos antes e depois de dormir.  Cada qual tem seu ritual, mas se você é um leitor provavelmente fica num marasmo em frente de sua mala feita, pensando no que levar para ler nos dias que se abrem numa viagem internacional.

 

Como gostei imensamente das razões explicitadas na lista do autor, coloco aqui, em linhas mais gerais sua maneira de selecionar os oito tipos de livros que devem fazer parte da lista de itens nas suas malas.  

 

 

Categoria I:

 

Escapismo:  Em geral são os livros que nos deixam confortáveis, envolvidos na trama, sem nos sentirmos ameaçados, tais como  uma boa ficção científica ou um bom livro de mistério.

 

Categoria II:

 

História:  Devemos conhecer pelo menos as linhas gerais da história do lugar que visitamos.  Isso certamente enriquece a nossa visita e nos faz entender melhor o que vemos.

 

Categoria III:

 

Guia:  Guias de turismo sempre nos ajudam na seleção do que ver e como fazê-lo.  É um guia.  Direciona.  E combinado com a Categoria II: história local, pode nos ser de grande serventia.

 

Categoria IV:

 

Literatura local: é sempre bom ler um livro que mostre a literatura local, para que se conheça valores ou guias culturais do lugar que visitamos.

 

 

Categoria V:

 

Antologia: uma antologia de contos, crônicas ou até mesmo de ensaios pode resolver muitos problemas, principalmente se a viagem é longa e a gente não sabe exatamente o que gostaríamos de ler em certos momentos.  A variedade de autores numa antologia nos dará a chance de sempre podermos encontrar um texto que nos apeteça num momento especial.

 

Categoria VI:  

 

Língua local: Sempre haverá um momento oportuno para usar uma palavra ou uma frase na língua local.  Livros de frases feitas na língua local são uma excelente ferramenta.  Há horas em que estas palavras podem fazer a diferença entre uma bem sucedida ida a um ponto turístico, ou fazer com que se evite no cardápio aquele marisco que nos dá alergia.  

 

Categoria VII: 

 

Saudades de casa: se a viagem é longa, certamente um livro que leve sua imaginação de volta à casa, à infância à cultura que você deixou para trás certamente terá um lugar especial para aquele momento em que a saudade bate.

 

Categoria VIII:  

 

Observações de viagem: Livros com observações de outros viajantes em terras estranhas podem aguçar a nossa sensibilidade a respeito do que estamos vendo de diferente e como estamos percebendo o mundo que nos cerca.  Muitos escritores famosos tiveram suas melhores páginas ao viajar e descrever o que viam.  Indiretamente eles podem ajudar na nossa própria maneira de observar aquilo que nos cerca.  





Albinos, osgas no mundo encantado de Agualusa

19 06 2008

Hoje terminei de ler o delicioso livro Manual Prático de Levitação do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Este é o segundo livro de sua autoria que leio. Fiquei muito satisfeita em perceber que todo o encanto de linguagem e de temática que haviam me conquistado da primeira vez nas páginas de O vendedor de passados, permaneceu, vingou e cresceu, para minha total gratificação. Gosto de sua prosa, de seu humor, de sua imaginação e da delicadeza com que consegue abordar temas especialmente difíceis entre eles a guerra e suas infinitas e variadas conseqüências.

Diferente do anterior, este é um livro de contos, alguns pequeninos, tamanho bolso, mas que dão conta do recado com grande encanto. Estes contos nos oferecem uma breve viagem por Angola, Brasil e Outros Lugares de Errância. Esta é uma edição para o Brasil, uma coletânea de contos outrora publicados em Portugal e Angola. A eles só foram adicionados três contos inéditos: Os cachorros, O ciclista e Manual Prático de Levitação que dá o nome ao livro. A capa nesta edição da editora Gryphus já é sedutora o suficiente para mim. Trata-se de uma livre adaptação de um quadro do pintor belga René Magritte, cujos trabalhos fizeram parte não só do meu mestrado como do meu curso de doutoramento em história da arte. Nesta criação de Tite Zobaran e Mariane Esberard sobre o quadro Le chef d’oeuvre , duas silhuetas do homem com o chapéu coco se desdobram como se olhassem cada qual para um continente, mas são tão etéreas quanto o céu azul, levemente nublado que as preenche. Os autores foram muito felizes neste arranjo porque não só traz à tona a dualidade dos contos através de Angola e do Brasil como também o espírito onírico de grande parte da prosa Agualusa.

Este é um livro leve, de contos, retratos falados, quase-crônicas que devem ser lidas e apreciadas por todo tipo de leitor. São meras 150 páginas de encantamento. Vale a leitura!