Visita dos Reis Magos ao Menino Jesus, 1965
Djanira da Motta e Silva ( Brasil, 1914-1979)
Guache sobre cartão, 14 x 39 cm
Coleção Particular
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As noites! Que noites de imenso luar!
Podeis contemplar a Ursa Maior,
A Lira, a Órion, a luz de Altair,
Estrelas cadentes correndo no espaço,
A Estrela dos Magos parada no ar.
Que noites, meninas, de imenso luar!
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Jorge de Lima
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Em: Obra completa, Rio de Janeiro, Aguillar: 1958
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A liberdade poética é necessária e seu uso torna muitos textos inesquecíveis! Este é o caso dos versos acima, que acredito muitos de nós, educados no tempo em que se decorava versos na escola, podemos relembrar com carinho. A imaginação do poeta só aumenta o encanto de uma noite já encantada, como é a noite de Natal. Ela nos ajuda a imaginar o inimaginável, a admitir o milagroso, o inexplicável. Apesar de cientificamente esta visão de Jorge de Lima não ser precisa, a sedução de seus versos reflete o nosso encantamento interior com a Noite de Natal.
Como bem ressaltou Malba Tahan [ A Estrela dos Reis Magos, São Paulo, Saraiva: 1964] ” O saudoso e genial poeta Jorge de Lima, levado pelos arroubos da imaginação colocou a Estrela dos Magos, em certa época do ano, a cintilar imóvel no céu. Parece inútil acrescentar que os versos de Jorge de Lima vão ao arrepio de todos os preceitos ditados pela Astronomia e contrariam aa sábias conclusões dos Evangelhos.” E complementa numa nota de rodápé: ” Coloca Jorge de Lima no céu três constelações: A Ursa Maior, a Lira, Órion e a estrela Altair, de primeira grandeza, Alfa da Águia. O céu luminoso, pontilhado de nebulosas, é cortado e recortado pelos traços luminosos das estrelas cadentes. E, no meio disso tudo, parada a cintilar, a Estrela dos Reis Magos. O quadro descrito pelo poeta é maravilhoso”.
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Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, AL, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro.
Obras:
Poesia:
XIV Alexandrinos (1914)
O Mundo do Menino Impossível (1925)
Poemas (1927)
Novos Poemas (1929)
O acendedor de lampiões (1932)
Tempo e Eternidade (1935)
A Túnica Inconsútil (1938)
Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)
Poemas Negros (1947)
Livro de Sonetos (1949)
Obra Poética (1950)
Invenção de Orfeu (1952)
Romance:
O anjo (1934)
Calunga (1935)
A mulher obscura (1939)
Guerra dentro do beco (1950)
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