Essa capa traz que palavras à sua mente?

2 11 2024

Queridos seguidores e leitores:

Escolhi entre mais opções esta capa para meu próximo livro de poemas. Como no meu livro anterior a capa será com um quadro. Não sei se ainda vai ficar com o titulo onde está, embaixo, se estas serão as fontes usadas… ou se o titulo vai lá para cima. Estou nos primeiros estágios dessa nova publicação. Mas gostaria de saber de vocês quais três palavras esta imagem sugere para vocês ao verem essa capa. Será de grande ajuda para mim. Muito grata.





Caixa mágica de surpresa, poesia de Elias José

14 08 2017

 

 

surpresa comm sapo, cobra e tartarugaSurpresa, ilustração, desconheço a autoria e não consigo ler a assinatura.

 

 

Caixa mágica de surpresa

 

Elias José

 

Um livro

é uma beleza,

é caixa mágica

só de surpresa.

 

Um livro

parece mudo,

Mas nele a gente

descobre tudo.

 

 

Um livro

tem asas

longas e leves

que, de repente,

levam a gente

longe, longe

 

Um livro

é parque de diversões

cheio de sonhos coloridos,

cheio de doces sortidos,

cheio de luzes e balões.

 

Um livro é uma floresta

com folhas e flores

e bichos e cores.

É mesmo uma festa,

um baú de feiticeiro,

um navio pirata do mar,

um foguete perdido no ar,

É amigo e companheiro.

 

Em: Caixa mágica de surpresa, Elias José, 1997: Editora Paulus





Menina loura, poesia de Stella Leonardos

15 03 2017

 

 

VAN DIJK, WIN (1915-1990)RetratodeMariaCatarina Douat,ost, 1957,95 X 60Retrato da menina Maria Catarina Douat, 1957

Win van Dijk ( Holanda/Brasil, 1915-1990)

óleo sobre tela, 95 x 60 cm

 

 

Menina Loura

 

Stella Leonardos

 

(Para Leilá)

 

 

É uma sílfide dançando.

É uma infanta adolescendo.

Cabelo de ouro brilhando.

Alvor de lírio crescendo.

 

Coração de cristal puro,

Alma de rosa nevada,

Sonha trepada no muro.

E não sabe que é uma fada.

 

 

Em: Pedaço de Madrugada, Stella Leonardos, Rio de Janeiro, Livraria São José: 1956, p.51





Rosinha da Roda, poesia de Stella Leonardos

24 05 2016

 

 

Edvard_Munch_-_Four_Girls_in_Åsgårdstrand_-_Google_Art_ProjectQuatro meninas em Åsgårdstrand, 1903

Edvard Munch (Noruega, 1863-1944)

óleo sobre tela, 87 x 111 cm

Museu Munch, Oslo

 

 

Rosinha da Roda

 

Stella Leonardos

 

 

Elas eram quatro rosas

Sendo cada qual mais bela.

A vermelha, a cor de rosa.

A de corola amarela…

Mas a quarta era Rosinha,

Branca branca, bem singela.

Levou-a Deus manhãzinha.

Que era rosa de anjo, aquela.

 

 

Em: Pedaço de Madrugada, Stella Leonardos, Rio de Janeiro, Livraria São José:1956, p.63





Tiradentes — poema de Carlos Pena Filho

6 07 2013

ParreirasTiradentesPrisão de Tiradentes, 1914

Antônio Parreiras (Brasil, 1860-1937)

óleo sobre tela, 180 x 282 cm

Museu Júlio de Castilhos, Porto Alegre

Tiradentes

Carlos Pena Filho

É o muito esperar que existe em torno

que me destina a ação desbaratada.

A morte é bem melhor do que o retorno

ao nada.

Não nasce a pátria agora, o sonho mente,

mas, em meio à mentira, sonho e luto

pois sei que sou o espaço entre a semente

e o fruto.

Este poema foi musicado por Carlos Marques e faz parte da trilha sonora do filme Carnaval, o aval da carne (de Carlos Marques e Ralph Justino; Rio de Janeiro, 1983)

Em: Melhores poemas de Carlos Pena Filho, seleção de Edilberto Coutinho, Global Editora, São Paulo, 1983, 4ª edição.

carlos-pena-filho

Carlos Pena Filho  nasceu no Recife, em 1929.  Formado em Direito, pela Faculdade de Direito do Recife, foi poeta, letrista, jornalista, ensaísta para o Jornal do Comércio. Morreu num acidente automobilístico em 1960.

Obras:

O tempo da busca, 1952

Memórias do boi Serapião, 1955

A vertigem lúcida, 1958

Livro geral (obra reunida), 1959

Melhores poemas (póstuma) seleção de Edilberto Coutinho, 1983





Um e outro, poesia de João Manuel Simões

7 02 2013

homem que voa, isabelle arsenault, montrealIlustração de Isabelle Arsenault.

Um e outro

Il est perdu jadis.

Mais il est vivant encore.

Maintenant et toujours.

SAINT-JOHN PERSE

João Manuel Simões

São dois meninos.

Coexistem em mim

constantemente:

o adulto terrestre

e o jovem alado,

seu mestre.

Inquilinos,

até o fim,

um dos quartos da mente,

outro do corpo cansado.

Em: Poemas da infância: antologia poética, João Manuel Simões, Curitiba, HDV:1989





Cantiga do lobo amável, poesia infantil de Stella Leonardos

27 06 2012

Ilustração de Loubli Bengali.
Cantiga do lobo amável

Stella Leonardos

— Chapéuzinho, chapéuzinho

Vermelho cor de framboesa!

— Que queres, lobo daninho?

— Acompanhar-te, beleza.

— Chapéuzinho, chapéuzinho

Vermelho cor de coral!

— Que queres, lobo daninho?

— Proteger-te de algum mal.

— Chapéuzinho, chapéuzinho

Vermelho cor da alegria!

— Que queres, lobo daninho?

— Gozar tua companhia.

— Chapéuzinho, chapéuzinho

Vermelho cor de carmim!

— Que queres, lobo daninho?

— Guardar-te sempre pra mim.

Em: Fantoches, Stella Leonardos, Rio de Janeiro, Livraria São José: 1956.





O vendedor de bananas, poesia infantil de Elias José

7 01 2012

Ilustração Margret Boriss.

O vendedor de bananas

Elias José

Banana-prata,

banana-ouro,

banana-d’água,

banana-baiana

banana-nanica

banana-são-tomé.

O menino bananeiro

e os seus melhores amigos,

dois burrinhos vagarosos,

vão chegando à cidade.

 –

Queria vender bananas

muitas bananas,

gostosas e diferentes,

para todas as casas

da velha cidadezinha.

 –

Queria voltar pra casa

com os cestos vazios

e os bolsos bem cheios

de notas e moedas.

 –

Coisa melhor do mundo

é poder ajudar à mãe…

 –

Só que na cidade tão pequena,

há tantas bananeiras nos quintais!…

 –

Os cestos não vão se esvaziar.

e nos bolsos haverá poucas moedas…

 –

— Melhor assim do que nada! –

diz o menino bananeiro

aos seus burrinhos magricelas.

Em: Mágica terra brasileira, Elias José, São Paulo, Saraiva:2006

Elias José – (MG 1936 – MG 2008 ) escritor de literatura infantil e juvenil, contista, poeta, romancista e professor.





Reza, poema de Laura Esteves

27 09 2011

Costurando, s/d

Oscar Pereira da Silva ( Brasil, 1867-1939)

óleo sobre tela

Reza

Laura Esteves

Queria minha avó de volta,

ligeirinha, caminhando

pela antiga alameda.

As balas de limão e laranja

envoltas em papel de seda.

As rezas do ventre-virado,

Simpatias, mau-olhado:

Deus te fez,

Deus te criou,

Deus tire o mal

que em ti entrou.”

Galho de arruda murcho,

doente já sorrindo,

moeda na palma da mão.

Precisa não”.

É só uma ajuda”.

Lá ia o rico dinheiro

Para a fezinha do bicho.

“Sonhei com leque, vai dar pavão.

Grande falseta: leque de ar e cor,

Só podia mesmo ser borboleta”.

Minha avó, matreirinha,

arrumava um jeito de ser feliz.

Foi ela quem me ensinou sobre

alegria, astúcia e sorte.

Foi ela quem demonstrou:

Mulher é sempre mais forte.

Em: Poesia simplesmente, ed. Roberto Pontes, Rio de Janeiro, ed. autor: 1999.

Laura Esteves nasceu no Rio de Janeiro.  É escritora e poeta.  Faz parte do Grupo Poesia Simplesmente.





Lágrima de preta — poesia juvenil de Antônio Gedeão

16 08 2011

Negra com paisagem ao fundo, 1935

Genesco Murta ( Brasil, MG 1885 —  MG, 1967)

óleo sobre tela sobre eucatex, 58 x 48 cm

Coleção Particular

Lágrima de preta

                        Antônio Gedeão

Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar.

Recolhi a lágrima

com todo cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.

Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.

Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.

Rômulo Vasco da Gama de Carvalho , rambém conhecido pelos pseudônimos : Antônio Gedeão ou por Rômulo de Carvalho. (Portugal,  1906-1997)  Poeta, professor e historiador da ciência portuguesa.  Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e organizando obras no campo da história das ciências e das instituições.  Revelou-se como poeta apenas em 1956, com a obra Movimento Perpétuo

Obras poéticas:

Movimento perpétuo, 1956

Teatro do Mundo, 1958

Máquina de Fogo, 1961

Poema para Galileu 1964

Linhas de Força, 1967

Poemas Póstumos, 1983

Novos Poemas Póstumos, 1990