Frei Antonio de Santa Maria Jaboatão

7 07 2008

 

Frei franciscano,

Frei franciscano por José Cisneros, Cortesia da Comissão Histórica do condado de Bexar, Texas

Aniversário de morte –  em 7 de julho de 1779, morreu em Salvador,  Frei Antonio de Santa Maria Jaboatão, um dos nossos primeiros historiadores. Brasileiro, nasceu em Santo Amaro do Jaboatão, 1695 – Recife.   Frade franciscano, professou fé,  em 12 de dezembro de 1717, ordenando-se em 1725 no convento de  Santo Antonio do Paraguaçu,  em Salvador na Bahia.  Depois voltou a Pernambuco.    Ocupou vários cargos dentro da ordem franciscana.  Foi um genealogista, historiador, orador, poeta e cronista brasileiro.  Sua principal obra é o Novo Orbe Seráfico Brasílico também chamado de Crônica dos Frades Menores da Província do Brasil (1761).  Deixou outras obras, algumas inéditas.   Entre as publicadas, (sempre em Lisboa) estão:  Discurso histórico, geográfico, genealógico, político e encomiástico, recitado em a nova celebridade, que dedicaram os pardos de Pernambuco ao santo da sua cor o B. Gonçalo Garcia ( 1751);  Sermão de Santo Antonio, em o dia do Corpo de Deus, Lisboa (1751);  Sermão de S. Pedro Martyr, pregado na matriz do Corpo Santo do Recife, Lisboa (1751);  Jaboatão Místico” (coletânea de sermões) (1761); “Catálogo Genealógico das Famílias Brasileiras” (1768).

 

Hoje: Patrono da Cadeira n° 2 da Academia Pernambucana de Letras.

 

 

 

Fonte: Dicionário brasileiro de datas históricas, ed. José Teixeira de Oliveira, ed. Vozes:2002, Petrópolis

 

 

 

Décimas

 

 

 

 

                                                           Por Colbert e Sebastião

                                                           Duas grandes monarquias,

                                                           Em Letras e Regalias

                                                           Famosas no mundo estão:

                                                           Portugal e França, são;

                                                           E sendo lá, como o é,

                                                           Primeiro o douto Colbert,

                                                           Em pontos de bom reger,

                                                           Cá também o deve ser

                                                           Um Sebastião José.

 

 

                                                           Ministros de um Reino tais

                                                           Zelosos e verdadeiros,

                                                           Assim como são primeiros,

                                                           Deviam ser imortais;

                                                           Vindo ser glórias fatais

                                                           Lá o Rei Cristianíssimo,

                                                           Cá o nosso Fidelíssimo

                                                           Por este que o Céu lhe deu,

                                                           Faz que seja por troféu

                                                           Seu governo felicíssimo.

 

 

                                                           Oh que dita singular!

                                                           Para a nossa Academia

                                                           Alto Padrão na Bahia,

                                                           Vejo a Fama levantar!

                                                            Nele se lê sem notar

                                                            Das outras as várias cenas,

                                                           Que a nossa com outras penas,

                                                           Faça eterna a sua glória,

                                                           Viva sempre na memória,

                                                           Pois tem tão grande Mecenas.

 





Suícidio ou assassinato de Cláudio Manoel da Costa?

4 07 2008
Maysa de Castro

Mariana, MG — foto: Maysa de Castro

 

Hoje é aniversário de morte  — 219 anos — de Cláudio Manoel da Costa, (Mariana, MG, 5/6/1729 — Ouro Preto, MG, 4/7/1789),  poeta brasileiro e inconfidente.  Nasceu nos arredores da cidade de Mariana, no Sítio de Vargem do Itacolomi, em Ribeirão do Carmo. Fez os primeiros estudos em Vila Rica; veio depois para o Rio de Janeiro, onde cursou Filosofia no Colégio dos Jesuítas.  Aos 20 anos, foi estudar em Portugal, na Universidade de Coimbra, onde se diplomou em Cânones, em 1753.   Exerceu a advocacia, tornando-se excelente jurista, bastante renomado e abastado fazendeiro, senhor de três fazendas.  Foi juiz medidor de terras da Câmara de Vila Rica.  Exerceu o cargo de procurador da Coroa e desembargador.  Por incumbência da Câmara de Ouro Preto elaborou “carta topográfica de Vila Rica e seu termo” em 1758. Foi secretário do Conde de Bobadela, Gomes Freire de Andrade, ( Alentejo, 1685 — Rio de Janeiro, 1763), militar português e governador de Minas Gerais.  Cláudio Manoel da Costa, também escreveu sob o cognome de Glauceste Satúrnnio, nome árcade, que adotou depois de fundar a Arcádia Ultramarina.  Membro da Conspiração Mineira, que pregava a independência de Minas Gerais do domínio português, acusado pela Devassa, foi preso e interrogado uma só vez pelos juizes de Alçada, no dia 2 de julho de 1789.   Morreu na prisão, na Casa de Contos, em Vila Rica hoje, Ouro Preto.  Se foi assassinado ou se realmente cometeu o suicídio aos 60 anos enforcando-se na cadeia, ainda é um assunto debatido por historiadores até os dias de hoje.   Excelente poeta, Cláudio Manoel da Costa, mantém  a tradição de Luiz Vaz de Camões na poesia, mas serve de conexão entre a poesia Barroca brasileira e o Arcadismo.

 

É o patrono da Cadeira n. 8, na Academia Brasileira de Letras,  por escolha do fundador Alberto de Oliveira.

Morreu solteiro.  Deixou filhos naturais.

TRÊS SONETOS 

 

 

LXXX

 

Quando cheios de gosto, e de alegria

Estes campos diviso florescentes,

Então me vêm as lágrimas ardentes

Com mais ânsia, mais dor, mais agonia.

 

Aquele mesmo objeto, que desvia

Do humano peito as mágoas inclementes,

Esse mesmo em imagens diferentes

Toda a minha tristeza desafia.

 

Se das flores a bela contextura

Esmalta o campo na melhor fragrância,

Para dar uma idéia da ventura;

 

Como, ó Céus, para os ver terei constância,

Se cada flor me lembra a formosura

Da bela causadora de minha ânsia?

 

Cláudio Manuel da Costa

 

 

 

XXXIII

 

Aqui sobre esta pedra, áspera, e dura,

Teu nome hei de estampar, ó Francelisa,

A ver, se o bruto mármore eterniza

A tua, mais que ingrata, formosura.

 

Já cintilam teus olhos: a figura

Avultando já vai; quanto indecisa

Pasmou na efígie a idéia, se divisa

No engraçado relevo da escultura.

 

Teu rosto aqui se mostra; eu não duvido,

Acuses meu delírio, quando trato

De deixar nesta pedra o vulto erguido;

 

É tosca a prata, o ouro é menos grato;

Contemplo o teu rigor: oh que advertido!

Só me dá esta penha o teu retrato!

 

Cláudio Manuel da Costa

VII

 

Onde estou? Este sítio desconheço:

Quem fez tão diferente aquele prado?

Tudo outra natureza tem tomado;

E em contemplá-lo tímido esmoreço.

 

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço

De estar a ela um dia reclinado:

Ali em vale um monte está mudado:

Quanto pode dos anos o progresso!

 

Árvores aqui vi tão florescentes,

Que faziam perpétua a primavera:

Nem troncos vejo agora decadentes.

 

Eu me engano: a região esta não era:

Mas que venho a estranhar, se estão presentes

Meus males, com que tudo degenera!

 

Cláudio Manuel da Costa

 





Passarinhos — um poema de Zalina Rolim

1 07 2008

paisagem

 

A um passarinho que andava

Cantando pelo jardim,

Foi perguntar Elisinha

  Quem é que te cuida assim?

 

Onde achas doce alimento,

Coisas nutritivas, sãs?

— Tenho bichinhos gostosos

Figos, laranjas, romãs.

 

— E quando estás fatigado,

Onde é que vais descansar?

— Qual de nós não tem seu ninho?

Nosso ninho é o nosso lar.

 

— E sede não sentes nunca?

— Tenho rio e ribeirão,

E gotinhas de sereno,

Que as folhas verdes me dão.

 

— E no inverno não te falta

Agasalho contra o frio?

— Tenho penas que me cobrem,

Tenho agasalho macio.

 

— E quando não há bichinhos,

Grãos e frutinhas não há?

— Há uma boa criancinha

Que pão e alpiste me dá.

 

 

Passarinhos, de Zalina Rolim  (Brasil, 1869-1961)

 

 

Zalina Rolim

Maria Zalina Rolim Xavier de Toledo nasceu em Botucatu (SP), em 20 de julho de 1869.
Professora alfabetizadora, transferiu-se com a família para São Paulo em 1893.
Educadora, entre 1896 e 1897, exerceu o cargo de vice-inspetora, do Jardim da Infância anexo à Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo.
Escreveu para diversas revistas femininas e jornais como A Mensageira, O Itapetininga, Correio Paulistano e A Província de São Paulo.
Faleceu em São Paulo, em 24 de junho de 1961.

Obras:

1893 – O coração
1897 – Livro das Crianças
1903 – Livro da saudade (organizado nesta data para publicação póstuma)

 

 

 





À beleza negra — Luiz de Camões

29 06 2008

 

Bela, s.d., de Michele Cammarano (Itália, 1835-1920), o/t Col. Part.

Bela s/d

Michele Cammarano

(Itália, 1835-1920)

Óleo sobre tela

Coleção Particular

Freddie Booker Carson & Simon Carson

 

A leitura do livro de Agualusa, Um estranho em Goa, mencionado na postagem anterior, lembrou-me que o autor cita, uma parte de um dos mais belos poemas de Luiz de Camões, uma redondilha de sua Obra Lírica.  Aproveito para reproduzir aqui e relembrá-lo com os meus amigos.  Mais conhecido por seu primeiro verso,  Aquela Cativa,  foi feito para Bárbara, uma escrava em Goa.

 

 

 

 

 

Aquela cativa

 

Luiz Vaz de Camões

 

 

Aquela cativa

Que me tem cativo,

Porque nela vivo

Já não quer que viva.

Eu nunca vi rosa

Em suaves molhos,

Que pera meus olhos

Fosse mais fermosa.

 

Nem no campo flores,

Nem no céu estrelas

Me parecem belas

Como os meus amores.

Rosto singular,

Olhos sossegados,

Pretos e cansados,

Mas não de matar.

 

Ũa graça viva,

Que neles lhe mora,

Pera ser senhora

De quem é cativa.

Pretos os cabelos,

Onde o povo vão

Perde opinião

Que os louros são belos.

 

Pretidão de Amor,

Tão doce a figura,

Que a neve lhe jura

Que trocara a cor.

Leda mansidão,

Que o siso acompanha;

Bem parece estranha,

Mas bárbara não.

 

Presença serena

Que a tormenta amansa;

Nela, enfim, descansa

Toda a minha pena.

Esta é a cativa

Que me tem cativo;

E, pois nela vivo,

É força que viva.

 

 

Aquela cativa  (1595 – redondilha 106)





Passeio Público, poema de Mário Pederneiras

22 06 2008

Pirâmide do Mestre Valentim, Passeio Público, RJ Continue lendo »