Imagem de leitura — Jean-François de Troy

13 02 2012

Lendo Molière, c. 1728

Jean-François de Troy ( França, 1679-1752)

óleo sobre tela

Jean-François de Troy nasceu em Paris em 1679.  Foi um pintor, decorador e desenhista de tapeçarias.  Sendo de uma família de pintores renomados, aprendeu a pintar com seu pai, que mais tarde o mando para a Itália (1699-1706) para estudar pintura.  Voltou para a França em 1706 mas seu amor pela Itália o fez retornar mais tarde àquele país.  Sua tendência era trabalhar em grande escala, pinturas monumentais que se adaptavam bem à tapeçaria.  Cenas históricas estavam entre seus motivos favoritos. Morreu em Roma em 1752.





Fevereiro, que venham os bailes de máscaras (VI)

13 02 2012

Carnaval no Hotel Ferraille, 1901

Remy Cogghe (Bélgica, 1854-1935)

óleo sobre tela





Palavras para lembrar — Harold Bloom

13 02 2012

Um momento para ela, 2009

Malie Baehr (Holanda)

óleo sobre tela, 24 x 18

www.maliebaehr.com

“Ler é um dos grandes prazeres que a solidão permite”.

Harold Bloom





A guerra das mulheres — lenda Ioruba

13 02 2012

Homem Ioruba em trajes tradicionais.

A guerra das mulheres

Nos velhos tempos, na cidade de Ilesa, antes das guerras entre os reinos, havia mulheres governantes assim como homens.  Uma geração se sucedia a outra em paz.  Às vezes as mulheres reinavam, às vezes os homens.  Até que houve uma governante em Ilesa, chamada Aderemi.

Um dia, durante o seu governo, um exército de guerreiros de outro reino, tentou invadir Ilesa.  Essa era a primeira vez que a cidade tinha que se defender para sobreviver.  Por isso mesmo não havia procedimentos a serem seguidos para proteger a cidade.  Não havia tradição.  Ninguém podia dizer: “Oba Tal lutou dessa maneira”, ou “Oba Fulano-de-Tal lutou daquela maneira”.  Aderemi juntou seus conselheiros. Alguns eram homens e alguns eram mulheres.  Eles confabularam.   Arguiram sobre a melhor maneira de se livrarem dos inimigos.  Os conselheiros homens disseram que os guerreiros homens deveriam se munir de lanças e escudos, cajados, arcos e flechas e ir à luta.  Mas as conselheiras tinham outras ideias e sugeriram que as melhores armas seriam os pilões, longos com que batiam nos grãos para preparar a comida.  Elas também favoreciam o uso de ovos, porque estes continham o poder de neutralizar os poderes dos inimigos, e assim, ovos deveriam ser usados.  A discussão entre os conselheiros foi esquentada, mas finalmente Aderemi declarou que as conselheiras haviam ganho.

Os conselheiros homens perguntaram: “Que guerreiro vai para o campo de batalha munido de pilão e ovos?

Aderemi respondeu indignada, “ Muito bem, então os homens ficam na cidade e fazem as tarefas daqui.  Enquanto isso as mulheres vão defender Ilesa.

Ela mandou as mulheres pegarem as armas e se prepararem para a luta.  Elas tiraram seus longos pilões das cumbucas, apertaram as roupas e se pintaram seus rostos para guerra.  Cada mulher segurou um ovo na mão esquerda e juntas foram para frente da casa de Aderemi.

A líder lembrou-as que deveriam ter coragem dizendo: “Vão e encontrem o inimigo. Joguem os ovos na frente deles para combater seus poderes. Ataquem e faça com que eles fujam, sem piedade para o lugar de onde vieram, para que eles nunca voltem a atacar a cidade de Ilesa.”

No entanto, os homens continuaram a reclamar dizendo, “não é assim que se faz isso.”

Aderemi respondeu ríspida, “guardem para si, os seus conselhos.”

As guerreiras saíram com os pilões nas mãos direitas e os ovos nas esquerdas. Acharam o inimigo.  Os inimigos riram quando viram as guerreiras vindo com pilões e ovos para defender Ilesa.  E gritaram, “não há homens nessa cidade?  Voltem.  Não viemos à procura de esposas, essas nós já temos em casa.”

As mulheres de Ilesa ouviram o insulto e jogaram seus ovos em direção aos invasores dizendo, “assim como os seus poderes se tornam estéreis, também vocês ficarão sem poderes.”  E elas correram a atacar com seus pilões.  Mas os inimigos se protegeram com os escudos, e lutaram de volta com cajados, lanças, arcos e flechas.  Muitas mulheres de Ilesa morreram no campo de batalha.  As outras deram para trás.  Daí, os inimigos atacaram e as mulheres fugiram para a cidade.  Chegando lá,  elas entraram em casa e se desfizeram dos pilões.

Os homens de Ilesa viram tudo o que aconteceu.  Foram até Aderemi e disseram, “isso é demais para você. Nos tempos de paz você reinou bem.  Mas agora, que a guerra veio, você tentou moer o inimigo como se fosse milho puro e simples.  Essa é a natureza das mulheres.  Assim, não podemos mais ter uma governante mulher em Ilesa.  Daqui por diante, Ilesa deve ter um chefe guerreiro como governante.” Os homens se reuniram em um conselho e selecionaram um homem para ser Oba da cidade e das terras à sua volta.

Sob orientação do novo Oba, os homens munidos de lanças, escudos, facas, cajados e arcos e flechas, saíram da cidade cantando seus gritos de guerra, e atacaram o inimigo.  Fizeram-no voltar atrás, eliminando o inimigo de sua terra.  Os inimigos ficaram confusos e se desorganizaram.  A batalha continuou até que o único inimigo à vista eram os corpos caídos no chão.  Depois disso, os guerreiros Ilesa foram para casa.  Disseram, “foi feito.”

Os  guerreiros voltaram a dizer que daí por diante Ilesa só teria homens como governantes.  Disseram, “Obatala fez todos humanos e os amou igualmente.  No entanto, cada pessoa tem habilidades para coisas específicas.  Mulheres têm autoridade sobre pilões e ovos.  Essa é a natureza delas.  Os homens são bons para  defenderem suas casas.  Vamos respeitar as nossas diferenças.”

Desde então só homens governaram Ilesa e só eles entram em guerra enfrentando inimigos.

***

Tradução e adaptação: Ladyce West

Em: Tales of Yoruba Gods and Heroes: myths, legends and heroic tales of the Yoruba people of West Africa, Harold Courtlander, New York, Fawcett Premier Book: 1974.