Esmerado: busto-relicário de Carlos Magno, 1350

7 12 2023

Busto-relicário de Charles Magno, c.1350

Prata banhada em ouro

Contém o crânio de Carlos Magno menos a mandíbula

Tesouro da Catedral de Aix-la-Chapelle

França.

 

É considerada uma das mais belas obras representando a ourivesaria do período gótico.  Este não é um retrato realista do imperador francês, mas uma representação idealizada do rei. O busto está encimado por uma coroa, doada à catedral por Ricardo da Cornualha, (Inglaterra) em 1262, “pela eternidade”.  a coroa é enriquecida por um grande número de pedras preciosas.

 

 

 

Cabelos e barba levaram banho do ouro mas rosto, pescoço e colo foram mantidos na cor natural da prata em repoussé.  A roupa mostra um grande faixa de ouro sobre a qual, em forma de colar, repleta de pedras preciosas, algumas delas datando da antiguidade.  

 

 

O busto repousa em pedestal octogonal decorado com esmaltagem no padrão de flor-de-lis, símbolo da França. Duas partes dessa base se abrem, ao centro, para revelar o restos mortais de Carlos Magno.

 





Esmerado: anel da cerimônia judaica de casamento, c. 1300-1348

23 07 2023

Anel da cerimônia de casamento judaico, c. 1300-antes de 1348

ouro e esmaltes translúcidos e opacos,

3,5 x 2,3 cm

Museu de Cluny, Museu Nacional da Idade Média

Este anel, do século XIV, permaneceu escondido por mais de quinhentos anos nas paredes de uma casa em Colmar, na França. Só foi descoberto em 1863. Este anel e outros objetos pequenos foram descobertos juntos na mesma parcela e hoje fazem parte do que se chama Tesouro de Colmar, em exposição permanente no Museu de Cluny em Paris.

O Tesouro de Colmar é composto por anéis com safiras, rubis, granadas e turquesas. Também há broches e um delicado cinto em esmalte. Alguns botões dourados e mais de trezentas moedas. Esses eram os objetos de uma única família. Em um dos anéis há a inscrição Mazel Tov, o que leva o tesouro a ser reconhecido como reflexo da próspera comunidade judaica naquela época em Colmar. Essa população foi rapidamente extinta durante Peste Negra que devastou a região nos anos de 1348-49.





Medalha de ouro da Dinamarca mostra início da mitologia nórdica

2 04 2023

Há muito tempo não coloco no blog nenhuma notícia de arqueologia.  Meu interesse nunca se extinguiu.  Fiquei sem tempo.  Mas duas semanas atrás  anunciada a nova data para o culto a Odin, pela leitura da medalha fotografada acima, me trouxe de volta às postagens arqueológicas que tanto agradam os leitores. 

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Arqueólogos descobriram que uma medalha de ouro, que deveria ser usada como pingente, encontrada na Dinamarca em 2020, é o registro mais antigo que se tem de Odin, principal deus nórdico. O objeto é uma medalha ornamental com inscrições rúnicas. Uma das 22 peças descobertas ao acaso por Ole Ginnerup Schytz, um arqueólogo amador usando um detector de metais que acabara de comprar.

Entre as peças desta  coleção de medalhões e joias, que pesavam  mais de um quilo de ouro, uma foi estudada por especialistas na língua rúnica por todo esse tempo.  Mas a forma arcaica das inscrições retardaram a verdadeira novidade deste achado na Jutlândia, arquipélago que conta com territórios da Dinamarca e  Alemanha.  A cidade de Jelling , local da descoberta é  conhecida como o berço dos grandes reis vikings que reinaram em grande parte do norte da Europa do século X ao XII. Mas relativamente pouco se sabe sobre o período anterior a eles.

 

A peça cujo significado em rúnico foi desvendado é  uma medalha de ouro, que deveria ser usada como um pingente e que estima-se ter sido  cunhada no Século V, cerca de 150 anos antes do registro mais antigo conhecido do deus nórdico Odin.  Desde encontrado, esse objeto vem sendo examinado — e, agora, finalmente os pesquisadores conseguiram decifrar as inscrições rúnicas contidas no disco de ouro. Na peça, está escrito: “Ele é o homem de Odin” junto com a imagem de algum governante desconhecido, que era chamado de Jaga ou Jagaz.

 A inscrição foi a mais difícil de interpretar em todos os anos em que trabalho no Museu Nacional da Dinamarca. É uma descoberta  absolutamente incrível;  a primeira evidência sólida do culto a Odin no século V.  “Este tipo de inscrição também é raro, ainda não encontrado anteriormente. Podemos ter sorte em encontrar um a cada 50 anos” disse  Lisbeth Imer, especialista em escrita rúnica.

Alfabeto runo gravado em pequenas peças de cerâmica.

Odin era um dos pricipais deuses da mitologia nórdica, frequentemente associado à guerra e à poesia. Possuía habilidades de vidência, segundo as tradições. Com o poder de enxergar passado e futuro podia mudar o destino da humanidade.  Por isso mesmo recebia muitos pedidos e oferendas. Acredita-se que o tesouro onde a medalha foi encontrada possa ter sido enterrado em honra aos deuses.

Os povos nórdicos eram politeístas.  Descobriu-se mais sobre os deuses dessa religião pagã, central para a sociedade viking à medida artefatos históricos foram encontrados.  Deste modo arqueólogos aprenderam  mais sobre adoração, características e atributos de cada divindade.

Até agora, o registro mais antigo de Odin era um broche datado da segunda metade do século VI. (550-600 EC), encontrado em Nordendorf, região no sul da Alemanha.

A medalha é uma espécie de moeda de ouro usada como ornamento na Europa Setentrional, na Idade do Ferro germânica (400-800 E.C.), especialmente durante as migrações bárbaras.  E faz parte da coleção de medalhões  decorados com símbolos mágicos e runas, uma das primeiras formas de escrita. As mulheres os teriam usado para proteção, já que as pessoas na época acreditavam que o ouro vinha do sol, segundo os especialistas.

O grande medalhão mostra o deus Odin, que parece ter sido inspirado em joias romanas semelhantes celebrando  imperadores como deuses.  Há também outra medalha com a efígie  do imperador romano Constantino, do século IV, famoso por disseminar o cristianismo. Os especialistas acreditam que o tesouro tenha sido enterrado há 1.500 anos.


Ladyce West é historiadora da arte e escritora. Seu primeiro livro de poesias À meia voz, foi publicado em  novembro de 2020, pela Autografia. Encontra-se à venda em todas as livrarias e em ebook na Amazon.

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Tesouro de Carambolo, um mistério resolvido

10 03 2019

 

 

 

1200px-El_Carambolo_Treasury_-_7th-5th_cent._b.C._-_Seville_-_Museo_Arqueológico_de_Sevilla3Tesouro de Carambolo, séculos VII a V aEC.  Museu Arqueológico de Sevilha.

 

 

Um mistério resolvido.  Em 1958 um tesouro foi descoberto por arqueólogos no Morro El Carambolo, a 2 km oeste de Sevilha, Espanha. Foram 21 peças de ouro de 24 quilates, trabalhadas: um colar com pingentes, duas pulseiras, dois peitorais de couro de boi e 16 placas que podem ter feito um colar ou um diadema. As joias foram enterradas dentro de um vaso de cerâmica, deliberadamente enterrado no século VI aEC.

Desde de sua descoberta, o Tesouro de Carambolo, como ficou conhecido, foi fonte de especulação para estudiosos.  As peças datavam de aproximadamente 500 anos antes da Era Comum, ou seja, tinham 2700 anos de idade.  Por causa de sua idade e da proficiência na manufatura, essas joias, pareciam ser prova de uma civilização conhecida unicamente por livros, uma cidade mítica, portuária, na foz do rio Guadalquivir, na Andaluzia, costa sul da península ibérica, cujo nome em grego seria Tartessos, que para os gregos, seria o ponto de nascimento da cultura europeia.

 

Does-the-Treasure-of-El-Carambolo-s4Tesouro de Carambolo, séculos VII a V aEC.  Museu Arqueológico de Sevilha.

 

Muitas fontes da antiguidade se referem a esse local, inclusive Heródoto que o descreve, assim como descreve os Pilares de Hércules (Estreito de Gibraltar) e até menciona um rei em Tartessos, chamado Arganthonios, cujo reinado compreendia os oitenta anos entre 625 –545 aEC.  Os tartessianos teriam fundado a cidade  de Tartessos 1000 anos antes e seu auge estaria nos trezentos anos entre os séculos IX e VI aEC.

De acordo com historiadores gregos a cultura Tartessiana se caracterizava pelo adiantado uso de metal.  O historiador Éforo de Cime (400 – 330 aEC) cita “um mercado muito próspero chamado Tartessos, com muito estanho transportado por rio, bem como ouro e cobre de terras celtas“.  O comércio de estanho era lucrativo na Idade do Bronze, pois é um componente essencial para a manufatura de bronze e não é um metal comum. O povo de Tartessos tornou-se importante parceiro comercial dos fenícios e sabemos que esses estavam presentes na península ibérica desde o século VIII aEC.  Diversos povoados ao longo do vale do Guadalquivir estão documentados.  Juntos formavam um todo, cuja capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje está o Porto de Santa Maria.  Com os fenícios houve aumento na exportação das minas de cobre e prata e Tartessos se tornou um dos portos mais importantes na exportação de bronze e prata para o Mediterrâneo.   Imperadores eram os chefes do sistema político desta civilização.  Eles também se utilizavam da escrita.  Suas leis eram registradas em placas de bronze. Mas no século VI aEC., Tartesso desaparece possivelmente destruída por Cartago

The Carambolo Treasure consists of 21 pieces of gold jewelry discovered by construction workers near Seville, Spain in 1958.Tesouro de Carambolo, séculos VII a V aEC.  Museu Arqueológico de Sevilha.

 

Nos anos 50 do século passado, muitos pensaram que o Tesouro de Carambolo representasse peças vindas do Leste do Mediterrâneo, ou dos fenícios ou pelos fenícios.

O mistério da origem do Tesouro Carambolo foi resolvido graças aos novos métodos de análises químicas e isotópicas que permitiu examinar minúsculos fragmentos de ouro que se separaram de uma das joias.  Esta análise revelou que o material veio das mesmas minas associadas a túmulos subterrâneos monumentais em Valencina de la Concepción, que datam do terceiro milênio aEC., também próximos a Sevilha. As joias encontradas no Tesouro Carambolo marcam o fim de uma tradição contínua de processamento de ouro que começou cerca de 2.000 anos antes com Valencina de la Concepción.

 

AAvHwGb.img©Jose Lucas, Alamy O tesouro inclui placas de ouro em forma de retângulos e peles de boi, e pesa mais de cinco quilos.

 

O tesouro inclui placas de ouro em forma de retângulos e peles de boi e pesa mais de cinco quilos. Embora o ouro fosse adquirido localmente, as joias foram fabricadas usando técnicas fenícias. Um templo fenício foi identificado na área onde a horda do Tesouro Carambolo foi encontrada, e o tesouro em si é provavelmente o produto de uma cultura mista de fenícios e tartessianos ou seja uma cultura que amalgamou povos nativos do Mediterrâneo Ocidental e marítimos do Oriente Próximo.

 

GettyImages-122316776-1200x943Tesouro de Carambolo, séculos VII a V aEC.  Museu Arqueológico de Sevilha.

 

 

270-0Exemplo da escrita Tartessiana.




Tesouro italiano em Como

19 02 2019

 

 

 

 

befunky_collage300 moedas de ouro encontradas dentro de ânfora na Itália (Foto: Mibac)

 

 

A internet tem dessas coisas.  Hoje eu procurava informações sobre uma cidade na Itália e de repente me vejo com essa notícia de um tesouro da época romana, encontrado no norte do país na cidade de Como, na Lombardia.  [Nota: esta é a mesma cidade que dá nome ao conhecido noturno, Le Lac de Come, Nocturno No.6, Op.24. publicado em 1871, da compositora Giselle Galos, de origem desconhecida [italiana ou francesa], que se assinava C. Galos.  Quem como a Peregrina já passou por anos de aprendizado de piano, deve certamente conhecer duas de suas composições, esta e Le chant du Berger (Noturno No.3, Op.17, publicado em 1861].

 

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Conhecimentos musicais à parte, é excitante sabermos que a construção de um complexo de apartamentos de luxo no lugar do conhecido Teatro Cressoni, na cidade de Como, que funcionou desde 1870 a 1997,  levaria à descoberta de 300 moedas de ouro do período final do império romano.

Escondidas em uma ânfora de pedra, usada para armazenar líquidos como vinho e azeite, as moedas podem ter sido colocadas em algum esconderijo de um muro de uma das residências privadas dos nobres romanos, construídas nesta região, para evitar saque.

 

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Estudiosos suspeitam que as moedas, encontradas no nível do porão do prédio demolido, possam ter sido escondidas durante as invasões dos Vândalos, no século V, especificamente nos quarenta anos entre 410-455 E. C.  As moedas encontradas, em excelente condição de preservação, foram cunhadas nas eras dos imperadores Honório (393-423), Valentiniano III (424-455) e Líbio Severo (461-465).  A região da cidade onde foram encontradas era próxima à antiga cidade romana: Novum Comum. Arqueólogos, agora, estudam essas descobertas, feitas em setembro de 2018, em um laboratório em Milão.

 





Tesouro da época das Cruzadas

4 01 2016

 

 

moedas cruzadas, israel, forteMoedas das Cruzadas encontradas no forte do Parque Apollonia, Israel.

Ano Novo, hora de limpar antigas notas e manter o computador completamente limpo, eis que me deparo com um número enorme de artigos de interesse que selecionei para o blog, mas que por falta de tempo, não postei… Resultado vamos nos lembrar de algumas notícias do passado, porque já que tenho as fotos e os dados é melhor passar adiante.

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Um pote de ouro, avaliado em quinhentos mil dólares, do tempo das Cruzadas foi encontrado em Israel enterrado em um forte romano. Aparentemente as moedas foram enterradas por soldados da ordem do Cavaleiros Hospitalários, uma ordem militar cristã criada no século XI, quando se encontraram sob um grande ataque de soldados muçulmanos. Os cavaleiros foram aniquilados em abril de 1265.

 

 

Israel Herzelia The remains of the old crusader fort of Apolonia AKA Arsuf Apollonia is an archaeological parkForte no Parque Nacional Apollonia, Israel.

 

As moedas valiam uma fortuna, mesmo em 1265, quando se acredita que tenham sido escondidas de propósito, dentro de um jarro quebrado para garantir que não seriam descobertas. O forte construído pelos romanos, hoje no Parque Nacional Apollonia, foi destruído em abril de 1265, pelas forças mamelucas. A ideia de enterrar o jarro quebrado, repleto de areia, com as moedas dentro,foi bem sucedida. O tesouro contém mais de 100 moedas de ouro da época das Cruzadas. O local havia sido conquistado pelos soldados cristãos em 1101 e tomado de volta pelo exército muçulmano em 1265.

 

Fonte: Daily News (Inglaterra)





Tesouros de mais de 4.000 anos do Afeganistão

28 07 2015

 

afghan-ram-cp-museumcivOrnamento para cabelo no formato de uma cabra de ouro datando do século I a.E.C. ao século I da nossa era, parte do tesouro descoberto em Báctria no sítio arqueológico de Tillya Tepe. (Foto: Thierry Ollivier/Museé Guimet)

 

Eu estava procurando uma iluminura medieval, se possível, da cidade de Báctria, hoje no Afeganistão, para ilustrar mais uma postagem sobre as viagens de Marco Polo quando me deparei com essa exposição de tesouros de mais de 2.000 anos de origem afegã, em 2009.

 

dragonOrnamento chamado Dragão Mestre, em ouro, é um dos objetos encontrados em Tillya Tepe, “a montanha do ouro”. (Foto: Afghanistan; Hidden Treasures)

 

Fiquei absolutamente encantada com as obras expostas e achei por bem trazê-las para nosso prazer e conhecimento. O norte do Afeganistão foi um grande centro de comércio e trocas na Rota da Seda há mais de 4.000 anos. Tudo vindo da China, da Índia, Pérsia e Mesopotâmia acabou sendo comercializado nessa parte do mundo.

 

afghanistan-comp-nomadic-crown-tillyatepeCoroa nômade que colapsa para transporte, em ouro .  Tillya Tepe. Século I a.E.C. Foto: Thierry Ollivier / National Geographic

 

Acreditava-se que esses objetos, esculturas, joias e artigos em ouro tinham sido perdidos para sempre depois da invasão soviética no Afeganistão em 1979 e o aparecimento do Taleban em 1996.

 

afghbuck2Fivela para bota, com charrete puxada por dragões. Ouro, turquesas e coralinas. Tillya Tepe, Tumba IV, século I. © musée Guimet / Thierry Ollivier

 

Na verdade, esses tesouros nacionais haviam sido escondidos secretamente em cofres do Museu Nacional de Cabul. Os cofres foram abertos em 2003 e os tesouros reapresentados à nação.

 

31626387_pFragmento de uma vasilha em ouro, decorada com touros barbados de Tepe Fullol, 2200 a 1900 a.E.C. Museu Nacional do Afeganistão, ©Thierry Ollivier / Musée Guimet

 

 

31626405_pCopo com decoração de figuras durante a colheita, ano 200 E.C., vidro pintado, Museu Nacional do Afeganistão ©Thierry Ollivier / Musée Guimet

 

 5626280-3x2-940x627Antigo artefato do Afeganistão, © ABC News

 

 676251-afghanistan-hidden-treasuresTaça esmaltada com cena de caça do norte do Egito, © Ollivier Thierry.

 

676310-afghanistan-hidden-treasuresMedalhão cerimonial com a imagem da deusa Cibele.© Ollivier Thierry.

 

675891-afghanistan-hidden-treasuresFragmento de marfim esculpido com imagens de duas mulheres de pé na passagem de portões.© Ollivier Thierry.

 

671209-afghanistan-hidden-treasuresCabo de punhal decorada em estilo siberiano. © Ollivier Thierry.

 

676488-afghanistan-hidden-treasuresCinto feito com fios de ouro trançados intercalados com medalhões de ouro. © Ollivier Thierry.

 

676397-afghanistan-hidden-treasuresMedalhão em bronze com representação do Deus Silenus, escultura Greco-romana. © Ollivier Thierry.

 

afghan-woman-makara-cp-museumcivGrande figura esculpida em marfim, provavelmente perna de uma mesa. © Ollivier Thierry.

 

Boa terça-feira para vocês.





Encontrado tesouro do reinado de Etelredo II da Inglaterra enterrado 900 anos atrás

3 01 2015

 

Eteredo,o despreparadoEtelredo II, o Despreparado, c. 1220

(Reinado: c. 968-1016)

Iluminura no manuscrito:

Crônicas de Abindon,  MS Cott. Claude B.VI folio 87, verso, The British Library

 

 

Um caçador de tesouros amador descobriu um grande tesouro de moedas anglo-saxãs, durante um evento anual de fim de ano. Esse evento era exclusivo para os membros de um clube de caçadores de tesouros amador. Em um local com raízes históricas na Idade Média, foi encontrado um dos maiores tesouros da Grã-Bretanha. Seu valor se aproxima a 1 milhão de libras. Acompanhado por  seu filho e um amigo, Paul Coleman, tomou parte na escavação de um terreno em Lenborough, Buckinghamshire, pouco antes do Natal.

Não pensaram em encontrar uma coleção intocada de mais de 5.000 moedas de prata feitas nos reinados de Etelredo, o Despreparado (978-1016) e Canuto II (1016-1035). É possível que essa descoberta esteja ligada a uma “casa da moeda” estabelecida por Ethelred em Buckingham. Este local de cunhagem de moedas permaneceu ativo durante o tempo do rei Canuto II.

Ao todos foram 5.251 moedas encontradas de uma só vez, guardadas em um recipiente forrado por chumbo e enterrado a 60 cm do chão.  O evento e a escavação foram acompanhados por um arqueólogo para garantir que o processo de escavação fosse correto. Apenas algumas dessas moedas foram limpas, mas todas provaram estar em excelente condição. Essa coleção remonta a um período extraordinário da história, durante o qual os vikings assumiram o controle da Inglaterra.

 

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Há moedas do reinado de Etelredo II, o Despreparado, que se tornou rei da Inglaterra aos sete anos, depois que seu meio-irmão Edward II foi assassinado em 978. Há também moedas do rei Canuto II, o Grande, rei da Dinamarca, Noruega, Escócia e Inglaterra que reinou de 1018 a 1035.

As moedas descobertas nesta semana, são de um momento pioneiro na produção de moedas cunhadas em prata sólida, em massa. A prata havia substituído o ouro romano que por seu turno havia substituído o cobre Anglo Saxão no século VIII.

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Quando Etelredo II assumiu o trono, havia mais de 70 “casas da moeda” na Inglaterra, em diversos locais como Londres, Winchester, Lincoln, e York. As moedas de um centavo foram as primeiras a ter a efígie desses primeiros monarcas, pioneiros em seu tempo. Trabalhadores reais especializados podiam carimbar mais de 2.000 moedas em branco por dia.

À medida a tecnologia foi se desenvolvendo as moedas se tornaram mais uniformes e muitas das tradições que existem até hoje foram estabelecidas nessa época, como a posição da cabeça de um monarca.

Espera-se agora a compra das moedas por algum museu inglês, provavelmente da região. O resultado da venda será dividido entre o escavador e o dono do terreno onde foi encontrado como regem as leis locais.





Tesouro do século XVI encontrado em velho sapato na Holanda

25 02 2013

Tesouro, willy pogany, Tisza Tales

Tesouro, ilustração de Willy Pogany para os Contos de Tisza.

Deve ter sido o medo da perseguição católica que levou o dono de um pequeno tesouro em moedas de prata a enterrá-las dentro de um sapato, na época da Revolta Holandesa, ou como alguns chamam, na época da Guerra dos Oitenta Anos.   Entre 1568 e 1648 o território que é hoje ocupado pela Holanda e parte da Bélgica e que pertencia à Espanha, lutou por sua independência. Os calvinistas que habitavam em grande número o território dos Países Baixos queriam poder manter sua independência religiosa, garantida até então, e temiam que os reis de Espanha viessem a exigir afiliação total ao catolicismo. Esse espírito de revolta foi muito ajudado pelos altos impostos e desemprego generalizado que maltratavam a população. Foram oitenta anos de batalhas e lutas que acabaram com a assinatura do Tratado de Westfália em 1648 e com a unificação e independência da Holanda.

moedasprataholandaefe1Foto agência EFE.

Isso justificaria a causa de se esconder uma coleção – uma pequena fortuna – de 477 moedas dentro de um sapato enterrado no solo. Pouco se sabe sobre essas moedas ou sobre seu dono.  Sabe-se, no entanto que essas economias, foram enterradas depois de 1592, porque essa é a data da mais recente moeda no grupo.  O tesouro conta com grande variedade de moedas de prata: a mais antiga é de 1472 enquanto qu e a mais recente foi cunhada em 1592.

moedasprataholandaefe3Foto agência EFE

Os arqueólogos holandeses encontraram as 477 moedas de prata enterradas na prefeitura de Roterdã, segunda maior cidade do país.  Perguntado sobre o achado, o prefeito da cidade, Ahmed Aboutaleb, se mostrou surpreso com a descoberta e disse que “nunca antes um grupo de arqueólogos tinha descoberto um sapato recheado de dinheiro“. Ainda não foi divulgado o valor atual das moedas encontradas, estima-se em alguns milhares de Euros.

Fonte: Terra





Um tesouro de joias encontrado em Tel Megiddo, Israel

23 05 2012

Joia encontrada em Tel Megiddo, Israel, em um jarro de cerâmica, enterrado há 3.000 anos.

Arqueólogos da Universidade de Tel Aviv apresentaram ao público, no início dessa semana, um tesouro encontrado em um jarro envolto em tecidos e escondido em uma casa no norte de Israel  há mais de 3.000 anos atrás.  O jarro, escavado de uma casa em Tel Megiddo, no Vale de Jezreel no norte de Israel, é um lugar incomum para encontrar joias, de acordo com os arqueólogos da Universidade de Tel Aviv. Entre as peças está um belo par de brincos decorados com cabras selvagens.

Primeiro foi encontrado o jarro de cerâmica, em 2010.  Datando de aproximadamente  1100 a.C.  O jarro havia provavelmente pertencido a uma mulher cananéia, que talvez morasse na casa. Canaã era uma região histórica formada pelo que hoje é  Israel, Palestina, Líbano e partes da Síria e da Jordânia. Tel Megiddo era uma importante cidade-estado nesta região até o século X a.C.

Vasilha de cerâmica em que as joias estavam escondidas, século X a.C. Foto cortesia Megiddo Archological Team.

Segundo o Prof. Israel Finkelstein, do Departamento de arqueologia e culturas do oriente médio da Universidade de Tel Aviv, o jarro foi encontrado em 2010, mas permaneceu por limpar, enquanto aguardavam uma análise molecular do seu conteúdo. Quando  a equipe foi finalmente capaz de lavar a sujeira, encontrou peças de jóias, incluindo um anel, brincos e pérolas, escondidas no bojo do vaso.

Os pesquisadores acreditam que a coleção, que foi descoberta nas ruínas de uma casa particular na zona norte de Megiddo, pertence a um período de tempo chamado “Idade do Ferro  I,” e que pelo menos algumas das peças podem ter sua origem no Egito. Alguns dos materiais e desenhos apresentados nas joias, incluindo contas feitas de cornalina, pedra semi preciosa, são consistentes com desenhos egípcios da mesma época.

Tel Megiddo, Foto: Rafael Ben-Ari.

Quando os pesquisadores removeram o jarro de cerâmica a partir do local da escavação, eles não tinham ideia de que havia alguma coisa dentro. As joias foram bem preservadas e haviam sido envoltas em tecidos, mas as circunstâncias que as rodeiam são bastante misteriosas.  É quase certo de que o jarro não fosse o lugar de guardar as joias normalmente. “É claro que as pessoas tentaram esconder a coleção, e por algum motivo eles não foram capazes de voltar para buscá-lo.” — concluiu  o Prof Ussishkin que notando que os proprietários poderiam ter morrido ou sido obrigados a fugir.  Ele acredita que esta tenha sido uma coleção de joias de uma mulher de Canaã, que morava nessa casa.

Contas de ouro e cornelia encontradas junto às joias. Foto cortesia Megiddo Archological Team.

A variedade das joias também é fora do comum. Embora a coleção inclua um número brincos comuns, em forma de lua crescente, de origem de Canaã, os arqueólogos encontraram também  conjunto de itens de ouro e um número de contas feitas de cornalina, pedras semi preciosas cujo uso era frequente na fabricação de joias egípcias naquela época. Isso aponta para uma forte conexão egípcia, seja em influência ou origem. Essa conexão não seria surpreendente, segundo o professor Cline, que afirmou que as interações entre o Egito e Tel Megiddo são bem conhecidas durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro.

Quatro pares de brincos de ouro em forma de crescente.

O item mais notável, de acordo com os pesquisadores, é um brinco de ouro com padrão de peças moldadas na forma de cabras selvagens. “Para itens exclusivos, como esse, trabalhamos para encontrar paralelos para ajudar a colocar os itens em suas corretas configurações culturais e cronológica, mas, neste caso, ainda não encontramos nada“, dizem os pesquisadores.

Anel com um desenho gravado de peixe. Foto cortesia Megiddo Archological Team

Este achado adiciona outro aspecto fascinante a este sítio arqueológico: Tel Megiddo era uma  importante cidade-estado de Canaã,  até o início do século X a.C.  e um centro muito importante do Reino do Norte de Israel nos séculos IX e VIII a.C.  Esse é um sítio arqueológico com multicamadas, de vários períodos de tempo claramente diferenciados, e neste período, existem de 10 a 11 estratos bem datados através da análise de radiocarbono. “Essa sequência de datas de radiocarbono não existe em nenhum outro lugar na região“, diz o professor Finkelstein.

Outro ângulo do espetacular brinco de cabras encontrado no vasilhame.

A camada em que a joia foi encontrada já foi datada do século XI a.C., logo após o fim do domínio egípcio no século XII a.C. Ou a joia foi deixada para trás na retirada egípcia ou as pessoas que possuíam as joias foram influenciadas pela cultura egípcia. Os pesquisadores esperam que a análise dos tecidos em que as joias foram embrulhadas e das joias propriamente ditas, possam dizer-lhes mais sobre as origens da coleção. Se o ouro é puro em vez de uma mistura de ouro e prata, por exemplo, será mais provável que essas joias tenham vindo do Egito, uma região que era pobre em recursos de prata, mas rico em ouro.

FONTE: SCIENCE DAILY