–
–
Pato Donald está sem dinheiro, ilustração Walt Disney.
–
–
–
–
–
–
–
Da Costa e Silva
–
A um só tempo indolente e inquieta, a lagartixa,
Uma réstia de sol buscando a que se aqueça,
À carícia da luz toda estremece e espicha
O pescoço, empinando a indecisa cabeça.
–
Ei-la, aquecendo-se ao sol; mas de repente a bicha
Desatina a correr, sem que a rumo obedeça,
Rápida, num rumor de folha que cochicha
Ao vento, pelo chão, numa floresta espessa.
–
Traça uma reta, e para: e a cabeça abalando,
Olha aqui, olha ali; corre de novo em frente
E, outra vez, para , a erguer a cabeça, espreitando…
–
Mal um inseto vê, detém-se de repente,
Traiçoeira e sutil, os insetos caçando,
A bater , satisfeita, a papada pendente.
–
–
Em: Da Costa e Silva, Poesias Completas, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985 [edição do centenário] p.162
–
–
Antônio Francisco da Costa e Silva ( Brasil, [PI] 1885 — [RJ] 1950) poeta, jornalista. Advogado, cursou a Faculdade do Direito do Recife. Trabalho no Ministério da Fazenda.
Obras:
Sangue (1908),
Elegia dos Olhos, s/d
Poema da Natureza, s/d
Clepsidra, s/d
Zodíaco (1917),
Verhaeren (1917),
Pandora (1919),
Verônica (1927),
Alhambra (1925-1933), obra póstuma inacabada,
Antologia (coleção de poemas publicada em vida – 1934),
Poesias Completas (1950) (1975) (1985), coletânea póstuma.