Brasil que lê: fotografia tirada em lugar público

14 06 2009

Brasileira lendo 1580

Outono no Rio de Janeiro: sol, casaco de malha, brisa com ar salgado de praia e uma revista,  Copacabana.





As formigas, poema de Olavo Bilac

14 06 2009

 

formiga trabalhando Formiguinha, ilustração: MW Editora & ilustrações.

 

 

AS FORMIGAS

Olavo Bilac

Cautelosas e prudentes,

O caminho atravessando,

As formigas diligentes

Vão andando, vão andando…

 

Marcham em filas cerradas;

Não se separam; espiam

De um lado e de outro, assustadas,

E das pedras se desviam.

 

Entre os calhaus vão abrindo

Caminho estreito e seguro,

Aqui, ladeiras subindo,

Acolá, galgando um muro.

 

Esta carrega a migalha;

Outra, com passo discreto,

Leva um pedaço de palha;

Outra, uma pata de inseto.

 

Carrega cada formiga

Aquilo que achou na estrada;

E nenhuma se fatiga,

Nenhuma para cansada.

 

Vede! enquanto negligentes

Estão as cigarras cantando,

Vão as formigas prudentes

 

Trabalhando e armazenando.

Também quando chega o frio,

E todo o fruto consome,

A formiga, que no estio

Trabalha, não sofre fome…

 

Recordai-vos todo o dia

Das lições da Natureza:

O trabalho e a economia

São as bases da riqueza.

 

Em: Poesias Infantis, Olavo Bilac, Livraria Francisco Alves: 1949, Rio de Janeiro, pp. 41-3

olavo_bilac1

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos.  Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo.  Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome.  Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.  Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro.

Obras:

Poesias (1888 )

Crônicas e novelas (1894)

Crítica e fantasia (1904)

Conferências literárias (1906)

Dicionário de rimas (1913)

Tratado de versificação (1910)

Ironia e piedade, crônicas (1916)

Tarde (1919); poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas





“Dorme que passa…” — dormir ajuda a resolver problemas

14 06 2009

soneca noturna, pateta

Pateta, ilustração Walt Disney.

 

Há algum tempo  uma amiga reclamava sobre seu companheiro dizendo que ele era completamente insensível, que só se preocupava com o bem estar dele mesmo.  Citava, como exemplo, uma ocasião recente em que ela, sem conseguir dormir, se remexeu tanto na cama que acabou acordando o marido.  Ainda sonolento ele perguntou o que acontecia.  Ouvindo a explicação, ele simplesmente ajeitou os lençóis e os travesseiros, virou-se para o outro lado e disse, antes de cair de novo em sono profundo:

Dorme que passa

Esta história era na opinião de minha amiga a verdadeira demonstração de insensibilidade.  No entanto, depois de ler um artigo da BBC mostrando que dormir ajuda a resolver problemas, talvez o rapaz em questão estivesse mais certo do que se imaginava.

 

Dormir pode ajudar uma pessoa e resolver problemas, dizem cientistas americanos.

Eles concluíram que uma boa soneca com sonhos estimula a criatividade.

A equipe da University of California San Diego fez experimentos para verificar se “incubar” o problema aumenta as chances de soluções inspiradas.

E descobriu que sim, especialmente quando as pessoas entram na fase conhecida como REM (sigla inglesa para Rapid Eye Movement ou movimento rápido do olho), estágio do sono em que ocorrem os sonhos mais vívidos.   O trabalho foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy Of Sciences.

Na manhã dos testes, um grupo de 77 voluntários recebeu uma série de problemas para resolver.

Eles foram orientandos a pensar sobre o problema até a tarde daquele dia, seja descansando sem dormir ou dormindo.

Os que dormiram tiveram seu sono monitorado pelos cientistas.

Comparados aos participantes que apenas descansaram ou que dormiram sem alcançar o estágio REM, os voluntários que dormiram e atingiram o estágio REM apresentaram maior probabilidade de sucesso na resolução do problema.

O estudo revelou que o grupo que atingiu a fase REM durante o sono melhorou sua habilidade de resolver problemas criativamente em cerca de 40%.

Os resultados indicam que não são apenas o sono ou a passagem do tempo que determinam o sucesso na resolução de problemas e, sim, a qualidade do sono.

Para os autores do estudo, apenas o sono onde o estágio REM é atingido tem o poder de melhorar a criatividade.

Eles acreditam que o sono REM permite que o cérebro forme novas conexões nervosas sem a interferência de outras conexões de pensamento que ocorrem quando estamos acordados ou dormindo sem sonhar.

“Nós propomos que o sono REM é importante para a fusão de novas informações com experiências passadas para criar uma rede mais rica de associações para uso futuro”, disseram os autores à revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

 Fonte: O Estadão





Lembrando: regras da concordância nominal

14 06 2009

Anni Matsick, Stephannie watercolor

Stephanie, aquarela de Annie Matsick.

 

Cada vez mais se torna importante o uso do bom português.  Portas para trabalhos se abrem com maior facilidade, mesmo que em funções de menor responsabilidade.  Como a competição para qualquer posição é grande, não custa tentarmos aprimorar tanto a nossa língua falada quanto a escrita.  Com esse objetivo reproduzo aqui o artigo sobre concordância nominal do professor Thiago Godoy que o portal Terra postou para auxiliar aqueles que  prestam vestibular.  Mas as dicas são boas e importantes para qualquer um de nós.

 Assim como a concordância nominal, é fundamental que o vestibulando saiba concordar verbo e sujeito. Além de aparecer em questões da prova de Português, o conteúdo é importante para a redação.

 “Os verbos, via de regra, concordam com seu sujeito, independente de sua posição“, diz Thiago Godoy, professor de Gramática da Oficina do Estudante, de Campinas. E exemplifica: “O aluno mora em Campinas“, “Os alunos moram em Campinas“, “Mora o aluno em Campinas“, “Moram os alunos em Campinas“, “Em Campinas mora o aluno“, “Em Campinas moram os alunos“. Entretanto, diz Godoy, há casos que merecem destaque. Confira as dicas preparadas pelo professor:

 – Quando o sujeito é composto e o verbo vem anteposto a ele: “Com um sujeito com mais de um núcleo, ou seja, sujeito composto, o verbo anteposto (colocado antes do sujeito) pode assumir duas formas: Ou concorda com todos os núcleos (“Chegaram Jussara e Fabiana”), ou concorda apenas com o mais próximo (“Chegou Jussara e Fabiana”)”.

 – Quando o sujeito apresenta expressão partitiva: “Tanto pode concordar o verbo com o núcleo do sujeito ou com seu adjunto. Logo, o verbo pode permanecer no singular, ou ir para o plural (‘Um bando de assaltantes invadiu o banco’ ou ‘um bando de assaltantes invadiram o banco’). Existe uma pequena nuança de sentido aqui: se se mantém o verbo no singular, a ideia do grupo é reforçada, se se prefere a forma plural, ressaltamos cada indivíduo participante da ação”.

 – Quando o sujeito apresenta quantidade aproximada ou porcentagem: “O verbo concordará apenas com o substantivo da expressão: ‘Cerca de duzentas estudantes participaram da passeata’, ‘Menos de 10 pessoas assistiram à peça’, ‘Mais de um deputado votou na lei’. O mesmo vale para sujeitos expressos por porcentagem (‘99% do povo brasileiro é otimista’, ‘1% dos brasileiros são pessimistas’)”.

 – Sujeitos “que”/ “quem“: “Quando o sujeito for o pronome relativo ‘que’, o verbo concordará com seu antecedente (‘somos nós que estudamos Gramática, mas são eles que recebem boas notas’). Já quando o pronome sujeito é ‘quem’, há duas possibilidades, o verbo concorda com o antecedente ou com o pronome (‘São os homens quem devem oferecer-se a pagar o jantar, mas são as mulheres quem deve recusar a oferta’)”.

 – Quando o sujeito apresenta a estrutura “um dos que“: “Geralmente, na oralidade titubeamos na concordância verbal desta expressão. Mas não há motivos para dúvida. Imagine que na história das Copas do Mundo houve vários goleadores. Ronaldo foi um dos vários goleadores das Copas. Ronaldo foi um daqueles que mais marcaram gols nas Copas do Mundo. Portanto, ‘Ronaldo foi um dos que mais marcaram gols’. Ou seja, tendo em vista a dica anterior, o verbo estará sempre no plural nesta expressão, dado que concorda com o antecedente do pronome relativo ‘que’: Um dos que…”

FONTE: Terra