Cuidado, quebra! Tinteiro de cerâmica, século XVI

5 10 2015

WOA_IMAGE_1Tinteiro, 1560-70

Faiança policromada

Itália, escola de Pesaro, 35 x 22 x 23 cm

Hermitage, São Petersburgo


Ladyce West é historiadora da arte e escritora. Seu primeiro livro de poesias À meia voz, foi publicado em  novembro de 2020, pela Autografia. Encontra-se à venda em todas as livrarias e em ebook na Amazon.

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Tesouros de mais de 4.000 anos do Afeganistão

28 07 2015

 

afghan-ram-cp-museumcivOrnamento para cabelo no formato de uma cabra de ouro datando do século I a.E.C. ao século I da nossa era, parte do tesouro descoberto em Báctria no sítio arqueológico de Tillya Tepe. (Foto: Thierry Ollivier/Museé Guimet)

 

Eu estava procurando uma iluminura medieval, se possível, da cidade de Báctria, hoje no Afeganistão, para ilustrar mais uma postagem sobre as viagens de Marco Polo quando me deparei com essa exposição de tesouros de mais de 2.000 anos de origem afegã, em 2009.

 

dragonOrnamento chamado Dragão Mestre, em ouro, é um dos objetos encontrados em Tillya Tepe, “a montanha do ouro”. (Foto: Afghanistan; Hidden Treasures)

 

Fiquei absolutamente encantada com as obras expostas e achei por bem trazê-las para nosso prazer e conhecimento. O norte do Afeganistão foi um grande centro de comércio e trocas na Rota da Seda há mais de 4.000 anos. Tudo vindo da China, da Índia, Pérsia e Mesopotâmia acabou sendo comercializado nessa parte do mundo.

 

afghanistan-comp-nomadic-crown-tillyatepeCoroa nômade que colapsa para transporte, em ouro .  Tillya Tepe. Século I a.E.C. Foto: Thierry Ollivier / National Geographic

 

Acreditava-se que esses objetos, esculturas, joias e artigos em ouro tinham sido perdidos para sempre depois da invasão soviética no Afeganistão em 1979 e o aparecimento do Taleban em 1996.

 

afghbuck2Fivela para bota, com charrete puxada por dragões. Ouro, turquesas e coralinas. Tillya Tepe, Tumba IV, século I. © musée Guimet / Thierry Ollivier

 

Na verdade, esses tesouros nacionais haviam sido escondidos secretamente em cofres do Museu Nacional de Cabul. Os cofres foram abertos em 2003 e os tesouros reapresentados à nação.

 

31626387_pFragmento de uma vasilha em ouro, decorada com touros barbados de Tepe Fullol, 2200 a 1900 a.E.C. Museu Nacional do Afeganistão, ©Thierry Ollivier / Musée Guimet

 

 

31626405_pCopo com decoração de figuras durante a colheita, ano 200 E.C., vidro pintado, Museu Nacional do Afeganistão ©Thierry Ollivier / Musée Guimet

 

 5626280-3x2-940x627Antigo artefato do Afeganistão, © ABC News

 

 676251-afghanistan-hidden-treasuresTaça esmaltada com cena de caça do norte do Egito, © Ollivier Thierry.

 

676310-afghanistan-hidden-treasuresMedalhão cerimonial com a imagem da deusa Cibele.© Ollivier Thierry.

 

675891-afghanistan-hidden-treasuresFragmento de marfim esculpido com imagens de duas mulheres de pé na passagem de portões.© Ollivier Thierry.

 

671209-afghanistan-hidden-treasuresCabo de punhal decorada em estilo siberiano. © Ollivier Thierry.

 

676488-afghanistan-hidden-treasuresCinto feito com fios de ouro trançados intercalados com medalhões de ouro. © Ollivier Thierry.

 

676397-afghanistan-hidden-treasuresMedalhão em bronze com representação do Deus Silenus, escultura Greco-romana. © Ollivier Thierry.

 

afghan-woman-makara-cp-museumcivGrande figura esculpida em marfim, provavelmente perna de uma mesa. © Ollivier Thierry.

 

Boa terça-feira para vocês.





Cuidado, quebra! Tinteiro em faiança do século XV!

25 07 2015

 

 

Faenza Maiolica Inkwell, late 15th centuryMonumental tinteiro em faiança policromada,  final do século XV (1475-1500)

29 cm de largura

À venda na Sotheby’s, leilão em 2013.

 

Tem formato de quatro lóbulos redondos que suportam as Quatro Virtudes Cardeais: Prudência, Coragem, Justiça e Temperança com quatro receptáculos, em base cruciforme.

Este tinteiro é um dos mais importantes exemplares em existência do trabalho da geração de escultores em faiança, que antecedem o conhecido artista Giovanni di Nicola Manzoni del Colle, de quem temos datas precisas para sua produção: entre 1507 e 1516. Pertence à mesma época das esculturas em terracota encontradas na região de Emília, ao norte da Itália, produzidas nas últimas décadas do século XV. As figuras alegóricas das Virtudes lembram, por causa da qualidade escultural, as de Compianto, datadas de 1487, hoje no Museu Metropolitan de Nova York.





A linha de Maria de Médici

17 07 2015

 

 

Öèôðîâàÿ ðåïðîäóêöèÿ íàõîäèòñÿ â èíòåðíåò-ìóçåå Gallerix.ruMaria de Médici, c. 1555

Alessandro Allori (Florença, 1535-1607)

óleo sobre painel de madeira, 114 x 89 cm

Kunsthistorisches Museu, Viena

 

 

No século XVI, quando Florença era a capital do Grã-ducado da Toscana, havia, como sempre houve nas grandes famílias nobres ou como nesse caso enobrecidas, preocupação com a linha hereditária. O Grã-ducado da Toscana só poderia ser passado para herdeiros homens. Para garantir que ficaria na família. Francesco de Médici, segundo grã-duque da Toscana faleceu em 1587. Apesar de ter tido sete filhos, teve um único filho homem que morreu criança aos cinco anos de idade. Descendentes diretos restavam só suas filhas: Eleonora e Marie. O grão-ducado foi parar, então, nas mãos do irmão mais novo grão-duque, Ferdinando.

Mas as duas jovens eram Médici. Tinham nome e riqueza. Não foram ignoradas. A filha mais velha de Francesco já havia se casado, na época da morte do pai, com Vincenzo Gonzaga, Duque de Mântua, em 1584. Os netos de Francesco por Eleonora foram os Duques de Mântua e a Imperatriz-consorte de Ferdinando II, Imperador do Sacro Império Romano. Nada mal.

Maria de Médici, sexta a nascer, nove anos mais moça que Eleonora, tímida e estudiosa, que não parecia ser do agrado de ninguém, teve um casamento surpreendente. Casou-se em 1600 com Henrique IV de França cujo primeiro casamento com Margaret de França [Margaret Valois] havia sido anulado no ano anterior. Dos seis filhos de Maria de Médici e Henrique IV, cinco sobreviveram. Um deles, Luís XIII de França. Daí por diante, até 1848, todos os reis de França, exceto pelos familiares de Napoleão, foram descendentes de Maria de Médici e portanto descendentes de Francesco de Médici, cujo ducado suas filhas não puderam herdar por serem mulheres.

Em retrospecto, Maria de Médici teve sua vingança. Não só se casou com um rei, mas atrelou sua família à história da França por três séculos consecutivos.





Esmerado: Capa de livro de salmos, 1641

13 07 2015

 

livro dos salmos, inglaterra

Capa de cetim bordada com pequenas pérolas e fio de ouro, 1641

Livro de salmos, Londres,  8 x 5 x 2,5 cm

Coleção Lessing J. Rosenwald, Biblioteca do Congresso, EUA





Ah! como eu amo o meu livro eletrônico!

11 07 2015

 

construção de tróiaConstrução e Destruição de Troia, c. 1406

Mestre Orosius, iluminura para o livro de Santo Agostinho, Cidade de Deus [em francês]; Original em latim; tradução de Raoul de Presles.

The Philip S. Collins Collection

Museu de Arte da Filadélfia, Pensilvânia, Ms. 1945.65.1, fol. 66v.

 

 

Há resenhas de livros tão bem feitas e eloquentes que me levam a querer ler imediatamente os volumes comentados.  Isso aconteceu quando li o artigo de Eric Cristiansen, Two Cheers for the Middle Ages, desta semana no New York Review of Books. É uma resenha de três novas publicações sobre a Idade Média: The Middle Ages, de Johannes Fried (2015), originalmente publicado em alemão e agora traduzido para o inglês; 1381, The Year of the Peasant’s Revolt de Juliet Barker (2014) e Dark Mirror: The Medieval Origins of Anti-Jewish Iconography, de Sarah Lipton (2014).  Os três livros se encontram em edição eletrônica para o Kindle, e os comprei imediatamente para degustação lenta e metódica até o final do ano.

Uso essa postagem nem tanto para falar desses livros, nem tampouco do meu amor pela Idade Média. Muitos de vocês sabem que a minha especialidade em história da arte é Arte Moderna Europeia — da Guerra Austro-Húngara à Segunda Guerra Mundial.  Mas se eu fosse voltar aos bancos universitários, hoje, acho que escolheria a Idade Média.  Nas últimas décadas me tornei uma amante desse período.

Mas  voltando à compra desses livros. Mereceu uma reflexão sobre o livro eletrônico.  Há menos de dez anos eu teria lido a resenha acima e, ao final, suspirado de desejo por adquirir os três volumes.  Poderia até mesmo escolher um deles para comprar. Mas o meu custo inicial seria tão maior que inviabilizaria a compra dos três títulos.  Em papel paga-se mais e o transporte internacional quase dobraria o custo. Em livros ilustrados ou de arte o peso é um grande vilão. E ainda teria que esperar umas seis semanas para sua chegada. Hoje gasto menos, começo a ler imediatamente e não me sinto roubada.

Além disso, depois que voltei a dar aulas, sou capaz de trazer aos meus alunos o que há de mais atual das novas descobertas, das novas teorias.  Os alunos também podem começar uma boa biblioteca que levam consigo onde forem, até mesmo para as bibliotecas que frequentam.  Fazer pesquisa, comparar notas, achar um texto sublinhado é tão mais fácil que corre-se o risco de não se saber mais fazer pesquisas à moda antiga. É tão mais fácil recolher notas e passagens para comparar uma teoria com a outra, que a imagem daquele pesquisador perdido no tempo, escondido em uma biblioteca, rodeado de fichas organizadas em caixas de papelão, parece, isso sim, coisa da Idade Média.  Não há mais como se levar meses e meses à procura de um dado. Além do que, livros especializados, publicados por editoras universitárias, que teriam um público muito pequeno e consequentemente seriam exorbitantes para o consumo privado, fora  as bibliotecas universitárias, hoje podem ser adquiridos e mantidos por todos os interessados.  Isso sim, é democratização do conhecimento.

Adoro os livros eletrônicos. Tenho um Kindle.  Mas leio os textos também no computador, sem qualquer problema. Sim, gosto de sentir o peso de um livro de papel em minhas mãos… mas deixaria de lado essa opção, de bom grado, se tivesse que fazer a escolha entre uma forma e outra. Para mim, o livro eletrônico é um passo muito importante para a difusão de ideias e fatos  daquilo que há de mais novo na pesquisa, e isso, por si só, é o bastante para me deixar muito feliz.





Patrimônio Cultural da Humanidade: Persépolis

11 07 2015

 

Persepolis_recreatedPersépolis, © Asana Mashouf.

 

 Iran

 

Cidade de Persépolis

 

Fundada por Dario em 518 a.E.C., Persépolis foi a capital do Império Aquemênida. Foi construída em um imenso terraço, parcialmente natural e parcialmente feito pelo homem, onde os reis construíram um complexo de palácios impressionante, inspirado nos modelos da Mesopotâmia.  A cidade foi queimada pelos gregos em 330 quando invadida por Alexandre, o Grande.  De acordo com Plutarco, os gregos saíram de lá carregando tesouros em 20.000 mulas e 5.000 camelos.





Vestígios de comunidade judaica em Coimbra, c. 1370

10 07 2015

MArc Chagall, jewish wedding 1910Noite, 1910

[O casamento judeu]

Marc Chagall (Bielorússia/França, 1887-1985)

óleo sobre tela

 

Há certas notícias que não têm hora para serem publicadas.  Esta é uma delas.  Não sei porque não cheguei a saber dessa descoberta há um ano e meio, quando foi publicada, logo após o Natal de 2013.  Mas não importa, vejam que interessante: um bombeiro, ao fazer um conserto em uma casa na cidade de Coimbra descobriu uma estrutura no subsolo da residência, que depois de examinada pelo arqueólogo Jorge Alarcão, parece ter sido uma mikvá, datando do século XIV.   Há uma boa possibilidade desse ser um dos mais antigos banhos rituais judaicos descobertos na Europa. E mais raro ainda por se destinar a banhos rituais femininos.

978 - inf 43.537 - RVL_21.13xDescoberta em Coimbra, foto O Público.

Sabe-se que a comunidade judaica já existia em Coimbra antes mesmo da existência de Portugal.  E que havia uma parte da cidade dedicada à velha judiaria, que foi desativada durante o reinado de D. Fernando I, por volta de 1370. É por isso que se acredita que os banhos descobertos não podem ser posteriores a essa data.

Fonte: O Público





Esmerado: Carteira em prata, Art Nouveau

30 06 2015

 

f7f24b13408c270401df6eaf981a023bCarteira italiana em prata decorada com lírio, 1900

Prata de lei, marca: Bolonha: 835

13 x 7,8 cm

Tadema Gallery

 

ITALIAN ART NOUVEAU 2 Interior da carteira.





Eu, pintor: Piero della Francesca

23 06 2015

 

piero-della-francescaAuto-retrato como soldado dormindo

DETALHE

Ressurreição, 1465

Piero della Francesca (Sansepolcro, 1416-1492)

Afresco e têmpera, 225 x 200 cm

Pinacoteca Comunale, Sansepolcro

 

A obra:

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