Cochilo Darwiniano: a teoria da evolução em Star Trek

26 09 2010

Nada como um fim de semana chuvoso, um excelente livro de umas 500 páginas – cuja leitura precisa de algumas pausas para não cansar.  E a minha mente vagueia pelo espaço…  Com essa combinação sempre acho a desculpa de “realmente não posso fazer mais nada” para flanar pelos locais mais extravagantes da rede com uma displicência convincente, uma pausa justificada como bem-merecida.   Hoje foi o dia de me perguntar sobre ficção científica e acabar num artigo delicioso na revista MAD SCIENCE, sobre que ficção científica mais se aproxima da realidade intelectual dos cientistas [ Six scientists tell us about the most accurate science fiction in their fields] e mais tarde na mesma revista um artigo também fascinante sobre os mais estranhos conceitos de evolução na ficção cientíca [The most ludicrous depictions of evolution in science fiction history] cujo primeiro parágrafo traduzo livremente, porque me levou a chorar de rir, depois que refleti sobre o assunto.

Há um monte de exemplos em Star Trek, sobre a duvidosa compreensão dos princípios básicos da biologia, da genética e da evolução.  Mas provavelmente o problema mais generalizado se apresenta na explicação de todos os híbridos alienígenas. Há o meio-vulcano: Spock;  a meia-Betazed: Deanna Troi;  a meia-Klingon: B’Elanna Torres … e isso é apenas a partir das principais castas. Quase toda espécie de humanóide alienígena foi capaz de cruzamento, e até mesmo os híbridos puderam se acasalar sem problemas, principalmente quando Worf e o meio-humano/ meio-Klingon K’Ehleyr se tornaram pais do filho Alexander, que era 75% Klingon. Nada disso deveria ser remotamente possível, e no mínimo todos os híbridos deveriam ter sido estéreis.

Claro, tecnicamente tudo isso tem mais a ver com genética do que com evolução.  O problema aparece mais claramente no episódio Da Próxima GeraçãoThe Chase“, que procurou explicar por que todos os diferentes alienígenas pareciam serem praticamente o mesmo (e, por extensão, porque é possível manter o cruzamento com tamanho sucesso). O episódio apresenta uma antiga raça de humanóides que foi extinta bilhões de anos atrás, mas não antes de semearem a galáxia inteira com seu DNA, fazendo com que todas as raças atuais — de seus descendentes– e, portanto, uns primos distantes de outros. Agora, poderia até explicar por que todas as espécies inteligentes são humanóides – embora deva ser salientado que, se os precursores tentavam orientar a evolução da Terra para a criação de uma raça semelhante a eles próprios, a sua intromissão foi incrivelmente sutil. Deveríamos imaginar, para início de conversa, que eles gerenciariam a evolução de tal maneira que não se perdesse tantos milhões de anos com dinossauros dominando do planeta.

Mesmo assim o problema dos híbridos não é resolvido.  A raça precursora explica que eles semearam os oceanos primordiais de mundos onde a vida estava apenas começando a emergir, o que significa que os seres humanos, Klingons, os Vulcanos, e todo o resto deles haviam tido caminhos totalmente separados até então,  já que eram organismos unicelulares. (E, a julgar pela explicação dos precursores, os cientistas só deram mesmo uns petelecos em  alguns genes das foromas nativas do planeta). Isso significaria que os seres humanos seriam muito mais relacionados aos cavalos, lagartos, formigas … e até  mesmo bananas seriam muito mais próximas geneticamente aos seres humanos do que os Vulcanos, e, no entanto, ainda estamos à espera de um meio-humano, banana-meia Sr. Spock.

Para outras considerações sobre a ciência da evolução em outras conhecidas ficções leia o artigo no link abaixo.

FONTE:  MAD SCIENCE





Vida no campo, vídeo, desenho musicado

11 09 2010







Que lembranças você deixará para os seus sobreviventes?

30 08 2010

Gerânios em potes, ilustração sem nome do autor.

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Recentemente participei de uma reunião de família lembrando a data de aniversário de uma tia que se estivesse viva faria cem anos. Duas gerações se recordaram de momentos em que tia Maria-Emília havia tido um papel importante: por um gesto, uma palavra, uma série de atitudes; por seus quitutes – Quadradinhos Norma, de longe o favorito da família: certamente o meu, além de suas Barquetes de queijo. Depois de algumas semanas desse encontro, nem sei a razão, vim a me lembrar de outra faceta, outro aspecto de sua influência nas minhas memórias, que não cheguei a relatar naquela noite: o seu jardim, mais especificamente seus gerânios.

Essa foi a minha única tia que morava em casa com jardim. Cidadã urbana, crescendo no Rio de Janeiro, num edifício de apartamentos, jardins sempre foram, para mim, entidades de outro mundo, mantidas por jardineiros, mais ou menos capazes, que dobravam como porteiros, ou vice-versa. Sempre gostei de jardins, mas sua manutenção era algo altamente misterioso.

Um dos meus primeiros encontros com os mistérios do jardim de tia Maria-Emília foi quando, aluna da terceira série, tive como dever de casa levar uma plantinha para a sala de aula, colocá-la na janela e cuidar dela. Já tínhamos a essa altura, criado feijão em algodão molhado, e batatas doces em água, cujas folhas caíam felizes de vasos pendurados na parede da escola. Com o novo projeto em mente rumamos, mamãe e eu, à casa de titia. Lá, encantada com as avencas, plantinhas mimosas que cresciam na pedra úmida do morro por trás da casa, recebi das mãos de minha tia meu primeiro projeto de jardinagem. Foram na verdade três avencas levadas para a escola em sucessivos projetos de jardinagem frustrados. Consegui matar a todas três durante o ano letivo. Mamãe já estava sem graça de pedir mudas à minha tia… Paramos o projeto. Papai me arranjou um cacto que não cresceu nem morreu. Simplesmente existiu pelo resto do ano. Achei daí por diante que não tinha muita afinidade com jardins além de apreciar sua sombra, suas flores e seus perfumes. Isso eu sabia fazer!

Das curiosidades marcantes do jardim de titia havia a abundância das flores azuis da Bela-Emília, arbustos que ladeavam a escada de entrada. Até hoje, quando passo pela praça Antero de Quental no Leblon e vejo Belas-Emílias florindo em profusão passa-me pela mente a casa de titia. Havia também uma grande bananeira na frente da casa – só decorativa: um leque gigante de plumagem verde, cujos frutos não eram comestíveis e um cantinho, numa jardineira alta, fazendo divisa com a casa ao lado, onde titia plantava gerânios: coloridas bolotas de flores vermelho alaranjadas. Como eu gostava daquelas flores e de seu perfume!

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Cartão Postal de felicidades, originário da Holanda

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Minha tia Maria-Emília visitou a Europa comigo. Não fisicamente. Mas esteve presente nos meus pensamentos quando passei pelos Alpes austríacos, onde, num início de primavera, muitas jardineiras, penduradas logo abaixo dos peitoris das janelas, apareciam cheias de gerânios. Essas flores arredondadas ajudavam a decorar as casas de madeira do Tirol, feitas já bastante alegres pelas pinturas de guirlandas coloridas em seus exteriores. Nessa mesma viajem, mais tarde, quando atravessei para a Itália, logo apareceu tia Maria-Emília, de novo, apreciando comigo os gerânios que cascateavam pelas paredes de estuque antigo, caindo das sacadas de Veneza.

Quando finalmente tive minha primeira casa com jardim, na época em que morei nos Estados Unidos, resolvi logo, logo, plantar gerânios em vasos de barro colocados em pontos de grande visibilidade na varanda de madeira — um deck – que arrematava os fundos da casa e de onde podíamos inspecionar o quintal. Gostaria naquele momento de ter tido o conselho de tia Maria-Emília. Principalmente depois que descobri ser alérgica ao gerânio. Alérgica ao óleo perfumado de suas folhas aveludadas. Alergia de contato, só. Facilmente resolvido com um par de luvas ou até mesmo, quando o desejo de tocar na maciez de suas folhas arredondadas e crespinhas na borda me tiravam do sério, com uma lavagem das mãos, rápida, com sabonete, imediatamente depois do toque sedutor. Mesmo assim, insisti nesse passatempo. Mas o gerânio não se dá bem durante o inverno americano. Deixado do lado de fora, morre com o frio. Trazido para dentro de casa, tampouco sobrevive, não recebe luz suficiente pelos meses de outono/inverno para permanecer saudável. Não tinha jeito.

Essas lembranças me assaltaram quando decidi, recentemente, no meio de uma noite mal dormida, com algumas horas em claro, na madrugada carioca, colocar alguns gerânios no peitoril da janela de meu quarto. Tenho certeza de que esta decisão me levará a lembrar daqueles ótimos momentos de uma infância feliz e despreocupada, e muitas vezes ainda me lembrarei de minha tia.

Nunca sabemos pelo que seremos lembrados depois de nossa morte. Nem se chegaremos a ser lembrados — bem ou mal —     pelas pessoas que nos conheceram.  Dizem que continuamos vivos enquanto somos lembrados pelos que aqui ainda se encontram. Às vezes achamos que seremos lembrados por alguns ditos, por nossos escritos, mas raramente imaginamos que nossos pequenos projetos sejam causa das recordações que deixamos para trás.  Mas acredito que é o que se faz com paixão, por puro prazer, aquilo que nos imortaliza, nem que seja por uma ou duas mais gerações.

©Ladyce West, Rio de Janeiro: 2010





Comemorando o Dia dos Pais com um desenho do Pica-pau

8 08 2010





Um livro de ORIGAMI! Você já leu algum?

3 08 2010




German Lorca: não perca, está na hora de ver o seu trabalho!

2 08 2010

 

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German Lorca, Pernas, São Paulo, 1970.

Na quarta-feira passada fiz questão de ir ver no Centro Cultural da Caixa Econômica do Rio de Janeiro, as fotografias de German Lorca, cuja exposição, que abriu no dia 20 de julho e permanece  no local até o dia 29 de agosto, mostra 57 de suas fotos, que cobrem um período de 60 anos dedicados à fotografia de 1949 a 2009.

É fascinante poder observar o trabalho de um profissional por 60 anos consecutivos.  Ver suas preocupações técnicas e temáticas.   German Lorca, que nasceu na cidade de São Paulo em 1922 – parece ter de fato respirado desde cedo e o espírito da arte moderna  – pois fez diversos experimentos com suas imagens bem além daquilo que fotógrafos da época ambicionavam.   Diz o curador da exposição, Eder Chiodetto que “ Sua obra pode ser vista como um elo preciso entre o ideário modernista e a arte contemporânea brasileira”.  E é de fato essa a sensação que se tem. 

German Lorca, Menino correndo, 1960.

Mas o artista atrás da câmera se mostra ainda mais enigmático quando em 2005 mostra um lado poético, quase romântico de seu trabalho, uma foto com a delicadeza de uma imagem oriental, ambientada na sombra de um eclipse:   Eclipse, no céu nublado de São Paulo  E, no entanto, bem no espírito brincalhão da arte surrealista ou dada do início do século XX,  esta foto apresenta aquela contradição entre o título e a imagem tão ao gosto de um dos  grandes surrealistas, o belga René Magritte. 

Eclípse em céu nublado, São Paulo, 2005.

 

Pela riqueza das imagens, pelo processo de experimentação, pelo testemunho de uma época, certamente, vale a pena sair do conforto de sua casa, sair da frente do seu computador e ver de perto, a olho nu, o trabalho deste grande fotógrafo brasileiro.  Não perca.

SERVIÇO

 

“GERMAN LORCA: OLHAR IMAGINÁRIO”

 Caixa Cultural Rio de Janeiro

20 de julho a 29 de agosto de 2010

Av. Almirante Barroso, 25, Rio de Janeiro-RJ

Perto do Metrô Estação Carioca

De terça a sábado, das 10h às 22h — Domingo, das 10h às 21h

Grátis

Inf. (21) 2544-4080.





Feliz Dia dos Amigos: 20 de julho

20 07 2010
Tico e Teco vêem Donald se aproximar, ilustração Walt Disney.

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A todos os nossos seguidores e amigos um Muito Obrigada! 

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Feliz Dia dos Amigos!





Rubens Gerchman, arte brasileira, nossa homenagem à Copa do Mundo

1 07 2010

Os super-homens, 1965

Rubens Gerchman ( Brasil 1942-2008)

Acrílica sobre madeira

70 x 100 cm





J Victtor, arte brasileira, nossa homenagem à Copa do Mundo

28 06 2010

Futebol, 2009

J. Victtor ( BH, Brasil, 1957)

Serigrafia





Ilídio Salteiro, arte brasileira, nossa homenagem à Copa do Mundo

27 06 2010

Futebol, 1977

Ilídio Salteiro ( Portugal)

Políptico, 6 painéis.

Técnica mista: acrílica e óleo sobre madeira

260 x 145 cm