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Luiz Chaves (Brasil, 1946)
acrílica sobre tela, 80 x 60 cm
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Girassóis, 1888
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
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Sabia-se que Van Gogh havia originalmente pintado algumas telas diferentes com girassóis. Isso, no verão, em agosto de 1888. Seu objetivo era decorar o quarto de Gauguin. Mas dois desses quadros desapareceram. Um desapareceu na Segunda Guerra Mundial, no Japão. E o outro? Onde estaria? A questão se torna ainda mais interessante quando se leva em consideração a grande popularidade que têm os girassóis de Van Gogh nos museus de Munique e de Londres. Eles estão entre os favoritos do público em geral. Há outras cópias de girassóis feitas pelo próprio van Gogh em outros museus. Mas o que acontecera com aquele outro? Onde estaria?
O livro de Martin Bailey, um dos grandes conhecedores da obra de van Gogh, autor de The Sunflowers are mine, que acaba de ser publicado, explica o destino de cada um desses quadros e descobre o proprietário, o colecionador particular, que tem em seu poder o quadro “perdido” de van Gogh. Já encomendei o meu volume. Querendo mais informações veja o artigo no jornal The Guardian, do dia 4 de setembro.
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Não quero ser flor, nem fita,
Enfeites, brincos ou anéis,
Queria ser teu sapato,
Para viver aos teus pés.
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(Anônima)
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Em: Trovas Brasileiras: populares e popularizadas, Afrânio Peixoto, Rio de Janeiro, W.M. Jackson Inc: 1944, nº.539
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Alfredo Rodríguez (México, 1954)
óleo, 36 x 28 cm
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Érico Veríssimo
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Livraria, 2012
John Farnsworth (EUA, contemp.)
Óleo sobre tapel colado em madeira, 21 x 21 cm
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“A livraria era frequentada por curiosos que passavam as tardes remexendo livros, anotando cadernos e abrindo gavetas; desencavavam edições esgotadas, gozavam da intimidade do patrão, cuspinhavam literatura, falavam mal dos outros e galanteavam Teresa, — galanteios de esporas.
Ela se acostumara, só fazia sorrir. Fechou o decote e desceu as mangas, mas os seios empinados desafiavam os fregueses. Impossível disfarçá-los, primeiro lugar para onde espiavam.
Uma tarde quase caía da cadeira alta junto à maquina: a mão que se estendia pedindo-lhe o troco era a mesma que lhe fizera carinhos. Não mudara: o asseio de sempre, a camisa bem alva, o bigode certo, a roupa cinzenta. Estranhou-lhe a calma; surgia tão sereno, tão sem surpresa que parecia mentira. Jamais pensou que fosse assim, um tipo sem alma, lembrou-se de um livro que lera. Na livraria havia facilidade de obter, emprestados, romances da moda; quase todos contavam histórias de amores infelizes, de pobres mocinhas que sonhavam com príncipes encantados.
Afável, cordial e alheio, como se nada entre eles houvesse ocorrido. Num minuto atravessava Teresa um mundo de recordações: noites de lágrimas, a perseguiçã ao vidro de formicida, tudo por ele, que estava ali calmo e distante, sorriso incolor, sem um aperto de mão. Sujeito ordinário, pensou em dizer-lhe. Noivo? Teria casado? Os olhos cinzentos iam dominá-la; seu rancor tropeçava, fraquejava. O mesmo rapaz, nem alto nem baixo, roupa nova, a gravata escura, o cabelo cortado. Por ele sofrera, esquecida e apagada; se não fosse o emprego, teria morrido de tédio. Andaria iludindo outras tolas, sujeito ordinário, quase dizia. Soçobrava nas recordações tumultuadas, o ódio adormecia, o desejo imperava. Fraqueza. Cadê o amor-próprio? Não devia ceder. Seria capaz de repetir a loucura? Loucura não houvera. O coração de Teresa perdendo o compasso, subia e descia, não havia o que falar. Se falasse, iria se render, iria adular, iria chorar. Que coisa trágica, o amor. Os homens não amavam, aproveitavam a fraqueza das pobres para se divertir.
— Quem quiser se divertir, compre macaco — proclamava Viriato.
Mas Viriato também fazia sofrer a irmã de um amigo.
Coração descompassado, alegria e horror.
— Quase não a reconhecia — falou. Cada vez mais bonita.”
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Em: O amigo Lourenço, Permínio Asfóra, Rio de Janeiro, José Olympio: 1962, pp, 96-97
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Meus pais, 1977
David Hockney (Inglaterra, 1937)
Óleo sobre tela, 183 x 183 cm
Tate Gallery, Londres
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David Hockney nasceu em Bradford,na Inglaterra em 1937. Estudoou no Bradford College of Art e on Royal College of Art em Londres. Um dos pintores da Pop Art Britânica. Mais tarde mudou-se para os EUAm onde viveu por muitos anos na Califórnia. É considerado um dos pintores de maior influência na arte contemporânea britânica.
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Da Costa e Silva
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A um só tempo indolente e inquieta, a lagartixa,
Uma réstia de sol buscando a que se aqueça,
À carícia da luz toda estremece e espicha
O pescoço, empinando a indecisa cabeça.
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Ei-la, aquecendo-se ao sol; mas de repente a bicha
Desatina a correr, sem que a rumo obedeça,
Rápida, num rumor de folha que cochicha
Ao vento, pelo chão, numa floresta espessa.
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Traça uma reta, e para: e a cabeça abalando,
Olha aqui, olha ali; corre de novo em frente
E, outra vez, para , a erguer a cabeça, espreitando…
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Mal um inseto vê, detém-se de repente,
Traiçoeira e sutil, os insetos caçando,
A bater , satisfeita, a papada pendente.
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Em: Da Costa e Silva, Poesias Completas, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985 [edição do centenário] p.162
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Antônio Francisco da Costa e Silva ( Brasil, [PI] 1885 — [RJ] 1950) poeta, jornalista. Advogado, cursou a Faculdade do Direito do Recife. Trabalho no Ministério da Fazenda.
Obras:
Sangue (1908),
Elegia dos Olhos, s/d
Poema da Natureza, s/d
Clepsidra, s/d
Zodíaco (1917),
Verhaeren (1917),
Pandora (1919),
Verônica (1927),
Alhambra (1925-1933), obra póstuma inacabada,
Antologia (coleção de poemas publicada em vida – 1934),
Poesias Completas (1950) (1975) (1985), coletânea póstuma.
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Émile Béranger (França, 1814-1883)
óleo sobre madeira, 42 x 50 cm
Museus Hermitage, São Peterburgo