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Ilustração, Ben Kimberly Prins ( EUA 1902 – 1980)
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Voltando ao livro O aprendizado da srta. Beatrice Hempel, de Sarah Shun-lien Bynum [Rocco:2011], saliento a passagem abaixo que demonstra claramente a primeira centelha de uma conscientização de estagnação na profissão da srta, Hempel, da repetição infinita das matérias, entra ano, sai ano; a mesmice, o tédio. Uma situação que acontece com todos nós em diferentes momentos.
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” Antes de ler a minha cena — disse Audrey –, posso contar uma piada?
A srta. Hempel disse que sim.
— Foi meu pai quem me contou. É uma piada boba, mas eu queria contar. Para começar, ele disse: “Por que é importante aprender a história americana?” Vocês se lembram? Do trabalho que fizemos? E então ele disse: “Quem não se lembrar do passado está condenado a repetir” — Audrey fez uma pausa tímida — “a sétima série!”
A turma riu. E a srta. Hempel também.
— Até agora essa é a melhor razão! — declarou a srta. Hempel. — Quem quer repetir a sétima série?
Foi então que lhe ocorreu que ela estava repetindo a sétima série, na verdade pela quarta vez; e ainda estaria repetindo a sétima série, quando Audrey, Kirsten e Travis estivessem no mundo lá fora, fazendo coisas. Um ano após o outro, os colonos de Jamestown se queixariam dos mosquitos, as caixas de chá tombariam no porto, os legalistas seriam cobertos com alcatrão e penas, e exibidos em desfile pelas ruas tortas. Todos os meses de novembro, a guerra seria vencida. Todos os outubros, as colônias se rebelariam. Todos os setembros a srta. Hempel se voltaria para o quadro, apanharia o giz e escreveria: Primeiro Trabalho.