Esmerado: Cofre com bordados

16 05 2016

 

 

Needlework casket. Silk needlework, English , late 17th century. Courtesy Royal Collection Trust (C) Her Majesty Queen Elizabeth II 2013Cofre com bordados, final do século XVII

Bordados em seda, Inglaterra

Royal Collection Trust (C) Her Majesty Queen Elizabeth II

 

 

Esse pequeno cofre está coberto por bordados feitos em seda, com uma cena de pessoas na paisagem na parte de cima, que se abre e uma figura humana em cada porta. Ele pode ser aberto em três locais e inclui divisões, nichos, gavetinhas e compartimentos escondidos, assim como diversos pequenos objetos.

Conhecido como “Cofre Little Gidding”, foi provavelmente feito por uma das Senhoritas Colletts, sobrinhas de Nicholas Ferrar que fundaram a comunidade Little Gidding, em Huntingdondhire em 1626.  Ambas as jovens, que ficaram famosas pelas suas habilidades como bordadeiras, cresceram nessa comunidade que se dedicava às preces, ao jejum e aos atos de caridade.





Eu, pintora: Élisabeth Vigée-Lebrun

13 04 2016

 

 

selfportAuto-retrato com chapéu de palha, depois de 1782

Élisabeth-Louise Vigée-Lebrun (França, 1755-1842)

óleo sobre tela, 98 x 70 cm

National Gallery, Londres





Eu, pintor: Claude Monet

17 03 2016

 

 

1vario01Autorretrato com boina, 1886

Claude Monet (França, 1840-1926)

óleo sobre tela, 56 x 46 cm

Coleção Particular





Detalhando Vermeer

12 01 2016

 

 

07streeA ruazinha, [ou Vista de uma rua de Delft], 1658

Johannes Vermeer (Holanda, 1632-1675)

óleo sobre tela, 54 x 44 cm

Rijksmuseum, Amsterdã

 

 

Este é um dos pouco quadros que podem ser atribuídos sem qualquer questionamento ao pintor holandês do século XVII, Johannes Vermeer. Sua provenance é impecável, desde o momento que foi vendido em 1696 em Amsterdã, já mais de vinte anos após a morte do pintor.  A tela está assinada, abaixo da janela. Veja abaixo:

 

 

 

07stree1DETALHE

 

Caso não tenha percebido: I. VMeer [Johannes Vermeer]

 

Slide1DETALHE

 

A tela é um retrato do cotidiano de uma rua pacata, tão a gosto do mercado holandês da época. Representa duas casas uma ao lado da outra com uma passagem entre elas para outro sítio ao fundo, onde podemos ver uma casa, parede caiada e uma vista parcial de uma janela.  Ainda que não se saiba nada a respeito dos moradores desses locais, podemos ter uma ideia das atividades anônimas, da vida dos habitantes: uma senhora, à beira da rua, na porta de casa, borda, serze ou cose à mão. Está vestida à moda, com gorro segurando os cabelos, saia comprida, tamanquinhos de uso diário.  Usa uma pequena capa de proteção contra o frio sobre os ombros, tradicional da época. Ela se encontra dentro de casa, acima do degrau que separa a residência da rua cuja calçada é revestida de lajotas de cerâmica ou pedras formando um jogo de losangos de cores diferentes.  Não podemos ver nada além de uma sombra horizontal no interior da casa.  A janela à direita, pintada de vermelho alaranjado, mostra um belo desenho dos painéis de vidros decorativos na parte superior e tem a banda de madeira escancarada, mostrando duas fechaduras de ferro negro.  A janela aberta deixa que a luz do dia penetre no interior da casa. Logo abaixo da janela há um aro de metal para que se atrele as rédeas de um cavalo ou animal de carga.

 

07stree4DETALHE

 

Ao centro duas crianças, um menino e uma menina, se entretêm na calçada, logo abaixo das duas janelas fechadas, pintadas em tom esverdeado, pintura já bastante gasta, ao nível da rua. Elas brincam parcialmente debaixo de um banco fixado à parede externa da casa: o menino estendido com o corpo inteiramente na calçada, enquanto a menina, de costas para o espectador, se ajoelha no meio fio, com os pés no calçamento da rua, que apresenta revestimento semelhante ao pé de moleque: pedras arredondadas de tamanhos desiguais, que, como são pintadas por Vermeer, auxiliam na leitura de profundidade da cena. Muito têm-se discutido sobre essas janelas fechadas.  A impressão que temos é que elas desafiam a lógica, não mostram uma maneira coerente de serem abertas. As fechaduras de ferro parecem indicar que as janelas abririam de encontro uma à outra.

 

 

07stree3DETALHE

 

Dois portais à esquerda, em arco, fazem parte de uma parede de tijolos, antiga com algumas irregularidades na argamassa.  Terminavam em arco seria melhor dizer. Uma com a porta fechada de cor escura pertence à casa de janelas azuis à esquerda.  Junto ao muro desta casa cresce uma bela videira que sombreia a janela aberta ao nível da rua.  Há um banco de madeira no local que provavelmente desfruta da mesma sombra, a certas horas do dia e que também define a fachada da casa separando-a do portão fechado. Ao longo da casa de janelas azuis um banco semelhante ao da casa à direita do beco, mostra que nesse local, nessa época pode ter sido de praxe a existência desses bancos para o descanso ao fim do dia, para uma conversa com os vizinhos. A outra porta, mais à direita, já teve seu arco modificado, como podemos ver, com a estrutura do arco aparecendo acima do portal retangular, modificando o que havia no passado. Essa abertura mostra uma longa passagem, para um local atrás das casas.  No meio do caminho, uma mulher atarefada, de touca, vestida com uma blusa vermelha e de avental, lava roupa numa barrica, duas vassouras estão encostadas no muro. Ao fundo, vemos a janela de outra casa, branca, mais adiante, que está com suas janelas fechadas. Um pouco acima vemos uma profusão de telhados e chaminés, que indicam uma área de construções com grande densidade. Pode ser qualquer hora do dia. O céu azul mostra algumas nuvens sem previsão de chuva.

 

 

07stree2

 

 

Vermeer não foi o único pintor da época a retratar edifícios da cidade. Pieter de Hooch e outros também se dedicaram a cenas semelhantes, cenas da vida cotidiana ao ar livre..

 

 

15hoochFiguras bebendo no pátio, 1658

Pieter de Hooch (Holanda, 1629-1684)

óleo sobre tela, 68 x 58 cm

National Gallery of Scotland, Edinburgh

 

Acima vemos uma tela de Pieter de Hooch em que está representada outra passagem, do pátio onde amigos tomam uma cerveja até a rua ao fundo. Essa passagem também tem um arco na entrada.  Leva a mesma data da tela de Vermeer, aqui, no entanto, a arquitetura parece mais rica. Pode ser uma parte mais abastada da cidade. Note-se a pedra chave do arco, decorada com o que parece ser o relevo de alguma figura mitológica. Além disso, houve durante a construção dessa passagem preocupação em fazer a entrada decorativa, já que tijolos vermelhos se intercalam com o que parece ser faixa de reboco.  Acima uma placa com alguns dizeres e ainda mais acima temos a vista parcial de uma janela redonda, um óculo, provável fonte de luz para uma escada interna. O pátio também mais rico do que as construções de Vermeer se mostra pavimentado com lajotas de cerâmica de duas cores. A janela aberta à esquerda, serve curiosamente de cabide para um paletó de um uniforme de guarda, talvez de um dos clientes da taverna.  Uma treliça com uma planta trepadeira — possivelmente uma videira, protege os convivas do sol.  O dia está claro com poucas nuvens no céu.  Ao fundo vemos uma rua e do outro lado uma residência que tem uma árvore na calçada.  A árvore, com uma copa compacta, determina a estação do ano retratada, verão. Uma menina brinca com seu cachorrinho enquanto à direita uma mulher, talvez a dona da taverna ou a moça que serve os clientes parece atenta ao que os senhores sentados desejam.

——————————————————-

Pesquisas sobre o verdadeiro endereço das casas retratadas em A ruazinha têm sido feitas desde 1921, quando o Rijksmuseum adquiriu a tela de Vermeer.  Em novembro do ano passado o museu, um dos mais importantes do mundo, revelou que depois de uma longa e detalhada pesquisa nos anais dos impostos sobre imóveis e sobre permissões para aberturas e para fechamentos de canais na cidade de Delft, finalmente conseguiram identificar a localização dos imóveis retratados na tela de Vermeer.

 

foto rijks

 

Para nos auxiliar no reconhecimento da cena, uma fotografia foi feita incluindo crianças brincando na calçada e uma sombra de mulher trabalhando ao fundo da passagem entre as casas, próxima a uma barrica. Uma mulher cose à janela da casa à direita na posição em que havia uma mulher bordando no portal de casa. Esta casa não é original.  Foi demolida e no local construída outra casa no século XIX. Quase quatrocentos anos separam a tela de Vermeer das casas encontradas hoje.  Muitas modificações podem ser vistas nos prédios retratados. Mas ainda há muito em comum. Professor Frans Grijzenhout, da Universidade de Amsterdã, descobriu a rua através dos livros de impostos de 1667. Hoje essas casas ocupam os números 40 e 42 da Vlamingstraat, em Delft.

A pesquisa também revelou que a casa da direita pertencia à tia de Vermeer, viúva, meia-irmã de seu pai, chamada Ariaentgen Claes van der Minne.  Com uma família de cinco filhos, ela vendia tripas para sobreviver, e a ruazinha ao lado de sua casa era conhecida como a Passagem das Tripas. Sabe-se também que a mãe de Vermeer morava no mesmo canal, na diagonal dessa casa. É provável que o pintor estivesse bem familiarizado com a casa representada na tela e que provavelmente tinha memórias associadas a esse local.

Essa é uma descoberta que traz um pouco mais de luz à vida de Johannes Vermeer, um dos pintores com pouquíssimas telas conhecidas e um enigmático vazio a respeito de sua vida privada.  Pouco sabemos dele. E só há aproximadamente 35 telas conhecidas de sua autoria. Ficará para os estudiosos preencher os vazios  dessa biografia.  Esse é só um dos muitos passos pela reconstrução do passado.





Eu, pintora: Mary Beale

10 11 2015

 

 

Mary Beale, autoAuto-retrato, c. 1665

Mary Beale (Grã-Bretanha, 1633-1699)

óleo sobre tela, 109 x 87 cm

National Portrait Gallery, Londres





Comentários na rede, observação de José Eduardo Agualusa

30 09 2015

 

 

Cabinet_of_Curiosities_1690s_Domenico_RempsArmário de curiosidades, c. 1690

Domenico Remps (Itália, 1620-1699)

óleo sobre tela

Museo dell’Opificio delle Pietre Dure, Florença

 

 

“…Os comentários nas redes sociais, ou nos jornais on-line, são uma versão moderna dos antigos gabinetes de curiosidades, ou quartos de maravilhas, salas onde, nos séculos XVI e XVII, os fidalgos endinheirados acumulavam coleções de bizarrias, sortilégios e impossibilidades, como sereias empalhadas, cornos de unicórnios ou lágrimas de crocodilo. Nas caixas de comentários dos jornais, os prodígios, deformidades e monstruosidades não são físicos, mas ideológicos e morais. As pessoas exibem ali, com um estranho orgulho, as suas piores deformidades morais, a estreiteza aflitiva dos espíritos, as ideias mais monstruosas…”

 

Em: “Raças impuras”, José Eduardo Agualusa, O Globo, 28/09/2015, 2º caderno, página 2.





Esmerado: Diana e o cervo, autômato,1610

4 06 2015

 

 

Diana and the Stag, by Joachim Friess, ca 1610.Diana e o cervo, 1610

Joachim Friess (Alemanha, ca. 1579–1620)

Prata, parcialmente banhada a ouro,esmalte, pedras preciosas; movimento feito em ferro e madeira,  37 x 24 cm

Metropolitan Museum, Nova York

 

Esta é uma das diversas peças da época contendo um pequeno motor, chamadas autômatos. Teria sido usada em jogo de bebidas. O corpo do cervo é oco e pode ser usado como um copo/cálice. Um mecanismo seria ativado durante brincadeiras de beber em que a base, dando-se corda, pode rodar livremente sobre rodas escondidas até parar em frente a um dos participantes à mesa, que teria que beber todo o conteúdo do copo.

 

Fonte: Metropolitan Museum





Imagem de leitura — Paulus Moreelse

13 08 2014

 

 

Paulus Moreelse--1627--jeune-fille-au-miroir-1

Jovem com espelho, 1627

[Alegoria da vaidade?]

Paulus Moreelse (Holanda, 1571-1638)

óleo sobre tela, 105 x 83 cm

The Fitzwilliam Museum, Cambridge, GB





Palavras para lembrar — Daniel Pennac

11 08 2014

Élisabeth Jacquet de La Guerre painted by François de TroyÉlisabeth Jacquet de La Guerre

François de Troy (França, 1645-1730)

 

“O tempo para ler, como o tempo para amar, dilata o tempo para viver.”

 

Daniel Pennac





Mulheres pintoras séculos XVI e XVII — homenagem ao Dia Internacional da Mulher

8 03 2013

Hemessen-Selbstbildnis

Autoretrato, 1548

Catharina van Hemessen ( Bélgica, c,1527– c. 1560)

Têmpera sobre madeira, 32 x 35 cm

Museu de Arte de Basel, Suíça

b-m-147

Senhora com roupagem do século XVI, c. 1550-60

Catharina Van Hemessen (Bélgica, 1528-1581)

Óleo sobre madeira

Bowes Museum, Durham, England

lucia-anguissola-autorretrato

Autoretrato, 1557

Lucia Anguissola (Itália, c. 1536- c. 1565)

Óleo sobre tela 28 x 20 cm

Pinacoteca Castello Sforzesco, Milão

518px-Self-portrait_at_the_Easel_Painting_a_Devotional_Panel_by_Sofonisba_Anguissola

Autoretrato com cavalete, 1556

Sofonista Anguissola  (Itália, 1530-1625)

Óleo sobre tela,  66 x 57 cm

Palácio Lancut, Polônia

Levina_Teerlinc_Elizabeth_I_c_1565_b

Rainha Elizabeth I da Inglaterra, c. 1565

Levina Teerlinc (1510-1520–1576)

Retrato em miniatura

selftond

Autoretrato em tondo, 1579

Lavinia Fontana (Itália, 1552-1614)

Óleo sobre cobre, 16 cm de diâmetro

Galleria degli Uffizi, Florença

511px-Esther_Inglis_Mrs_Kello_1595

Autoretrato, ou Sra. Kello, 1595

Esther Inglis (França/Escócia, 1571-1624)

Adotou o nome Kello depois de casada.

Judith_with_the_head_of_Holofernes

Judith with the head of Holoferness

Fede Galizia (Itália, 1578–1630)

Óleo sobre tela,

Ringling Museum of Art, Sarasota, Fla

maria van oosterwijck vanité 1668

Vanitas, 1668

Maria Van Oosterijk ( Holanda, 1630-1693)

Óleo sobre tela

Marietta_Robusti_Muchacha_veneciana_Lienzo._77_x_65_cm._Museo_del_Prado._Madrid

Autoretrato

Marietta Robusti (Italia, 1554-1590)

Óleo sobre tela, 77 x 65 cm

Museu do Prado, Madri

Artemisia_Gentileschi_Selfportrait_Martyr.54140230_std

Autoretrato como mártir, 1615

Artemisia Gentileschi (1593–1653)

Óleo sobre tela

Coleção Particular

Sirani, Madonna and child

Virgem com Menino Jesus, s/d

Elisabetta Sirani (Itália, 1638-1665)

Desenho sobre papel

Barbara Longhi

Virgem com Menino Jesus, 1580-85

Barbara Longhi (Itália, 1552-1638)

Óleo sobre tela, 44 x 29 cm

Museu de Arte de Indianápolis, EUA

JosefaObidos4

Natureza Morta com doces e barros, 1676

Josefa de Ayala  ou Josefa de Óbidos (Portugal, 1630-1684)

óleo sobre tela

Biblioteca Municipal Anselo Braamcamp Freire de Santarém

Judith_Leyster_-_Self-Portrait_-_Google_Art_Project

Autoretrato com cavalete, c. 1630

Judith Leyster ( Holanda, 1609–1660)

Óleo sobre tela, 74 x 65 cm

National Gallery of Art, Washington DC

800px-Moillon,_Louise_-_The_Fruit_and_Vegetable_Costermonger_-_1631

A vendedora de frutas e legumes, 1631

Louise Moillon ( França, 1610–1696)

Óleo sobre tela,  48 x 65 cm

Museu do Louvre, Paris

Clara Peeters 1594 - 1589- 1657 nature morte au verre vénitien et à la chandelle 1607

Natureza morta com taça veneziana e castiçal, 1607

Clara Peeters ( Holanda, 1589-1657)

óleo

Giovanna_Garzoni

Natureza Morta com limões, 1640

Giovanna Garzoni ( Itália, 1600–1670)

Tempera sobre papel

431px-RRuysch

Natureza morta com buquê de flores e ameixas, s/d

Rachel Ruysch (Bélgica, 1664-1750)

Óleo sobre tela, 92 x 70 cm

Museus Reais de Belas Artes da Bélgica

Mary_beale_self_portrait

Autoretrato, c. 1675-1680

Mary Beale (Inglaterra, 1632–1699)

Óleo sobre tecido, 89 × 73 cm

1638-1665-elisabetta-sirani-1660

Autoretrato, 1660

Elizabetta Sirani (1638-1665)

Óleo sobre tela