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Alfredo Rodríguez (México, 1954)
óleo, 36 x 28 cm
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“A gente foge da solidão quando tem medo dos próprios pensamentos.”
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Érico Veríssimo
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Alfredo Rodríguez (México, 1954)
óleo, 36 x 28 cm
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Érico Veríssimo
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Livraria, 2012
John Farnsworth (EUA, contemp.)
Óleo sobre tapel colado em madeira, 21 x 21 cm
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“A livraria era frequentada por curiosos que passavam as tardes remexendo livros, anotando cadernos e abrindo gavetas; desencavavam edições esgotadas, gozavam da intimidade do patrão, cuspinhavam literatura, falavam mal dos outros e galanteavam Teresa, — galanteios de esporas.
Ela se acostumara, só fazia sorrir. Fechou o decote e desceu as mangas, mas os seios empinados desafiavam os fregueses. Impossível disfarçá-los, primeiro lugar para onde espiavam.
Uma tarde quase caía da cadeira alta junto à maquina: a mão que se estendia pedindo-lhe o troco era a mesma que lhe fizera carinhos. Não mudara: o asseio de sempre, a camisa bem alva, o bigode certo, a roupa cinzenta. Estranhou-lhe a calma; surgia tão sereno, tão sem surpresa que parecia mentira. Jamais pensou que fosse assim, um tipo sem alma, lembrou-se de um livro que lera. Na livraria havia facilidade de obter, emprestados, romances da moda; quase todos contavam histórias de amores infelizes, de pobres mocinhas que sonhavam com príncipes encantados.
Afável, cordial e alheio, como se nada entre eles houvesse ocorrido. Num minuto atravessava Teresa um mundo de recordações: noites de lágrimas, a perseguiçã ao vidro de formicida, tudo por ele, que estava ali calmo e distante, sorriso incolor, sem um aperto de mão. Sujeito ordinário, pensou em dizer-lhe. Noivo? Teria casado? Os olhos cinzentos iam dominá-la; seu rancor tropeçava, fraquejava. O mesmo rapaz, nem alto nem baixo, roupa nova, a gravata escura, o cabelo cortado. Por ele sofrera, esquecida e apagada; se não fosse o emprego, teria morrido de tédio. Andaria iludindo outras tolas, sujeito ordinário, quase dizia. Soçobrava nas recordações tumultuadas, o ódio adormecia, o desejo imperava. Fraqueza. Cadê o amor-próprio? Não devia ceder. Seria capaz de repetir a loucura? Loucura não houvera. O coração de Teresa perdendo o compasso, subia e descia, não havia o que falar. Se falasse, iria se render, iria adular, iria chorar. Que coisa trágica, o amor. Os homens não amavam, aproveitavam a fraqueza das pobres para se divertir.
— Quem quiser se divertir, compre macaco — proclamava Viriato.
Mas Viriato também fazia sofrer a irmã de um amigo.
Coração descompassado, alegria e horror.
— Quase não a reconhecia — falou. Cada vez mais bonita.”
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Em: O amigo Lourenço, Permínio Asfóra, Rio de Janeiro, José Olympio: 1962, pp, 96-97
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Meus pais, 1977
David Hockney (Inglaterra, 1937)
Óleo sobre tela, 183 x 183 cm
Tate Gallery, Londres
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David Hockney nasceu em Bradford,na Inglaterra em 1937. Estudoou no Bradford College of Art e on Royal College of Art em Londres. Um dos pintores da Pop Art Britânica. Mais tarde mudou-se para os EUAm onde viveu por muitos anos na Califórnia. É considerado um dos pintores de maior influência na arte contemporânea britânica.