Democracia na colméia ajuda a entender tomada de decisões

11 12 2011

Ilustração M&V Stúdio.

O voto democrático faz parte do gerenciamento tribal no mundo das abelhas, pelo menos essas são as primeiras conclusões de um grupo de cientistas estudando os métodos de comunicação e de escolha de um sítio entre as abelhas, para estabelecer uma nova colmeia.  Os métodos de comunicação incluem não só uma dança específica como uma diferenciação no zumbido e m aceno de cabeça.  Na dança as abelhas se comunicam entre si.  Essa dança, que paralela  as conexões neurais no cérebro no processo de decisão, pode vir a esclarecer o mecanismo de tomada de decisões, principalmente entre os primatas. “Os mecanismos de tomada de decisões nos sistemas nervosos e nas sociedades de insetos são muito similares“, destacou o estudo, da revista Science Express.

Anteriormente,  estudos com macacos mostraram que tomar uma decisão requer a ativação de muitos neurônios no cérebro. Mas certas células nervosas têm a tarefa de “parar” outras. No final, a alternativa escolhida é a que tem o menor número de sinais negativos.   Partindo desta premissa, uma equipe britânico-americana de cientistas chefiada por Thomas Seeley, da Universidade de Cornell, no estado de Nova York , demonstrou que as abelhas, enquanto dançam, “imitam” estes movimentos dos neurônios para se comunicar entre si , para decidirem onde irão formar a colmeia.

Os cientistas transferiram um enxame de abelhas para uma ilha em frente à costa do estado do Maine, onde não há lugares naturais para nidificar e puseram duas caixas idênticas onde podiam instalar sua colmeia. Em seguida, observaram como as abelhas exploradoras descobriram as duas caixas. O vídeo deste processo foi usado para analisar a dança das abelhas exploradoras, que serve para descrever o restante de suas descobertas.

Ilustração M&V Stúdio.

Ao gravar os sons desta dança, eles se deram conta de que o sinal de “parar” era uma batida de cabeça, acompanhada de um leve zumbido.  A comunicação com as outras abelhas sobre o que está lá fora, se faz com uma dança desenhando a figura oito acompanhado de um reboladinho.   O comprimento do rebolado diz o quão longe está o local da antiga colmeia. Os cientistas determinaram qual abelha havia escolhido qual caixa, marcando-as com as cores rosa ou amarela. Desta forma, estabeleceram quais eram os sinais de “parar” emitidos pelas abelhas exploradoras.  Essas abelhas que haviam visitado uma caixa, comunicavavam-se com a abelha bailarina indicando o lugar apropriado, quando esta parecia não se mostrar entusiasmada, já que considerava que outro local poderia valer a pena, “A mensagem da abelha exploradora, para a abelha bailarina parecia dizer para a bailarina conter o seu entusiasmo, porque não havia outro local do ninho digno de consideração” explicou P. Kirk Visscher, da Universidade da Califórnia em Riverside, coautor do estudo. “Esse sinal inibidor não é necessariamente hostil. É simplesmente um conselho: ‘Espere um minuto, aqui há outra opção a ser considerada, então não vamos ter pressa em recrutar cada abelha para um local que pode não ser o melhor para o enxame’“.

Ao deixar uma colmeia lotada em busca de um novo lar, o enxame leva consigo a abelha rainha. As exploradoras vão em busca de novos locais potenciais para construir a colmeia e voltam para comunicar ao grupo sua descoberta, que no geral se mantém perto da colmeia original até que um novo destino seja encontrado.

Visto que todas as abelhas buscam escolher o melhor lugar disponível, os cientistas acreditam que este processo ajude o grupo a tomar uma decisão, mesmo que as opções sejam quase as mesmas. “Estas conexões inibidoras ajudam a garantir que só se escolherá uma das alternativas e pode permitir uma tomada de decisões estatisticamente ótima“, destacou o estudo.  O número de abelhas exploradoras que gosta de um determinado local, eventualmente atinge um nível crítico, e o enxame decide de mudar para seu novo lar.

Fontes: Terra e Dawn





Versos de Natal — poema de Manuel Bandeira

11 12 2011

Moça diante do espelho, 1932

Pablo Picasso (Espanha, 1881-1973)

óleo sobre tela,  162x 130cm

Museu de Arte Moderna de Nova York

Versos de Natal

Manuel Bandeira

Espelho, amigo verdadeiro,

Tu refletes as minhas rugas,

Os meus cabelos brancos,

Os meus olhos míopes e cansados.

Espelho, amigo verdadeiro,

Mestre do realismo  exato e minucioso,

Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,

Penetrarias até o fundo desse homem triste,

Descobririas o menino que sustenta esse homem,

O menino que não quer morrer,

Que não morrerá senão comigo,

O menino que todos os anos na véspera do Natal

Pensa ainda em por seus chinelinhos atrás da porta.

1939

Em: Antologia Poética, Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Sabiá: 1961, 5ª edição