Viajando?…

14 07 2023





Onda no Youtube Shorts

1 07 2023

Soube ontem que há nova onda nos Shorts do YouTube:  pessoas mostrarem a cada mês, ou cada semana, francamente não sei o período mais comum, os livros que baixaram, compraram ou obtiveram para ler no Kindle, o aparelho de leitura digital da Amazon.  Seria como um passeio pela biblioteca.

Achei curiosa essa moda; não sei quanto tempo vai durar.  Tudo na internet dura pouco. Mas resolvi fazer uma lista, uma vez por mês e mostrar o que tenho na biblioteca o que está sendo lido, o que foi lido.  Mas aí será só nos livros digitais.  Ainda tenho mais de milhar de livros em papel, em casa.

O curioso é que tenho comprado livros no papel depois de tê-los lido na versão digital.  Há diversos motivos: gostei tanto que quero poder manusear suas páginas; gostei e quero emprestar para amigos que acho que deveriam ler; li em língua estrangeira e quero marcar passagens em português, para uso aqui, ou nos grupos de leitura.  Mesmo com esta despesa extra, ainda sai muito mais em conta financeiramente e me dou ao luxo de experimentar gêneros e autores que se tivesse que pagar mais, provavelmente faria meia-volta volver.

Aqui estão as duas telas dos livros mais recentes no meu Kindle.  Há um livro que aparece duas vezes, porque rolei a imagem para cima e para baixo e mesmo assim não consegui fazer a captura muito bem.

A tela da direita mostra dois livros sendo lidos ao mesmo tempo, ambos com um pouco mais de 45% de leitura.

William Safire, Scandalmonger, romance histórico passado na última década do século XVIII, 1790s, cuja intenção é mostrar o lado do avesso dos patriarcas, formadores do experimento americano de democracia.

Robert Schnakenberg, Secret Lives of Great Authors, que repleto de curiosidades estranhas sobre alguns dos mais conhecidos escritores de língua inglesa é uma das dez fontes de informações que tenho usado para a postagem semanal CURIOSIDADE LITERÁRIA, neste blog.

Miss Read, Gossip from Thrush Green, sexto livro da série Thrush Green, livros de puro entretenimento cujas histórias leves se passam na pequena cidade inglesa mencionada no título. Tudo sempre acaba bem no final. Excelente leitura para uma viagem.  Comprei ontem, em oferta especial.  Não sei quando vou ler.  Mas gosto de tê-lo em mãos.

Abigail Williams, The Social Life of Books: reading together in the Eighteenth Century Homes.  Estou em processo, segunda metade, de escrever um livro sobre um quadro importante do Século XVIII.  Devo lançá-lo daqui a uns oito meses.  E no momento, com a pesquisa sobre o assunto principal já digerida, volto minha atenção ao contexto em que foi criado.  Fiquem atentos… será interessante.

Christopher P. Jones, Great Paintings Explained — esse livro não será necessariamente lido.  Começo em agosto um curso de história da arte: Obras Primas.  Em cada aula, uma obra é mostrada e contextualizada. Este é o segundo curso com este tema que leciono.  Já dei Obras Primas e os alunos gostaram tanto que acabou sendo um curso sem fim.  Durou aproximadamente ano e meio com uma obra por semana.  Comprei para ter novas ideias sobre o que outros autores considerariam obras importantes.  Boa parte dos alunos já terá feito primeiro curso e repetir não está nos meus planos.

Carmen Korn, Filhas de Uma Nova Era: A história de quatro mulheres que enfrentaram os momentos cruciais do século XX. Este livro foi uma das sugestões de leitura de um grupo que tenho.  Eles escolheram outro livro para o mês de julho, que eu já tinha lido.  Então comprei este para saber se é tão bom quanto imagino. Curiosidade pura.

Na outra página do Kindle, a primeira da esquerda para a direita, temos mais livros que ainda não li. 

George Bataille, Literature and Evil.  Há tempos estou para ler este livro.  Foi mencionado em outra leitura que fiz.  Ensaios estão entre as minhas leituras favoritas e neste livro o conhecido pensador francês se dedica a oito diferentes escritores. Será lido em breve. De bônus a ridículo preço abaixo de um dólar,  comprei também do mesmo autor The Accursed Share, ensaio sobre economia. Leituras sobre economia são uma necessidade para quem lida com história cultural e da arte.  Mas não sei quando me dedicarei a ele.  Galápagos de Kurt Vonnegut está naquele patamar conhecido como “sempre quis ler mais”… Vonnegut… veremos.  O quarto livro deste grupo já está lido, 71%.  Um de meus hobbies, vocês verão ao longo destas postagens, é ler sobre a Idade Média.  Sempre aprendo algo que em geral incorporo nas minhas aulas.

O livro do cantinho tem história particular.

Marcelo Gleiser, The Dancing Universe: from creation myths to the big bang – já li duas vezes o mesmo livro em português: A dança do Universo.  A última vez em leitura em conjunto com um grupo de amigas.  Todas as 3ªs feiras à noite, nos encontrávamos via Zoom e líamos juntas por hora e meia em voz alta, todo o livro.  Levamos mais ou menos um ano, porque a cada encontro discutíamos e tirávamos dúvidas umas com as outras.  Esta maneira de ler já tinha tido sucesso na leitura de 21 Lições para o Século 21, de Yuval Noah Harari. Este ano começamos um livro que está nos deixando de queixo caído com quanto estamos aprendendo. Trata-se de História da Riqueza no Brasil, de Jorge Caldeira.  Mas isso é outro assunto.  Enfim, marquei de dar uma ajuda no inglês para um rapaz estudando física, e tive a ideia de lermos juntos The Dancing Universe.  Foi eu comprar o livro em inglês, para ele resolver dar um tempo no aprendizado.  Por isso ele se encontra ali na pilha do Kindle.

Vamos ver se este tipo de postagem quer no YouTube quer no blog tem algum interesse.  Como sempre gosto de saber o que outros estão lendo, se vejo alguém com um livro na mão espicho o pescoço para ver pelo menos o título, é possível que seja algo interessante.  Veremos. 

Preciso avisar, no entanto, que continuo lendo livros no papel.  E às vezes também compro no Kindle depois de ler no papel.  Li emprestado Laços de Domenico Starnone.  Gostei muito.  Estou para fazer uma resenha, gostei tanto que devolvi o livro de papel à sua dona e comprei a versão digital.  Haja compras dobradas!





Ah! como eu amo o meu livro eletrônico!

11 07 2015

 

construção de tróiaConstrução e Destruição de Troia, c. 1406

Mestre Orosius, iluminura para o livro de Santo Agostinho, Cidade de Deus [em francês]; Original em latim; tradução de Raoul de Presles.

The Philip S. Collins Collection

Museu de Arte da Filadélfia, Pensilvânia, Ms. 1945.65.1, fol. 66v.

 

 

Há resenhas de livros tão bem feitas e eloquentes que me levam a querer ler imediatamente os volumes comentados.  Isso aconteceu quando li o artigo de Eric Cristiansen, Two Cheers for the Middle Ages, desta semana no New York Review of Books. É uma resenha de três novas publicações sobre a Idade Média: The Middle Ages, de Johannes Fried (2015), originalmente publicado em alemão e agora traduzido para o inglês; 1381, The Year of the Peasant’s Revolt de Juliet Barker (2014) e Dark Mirror: The Medieval Origins of Anti-Jewish Iconography, de Sarah Lipton (2014).  Os três livros se encontram em edição eletrônica para o Kindle, e os comprei imediatamente para degustação lenta e metódica até o final do ano.

Uso essa postagem nem tanto para falar desses livros, nem tampouco do meu amor pela Idade Média. Muitos de vocês sabem que a minha especialidade em história da arte é Arte Moderna Europeia — da Guerra Austro-Húngara à Segunda Guerra Mundial.  Mas se eu fosse voltar aos bancos universitários, hoje, acho que escolheria a Idade Média.  Nas últimas décadas me tornei uma amante desse período.

Mas  voltando à compra desses livros. Mereceu uma reflexão sobre o livro eletrônico.  Há menos de dez anos eu teria lido a resenha acima e, ao final, suspirado de desejo por adquirir os três volumes.  Poderia até mesmo escolher um deles para comprar. Mas o meu custo inicial seria tão maior que inviabilizaria a compra dos três títulos.  Em papel paga-se mais e o transporte internacional quase dobraria o custo. Em livros ilustrados ou de arte o peso é um grande vilão. E ainda teria que esperar umas seis semanas para sua chegada. Hoje gasto menos, começo a ler imediatamente e não me sinto roubada.

Além disso, depois que voltei a dar aulas, sou capaz de trazer aos meus alunos o que há de mais atual das novas descobertas, das novas teorias.  Os alunos também podem começar uma boa biblioteca que levam consigo onde forem, até mesmo para as bibliotecas que frequentam.  Fazer pesquisa, comparar notas, achar um texto sublinhado é tão mais fácil que corre-se o risco de não se saber mais fazer pesquisas à moda antiga. É tão mais fácil recolher notas e passagens para comparar uma teoria com a outra, que a imagem daquele pesquisador perdido no tempo, escondido em uma biblioteca, rodeado de fichas organizadas em caixas de papelão, parece, isso sim, coisa da Idade Média.  Não há mais como se levar meses e meses à procura de um dado. Além do que, livros especializados, publicados por editoras universitárias, que teriam um público muito pequeno e consequentemente seriam exorbitantes para o consumo privado, fora  as bibliotecas universitárias, hoje podem ser adquiridos e mantidos por todos os interessados.  Isso sim, é democratização do conhecimento.

Adoro os livros eletrônicos. Tenho um Kindle.  Mas leio os textos também no computador, sem qualquer problema. Sim, gosto de sentir o peso de um livro de papel em minhas mãos… mas deixaria de lado essa opção, de bom grado, se tivesse que fazer a escolha entre uma forma e outra. Para mim, o livro eletrônico é um passo muito importante para a difusão de ideias e fatos  daquilo que há de mais novo na pesquisa, e isso, por si só, é o bastante para me deixar muito feliz.





Zeitgeist, o espírito dos tempos

4 08 2009

1984

 

Há épocas em que tudo o que se lê parece ter a ver com todo o resto que se leu no dia anterior ou na hora anterior.  É o que os alemães chamam de zeitgeist – espírito do tempo —  palavra em geral usada em alemão mesmo, em qualquer língua, para clareza e especificação de seu significado.

 

Pois hoje, graças à família Sarney [cujo pai, ex-presidente, se respeitasse sua própria biografia — como fomos ordenados a fazê-lo pelo NOSSO GUIA —  já teria se desvinculado do Senado], voltei a tropeçar no assunto de censura.  Censura que às vezes vem de onde não esperamos.  No nosso caso aqui, de um desembargador…  Mas voltemos ao assunto…

 

kindle

 

Há duas semanas mais ou menos os portadores do Kindle – o livro eletrônico vendido pelo portal Amazon, descobriram que alguns dos textos que tinham, que haviam sido comprados pelo site, com download feito legalmente e que mantinham no Kindle para futura leitura na máquina, exatamente como manda o figurino, desapareceram.    Mas como?   A companhia Amazon, sem nenhum aviso, remotamente, entrou nos Kindles que tinham esses textos e sumariamente os destruiu.  Assim, mesmo.  Sem aviso prévio.  Sem explicações.  Mais tarde, depois da surpresa, e até, com muito boa vontade, dá para entender a explicação dessa intervenção da companhia de livros.  Se tudo o que aconteceu foi só que Jeff Bezos, CEO da Amazon explicou: “os livros haviam sido vendidos como textos para download no Kindle por erro da companhia.  Havia problemas com as permissões.”

 

E chega a ser engraçado quando vemos que textos eram esses.  Quais?   Nada mais nada menos do que dois livros de George Orwell: Animal Farm e 1984.  Que piada!  1984?  Tem certeza?  

 

1984 livro

 

Mas há outros textos removidos: Atlas Shrugged , The Fountainhead e The Virtue of Selfishness de Ayn Rand e alguns tomos de Harry Potter.    A explicação da companhia é que esses textos foram vendidos em Kindles de maneira illegal.  Alguém havia posto no site textos piratas.  Diversos alertas deveriam ter soado nas nossas cabeças:

 

1 – Como pode alguém entrar no site da Amazon e colocar lá textos piratas?  E a segurança? 

 

2 – Como pode uma companhia entrar nos nossos livros comprados nessa companhia e eliminar, sem aviso prévio o que está lá dentro, que você comprou, pelo que sabia de maneira legal?

 

3 – E se a moda pega?  E cai nas mãos de um Chávez ou qualquer outro GRANDE ESTADISTA que resolve eliminar a oposição entrando nos Kindles que temos em casa e apagando os textos?  

 

mix leitor d

Mix Leitor D da Mix Tecnologia.

 

Dizem que o futuro dos livros está nas formas eletrônicas como o Kindle.  Realmente é mais uma dessas coisas de zeitgeist.  Semana passada, a Mix Tecnologia, de Pernambuco – aquele centro maravilhoso de tecnologia brasileira, circulava a novidade do Mix Leitor D, de produção total nacional, que estará no mercado brasileiro já a partir do ano que vem, com dois modelos: a versão Básica e Premium com tela de 6 polegadas, em bom português, 15 cm.  A diferença entre as duas versões é a memória que varia de 1 GB a 4 GB de dados, que daria para guardar até 1.500 livros. O Mix Leitor D deve custar entre R$ 650 e R$ 1.100, dependendo da versão.

 

Infelizmente a censura da Amazon traz a tona problemas com esses leitores que não haviam ainda sido discutidos.  A censura continuará a existir, assim como existe hoje: alguém abre processo contra essa biografia publicada, contra aquele cara que copiou minha idéia etc.  Mas os livros  publicados, pelo menos até hoje, depois de publicados, não conseguem desaparecer completamente do mapa.  Há sempre um volume.  Alguém que comprou antes. Alguém que recebeu de presente e nunca leu e tampouco jogou fora.   Mas a habilidade que uma companhia como a Amazon demonstrou de entrar dentro do seu livro, dos GBs de memória que você comprou e eliminar tudo o que quiser sem que você saiba, faz parte de uma realidade horripilante.  

 

FONTES:

Slate Magazine

Terra





Papel, Kindle, Audio ou Iphone, qual melhor?

12 06 2009

LittleDorrit_pkg

Da mesma maneira que discos de cera, de plástico, longplays e cassetes desapareceram em função dos CDs e MP3, estamos no processo de dizer adeus aos meios tradicionais de conhecermos um romance ou autor.  Ann Kirschner é a autora de um interessante artigo, Lendo Dickens de 4 maneiras diferentes [Reading Dickens Four Ways: how ‘Little Dorrit’ fares in multiple text formats] na revista americana The Chronicle of Higher Education.  Nele ela compara quatro diferentes maneiras de acessar livros.   Quatro meios com os quais podemos nos familiarizar com os textos encontrados nas páginas de um romance.  Usando como teste o livro de Charles Dickens,  A Pequena Dorrit, lido pelos quatro processos — livro de capa mole, Kindle, livro em áudio e iPhone — mas revezando de um método para o outro, ao longo do texto, ela faz interessantes observações sobre a viabilidade e portabilidade dos métodos e chega a uma conclusão inesperada.  Se você está pensando que a revolução a caminho foi criada pelo Kindle…  Engana-se.  Ela se surpreendeu e também nos surpreendeu com a descoberta de que a grande competição para o livro texto, com páginas entre duas capas espessas, a competição para o livro de papel, para a leitura como a entendemos hoje, vem do iPhone.  Para Ann Kirschner a portabilidade, facilidade de gerenciamento do texto e de leitura e principalmente porque ela podia estar junto do texto a qualquer momento, sem precisar de nenhum aparato ou peso maior do que carregava todos os dias, falaram mais alto do que qualquer outra característica.  Apesar de no Brasil algumas destas formas de leitura ainda não estarem bem divulgadas,  a opinião de quem experimentou deve nos alertar e evitar que gastemos dinheiro extra em geringonças eletrônicas que talvez provem não ser tão maravilhosas quanto o antecipado.

 

Fonte:  The Chronicle of Higher Education