Carlos Chambelland (Brasil, 1884-1950)
óleo sobre tela, 45 x 54cm

Maternidade, s/d
Eliseu Visconti (1866 – 1944)
Óleo sobre tela, 60 x 81 cm
Coleção Particular
Eliseu D’Angelo Visconti (Salerno, Itália 1866 – Rio de Janeiro RJ 1944). Pintor, desenhista, professor. Vem com a família para o Rio de Janeiro, entre 1873 e 1875, e, em 1883, passa a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832 – 1903) e Estêvão Silva (ca.1844 – 1891). No ano seguinte, sem deixar o Liceu, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes – Aiba, tendo como professores Zeferino da Costa (1840 – 1915), Rodolfo Amoedo (1857 – 1941), Henrique Bernardelli (1858 – 1936), Victor Meirelles e José Maria de Medeiros (1849 – 1925). Em 1888, abandona a Aiba para integrar o Ateliê Livre, que tem por objetivo atualizar o ensino tradicional. Com as mudanças ocorridas com a Proclamação da República, a Aiba transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes – Enba. Visconti volta a freqüentá-la e recebe, em 1892, o prêmio de viagem ao exterior. Vai à Paris e ingressa na [i]École Nationale et Spéciale[/i] des Beaux-Arts [Escola Nacional e Especial de Belas Artes]; cursa arte decorativa na [i]École Guérin[/i], com Eugène Samuel Grasset (ca.1841 – 1917), um dos introdutores do Art Nouveau na França. Viaja à Madri, onde realiza cópias de Diego Velázquez (1599 – 1660), no Museo del Prado [Museu do Prado], e à Itália, onde estuda a pintura florentina. Em 1900, regressa ao Brasil e, no ano seguinte, expõe pela primeira vez na Enba. Executa o ex-libris para a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e vence o concurso para selos postais e cartas-bilhetes, em 1904. Em 1905 é convidado pelo prefeito da cidade, engenheiro Pereira Passos, para realizar painéis para a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre 1908 e 1913, é professor de pintura na Enba, cargo a que renuncia por descontentamento com as normas do ensino. Retorna à Europa para realizar também, entre 1913 e 1916, a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e só se fixa definitivamente no Brasil em 1920. Segundo alguns estudiosos, é considerado um praticante do Art Nouveau e do desenho industrial e gráfico no Brasil, com obras em cerâmica, tecidos e luminárias.

Carnaval, 1968
Emiliano Di Cavalcanti ( RJ 1897 – RJ 1976)
Óleo sobre tela
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DI CAVALCANTI
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Rio de Janeiro RJ 1897 – idem 1976). Pintor, ilustrador, caricaturista, desenhista, gravador, muralista. Inicia a carreira artística em 1908. Em 1914 publica seu primeiro trabalho como caricaturista na Revista Fon-Fon. Em 1917, muda-se para São Paulo, freqüenta aulas de direito no Largo São Francisco e o ateliê do pintor impressionista Georg Elpons (1865-1939). Realiza a primeira individual de caricaturas na livraria O Livro. A partir de 1918, integra o grupo de artistas e intelectuais de São Paulo com Oswald de Andrade (1890-1954) e Mário de Andrade (1893-1945), Guilherme de Almeida (1890-1969) , entre outros. Trabalha como diretor artístico da revista Panóplia, em 1918, em São Paulo, e ilustra a revista Guanabara, em 1920, sob o pseudônimo Urbano. Em 1921 ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde (1854-1900), e publica, em São Paulo, o álbum Fantoches da Meia-Noite. É um dos idealizadores e organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, autor do material gráfico da exposição. Muda-se para a Europa como correspondente do jornal Correio da Manhã. Em Paris, estabelece ateliê em Montparnasse e freqüenta a Academia Ranson, onde conhece artistas e intelectuais. Retorna ao Rio de Janeiro em 1925 e em 1928 filia-se ao Partido Comunista do Brasil – PCB. No ano seguinte, faz a decoração do foyer do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Em 1931 participa do Salão Revolucionário e funda em São Paulo, em 1932, com Flávio de Carvalho (1899-1973), Antonio Gomide (1895-1967) e Carlos Prado (1908-1992), o Clube dos Artistas Modernos, CAM. Na Revolução Constitucionalista fica preso por três meses como getulista. Em 1933, casa-se com a pintora Noemia (1912-1992), sua aluna. Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em Paris, em 1938, trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial. Retorna ao Brasil em 1940; publica poemas na Antologia de Poetas Brasileiros, organizada por Manuel Bandeira (1884-1968). Publica o livro de memórias Viagem da Minha Vida: memórias em três volumes (V.1 – Testamento da Alvorada, V.2 – O Sol e as Estrelas e V.3 – Retrato de Meus Amigos e … dos Outros) editado pela Editora Civilização Brasileira. Premiado em 1971 pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte – ABCA. Em 1972 publica o álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti, pela Editora Onile, e recebe o Prêmio Moinho Santista. Em Salvador, recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia – UFBA, em 1973

Mascarado, 2007
Reynaldo Fonseca
óleo sobre tela 60 x 80 cm
Escritório de Arte, Rio de Janeiro
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Reynaldo Fonseca
Recife, 1925
Transferindo-se para o Rio de Janeiro em 1944, tornou-se aluno de Portinari e de volta de uma viagem à Europa, em 1949, e novamente residindo no Rio de Janeiro, estudou com Henrique Oswald, no Liceu de Artes e Ofícios, a técnica da gravura, terminando por retornar a Recife e estudar o «modelo vivo», o que explica a excelente técnica e o rigor compositivo características sempre presentes em todas as suas obras.
Expõe com sucesso desde 1958 (Recife) e desde 1969 (Rio de Janeiro), tendo dividido sua atividade artística entre os dois centros.
Através de seu trabalho percebe-se sua contínua tentativa de seguir a inspiração grandes pintores primitivos onde se encontra presente uma bafagem, tal como um deliciado sopro criador.
«Para conseguir a atmosfera de mistério e nostalgia que pretendo dar aos meus quadros, uso com freqüência, como assunto, velhas fotografias e gravuras. Tecnicamente parto do antigo (por encontrar nele os elementos necessários ao que quero expressar), tratando de dar uma construção pessoal, portanto atual.» Reynaldo Fonseca.

Baile à fantasia, 1913
Rodolpho Chambelland (RJ 1879 – RJ 1967)
Óleo sobre tela, 149 x 209 cm
Museu Nacional de Belas Artes,
Rio de Janeiro
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Rodolfo Chambelland (Rio de Janeiro RJ 1879 – Idem 1967). Pintor, professor, desenhista e decorador. Inicia seus estudos em artes no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro RJ). Trabalha inicialmente realizando capas de partituras para a Casa Bevilacqua e retoques em fotografias para a Casa Bastos Dias. Em 1901, ingressa no curso livre da Escola Nacional de Belas Artes – Enba, onde é aluno de Rodolfo Amoedo (1857 – 1941), Zeferino da Costa (1840 – 1915) e Henrique Bernardelli (1858 – 1936). Em 1905, recebe o prêmio de viagem da Enba pelo quadro Bacantes em Festa e viaja para Paris no mesmo ano, onde permanece por dois anos. Em Paris, cursa a Académie Julien e estuda com Jean-Paul Laurens (1838 – 1921). Ao retornar ao Brasil realiza a primeira individual, no Rio de Janeiro, em 1908. Em 1911, viaja para Turim, Itália, acompanhado de Carlos Chambelland (1884 – 1950), seu irmão, e dos artistas João Timótheo da Costa (1879 – 1930) e do irmão Arthur Timótheo da Costa (1882 – 1922), entre outros, contratados pelo governo brasileiro para realizar a decoração do Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional daquela cidade. Em 1916, assume a cadeira de professor de desenho de modelo vivo da Enba, cargo que exerce até 1946. Participa freqüentemente das Exposições Gerais de Belas Artes, entre 1896 e 1927, recebendo a pequena medalha de ouro, em 1912, pelo retrato de José Mariano Filho. Em colaboração com Carlos Chambelland, pinta oito painéis para a cúpula da sala de sessões do Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro em 1920.
Fonte: Itaú Cultural
Menina com gato e piano, 1967
Di Cavalcanti (Brasil 1897 – 1976)
óleo sobre tela 62 x 51 cm
Coleção Particular
Sinfonia Cotidiana
A manhã surge
aos sons do Concerto n.° 1 de Grieg
no rádio madrugador do meu vizinho.
A tarde chega
acompanhada pelo Prelúdio n.° 24 de Chopin,
num piano sem lugar.
A madrugada se embala
com a música do mar.
J. G. de Araújo Jorge
Em: A outra face, Editora Vecchi:1957, Rio de Janeiro
José Guilherme de Araújo Jorge (AC 1914 – RJ 1987), conhecido como J. G. de Araújo Jorge, foi um poeta e político brasileiro.
Obras:
Meu Céu Interior, 1934
Bazar De Ritmos, 1935
Cântico Do Homem Prisioneiro, 1934
Amo!, 1938
Eterno Motivo, 1943
O Canto Da Terra, 1947
Estrela Da Terra, 1947
Festa de Imagens, 1948
A Outra Face, 1949
Harpa Submersa, 1952
A Sós. . ., 1958
Concerto A 4 Mãos, 1959
Espera.. ., 1960
De Mãos Dadas, 1961
Canto A Friburgo, 1961
Cantiga Do Só, 1964
Cantigas De Menino Grande. 100 Trovas, 1964
Trevos De Quatro Versos . Trovas, 1964
Quatro Damas, 1965
Mensagem, 1966
Cantigas De Menino Grande. 100 Trovas, 1964
Trevos De Quatro Versos . Trovas, 1964
O Poder Da Flor, 1969
Um Besouro Contra A Vidraça PROSA, 1942
Com Letra Minúscula- PROSA, 1961
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 — Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976) foi um pintor, ilustrador e caricaturista brasileiro.
Edvard Hagerup Grieg (Noruega 1843 – 1907) compositor norueguês, um dos mais célebres do período romântico e do mundo. As suas peças mais conhecidas são a Suíte Sinfónica Holberg, o concerto para piano e a Suíte Peer Gynt.
Frédéric Chopin (Polônia 1810 — 1849) foi um pianista grande músico e compositor para piano da era romântica. É amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história. Sua técnica refinada e sua elaboração harmônica vêm sendo comparadas historicamente com as de outros gênios da música, como Mozart e Beethoven, assim como sua duradoura influência na música até os dias de hoje.
Domingos Jorge Velho, o bandeirante (DETALHE)
Benedito Calixto (Brasil 1853 — 1927)
METAMORFOSE
Cassiano Ricardo
Meu avô foi buscar prata
mas a prata virou índio.
Meu avô foi buscar índio
mas o índio virou ouro.
Meu avô foi buscar ouro
mas o ouro virou terra.
Meu avô foi buscar terra
e a terra virou fronteira.
Meu avô, ainda intrigado,
foi modelar a fronteira:
E o Brasil tomou a forma de harpa.
Em: Martim Cererê, Cassino Ricardo, José Olympio:1974, Rio de Janeiro, 13ª edição.
Cassiano Ricardo Leite (São José dos Campos, 26 de julho de 1895 — Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 1974) foi um jornalista, poeta e ensaísta brasileiro.
Obras:
Dentro da noite (1915)
A flauta de Pã (1917)
Jardim das Hespérides (1920)
A mentirosa de olhos verdes (1924)
Vamos caçar papagaios (1926)
Borrões de verde e amarelo (1927)
Martim Cererê (1928 )
Deixa estar, jacaré (1931)
Canções da minha ternura (1930)
Marcha para Oeste (1940)
O sangue das horas (1943)
Um dia depois do outro (1947)
Poemas murais (1950)
A face perdida (1950)
O arranha-céu de vidro (1956)
João Torto e a fábula (1956)
Poesias completas (1957)
Montanha russa (1960)
A difícil manhã (1960)
Jeremias sem-chorar (1964)
Os sobreviventes (1971)
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Benedito Calixto de Jesus (Itanhaém, 14 de outubro de 1853 — São Paulo, 31 de maio de 1927) foi um pintor, desenhista, professor e historiador brasileiro.
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Paisagem com flamboyant, 1955
Armando Viana, (RJ 1897- RJ 1992)
Óleo sobre tela
Coleção Particular
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O Flamboyant da casa ao lado
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Ladyce West
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Morreu o flamboyant da casa ao lado.
Foi-se o calor de verão da minha infância.
Apagaram-se suas flores alaranjadas,
Fogosos anúncios do início da estação.
Doente e velho, tombou calado e emagrecido.
Sóbrio e distinto, evaporou-se nos cupins.
Deixou em seu lugar espaço raro,
Um ar aberto, um nada enorme, que me espanta.
Um espaço devassado diariamente,
Onde antes, a sombra clara era presente.
O vácuo preencheu meu horizonte.
Galhos partidos, quebrados sobre a ponte.
O tronco doente jogado num instante.
Vergou molhado, encharcado pela chuva.
Mostrando a todos o que só a terra conhecia:
Suas raízes, engrossadas pelo tempo,
Eram agora desvendadas pelo vento.
Tombou sozinho com um único gemido
Doloroso, aceitando o seu destino.
Pernas pra cima em impudico descaso.
Meu companheiro de verões ardentes,
Guardião de minha infância e adolescência.
Exuberante, florescia ano após ano
Desabrochando incandescente em dezembro.
Entre nós havia um rio bem estreito,
Que nascia lá no alto da Rocinha,
Cascateava da nascente até a Gávea,
De onde então serpenteava rumo ao mar.
Era aqui, que deslizava sob as pontes
E atravessava minha rua de mansinho.
De um lado, o flamboyant enraizado;
Do outro, o edifício com meu ninho.
Crescemos juntos, eu e ele aqueles anos.
Nossa distância era pouca e amenizada,
Pois reservava uma flor para meu gozo,
Que escondida pelo batente da janela,
Aos poucos, foi-se chegando espevitada.
E me espreitava, esticando o seu florão.
Curiosa, assim passava os dias quentes.
A cada ano parecia mais chegada.
Era de casa. Sem receio se hospedava.
Com jeitinho, batia na vidraça,
E enrubescendo se apoiava ao janelão.
Esta flama de verão me viu crescer,
Chorar amores, estudar, adormecer.
Custa-me vê-lo cair, velho soldado!
Quem irá agora anunciar-me o verão?
Dezembro 2006
© Ladyce West, 2006, Rio de Janeiro.