–
–
–Enfermeira, ilustração de Coles Phillips, para a revista Red Cross, Janeiro, 1918.
–
Meu lugar é aqui!
–
Mario Sette
–
Impelidos por maus políticos, e a pretexto de se opor à execução da lei humanitária da vacina obrigatória, alguns elementos militares, no Rio de Janeiro, revoltaram-se contra o governo da República.
A cidade estava alarmada. Precavida, a população ordeira ficava em seus lares, contristada das lutas que iam pelas ruas e temerosa pelas consequências da insubordinação militar.
Indivíduos afeitos a barulhos, a abusos, aproveitando-se da situação, quebravam lampiões, agrediam transeuntes, ameaçavam de saque casa comerciais.
Na baía de Guanabara os vasos de guerra estavam de fogos acesos, de canhões prontos para qualquer ordem de defesa do governo. Igualmente, nas fortalezas ninguém dormia.
No palácio do Catete, o presidente Rodrigues Alves reunira o ministério e conferenciava com ele a respeito das medidas necessárias, de força, para prestígio da autoridade.
Os salões estavam acesos. Havia abaixo e acima movimento de secretários, de contínuos, de estafetas do telégrafo. Iam ordens para bordo, iam ordens para batalhões, iam telegramas para os Estados.
A expectativa era intranquilizadora. Falavam de adesões de tropas à revolta. Sabia-se que a Escola Militar marchava para a paia de Botafogo contra o Catete. Ouvi-se a fuzilaria, longe.
Noite a dentro, alguém chegou, apressado, no palácio, avisando que as forças revoltosas avançavam com o intuito de atacar o Catete.
Um ministro, vendo a gravidade do momento, aconselhou ao presidente Rodrigues Alves que saísse dali, que se recolhesse a outro lugar onde sua vida estivesse menos exposta.
O chefe da Nação, porém, desprezando o alvitre, declarou: Saia quem quiser. Quanto a mim, o meu lugar é aqui!
–
Em: Terra Bandeirante, textos escolares para a 4ª série, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1954
NOTA – A Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou esta revolta dos militares contra o governo federal foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo contra a varíola.
–
–
–
Mário Rodrigues Sette (Recife, PE 1886 — 1950) professor, jornalista, contista, cronista e romancista. Veja: www.mariosette.com.br
Obras:
–
Ao clarão dos obuses, contos, 1914
Rosas e espinhos, contos, 1918
Senhora de engenho, romance, 1921
A filha de Dona Sinhá, romance, 1923
O vigia da casa grande, romance, 1924
O palanquim dourado, romance, 1921
Instrução Moral e Cívica, didático, 1926
Sombra de baraúnas, contos, 1927
Contas do Terço, romance, 1928,
A mulher do meu amigo, novela, 1933
João Inácio, novela, 1928
Seu Candinho da farmácia, romance, 1933
Terra pernambucana, didático, 1925
Brasil, minha terra! , didático, 1928)
Velhos azulejos, parábolas escolares, 1924
Os Azevedos do Poço,romance, 1938
A moça do sítio de Yoyô Coelho, contos, s/d
Maxambombas e maracatus, crônicas, 1935
Arruar, crônicas, 1948
Anquinhas de Bernardas, 1940
Barcas de vapor, 1945
Onde os avós passaram, s/d
Memórias íntimas,s/d