O golfe, texto de William Boyd

18 10 2016

Bia Betancourt [Beatriz Falanghe Betancourt] (Brasil, 1963) Golfista, ast, 70 x 180 cmGolfista

Bia Betancourt  (Brasil, 1963)

acrílica sobre tela, 70 x 180 cm

 

 

“Uma das coisas da África de que mais sinto saudade é meu golfe com Dr. Kwaku no campo mirrado de Ikiri. Sinto falta do golfe e da cerveja na ladeira do clube, assistindo ao por do sol.Por que será que gosto de golfe? Não é um esporte estrênuo o que é uma vantagem. O grande benefício é que, ainda que o sujeito não seja um exímio jogador, é ainda possível que realize jogadas no mesmo nível daquelas dos grandes jogadores mundiais. Lembro que um dia eu tinha levado um fragmentário sete à paridade quatro no oitavo buraco em Ikiri e me posicionei para o curto nono, uma paridade três, com um seis-ferro. Morrendo de calor, suado e irritado, balancei, golpeei, a bola planou, quicou uma vez no marrom e caiu no buraco. Um buraco em um. Foi a tacada perfeita — não dava para ninguém fazer melhor, nem mesmo o campeão mundial. Não consigo pensar em nenhum outro esporte que dê ao amador a chance da perfeição. Aquela jogada me deixou feliz por um ano, todas as vezes que eu me lembrava dela….”

 

Em: As aventuras de um coração humano, William Boyd, Rio de Janeiro, Rocco: 2008, tradução de Antônio E. de Moura Filho, p. 421-22.

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“Futebol” poesia de Carlos Drummond de Andrade

18 08 2016

Manasses Andrade (Brasil, 1955) A jogada, ano 2013, 100x80cm,Acrilica sobre TelaA jogada, 2013

Manasses Andrade (Brasil, 1955-2021)

acrílica sobre tela,  100 x 80 cm

Futebol

Carlos Drummond de Andrade

Futebol se joga no estádio?

Futebol se joga na praia,

futebol se joga na rua,

futebol se joga na alma.

A bola é a mesma: forma sacra

para craques e pernas de pau.

Mesma a volúpia de chutar

na delirante copa-mundo

ou no árido espaço do morro.

São voos de estátuas súbitas,

desenhos feéricos, bailados

de pés e troncos entrançados.

Instantes lúdicos: flutua

o jogador, gravado no ar

— afinal, o corpo triunfante

da triste lei da gravidade.

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Minutos de sabedoria — Luís Guilherme de Oliveira Gutman

26 07 2014

 

 

 

Edivaldo (Brasil) Futebol de sabado - 90x150Futebol de sábado, c. 2006

Edivaldo Barbosa de Souza (Brasil, 1956)

acrílica sobre tela, 90 x 150 cm

 

 

“É preciso que se diga que o objetivo do esporte é formar cidadãos. Ganhar é consequência.”

 

Luís Guilherme de Oliveira Gutman

 

 

 





Copa 2014, no coração de todos!

15 06 2014

 

 

Futebol em Tarde de DomingoFutebol em tarde de domingo, 2004

Eduardo Cambuí Figueiredo Junior (Brasil, contemporâneo)

óleo sobre tela, 70 x 50 cm





Copa 2014, no coração de todos!

14 06 2014

 

 

Edna de Paula Soares, futebolFutebol

Edna de Paula Soares (Brasil, contemporânea)

acrílica sobre tela





Copa 2014, no coração de todos!

13 06 2014

 

 

GERCHMAN, Rubens, Romário - Copa de 1994,ast, Reproduzido à p. 8 do catálogo da exposição L´Esthétique du Football na Galerie Gerome de Noirmont, Paris, 1998, 180 x 150 cmRomário, Copa 1994

Rubens Gerchman (Brasil, 1942-2008)

óleo sobre tela, 180 x 150 cm





Que venha a COPA 2014! Estamos prontos! Rumo ao Hexa!

12 06 2014

 

 

 

gregorio gruber, Brasil, 1997, ost, 190x240Brasil, 1997

Gregório Gruber (Brasil, 1951)

óleo sobre tela, 190 x 240 cm

 

 





Minutos de sabedoria — Padre Antônio Vieira

4 10 2013

CRIANÇAS Henri-Jules-Jean Geoffroy (conhecido como Geo) (França, 1853-1924)  de volta à escolaDe volta à escola

Henri-Jules Jean Geoffroy, dito GEO (França, 1853-1924)

aquarela sobre papel

“A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor.”

padrevieira

 Padre Antônio Vieira





Anedota sobre a ginástica na revista O Espelho de 1859

26 09 2013

1910-mens-gymnastics-historic-imageCartão postal de 1910.

” Um sujeito gabava as vantagens higiênicas da ginástica.

— Não há nada melhor para a saúde, dizia ele: duplica as forças e prolonga a vida.

Respondeu-lhe alguém:

— Mas nossos antepassados não faziam uso da ginástica e contudo…

— Sim, é verdade, não faziam uso dela; mas vejam, morreram todos…”

Em:  O Espelho: revista de literatura, modas, indústria e artes, n. 17,  25 de dezembro de 1859, p.12. da edição em facsímile, Rio de Janeiro, MEC:2008, p. 218.





Bicicletas e independência — um trunfo para as mulheres

18 11 2012


A casa das bicicletas no Bois de Boulougne, 1897-1900

Jean-Georges Béraud (França,1849-1936)

óleo sobre tela

Musée de l’ïle-de-France – Sceaux

Quando usamos as bicicletas raramente pensamos no papel importante que elas tiveram para a emancipação feminina. Fui lembrada desse fenômeno quando li, alguns dias atrás, o artigo na publicação da Universidade da Virginia,  sobre estudos americanos: Xroads . Não se sabe ao certo a data da invenção da bicicleta; foi consequência natural de diversos experimentos com quadriciclos e triciclos que apareceram no início do século XIX.  Só na última década do século, a bicicleta se tornou popular e de uma maneira inesperada alavancou o movimento pelos direitos da mulher.

Anúncio francês, 1900.

A popularidade levou não só homens, mas muitas mulheres às aventuras do ciclismo, que dava uma grande liberdade de movimento. Era a  habilidade das mulheres de se movimentarem por si mesmas, para novos lugares, novos espaços, sem a necessidade de acompanhantes.  Essa autonomia assertiva trouxe como consequência um desequilíbrio nos papéis sociais.  Até então, homens e mulheres tinham papeis circunscritos, rígidos. Mas as barreiras impostas a elas estavam caindo e os homens passaram a fortalecer o estereótipo de portadores de bravura e força.  Como o ciclismo aparecia no horizonte como uma atividade física era natural que fosse adotado pelos homens como parte da constelação de esportes das quais faziam parte o futebol, baseball (nos Estados Unidos) e o críquete na Inglaterra, todos dominados pelo sexo masculino.

Cartão postal anunciando novas bicicletas, Boston, EUA.

“Máquina da liberdade” [freedom machine] foi como Susan B. Anthony, a feminista americana que lutou pelos direitos da mulher, denominou a bicicleta. E dela é também , uma conhecida citação: a bicicleta, “fez mais pela emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo”.  Inicialmente adotada pelas elites, logo os modelos de bicicletas apresentaram mais conforto, sendo adotadas pela classe média em geral na América do Norte e na Europa, em meados da década de 1890.  Já na primeira década do século XX a bicicleta havia conquistado seu lugar como meio de transporte e também como forma de recreação. Clubes de ciclismo apareceram em todas as grandes cidades.

Mas antes dessa popularidade, não foram poucos os gritos de imoralidade, quando uma mulher andava de bicicleta. O que mais causava revolta nos homens era a adquirida habilidade de movimento para sexo feminino.  Ajudadas pela produção em massa desse meio de transporte, que cada vez mais se mostrava seguro e prático as mulheres e a classe trabalhadora, ela não se privaram da liberdade adquirida e transformaram a bicicleta no símbolo da Nova Mulher.  Essa Nova Mulher se desvencilhou  das roupas restritivas de movimentos, do espartilho e das saias até o tornozelo, substituindo-as por calças. Bem comportadas, largas nos quadris, apertadas no joelho ou do joelho para baixo, mas calças; chamadas de roupas para ciclismo.  Mesmo assim não foi fácil para mulheres andarem de bicicleta vestidas desta forma.  Muitas foram ridicularizadas, multadas, até mesmo tratadas como mulheres vulgares, sem escrúpulos, como lembra muito bem o artigo.

Cartão postal, c. 1895.

Apesar disso, as mulheres modernas, essas Novas Mulheres, não se deixaram vencer e enfrentaram os preconceitos.  Elas viam o poder que as duas rodas lhes davam e previam um futuro mais equilibrado.  Sabiam que eram vistas como um desafio aos preceitos da época que tratavam as mulheres como seres inferiores.  Não foram poucos os homens que proclamaram que as bicicletas eram uma ameaça à ordem social e à estrutura familiar porque permitiam às mulheres viajar para mais longe do que estavam acostumadas, sem serem vigiadas por seus maridos, irmãos, pais, pelos homens que conheciam os perigos a que elas se expunham. Além, é claro, de permitir que uma jovem pudesse estar na companhia de companhia masculina sem alguém que a acompanhasse.

Em seguida, a lista do que fazer e não fazer na bicicletas.  Texto de 1895 do New York World foi sindicalizado e a foto abaixo mostra o texto no jornal de Chicago.  A lista e o artigo em que me baseio saíram no Brainpickings.  Traduzi um grande número das regras mas houve umas três delas que têm expressões de época não encontradas nos meus dicionários.  Divirtam-se.

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Não se amedronte.

Não desmaie na rua.

Não use um chapéu de homem.

Não use ligas apertadas.

Não se esqueça da bolsa de ferramentas.

Não se deixe levar sem tração é perigoso.

Não se vanglorie de longas viagens.

Não critique as “pernas” dos outros

Não use meias que chamem atenção.

Não recuse assistência quando subindo uma colina.

Não use roupas que não caibam bem em você.

Não use joias enquanto estiver na bicicleta.

Não entre em corridas.

Não use botas com cadarço.

Não imagine que todos estão a observando.

Não vá à igreja vestindo roupas de ciclismo.

Não use o chapéu de festa ao ar livre com suas calças.

Não conteste o fato de que bondes têm preferência.

Não coma goma de mascar.  Exercite suas mandíbulas em casa.

Não use luvas brancas de couro.  Seda é o costume.

Não pergunte, “O que você acha das minhas calças?”

Não use gíria de bicicleta, deixe isso para os rapazes.

Não saia à noite sem a companhia masculina.

Não saia sem agulha, linha e dedal.

Não tente combinar todos os itens de sua vestimenta.

Não deixe seus cabelo louro aparecer nas costas.

Não permita que o lindo cachorrinho a acompanhe.

Não acenda um fósforo no assento de suas calças.

Não converse sobre as calças com os homens que conhece.

Não apareça em public até que você saiba andar bem de bicicleta.

Não se canse, deixe que o ciclismo seja uma recreação e não um trabalho.

Não ignore as leis do trânsito porque você é uma mulher.

Não tente usar as roupas de seu irmão para saber como elas vestem.

Não grite se você der de cara com uma vaca. Se ela a vir primeiro, ela saira do caminho.

Não use tudo que é moderno porque você pode dirigir uma bicicleta.

Não imite a atitude de seu irmão se ele balança a bicicleta paralela ao chão.

Não tente um passeio longo se você não está confiante de que pode fazê-lo com facilidade.

Não dê a aparência de que você está procurando um recorde ou quebrar um recorde. Isso é competição.

Para mais informações visite o portal do Brainpickings, link acima.